Professor de boxe se veste de morte para 'conscientizar' viajantes em Bertioga

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A prefeitura de Bertioga contou com uma ajuda inusitada durante as barreiras montadas na estrada para dificultar o acesso dos turistas ao litoral durante o feriado decretado na capital e outras cidades da Grande São Paulo. O professor de boxe Roberto Fernando da Costa, de 42 anos, se vestiu do personagem Dona Morte e ficou parado na beira da estrada dando as "boas-vindas" aos motoristas. "Muita gente ficou assustada, se benzeu, crianças choravam. Outras aplaudiram", contou Costa, que pretende repetir a ação nos próximos dias com o intuito de conscientizar os turistas.

Costa mora perto da rodovia e notou o movimento intenso de veículos. "A gente fica indignado. Moramos do lado da praia e não podemos ir até lá. Essas pessoas acham que podem vir, fazer esse tumulto e infectar a gente?" O morador teve a ajuda dos vizinhos David Soares, de 42 anos, e Priscila de Paula, de 32, para montar o vestuário.

Costa já tinha uma capa preta em casa e pegou emprestada a bota de Soares. A cruz, que completa o figurino, foi feita por Priscila. "Vimos uma fila enorme de carros, o pessoal brigando no trânsito, e tivemos essa ideia. Não era para esse povo todo estar desrespeitando as normas e a vida", diz Soares.

A prefeitura de Bertioga conta que fez cerca de 9 mil abordagens aos veículos e que 639 voltaram à cidade de origem.

Assim como em Bertioga, as barreiras sanitárias feitas no acesso a cidades e decretos proibindo a utilização de praias não foram suficientes para impedir a chegada de turistas a outras praias do litoral paulista. O feriadão de dez dias tem como finalidade diminuir a circulação de pessoas e frear a disseminação do coronavírus.

Moradores das cidades litorâneas temem que o fluxo de turistas piore a situação da pandemia. Em São Sebastião, a prefeitura fez mais de mil testes rápidos em motoristas e passageiros que entravam na cidade entre sexta-feira e a manhã de sábado. Destes, 28 testaram positivo para a covid-19 e foram orientados a retornar às cidades de origem. Os canais de ouvidoria do município receberam 34 denúncias de desrespeito às restrições.Em Guarujá, 872 veículos foram impedidos de entrar e outras 30 pessoas que foram de balsa à cidade acabaram sendo barradas no fim de semana. Equipes de fiscalização vistoriaram 436 comércios e sete estabelecimentos náuticos. Já em Caraguatatuba, 23 denúncias de desrespeito às medidas de restrição foram atendidas pela prefeitura.

Para comerciantes, movimento não tem sido suficiente

Os comerciantes, por outro lado, dizem que o movimento está muito mais baixo que o normal. Com as medidas restritivas impostas nas cidades do litoral, donos de restaurantes, hotéis e padarias viram o movimento despencar nesta primeira semana de lockdown.

"Meu movimento caiu 90% na fase vermelha e no lockdown está quase zero. Sem trabalhar sábado e domingo então, aí que piorou mesmo. Esse lockdown está errado, porque você vai ao supermercado na sexta-feira e está lotado, o pessoal andando dentro de ônibus cheio. Eu, por exemplo, tenho dezoito mesas e podia trabalhar com oito e no lockdown nada. Tentei atender no delivery no final de semana, mas foi muito fraco, tanto que no domingo nem abri. Tenho 21 funcionários, mas vou reduzir, já conversei com uns quatro porque não tenho como pagar", disse Manoel França, 62 anos, dono de uma padaria na Ponta da Praia, em Santos.

Durante o lockdown, mercados e padarias só podem abrir de segunda a sexta-feira até as 20 horas e nos finais de semana atender apenas no delivery. Essa medida fez com que grandes filas se formassem nos mercados na última sexta-feira, 26.

"Trabalhei no final de semana com o delivery e o movimento foi mais ou menos, menor que o de outras semanas. A pandemia piorou, o pessoal não sai tanto na rua, com isso o movimento cai", contou o entregador Isaac Santos, 24 anos.

O proprietário de uma quitanda em Santos, Manoel dos Anjos, de 71 anos, sentiu a queda de movimento durante esta semana, mas admitiu que as medidas mais restritivas são necessárias para o bem da população. "O meu movimento é automaticamente atingido pelo lockdown. O povo está se resguardando, não está saindo nas ruas devido às medidas que foram implantadas pelo prefeito da cidade. Vale a pena, porque esse povo que está na rua é porque ainda não sentiu o problema dentro da sua casa. A lei é para ser obedecida", admitiu. "O fluxo de vendas diminuiu fisicamente, mas pelo delivery continua a mesma coisa. Meu freguês é o do dia a dia, é da área, já estou aqui há 35 anos."

Já Horácio dos Santos, de 78 anos, dono de um empório, admitiu não ter opinião formada em relação ao lockdown, mesmo sofrendo com o baixo número de vendas durante a pandemia. "Sinceramente não tenho opinião formada sobre isso, só sei que é muito ruim para os comerciantes que trabalham para sobreviver, mas pelo que a ciência fala, que só tem esse jeito de diminuir o contágio, não sou a favor e nem contra. Temos 32 funcionários e como o café da parte de cima está fechado, trouxemos as pessoas que trabalham lá aqui para baixo, conta. "Vamos levando e nos adaptando. O delivery deu bastante movimento, mas não é a mesma coisa com a loja funcionando normalmente."

Além dos comerciantes com empreendimentos fixos, os ambulantes também estão sofrendo com as medidas mais restritivas, já que com elas o fluxo de veículos nas ruas diminui em relação às outras fases do Plano São Paulo.

"Está devagar pra todo mundo, essa semana está pior, não tem carro na rua. O final de semana também foi fraco. Em um dia bom de trabalho levo de R$ 50 a R$ 60 para casa, sábado eu não vendi nada e hoje vendi pouca coisa", disse o vendedor de panos Luiz Dias, de 47 anos.

Os trabalhadores autônomos também enfrentam dificuldade para se manter durante o lockdown, pois com a vigência das medidas mais restritivas, muitos setores de serviços foram atingidos. É o caso do pintor Raimundo dos Santos, 56 anos, morador da Caneleira, em Santos. Ele criticou o megaferiado em São Paulo, já que muitas pessoas vêm ao litoral e enquanto isso ele não pode nem trabalhar.

"Acho que é errado fechar tudo, faço uns bicos como pintor, mas mandaram parar por causa do lockdown. Sem esse serviço não tenho renda e dependo da ajuda das minhas irmãs. Não acho correto dar feriado em São Paulo, porque as pessoas vêm para cá, ficam na rua e não podemos nem trabalhar", criticou o pintor.

Durante o lockdown, a rede hoteleira só pode funcionar para atender clientes corporativos. Turistas não são permitidos e esta medida afetou diretamente o movimento nos hotéis e pousadas da região.

"No final de semana tivemos dois clientes corporativos, mas a procura está muito fraca. O pessoal está ligando e perguntando se a praia está fechada e falamos que sim, que tem barreira e eles respondem que não vêm. Em um final de semana com sol ocupávamos 100% dos nossos leitos e num final de semana ruim preenchíamos 50% da nossa capacidade. O lockdown piorou o movimento, pois na fase vermelha ainda vinha um ou outro, agora com o lockdown o pessoal não tá conseguindo nem entrar na cidade", contou a responsável administrativa de um hotel na praia do Tombo, em Guarujá, Isabella Santana, de 27 anos.

Além disso, o hotel, que contava com 14 funcionários, está com apenas seis, já que por conta de questões financeiras a administração não conseguiu mantê-los.

Isabella conta ainda que mesmo durante este período de maiores restrições as pessoas os procuram para perguntar se a praia está funcionando ou não.

"O pessoal está nos procurando bastante, perguntando se esse final de semana já pode usar a praia e explicamos que só na semana que vem. Esperamos que o movimento seja maior com a vacina no segundo semestre."

Quando questionada se acha a medida do lockdown correta ou não, a administradora admitiu que as restrições são necessárias, mas lamentou não conseguir trabalhar.

"Ficamos ali no meio-termo, porque entendemos que precisa conter a covid-19 já que tem muita gente morrendo. A gente vê o sofrimento do pessoal da saúde, mas ao mesmo tempo nos vemos muito prejudicados porque somos da área do turismo e por conta disso estamos sendo muito afetados, para a gente é desanimador", finalizou.

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Morreu nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, atriz mirim Millena Brandão, do canal SBT, aos 11 anos. A informação foi confirmada pela família nas redes sociais e pelo hospital onde estava internada.

A garota teve morte encefálica e sofreu diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias. Millena teve diagnóstico de tumor cerebral e estava internada no Hospital Geral de Grajaú, na capital, desde o dia 29.

Por conta de dores de cabeça e no corpo, a atriz precisou ser hospitalizada.

O boletim médico do hospital desta sexta-feira afirma a menina deu entrada em "estado gravíssimo" no dia 29, transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA). "Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida", afirma a nota assinada por Thiago Rizzo, gerente médico.

Segundo o SBT, ela chegou a ser diagnosticada com dengue, mas, após uma piora no quadro, os médicos realizaram outros exames e identificaram a presença de um tumor no cérebro de cinco centímetros, informou o SBT. Ela estava entubada, sedada e sem respostas neurológicas.

A situação de Millena se agravou durante esta semana. Ela seria transferida para o Hospital das Clínicas na quarta-feira, 30, mas sofreu paradas cardíacas durante a tentativa de transferência.

A família começou uma vaquinha na internet para ajudar no tratamento da menina. No início da noite, no entanto, postou nos stories da conta de Millena do Instagram a frase "nossa menina se foi".

