É a vez de Roberto Carlos fazer um livro sobre Roberto Carlos

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E será ele mesmo, Roberto Carlos, o autor de um dos próximos livros sobre Roberto Carlos. Ou seja, uma autobiografia, conforme o projeto vem sendo desenhado. Depois de se opor judicialmente a livros que o tiveram no centro, como Roberto Carlos em Detalhes, lançado por Paulo Cesar de Araújo, em 2006, ou nas bordas, como Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude, uma abordagem sobre a moda da época, feito por Maíra Zimmermann, de 2013, Roberto terá suas memórias organizadas em um livro a partir de 2022. As passagens ditadas por ele já foram gravadas e só falta definir a pessoa que fará com que os áudios sejam convertidos em texto. A novelista da Globo Glória Perez conversou com Roberto e se tornou um nome provável para assumir o projeto.

Os áudios foram gravados, originalmente, para uma outra empreitada também biográfica. Um filme que contará a vida de Roberto começará a ser rodado, com a segurança sanitária devida, no início de 2022. Foi para a criação do roteiro, do qual participou Nelson Motta, que as lembranças foram registradas, as mesmas que serão usadas para o livro. A direção do filme será de Breno Silveira, autor de Dois Filhos de Francisco, a cinebiografia brasileira mais vista na história, de 2005, com mais de 5 milhões de espectadores. A de Roberto, se conduzida com a mesma habilidade que Breno mostra em seus filmes e séries para lidar com as costuras da "ficção biográfica", licenças poéticas que não violentam os fatos, tem argumento e alcance para ir além da história do pai de Zezé Di Camargo & Luciano. "Há uma frase, acho que de Woody Allen, de que gosto muito: 'A vida não faz sentido, mas o roteiro tem de fazer'. Se não trair o espírito do seu personagem, de seu herói, se não inventar nada que não abale as verdades, é importante usar as licenças em um filme para criarmos a dramaturgia", diz Breno, não especificamente sobre o filme de Roberto, mas sobre cinebiografias de maneira geral.

O filme e o livro de Roberto podem fazer reparações que o cantor considerar necessárias. "Ele não tem nada contra contar o acidente na linha de trem que o fez perder a perna, mas quer que isso seja contado de forma verdadeira", diz uma das raras fontes em contato com Roberto mesmo durante a pandemia. Roberto, então, deve trazer esse assunto à tona. Sobre o amigo das origens de carreira, Tim Maia, também houve polêmicas, mas nada garante que elas serão trazidas de volta. O filme sobre Tim, de 2014, dirigido por Mauro Lima, mostrou Roberto humilhando o colega quando Tim ainda não era conhecido. A Globo fez um minidoc para dar a versão do cantor. Não houve humilhação, segundo alguns depoimentos.

A relação da crítica musical com Roberto, e não há vice-versa nesse caso, acaba de ser estudada no ótimo livro Querem Acabar Comigo, de Tito Guedes (leia mais abaixo). Mesmo não aprofundando assuntos que valeriam mergulhos maiores, Tito abre discussões e insights muito curiosos sobre o tratamento dispensado a Roberto durante o correr das décadas. Jornalistas começaram e terminaram suas carreiras falando de Roberto, e Roberto ficou. Ele foi chamado de cafona e alienado em meados dos anos 1960, quando uma ação de publicidade da TV Record polarizou a MPB e a Jovem Guarda de forma a atrair espectadores para os programas que exibia representando esses dois movimentos; fez uma conversão bem sucedida do iê-iê-iê para o romantismo dos 60 para os 70; voltou a ser duramente atacado pela imprensa nos anos 80, que o chamava agora de brega e repetitivo, e seguiu pelos 90 sem mudar um microtom daquilo que queria cantar. "Se eu tivesse 18 ou 19 anos, faria a mesma música que faço hoje", disse na última terça (13), em entrevista aos jornais.

