Preocupados com queda de estoques, hemocentros convocam doadores de sangue

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Diante do avanço da pandemia do novo coronavírus, hemocentros brasileiros demonstram preocupação com o baixo número de doadores de sangue. Embora cirurgias eletivas tenham sido novamente suspensas, pacientes com quadro grave de covid-19 e internados para outros tipos de atendimento de emergência e urgência dependem de transfusão.

Com estoque de O- crítico suficiente para uso em apenas dois dias, Carlei Heckert Godinho, médica responsável pelo Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, alerta que o cenário atual é preocupante. "Estamos com situação bem crítica de estoques e poucos doadores. A doação continua sendo necessária. Na Santa Casa, por exemplo, recebemos muitos pacientes que sofreram algum tipo de trauma, precisam de internação e dependem de transfusão de sangue, além dos pacientes com covid-19 que ficam mais de 15 dias internados UTI e também necessitam de doação", afirma.

Segundo a médica da Santa Casa, todos os tipos de sangue apresentam baixos estoques, mas o mais preocupante é o tipo O-. "A quantidade de bolsas está muito abaixo da que deveríamos ter para atender pacientes que precisam de transfusão. O O- é o mais crítico, temos para no máximo 48 horas. O que estamos recebendo de doação está sendo suficiente para uso em poucos dias. Não estamos conseguindo armazenar e aumentar o estoque. Ou seja, se não tivermos mais voluntários, poderá faltar. Os demais tipos de sangue temos para uma semana no máximo, a depender da demanda", alerta.

"Todos os tipos de sangue são necessários, até os mais comuns O+ e A+ , mas o O- principalmente, por ser o tipo de sangue que usamos quando não dá tempo de fazer a tipagem sanguínea dependendo do estado em que o paciente chega ao hospital", acrescenta Carlei.

Para ela, a queda de 50% no número de doadores em diversas regiões do País é resultado da pandemia do novo coronavírus. "Desde o ano passado, tivemos uma queda expressiva em todo o Brasil. Mas precisamos reforçar que a doação é importante para a sobrevivência dos hemocentros, ainda mais neste momento crítico. Embora possa parecer repetitivo, precisamos lembrar as pessoas que já doaram e recrutar quem quer ajudar", diz a médica responsável pelo Hemocentro da Santa Casa que antes da pandemia recebia em média 2,8 mil candidatos à doação. Atualmente, 1,5 mil, o que representa queda de quase 50%.

Com apenas 50% do estoque, a Fundação Pró-Sangue de São Paulo também afirma que os casos mais críticos são de O+, O-, A+, A- e B-. Apenas estão estáveis os estoques dos tipos AB+, AB- e B-. Ainda segundo a entidade, a doação de sangue foi bem baixa nos postos de coleta na última semana. "Com o endurecimento das medidas restritivas, tudo indica que a doação deva cair ainda mais", afirma a Pró-Sangue.

Para estimular e proteger a saúde de doadores, protocolos de segurança foram adotados. A Fundação Pró-Sangue adotou medidas cautelares, seguindo orientações técnicas do Governo do Estado de São Paulo. O agendamento pode ser feito pelo link: prosangue.hubglobe.com/

Na Santa Casa, a pessoa deve fazer o agendamento pelo telefone 11 2176-7155. No momento da triagem, é mantido o distanciamento social e nas dependências do hemocentro a higienização é feita a cada saída de doador.

Outros Estados com situação crítica

Assim como instituições de São Paulo, a Fundação de Hemoterapia e Hematologia de Pernambuco (Hemope) afirma que os estoques de todos os tipos sanguíneos estão em situação crítica. "Precisamos repor os estoques sanguíneos com urgência. Este é um serviço essencial para a população, pois trata-se de uma instituição que salva vidas", alerta.

Durante a pandemia, a Hemope está respeitando todas as medidas recomendadas pelo governo para evitar a transmissão da covid-19. "Para evitar aglomerações no principal hemocentro, localizado no Recife, foi montada uma estrutura externa, com toldo, para que os usuários aguardem sua vez. À medida que o espaço interno é desocupado, as pessoas são inseridas no fluxo para o processo de doação", acrescenta.

No Recife, os candidatos podem comparecer ao Hemope Recife de segunda a sábado, das 7h15 às 18h30, inclusive aos feriados. Se o doador preferir, pode agendar a sua doação pelo 0800-081-1535. A sede fica localizada na Rua Joaquim Nabuco, 171, no bairro das Graças.

