Michel Teló celebra uma década de sucesso e estreia como jurado

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Michel Teló está às voltas com sua estreia como técnico do programa The Voice Kids, cuja nova temporada estreia neste domingo, dia 6, na TV Globo. Ele será um dos responsáveis por selecionar e orientar as crianças e adolescentes que têm o sonho de se tornar cantores (mais informações sobre o programa nesta página)."Eu já passei por todas as etapas de uma carreira. Desde carregar equipamento, passando por gravar e produzir o próprio disco, até tocar no mundo todo. É essa experiência de persistência que pretendo passar para os candidatos", diz Teló, aos 40 anos, e quase 30 de carreira profissional.

O sucesso mundial ao qual o cantor se refere é Ai, Se Eu Te Pego, gravado por ele em 2011 e que virou hit aqui e no exterior. A música ajudou, no Brasil, a popularizar um movimento que estava em marcha há pelo menos três anos: a música sertaneja deixava a beira do fogão de lenha, o interior do País, e chegava com força às capitais para tocar em baladas - ou seja, se tornava pop.

Com isso, a dor de cotovelo era deixada de lado - tema que, mais tarde, seria retomado e rebatizado de "sofrência" - para ganhar letras mais comuns, com certa dose de malícia e uma essencial coreografia. A viola perdia o protagonismo para a batida da percussão com o intuito de colocar o povo para dançar. Ao lado de Teló, destacaram-se nomes como Gusttavo Lima, Luan Santana e duplas como João Neto & Frederico e Jorge & Mateus.

Refrão marcante

Teló conheceu os versos "Delícia, delícia/ Assim você me mata/ Ai, se eu te pego/ Ai, ai, se eu te pego" por acaso, quando fazia um show no interior da Bahia. O refrão nascera de uma brincadeira de seis amigas, em 2006, e havia sido transformado em música pelos compositores Sharon Acioly e Antonio Dyggs. A canção ganharia, na verdade, apenas mais uma estrofe. E seria o suficiente.

O cantor logo a incluiu em seus shows. Percebendo que seria sucesso, resolveu gravá-la imediatamente. O clipe oficial, postado no canal oficial de Teló no YouTube em julho de 2011, está muito perto, dez anos depois, de 1 bilhão de visualizações.

A título de comparação, a canção Balada (Tchê Tchê Rere), de Gusttavo Lima, lançada no mesmo ano, tem, no canal oficial da gravadora Som Livre, nesses quase dez anos, pouco mais de 116 milhões de visualizações. O destaque atual entre os sertanejos, Batom de Cereja, da dupla Israel & Rodolffo, tem, em quase 4 meses após o lançamento, 256 milhões.

Com Ai, Se Eu Te Pego, Teló entrou em paradas musicais de países como Alemanha, França, Holanda, Bulgária, Dinamarca, Rússia, Japão e Israel. Em muitos deles, o cantor foi se apresentar. Jogadores como Cristiano Ronaldo e Neymar e o tenista Roger Federer foram alguns dos atletas que repetiram publicamente a dancinha criada pelo sertanejo, ajudando a popularizá-la.

"Ainda toca no mundo. Muitas pessoas me dizem 'fui para a Europa, fui para a Ásia e ouvi Ai, Se Eu Te Pego'. Virou uma referência de música de alegria. É a Macarena brasileira", diz Teló. "Eu fiquei, durante muitos anos, entre os artistas mais vistos no YouTube no mundo inteiro. Se atualizarmos os números, hoje, para um artista alcançar essa marca, tem que ter 4, 5, 7 bilhões", completa.

Ai, Se Eu Te Pego perde para outros sucessos mundiais, como Despacito, do porto-riquenho Luís Fonsi, que de 2017 para cá acumulou mais de 7 bilhões de visualizações, ou Gangnam Style, do coereano Psy, que tem mais de 4 bilhões. Porém, nenhuma música cantada em português foi tão ouvida mundo afora por meio do YouTube.

Teló poderia ter caído na maldição de um hit só. Entretanto, o cantor e sanfoneiro já tinha uma longa estrada quando experimentou o sucesso - como artista mirim e adolescente e, depois, como destaque por doze anos dentro do Grupo Tradição, banda de Campo Grande, cidade em que o paranaense Teló se criou.

Logo em seguida de Ai, Se Eu Te Pego, emplacou Humilde Residência e, três anos após, ganhou um quadro no programa Fantástico, o Bem Sertanejo, criado por ele mesmo. Na atração, passou a história do sertanejo a limpo com convidados como Chitãozinho & Xororó, Almir Sater, Daniel, Roberta Lima, Paula Lima, Leonardo e Luan Santana. A série virou um livro, escrito em parceria com o jornalista André Piunti.