A crítica, então, entra em discussão a partir da análise de Tito, que expõe o quanto pode haver de preconceito e sectarismo social no conteúdo de alguns analistas de redação que afastavam a chamada "música de empregada" daquilo que consideravam "boa música". Por que, afinal, Maria Bethânia faz Roberto Carlos ser aceito ao dedicar um CD à sua obra e Waldick Soriano, ao fazer o mesmo, não? Tito não vai tão fundo, mas faz pensar. Assim como todos os aparelhos ocupados por especializações legitimadas em universidades, uma barragem social histórica, a crítica musical, e o jornalismo como um todo, sofre de exclusivismos e monopólios estéticos por não ter representantes socialmente originários abaixo da linha econômica e racial da classe que consegue se diplomar. "A crítica demorou anos para reconhecer o Roberto compositor", diz Nelson Motta. "Isso até que ele acumulou mais standard do que Chico, Gil, Caetano e Milton Nascimento juntos. Ignorá-lo ficou impossível." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Uma pintura de Mark Rothko avaliada em US$ 56 milhões (R$ 318 milhões na cotação atual) foi danificada após uma criança "riscá-la" durante uma visita a um museu na Holanda.

O caso aconteceu na semana passada. O quadro era exibido como peça de destaque no Museu Boijmans Vans Beuningen, em Roterdã.

À BBC, um porta-voz do museu descreveu o dano como superficial. "Pequenos arranhões são visíveis na camada de tinta sem verniz na parte inferior da pintura", explicou.

"Foram requisitados especialistas em conservação na Holanda e no exterior. Atualmente, estamos pesquisando os próximos passos para o tratamento da pintura", completou.

A gerente de conservação da Fine Art Restoration Company, Sophie McAloone, disse ao veículo que pinturas modernas sem verniz, como a de Rothko são "particularmente suscetíveis a danos" por causa da "combinação de materiais modernos e complexos, da ausência de uma camada de revestimento tradicional e da intensidade dos campos de cores planas, que tornam até as menores áreas de danos instantaneamente perceptíveis."

"Nesse caso, arranhar as camadas superiores de tinta pode ter um impacto significativo na experiência de visualização da peça", concluiu.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Manoel Carlos, de 92 anos, reapareceu nas redes sociais nesta terça-feira, 29, em uma foto publicada pela filha, a atriz e empresária Júlia Almeida.

A imagem, que mostra pai e filha no apartamento onde vivem no Rio de Janeiro, marca a primeira aparição pública do autor desde que enfrentou uma piora no estado de saúde.

Conhecido por novelas como Laços de Família, Por Amor e Mulheres Apaixonadas, Manoel Carlos sofre de Parkinson e passou por uma cirurgia em dezembro.

Desde então, mantém uma rotina mais reservada. Em janeiro, Júlia negou rumores de que o pai estaria isolado e afirmou que o recolhimento foi uma escolha dele próprio.

"Ele é uma pessoa discreta, que pediu para ficar mais recluso. Está bem cuidado, com equipe médica e ao lado da minha mãe, como ele escolheu estar", declarou na ocasião.

Na legenda da publicação mais recente, Júlia compartilhou uma reflexão sobre pausas, simplicidade e criação com propósito. Sem mencionar diretamente o estado de saúde do pai, ela escreveu: "Pausar não é se afastar. É voltar pro corpo, pro que é simples, pro que já está aqui".

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O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) anunciou nesta quarta-feira, 30, uma seleção de artistas que vão se apresentar na 8ª edição do Prêmio Sim à Igualdade Racial. A iniciativa tem o propósito celebrar pessoas negras e indígenas, empresas e iniciativas que se destacam na luta pela igualdade racial no País.

João Gomes, Sandra de Sá, Belo, Gaby Amarantos e Djonga se unem a JotaPê, Majur e Os Garotin e vão se apresentar durante a cerimônia, que será realizada no próximo dia 7 de maio, quarta-feira, no Rio de Janeiro. Os melhores momentos serão transmitidos na Globo no dia 25, após o Fantástico.

Completam o line-up Altayr Veloso, cantor e compositor carioca; Dom Filó, DJ, produtor cultural e ativista do Movimento Negro; Maria Preta, rapper e poeta; Zaynara, cantora e compositora paraense; Kena Maburo, artista indígena, e Ilê Aieyê, primeiro bloco afro do Brasil, além das finalistas Djuena Tikuna e Kaê Guajajara, artistas e ativistas indígenas

"Nesta edição, reunimos artistas que representam a alma da música brasileira e que, com sua arte, reforçam a urgência da igualdade racial. Cada show é uma manifestação de afeto, ancestralidade e resistência", afirma o diretor Tom Mendes.

Além de premiar os destaques nos três segmentos principais, cultura, educação e empregabilidade, o prêmio neste ano também promete levantar questões relativas à mudança climática e a pautas de gênero, e buscar diálogos direcionados às regiões Norte e Nordeste do País.