Com a diminuição de doadores nos hemocentros de Santa Catarina, principalmente nas últimas semanas, o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) reforça a necessidade de doações. Os estoques reduziram em torno de 50%. Na última semana, o tipo sanguíneo O- apresentou nível reduzido. No início do mês, estavam em nível de alerta para os tipos O- e A+.

"Acreditamos que a diminuição se deve ao agravamento da pandemia em todo o Estado. A gente se preocupa com a situação do número de doações, pois a demanda de sangue para os hospitais do Estado continua grande, inclusive para alguns pacientes com covid-19", afirma o chefe do Setor de Captação de Doadores, Silvio Antônio Battistella. "Doar sangue é seguro e seguimos todas as medidas de segurança", acrescenta.

Conforme dados do Hemosc, antes do novo coronavírus, a entidade recebia uma média de 12,5 mil doadores mensalmente. Atualmente, o número caiu para cerca de 11,1 mil, o que representa queda de 11%, mas impacta bastante quando pacientes precisam de transfusão.

Para realizar o agendamento basta acessar o site: www.hemosc.org.br

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O aguardado show de Lady Gaga na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, teve início na noite deste sábado, 3. É possível assistir ao vivo pela Globo, na TV aberta, pelo canal pago Multishow e pelo streaming Globoplay. Previsto para começar às 21h45, o show contou com um atraso e a cantora apareceu em um vídeo no palco somente por volta de 22h10.

Todo mundo no Rio. Mesmo. Quando ainda faltavam 12 horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, as filas para ter acesso à Avenida Atlântica já davam voltas nos quarteirões internos do bairro. Por razões de segurança, era preciso passar por um dos 18 pontos de bloqueio para alcançar a orla, instalados desde cedo em ruas transversais aparelhados com detectores de metais e câmeras de reconhecimento facial.

Em experiências anteriores, como o show de Madonna, no ano passado, e o réveillon, as aglomerações só se formaram faltando poucas horas para o início do espetáculo. Mas com Gaga foi bem diferente. Já na manhã de sábado havia fila ocupando dois quarteirões. A temperatura em torno dos 25ºC ajudou. O céu estava claro, o sol brilhando, mas não havia muito calor.

Uma faixa da avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, estava ocupada por fãs na altura do palco. O professor de educação física Humberto Machado, de 38 anos, que veio para o show com um grupo de amigos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, contou que ficou na fila para acesso à orla por cerca de meia hora.

"A gente achou que seria rápido para entrar porque ainda era muito cedo", contou o professor. "Mas a fila era impressionante."

O professor e seus amigos levavam água e sanduíches em recipientes de plástico para aguentar por toda a tarde e noite. Recipientes de vidro, líquidos inflamáveis e objetos perfurocortantes estavam proibidos e estavam sendo confiscados nas barreiras.

O bairro, rapidamente apelidado de "Gagacabana", era uma grande festa desde cedo, sem registro de incidentes. Fãs totalmente montados, os "little monsters" (monstrinhos), não paravam de chegar a pé, de ônibus e, principalmente, de metrô, exibindo leques, chapéus e todo tipo de indumentária remetendo à artista, a "mother monster" (mãe monstra).

Em frente ao Copacabana Palace, onde a diva está hospedada, o movimento foi ininterrupto a madrugada inteira, sobretudo depois do ensaio aberto na noite de sábado, em que Gaga cantou mais de dez músicas para deleite de todos que estavam na orla, entre elas grandes sucessos como Abracadabra, Bad romance e Shallow, a mais baixada por fãs no Brasil nas plataformas de streaming.

Antes mesmo do fim da manhã longos trechos da praia já estavam ocupados por fãs marcando lugar na areia para assistir ao show da diva e vendedores ambulantes. E não só. As árvores do canteiro central da Atlântica e mesmo da calçada próxima aos prédios estavam sendo disputadas desde cedo pelos que queriam garantir um lugar 'vip' para assistir ao show.

A tatuadora Aisha Dutra, de 22 anos, e a estudante Lilian Magalhães, de 26 anos, estavam aboletadas em uma árvore desde cedo. Elas são do bairro de Santa Cruz, na zona oeste, mas alugaram um apartamento por temporada em Copacabana, especialmente para estarem perto do show. O plano da dupla era chegar à praia às 5h da manhã deste sábado. Mas como elas só foram dormir de madrugada, depois do fim do ensaio, acabaram chegando à orla às 8h.

"Ontem, durante o ensaio, a gente subiu numa árvore e viu que era a melhor opção, porque tinha gente dormindo na grade desde ontem e não tinha mais lugar perto do palco", explicou a tatuadora, devidamente instalada na árvore.