Desde 2015, substitui o colega Daniel no The Voice Brasil, no qual foi pentacampeão. Agora, assume uma cadeira na versão Kids do programa.

Em seu mais recente álbum, Para Ouvir No Fone, gravado no período de quarentena, destaca o sertanejo raiz, com modas de viola que falam de amor e das coisas simples da vida. Soa diferente de tudo o que já fez, com um cantar mais intimista. "Se não fosse a pandemia, talvez não o tivesse gravado", revela o cantor, que confessa ser fã do sertanejo para dançar que o consagrou.

O papel de Teló no 'the Voice Kids'

Não foi à toa que Michel Teló foi convidado para integrar a bancada de técnicos da nova temporada do The Voice Kids. O cantor sabe bem o que se passa pela cabeça de meninos e meninas que se inscrevem no programa.

Nascido em Medianeira, no Paraná, e criado em Campo Grande (MS), Teló formou sua primeira dupla aos 8 anos. Aos 12, já tinha uma banda de bailão, o Grupo Guri. Um dos integrantes era seu irmão, Teófilo, que depois se tornaria seu empresário.

"Eu aceitei fazer o programa com o intuito de passar uma mensagem para as crianças. De uma maneira leve, tranquila, quero falar que a decisão de seguir uma carreira artística é algo sério e exige um trabalho árduo", diz.

Teló sabe o preço que teve de pagar até alcançar o sucesso. Enfrentar perrengues na estrada, apresentar-se em bailes vazios, distribuir CDs em rádios que jamais tocariam suas músicas.

"Hoje, vejo que foi muito especial. Na época também, para dizer a verdade. Eu entendia que tudo isso fazia parte do meu sonho", diz o sertanejo, que até hoje se lembra da música que cantou na primeira apresentação: Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo, de Roberto e Erasmo Carlos.

Na dinâmica do The Voice, a primeira fase é chamada de Audição às Cegas, quando os técnicos ficam de costas para os competidores e viram suas cadeiras quando gostam da voz que ouvem. Quando nenhum dos jurados vira a cadeia, o candidato é eliminado. Cabe a eles lidar com a visível frustração dos calouros. "Quem se inscreve já assistiu a outras temporadas. Sabe que, independente da classificação, é uma grande visibilidade. Os candidatos vão subir num palco que tem uma produção incrível, cantar com microfone regulado especialmente para eles. A vida tem esses nãos. Se é cantar o que querem, é preciso insistir, voltar no outro ano."

Pai de Melinda, 4 , e Teodoro, 3, Teló diz que eles nasceram em ambiente muito musical. Dias desses, o caçula pegou um microfone e disse que iria cantar no The Voice. A música? Yellow Submarine, dos Beatles. Melinda cantou Coisa Linda, de Tiago Iorc.

A nova temporada, exibida aos domingos, depois da Temperatura Máxima, ainda terá Márcio Garcia no comando da atração. Completam o time de jurados Gaby Amarantos e Carlinhos Brown, que foi o técnico de Kauê Penna, vencedor em 2020. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Anora foi o grande vencedor do prêmio de Melhor Filme do Oscar 2025. Ainda Estou Aqui, longa brasileiro que concorria na categoria, não foi escolhido pelos votantes.

O longa custou US$ 6 milhões para ser produzido - um dos menores orçamentos da história da premiação - e, nas últimas estimativas, faturou cerca de US$ 38 milhões de bilheteria ao redor do mundo.

Indicações de 'Anora' ao Oscar 2025

Anora foi indicado em seis categorias no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.

Outros prêmios

Em maio de 2024, Anora venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e se colocou como um sério concorrente ao Oscar. Ao longo da temporada, no entanto, viu os filmes rivais ganharem mais destaque e, apesar de ser bastante elogiado pela crítica, passou a ser tratado como um azarão.

A maré mudou nas últimas semanas. Surpreendentemente, o longa venceu o prêmio de Melhor Filme no Critics Choice Awards. Confirmando o bom momento, também foi vitorioso no Directors Guild Awards, no Producers Guild Awards e no Writers Guild of America Awards, três dos principais prêmios dos sindicatos de Hollywood.

