Covid está mais grave no Brasil, mas restrições são mais frouxas, diz Ipea

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A segunda onda da pandemia de covid-19 no Brasil tem sido mais grave do que a primeira, mas as medidas de restrição adotadas neste ano foram tardias e bem menos rígidas do que em 2020, aponta nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta terça-feira, 20. O trabalho afirma que houve redução média de 25% no valor do Índice de Medidas Legais de Distanciamento Social nos Estados. O texto sugere que a esse recuo contribuiu para o agravamento da epidemia no País.

O levantamento comparou as medidas adotadas nos meses de abril de 2020 e março de 2021 em 22 das 27 unidades federativas do País. Comparando o número de óbitos, por exemplo, março deste ano foi onze vezes mais letal do que abril do ano passado (62.704 contra 5.700). As medidas de restrição adotadas, porém, foram bem menos rígidas.

Baseada em dados do Google Mobility, a nota técnica mostrou que, em média, 60% dos brasileiros ficaram em casa em abril do ano passado, contra cerca de 50% em março deste ano. Segundo o trabalho, os Estados que apresentaram a maior redução no rigor das medidas foram Roraima (-73%), Alagoas (-66%) e Rio de Janeiro (-54%). Em São Paulo também houve redução significativa, ainda que não tão alta: - 24%.

Medidas na 2ª onda foram adotadas com casos em ascensão

O trabalho mostrou também que, na segunda onda, a maior parte dos Estados adotou medidas de distanciamento social tardiamente, depois que o número de casos já estava em ascensão. No ano passado, as medidas foram adotadas de forma antecipada e, talvez por isso mesmo, a onda tenha sido menos intensa.

Segundo o trabalho, "os governos agiram, sobretudo, de forma reativa em relação à segunda onda, diferentemente da atuação preventiva observada antes e durante a primeira onda". E ainda que quando as medidas mais rígidas foram finalmente adotadas, elas foram consideradas como um "último recurso", adotado apenas quando os sistemas de saúde se encontram em situação crítica e não se vislumbram outras opções para a resolução da situação.

"Os dados mostram que, para ampliar os níveis de isolamento e minimizar os impactos decorrentes da epidemia, seria preciso enrijecer medidas restritivas de forma preventiva", afirmou o pesquisador Rodrigo Fracalossi, responsável pelo trabalho. "Porém, o processo não ocorreu na maior parte do País quando a segunda onda já se manifestava."

Afrouxamento tornou crise do Amazonas mais grave

O caso mais emblemático, destaca o estudo, é o do Amazonas. Entre os dias 1º e 24 de dezembro do ano passado, o Estado apresentou os menores níveis de distanciamento social do País. Isso contribuiu diretamente para a gravidade da segunda onda e subsequente colapso do sistema de saúde.

"O número de casos no Amazonas estava subindo, os cientistas já recomendavam medidas mais rígidas e, mesmo assim, elas só foram adotadas como último recurso, quando a situação já havia chegado a um nível crítico, em janeiro", lembrou Fracalossi. "E mesmo depois de isso ter acontecido no Amazonas, as medidas também foram adotadas tardiamente no restante do País."

O estudo recomenda ainda a necessidade de adoção de critérios objetivos, transparentes e abrangentes para o enrijecimento ou o relaxamento das medidas, como se observou, por exemplo, nos estados do Rio Grande Sul e São Paulo. De acordo com o pesquisador, a existência desses critérios torna menos provável a influência de pressões contrárias ao distanciamento social, como ocorreu no Amazonas.

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Nana Caymmi foi casada com Gilberto Gil por dois anos, entre 1967 e 1969. Uma das mais importantes cantoras brasileiras, ela morreu nesta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos.

O relacionamento com o cantor começou após o retorno de Nana da Venezuela, onde morou com o médico Gilberto José, com quem foi casada e teve duas filhas, Stella e Denise. Separada, ela retornou ao Brasil e começou o namoro com Gil.

Naquele período, Nana enfrentava o preconceito do pai, Dorival Caymmi, por ter se separado e tentava emplacar algum sucesso na música brasileira. Ela chegou a vencer o Festival Internacional da Canção (TV Globo), interpretando a canção Saveiros, composta pelo irmão, Dori, mas foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Gil e Nana se separaram quando o cantor foi passar um período em exílio em Londres, por conta da ditadura militar. Os dois escreveram juntos a canção Bom Dia, que Nana apresentou no III Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, em 1967.

O corpo da cantora Nana Caymmi será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 2, a partir das 8h30. O enterro ocorrerá às 14h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Uma das principais cantoras do Brasil, Nana morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, depois de ficar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Rio, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa da morte de Nana foi a disfunção de múltiplos órgãos.

Ao Estadão, o irmão de Nana, o músico e compositor Danilo Caymmi, afirmou que, além da implantação de um marcapasso para corrigir a arritmia cardíaca, Nana apresentava desconforto respiratório e passava por hemodiálise diariamente. Nana também sofria de um quadro de osteomielite, uma infecção nos ossos, que lhe causava muitas dores. Segundo ele, Nana esteve lúcida por todo o tempo, mas, no dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Filha do compositor Dorival Caymmi, Nana começou a carreira no início dos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar da vida artística para se casar - ela teve três filhos, Stella, Denise e João Gilberto -, Nana retomou a carreira ainda na década de 1960, incentivada pelo irmão Dori Caymmi.

Nos anos 1970 e 1980, gravou os principais compositores da música brasileira, como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara.

Em 1998, conheceu a consagração popular ao ter o bolero Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, incluído como tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Nana gravou discos regularmente até 2020, quando lançou seu último trabalho, o álbum Nana, Tom, Vinicius, só com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

A cantora Nana Caymmi, que morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, fez aniversário no último dia 29 de abril. Internada desde julho de 2024, Nana recebeu uma mensagem da também cantora Maria Bethânia, de quem era amiga.

Bethânia escreveu: "Nana, quero que receba um abraço muito demorado, cheio de tanto carinho e admiração que tenho por você. Querida, precisamos de você e da sua voz. Queremos você perto e cheia de suas alegrias, dons e águas do mar na sua voz mais linda que há. Amor para você, hoje, seu aniversário, e sempre. Rezo à Nossa Senhora para você vencer esse tempo tão duro e difícil. Peço por sua voz e por sua saúde. Te amo. Sua irmã, Maria Bethânia".

Nana e Bethânia tinham uma longa relação de amizade e gravaram juntas no álbum Brasileirinho, de Bethânia, lançado em 2003. Bethânia afirmou mais de uma vez que Nana era a maior cantora do Brasil.

De acordo com informações divulgadas pela Casa de Saúde São José, onde Nana estava internada há nove meses para tratar de problemas cardíacos, a cantora morreu às 19h10 desta quinta-feira, em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos.