Variante de Sorocaba é mais transmissível e resistente às vacinas, diz estudo

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A variante da linhagem sul-africana do coronavírus detectada em uma paciente de Sorocaba, interior de São Paulo, tem maior capacidade de driblar o sistema imunológico das pessoas infectadas e as vacinas já disponíveis apresentam baixa efetividade contra ela. É o que revela um estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pelo Instituto Butantan e com apoio de outras instituições, inclusive da África do Sul. A nova cepa detectada pela primeira vez no Brasil tem comportamento parecido com a variante de Manaus, que é mais transmissível e predomina sobre as demais cepas já conhecidas.

A descoberta foi descrita em versão prévia de artigo científico publicado no site medRxiv, de informações científicas, no último dia 4, estando ainda sujeito à revisão. O estudo utilizou amostras colhidas pela rede de vigilância genômica do vírus Sars-Cov-2 do Estado, que integra laboratórios públicos e privados. De acordo com o pesquisador Rafael dos Santos Bezerra, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, os pesquisadores sequenciaram e geraram 217 genomas do vírus, a partir de coletas realizadas em Sorocaba, Araçatuba, Marília, Taubaté, Campinas e Ribeirão Preto, além de cidades da Grande São Paulo e da Baixada Santista.

Conforme o pesquisador, 64,05% dos genomas analisados pertencem à linhagem P.1 surgida no Estado do Amazonas e identificada no Japão, que ficou conhecida como variante brasileira de Manaus. Outros 25,34% eram das linhagens B.1.1.28, que provavelmente originaram a P.1. Já a variante inglesa do coronavírus apareceu em 5,99% das amostras. "A linhagem P.2 (variante detectada inicialmente no Rio de Janeiro) foi detectada em apenas 0,92% dos casos, o que demonstra um possível avanço da P.1 sobre outras linhagens que eram predominantes em São Paulo", explicou.

A linhagem B.1.351 identificada em Sorocaba compartilha 15 mutações com a cepa sul-africana, mas não apresenta seis das mutações definidoras daquela cepa. No entanto, seu genoma apresenta nove mutações exclusivas. "As análises genéticas demonstram a proximidade inegável do nosso isolado com a linhagem sul-africana, sendo que se agrupa com outras sequências deste mesmo tipo, mais precisamente isolados da variante sequenciados na Europa", disse.

Segundo ele, apesar da nova variante ter sido detectada em uma única amostra, "esse fato é preocupante por ela ter um comportamento muito parecido com o da P.1 (variante de Manaus), apresentando maior transmissibilidade e escape do sistema imune". Cientificamente, tanto a de Manaus como a nova cepa de Sorocaba são consideradas variantes de preocupação. "As duas podem agir de maneira muito semelhante por compartilharem três mutações que estão ligadas à maior transmissibilidade", disse.

Conforme o pesquisador, ainda é difícil estabelecer com precisão como a variante do vírus chegou a Sorocaba. A mulher de 34 anos que contraiu a variante não saiu da cidade, nem teve contato com estrangeiros. "Estamos trabalhando no rastreamento de outras pessoas que possivelmente tiveram contato com a paciente. A hipótese mais segura é que seja uma cepa importada, pois Sorocaba é uma área de indústrias com alto fluxo de pessoas, porém apenas com mais isolados poderemos confirmar um possível evento de convergência."

Alerta

De acordo com o cientista, é difícil assegurar que não há mais pessoas infectadas. "Comparado com países como o Reino Unido, o Brasil ainda faz sequenciamento em poucos genomas em relação aos casos identificados como positivos para Sars-Cov-2 no País. Com o estabelecimento dessa rede de laboratórios e vigilância genômica em tempo real, coordenado pelo Instituto Butantan, conseguiremos mensurar a disseminação dessa variante no estado e como ela vem se comportando, pois assim como a P.1, ela se dissemina de forma mais rápida e isso gera um alerta."

Bezerra lembrou que um estudo realizado pela pesquisadora Penny Moore, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis em Joanesburgo, África do Sul, e por colaboradores, verificou que as vacinas já existentes no mercado apresentam baixa efetividade contra essa mutação do vírus. "Isso, de fato, é preocupante, sendo necessária uma maior atenção sobre essa variante", alertou, lembrando que o estudo ainda passará por revisão da comunidade científica. Além da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, colaboraram no trabalho pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de KwaZulu-Natal (África do Sul), além da empresa Mendelics sediada em São Paulo.

Conforme a prefeitura de Sorocaba, a paciente que apresentou a variante mora na zona norte da cidade e teve sintomas da doença no dia 5 de março. A identificação da variante B.1.351 foi comunicada ao município no dia 31 daquele mês. Dois familiares da mulher - um filho e o marido - tiveram a covid-19 e estão sendo monitorados. O Butantan já realiza o sequenciamento genômico em amostra do filho do casal, que teve os primeiros sintomas antes da mãe. A Vigilância Epidemiológica Municipal monitora todos os contatos dessa família e ampliou a investigação epidemiológica, encaminhando amostras positivas para o instituto, mas ainda aguarda o resultado.

Em outra categoria

O aguardado show de Lady Gaga na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, teve início na noite deste sábado, 3. É possível assistir ao vivo pela Globo, na TV aberta, pelo canal pago Multishow e pelo streaming Globoplay. Previsto para começar às 21h45, o show contou com um atraso e a cantora apareceu em um vídeo no palco somente por volta de 22h10.

Todo mundo no Rio. Mesmo. Quando ainda faltavam 12 horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, as filas para ter acesso à Avenida Atlântica já davam voltas nos quarteirões internos do bairro. Por razões de segurança, era preciso passar por um dos 18 pontos de bloqueio para alcançar a orla, instalados desde cedo em ruas transversais aparelhados com detectores de metais e câmeras de reconhecimento facial.

Em experiências anteriores, como o show de Madonna, no ano passado, e o réveillon, as aglomerações só se formaram faltando poucas horas para o início do espetáculo. Mas com Gaga foi bem diferente. Já na manhã de sábado havia fila ocupando dois quarteirões. A temperatura em torno dos 25ºC ajudou. O céu estava claro, o sol brilhando, mas não havia muito calor.

Uma faixa da avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, estava ocupada por fãs na altura do palco. O professor de educação física Humberto Machado, de 38 anos, que veio para o show com um grupo de amigos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, contou que ficou na fila para acesso à orla por cerca de meia hora.

"A gente achou que seria rápido para entrar porque ainda era muito cedo", contou o professor. "Mas a fila era impressionante."

O professor e seus amigos levavam água e sanduíches em recipientes de plástico para aguentar por toda a tarde e noite. Recipientes de vidro, líquidos inflamáveis e objetos perfurocortantes estavam proibidos e estavam sendo confiscados nas barreiras.

O bairro, rapidamente apelidado de "Gagacabana", era uma grande festa desde cedo, sem registro de incidentes. Fãs totalmente montados, os "little monsters" (monstrinhos), não paravam de chegar a pé, de ônibus e, principalmente, de metrô, exibindo leques, chapéus e todo tipo de indumentária remetendo à artista, a "mother monster" (mãe monstra).

Em frente ao Copacabana Palace, onde a diva está hospedada, o movimento foi ininterrupto a madrugada inteira, sobretudo depois do ensaio aberto na noite de sábado, em que Gaga cantou mais de dez músicas para deleite de todos que estavam na orla, entre elas grandes sucessos como Abracadabra, Bad romance e Shallow, a mais baixada por fãs no Brasil nas plataformas de streaming.

Antes mesmo do fim da manhã longos trechos da praia já estavam ocupados por fãs marcando lugar na areia para assistir ao show da diva e vendedores ambulantes. E não só. As árvores do canteiro central da Atlântica e mesmo da calçada próxima aos prédios estavam sendo disputadas desde cedo pelos que queriam garantir um lugar 'vip' para assistir ao show.

A tatuadora Aisha Dutra, de 22 anos, e a estudante Lilian Magalhães, de 26 anos, estavam aboletadas em uma árvore desde cedo. Elas são do bairro de Santa Cruz, na zona oeste, mas alugaram um apartamento por temporada em Copacabana, especialmente para estarem perto do show. O plano da dupla era chegar à praia às 5h da manhã deste sábado. Mas como elas só foram dormir de madrugada, depois do fim do ensaio, acabaram chegando à orla às 8h.

"Ontem, durante o ensaio, a gente subiu numa árvore e viu que era a melhor opção, porque tinha gente dormindo na grade desde ontem e não tinha mais lugar perto do palco", explicou a tatuadora, devidamente instalada na árvore.

Na tarde de sexta-feira, 2, a Prefeitura informou que dados consolidados pela Rodoviária Novo Rio e pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) indicavam a chegada de mais 500 mil visitantes na cidade entre os dias 1º e 3 de maio, superando as expectativas iniciais de 240 mil pessoas. Desse total, 25% seriam turistas estrangeiros.

Há ainda turistas chegando com carros particulares, ônibus fretados e voos pousando no Aeroporto Santos Dumont. A média de ocupação da rede hoteleira é de 86% em toda a cidade, mas em Copacabana chega a 95%.

A Polícia Militar (PM) reforçou o esquema de segurança.

"A novidade para este show são os capacetes brancos, grupos de policiais especializados em patrulhamento de multidão", explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM. "Eles vão circular entre as pessoas, sobretudo nos pontos de maior concentração, para evitar furtos de oportunidade de passar uma sensação maior de segurança."

A prefeitura espera a presença de mais de 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana, onde está montado o palco e as 16 torres com telões de nove metros de altura por cinco metros de largura, permitindo que todos acompanhem o show mesmo à distância. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia da cidade.

"A cidade está muito cheia mesmo, tem muito turista", assegurou o motorista de uber Gustavo Monteiro, de 33 anos. "É bom para todo mundo. Por mim, tinha um show desse por mês."

Faltando cerca de duas horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, os pontos de revista montados nas vias transversais de acesso à Avenida Atlântica apresentavam filas de até uma hora de duração.

As maiores eram vistas no acesso da rua Duvivier, o mais próximo ao palco. A fila tinha uma extensão de mais de dois quarteirões. Nos pontos de entrada um pouco mais distantes, como o da Hilário de Gouveia, ainda era possível entrar na orla com apenas 20 minutos de espera.

O enfermeiro Vítor Souza, de 32 anos, que veio de Campos, no interior do Estado, especialmente para o show, contou que ficou por mais de 40 minutos numa fila e acabou desistindo.

Ele conseguiu chegar na praia por meio de uma outra entrada, bem mais distante do palco. "Foi bem mais complicado do que achei que ia ser", contou. "Mas finalmente eu consegui passar."

As filas nos 18 pontos de acesso montados nas ruas transversais à avenida Atlântica começaram a ser formar por volta das 9h da manhã deste sábado, 3. Policiais militares munidos de detectores de metal revistavam as pessoas uma a uma antes de darem acesso à orla. Vidros, explosivos e armas encontrados eram confiscados. Os pontos de acesso também contavam com câmeras de reconhecimento facial.

O perfil oficial do Metrô do Rio de Janeiro fez uma postagem anunciando que o "tempo de viagem está maior" "devido ao grande fluxo do desembarque de clientes na estação Cardeal Arcoverde/Copacabana para o show da Lady Gaga". A empresa recomenda o desembarque pela Siqueira Campos/Copacabana.

O maior show da vida de Lady Gaga

O show desta noite na praia de Copacabana promete ser o maior da carreira de Lady Gaga. A expectativa da Prefeitura é de que pelo menos 1,6 milhão de pessoas estarão reunidas na orla. Até hoje, a apresentação de Gaga com o maior público tinha sido em abril passado, no Festival Coachella, nos EUA, onde reuniu por volta de 100 mil pessoas.

O palco da apresentação desta noite tem nada menos que 1.260 m2, bem maior do que o montado para Madonna no ano passado, que tinha 821 m2. A megaestrutura tem 2,20 m de altura desde a base na areia. Um telão de LED de última geração ficará no fundo do palco.

Gaga vai apresentar um show em cinco atos, com direito a diversas trocas de roupa e um cenário que lembra o de uma peça de teatro - a cantora chama de "ópera gótica". A previsão é de que o espetáculo tenha 2h30 de duração, ao longo das quais Gaga vai contar a história de seu próprio "caos pessoal" ao lutar com sua própria persona, derrotar fantasmas e conseguir renascer.

Pabllo Vittar faz abertura

Uma surpresa para os fãs de Lady Gaga que aguardam o início do show da diva pop. A artista Pablo Vittar, que se apresentou com Madonna no ano passado, está abrindo o show desta noite como DJ.

"É muito louco, parece que estou tendo um deja-vu", afirmou Pablo em uma entrevista concedida à rede de TV CNN antes de subir ao palco, adiantando que pretendia tocar "muito tribal house, muito tech, muito remix e algumas músicas minhas". "Ano passado, com Madonna comemorando 40 anos de carreira, e agora nesse show histórico com a Gaga. Estou muito feliz."