O caso causou comoção nas redes sociais, principalmente pela menina ter tido diversas paradas cardíacas. Depois da morte, milhares de pessoas deixaram condolências em mensagens no perfil de Millena.

Trajetória

No SBT, onde atuava desde 2023, Millena participou da novela A Infância de Romeu e Julieta, e estrelou também a série Sintonia, da Netflix. Ela registrou o início de sua carreira na TV: "E o sonho se tornou realidade", escreveu.

Além de atriz, Millena era modelo e influenciadora digital, e havia feito diversos trabalhos publicitários com marcas infantis. No Instagram, dizia também integrar a companhia de teatro musical Cia Artística En'Cena.

A atriz mirim Millena Brandão está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na cidade de São Paulo após sofrer sete paradas cardíacas.

Os médicos localizaram uma massa no cérebro dela, mas ainda não confirmaram se trata-se de um cisto ou de um tumor. A mãe está usando as redes sociais da criança para divulgar notícias sobre o caso e pedir orações.

Millena Brandão tem 11 anos de idade e mora em São Paulo. Além de trabalhar como atriz, ela também é influenciadora digital e modelo.

Seu trabalho como modelo começou em 2020 e já participou de algumas campanhas publicitárias.

Nas redes sociais, ela conta com mais de 155 mil seguidores. No Instagram, ela compartilha sua rotina e registros de seu trabalho como modelo.

Em 2023, ela registrou o início de sua carreira no SBT. "E o sonho se tornou realidade", escreveu. Millena fez parte do elenco de figurantes da novela A Infância de Romeu e Julieta, da emissora de Silvio Santos, e trabalhou também como figurante na série Sintonia, da Netflix.

Entenda o caso

Millena foi levada ao Hospital Geral de Grajaú no início da semana depois de reclamar de fortes dores de cabeça. Os médicos então localizaram uma massa no cérebro, mas ainda não confirmaram se trata-se de um cisto ou de um tumor.

A mãe da menina, Thays Brandão, disse ao Portal Leo Dias que a família aguarda a situação se estabilizar para tentar levá-la à casa de saúde na zona oeste paulistana. O Estadão entrou em contato com Thays e aguarda novas informações sobre o estado de saúde de Millena.

No Instagram, a mãe da atriz mirim divulgou uma vaquinha online para que a família consiga arcar com os custos de sua internação.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

A situação de Millena se agravou durante a semana. Ela seria transferida para o Hospital das Clínicas na quarta-feira, 30, mas sofreu as paradas cardíacas durante a tentativa de transferência.

A prefeitura do Rio de Janeiro estima um público de 1,6 milhão de pessoas para o show gratuito de Lady Gaga neste sábado, 3. E quem passa em frente ao Copacabana Palace não duvida. Afinal, os "little monsters" tomam conta da calçada em frente ao hotel desde que a artista chegou ao País, na esperança de uma rápida aparição ou de um aceno. Mas de onde vem o apelido usado carinhosamente para se referir aos fãs de Gaga?

A ideia de monstros veio à tona enquanto Gaga trabalhava em seu segundo disco, The Fame Monster, de 2009, que é uma expansão do álbum de estreia, The Fame. Na época, a cantora começou a desenvolver o conceito para descrever seus próprios medos, e aos poucos passou a chamar os fãs de "little monsters" (ou monstrinhos) durante as apresentações da turnê.

A própria estética do álbum explorava a ideia de figuras grotescas e monstruosas para representar os problemas que vinham junto à ascensão à fama. Por isso, o termo caiu no gosto popular, e os fãs aderiram.

Em entrevista concedida à revista W Magazine, Gaga explicou como a ideia surgiu. "Eu nomeei meus fãs de 'little monsters' porque eles eram tão ferozes nos shows, e eles gritavam tão alto. Eles se vestiam com roupas maravilhosas e se divertiam muito celebrando a música."

Com a adesão, o termo ganhou algumas expansões, e a própria artista passou a ser chamada de "mother monster" (ou mamãe monstro) após um fã usar o termo durante um show da turnê Monster Ball em Chicago, em 2010. A cantora gostou tanto que aderiu ao apelido e passou a utilizá-lo para se descrever.

Outro detalhe que vem junto à temática monstruosa é o cumprimento usado pelos "little monsters". Você já viu algum fã de Gaga com as mãos em formato de garra?

O gesto também é usado para identificar o grupo de fãs da cantora. No clipe de Bad Romance, de 2009, parte da coreografia envolve os dançarinos erguendo as mãos com o dedos levemente curvados para dentro, como se estivessem replicando o formato de uma garra. A ideia rapidamente foi aderida. Por isso, o termo "paws up" (ou patas para cima) passou a ser utilizado quando os fãs de Gaga queriam cumprimentar um ao outro ou concordar com algo.

A apresentação gratuita de Lady Gaga em Copacabana, parte do projeto Todo Mundo no Rio, está marcada para começar às 21h45, e terá transmissão na TV Globo, no Globoplay e no Multishow.