Sobre o que é

Em Nova York, a jovem stripper Anora (Mikey Madison) conhece o filho de um oligarca russo e engata um improvável romance. Após um casamento impulsivo em Las Vegas, a família de Ivan Zakharov (Mark Eydelshteyn) planeja retornar para os Estados Unidos com um único objetivo - anular a união entre o casal. Descrito como um "conto de fadas às avessas", o longa subverte a história da Cinderela para falar sobre as falhas do Sonho Americano.

Elenco

Em Anora, Mikey Madison interpreta Ani, uma jovem stripper que se deslumbra com a vida de luxos que o dinheiro pode proporcionar. O papel rendeu a atriz uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz. Já Mark Eydelshteyn é Ivan Zakharov, filho de um oligarca russo que contrata os serviços de Ani por tempo indeterminado.

Yura Borisov interpreta Igor, um capanga russo da família Zakharov. O papel rendeu ao ator uma indicação ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Completam o elenco Karren Karagulian e Vache Tovmasyan, que interpretam outros dois capangas da família Zakharov, e Aleksei Serebryakov e Darya Ekamasova, que vivem o pai e a mãe de Ivan, respectivamente.

Entrevistas

Em entrevista ao Estadão, Sean Baker e Mikey Madison discorreram sobre o que torna Anora um longa tão único. Em especial, falaram sobre a temática de trabalhadores sexuais - uma constante no trabalho de Baker - e sobre como o filme busca quebrar as expectativas do público.

"Sempre pensei em Anora como algo fora do 'mainstream' e um pouco divisivo por causa de seus temas, mas ele parece estar agradando às pessoas de maneira universal. E isso é maravilhoso", afirmou Sean Baker.

Críticas

O filme foi bastante elogiado pela crítica internacional. No site Rotten Tomatoes, que agrega análises de profissionais da indústria, o longa conta com 93% de aprovação. No New York Times, a obra de Sean Baker foi descrita como o "nascimento de uma estrela".

"Esse papel exige que ela [Mikey Madison] vá ao extremo, com elementos de pastelão, romance, comédia e tragédia, além de dançar com pouquíssima roupa e dar uns socos poderosos", escreveu a crítica Alissa Wilkinson. "E a cada momento Madison fica mais fascinante."

"Anora é uma fábula moderna e obscena, povoada por strippers e capangas. Como a maioria dos filmes de Baker, fala sobre os limites do sonho americano, sobre as muitas paredes invisíveis que se interpõem no caminho das fantasias de igualdade e oportunidade, sobre como se erguer pelas próprias pernas", finalizou.

Polêmicas

A principal polêmica de Anora decorreu da falta de um coordenador de intimidade no set de filmagem de Sean Baker. O cargo, que vem ganhando cada vez mais importância em Hollywood, é responsável por supervisionar cenas íntimas que envolvam sexo simulado e nudez.

Em uma era pós-Me Too, o trabalho do supervisor garante que todos os envolvidos se sintam seguros e possam se manifestar caso algo os deixe desconfortável. Em Anora, cenas de sexo e nudez compõem uma boa parte do filme. Baker e a equipe, no entanto, optaram por não utilizar um coordenador de intimidade durante as gravações do longa.

"Foi uma escolha que fiz. A produção me ofereceu, se eu quisesse, um coordenador de intimidade", afirmou Mikey Madison no quadro Actors on Actors, da Variety. A atriz explicou que a decisão foi tomada por ela e por Mark Eydelshteyn e que, apesar da polêmica, a experiência foi extremamente positiva para ela.

Onde assistir

Em cartaz, Anora estreou nos cinemas brasileiros em 23 de janeiro. Não há previsão, no momento, para exibição em plataformas de streaming.

Os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2025

Anora

O Brutalista

Um Completo Desconhecido

Conclave

Duna: Parte 2

Emilia Pérez

Ainda Estou Aqui

Nickel Boys

A Substância

Wicked

'O Brutalista' vence Oscar de melhor trilha sonora. O filme disputou categoria com Conclave, O Robô Selvagem, Wicked e Emilia Pérez. O longa venceu prêmio de melhor fotografia também.

Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional na noite deste domingo, 3. É o primeiro longa brasileiro a conquistar o feito. O diretor Walter Salles dedicou prêmio a Eunice Paiva. Ele também dedicou estatueta a Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. "É uma coisa extraordinária", disse sobre vitória.

A produção superou os concorrentes Emília Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia). O francês, que venceu o Prêmio do Júri em Cannes 2024 e foi indicado a 13 categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme, foi considerado como o favorito nos primeiros momentos da disputa, mas acabou se envolvendo em diversas polêmicas.