Na tarde de sexta-feira, 2, a Prefeitura informou que dados consolidados pela Rodoviária Novo Rio e pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) indicavam a chegada de mais 500 mil visitantes na cidade entre os dias 1º e 3 de maio, superando as expectativas iniciais de 240 mil pessoas. Desse total, 25% seriam turistas estrangeiros.

Há ainda turistas chegando com carros particulares, ônibus fretados e voos pousando no Aeroporto Santos Dumont. A média de ocupação da rede hoteleira é de 86% em toda a cidade, mas em Copacabana chega a 95%.

A Polícia Militar (PM) reforçou o esquema de segurança.

"A novidade para este show são os capacetes brancos, grupos de policiais especializados em patrulhamento de multidão", explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM. "Eles vão circular entre as pessoas, sobretudo nos pontos de maior concentração, para evitar furtos de oportunidade de passar uma sensação maior de segurança."

A prefeitura espera a presença de mais de 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana, onde está montado o palco e as 16 torres com telões de nove metros de altura por cinco metros de largura, permitindo que todos acompanhem o show mesmo à distância. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia da cidade.

"A cidade está muito cheia mesmo, tem muito turista", assegurou o motorista de uber Gustavo Monteiro, de 33 anos. "É bom para todo mundo. Por mim, tinha um show desse por mês."

Faltando cerca de duas horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, os pontos de revista montados nas vias transversais de acesso à Avenida Atlântica apresentavam filas de até uma hora de duração.

As maiores eram vistas no acesso da rua Duvivier, o mais próximo ao palco. A fila tinha uma extensão de mais de dois quarteirões. Nos pontos de entrada um pouco mais distantes, como o da Hilário de Gouveia, ainda era possível entrar na orla com apenas 20 minutos de espera.

O enfermeiro Vítor Souza, de 32 anos, que veio de Campos, no interior do Estado, especialmente para o show, contou que ficou por mais de 40 minutos numa fila e acabou desistindo.

Ele conseguiu chegar na praia por meio de uma outra entrada, bem mais distante do palco. "Foi bem mais complicado do que achei que ia ser", contou. "Mas finalmente eu consegui passar."

As filas nos 18 pontos de acesso montados nas ruas transversais à avenida Atlântica começaram a ser formar por volta das 9h da manhã deste sábado, 3. Policiais militares munidos de detectores de metal revistavam as pessoas uma a uma antes de darem acesso à orla. Vidros, explosivos e armas encontrados eram confiscados. Os pontos de acesso também contavam com câmeras de reconhecimento facial.

O perfil oficial do Metrô do Rio de Janeiro fez uma postagem anunciando que o "tempo de viagem está maior" "devido ao grande fluxo do desembarque de clientes na estação Cardeal Arcoverde/Copacabana para o show da Lady Gaga". A empresa recomenda o desembarque pela Siqueira Campos/Copacabana.

O maior show da vida de Lady Gaga

O show desta noite na praia de Copacabana promete ser o maior da carreira de Lady Gaga. A expectativa da Prefeitura é de que pelo menos 1,6 milhão de pessoas estarão reunidas na orla. Até hoje, a apresentação de Gaga com o maior público tinha sido em abril passado, no Festival Coachella, nos EUA, onde reuniu por volta de 100 mil pessoas.

O palco da apresentação desta noite tem nada menos que 1.260 m2, bem maior do que o montado para Madonna no ano passado, que tinha 821 m2. A megaestrutura tem 2,20 m de altura desde a base na areia. Um telão de LED de última geração ficará no fundo do palco.

Gaga vai apresentar um show em cinco atos, com direito a diversas trocas de roupa e um cenário que lembra o de uma peça de teatro - a cantora chama de "ópera gótica". A previsão é de que o espetáculo tenha 2h30 de duração, ao longo das quais Gaga vai contar a história de seu próprio "caos pessoal" ao lutar com sua própria persona, derrotar fantasmas e conseguir renascer.

Pabllo Vittar faz abertura

Uma surpresa para os fãs de Lady Gaga que aguardam o início do show da diva pop. A artista Pablo Vittar, que se apresentou com Madonna no ano passado, está abrindo o show desta noite como DJ.

"É muito louco, parece que estou tendo um deja-vu", afirmou Pablo em uma entrevista concedida à rede de TV CNN antes de subir ao palco, adiantando que pretendia tocar "muito tribal house, muito tech, muito remix e algumas músicas minhas". "Ano passado, com Madonna comemorando 40 anos de carreira, e agora nesse show histórico com a Gaga. Estou muito feliz."