Ana Cecília Costa é Santa Teresa d'Ávila na peça online 'A Língua em Pedaços'

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A atriz Ana Cecília Costa se lembra como se fosse hoje. Em 2015, logo depois de uma apresentação da peça A Língua em Pedaços em uma unidade do CEU (Centro Educacional Unificado), na periferia paulistana, uma menina de 9 anos parou na sua frente e perguntou: "Esse homem é da polícia, não é?". A artista, que interpreta Santa Teresa d'Ávila (1515-1582), pensou e respondeu, impressionada com a leitura da garota em relação ao inquisidor que interroga a religiosa acusada de subversão e heresia: "Sim, quer dizer, é como se fosse um policial".

Não foram poucas as conexões estabelecidas por espectadores entre os dois personagens do texto do espanhol Juan Mayorga e fatos cotidianos desde a estreia do espetáculo, dirigido por Elias Andreato, em maio daquele ano no Centro Cultural Banco do Brasil. O embate entre a carmelita e o algoz que a acusa de trair os princípios da Igreja Católica no século 16 provocou reações, segundo a atriz, de pessoas que enxergaram coincidências com o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, os pedidos de intervenção militar e o avanço das ideias conservadoras. "Teresa foi julgada pelo fato de ser uma mulher e argumentavam que ela deveria estar possuída pelo demônio porque jamais alguém do sexo feminino seria tão inteligente e articulada", conta.

O alcance desse trabalho, montado entre 2015 e 2016, poderá ser redimensionado com a estreia de uma versão filmada para o online.

Protagonizada por Ana Cecília e Joca Andreazza, a peça ganha a chance de ser acessada gratuitamente entre os dias 17 e 21 e 24 e 27, às 21 h, através do YouTube emcenaproducoes, com sessões extras nos dias 20, 23 e 27, às 16 h. O diretor Elias Andreato acredita que o resultado da gravação valorizou a intimidade entre os atores e o discurso de Teresa se torna mais compreensível hoje, em um momento em que o capitalismo é posto em xeque por causa da pandemia. "A Igreja vive do dinheiro, da riqueza e não queria por perto essa mulher que prega contra seus interesses, defendendo uma vida sem ostentação, algo que estamos sendo obrigados a revisar neste último ano", justifica Andreato.

Além de religiosa e poeta, Teresa d'Ávila foi uma empreendedora, fundando dezessete conventos das carmelitas descalças na Espanha. "Se essa mulher realizou tudo isso lá no século 16, por que não vou conseguir produzir uma peça para contar a sua história?", perguntou-se Ana Cecília a si mesma, logo depois de ler a biografia da monja, O Livro da Vida, em um intervalo das gravações da novela Joia Rara, em 2014. Por intermédio de um amigo, o ator Washington Luiz Gonzales, ela descobriu a peça de Mayorga, recém-lançada e premiada na Espanha, e, com os direitos na mão, procurou Andreato sem nem o conhecer pessoalmente. Estava obstinada, como Teresa, a colocar em práticas ideias que julga necessárias. "Ana acredita em tudo o que fala e, quando ela me descreveu que o foco da peça era sobre Teresa e o inquisidor, uma atmosfera questionadora e não só religiosa, comecei a procurar uma sala para começar a ensaiar de imediato", declara o diretor.

As primeiras pesquisas foram sugeridas pelas monjas carmelitas de Salvador, na Bahia natal de Ana Cecília. "Elas me receberam desconfiadas, mas saí de lá com vários livros e uma visão diferente daquelas mulheres que vivem presas, afastadas do mundo por causa de uma vocação e isso, de certa forma, as aproxima dos atores", divaga a artista. Durante as viagens de A Língua aos Pedaços por cidades como Brasília e Belo Horizonte, a atriz mostrou o espetáculo nos mosteiros e, em uma apresentação em um retiro para padres e bispos em Itaici, no interior paulista, a convite do cardeal Dom Odilo Scherer, ela viveu uma das maiores emoções de sua carreira. "No final, todos se levantaram e cantaram Salve Rainha como agradecimento."

Depois de A Língua em Pedaços, Ana Cecília protagonizou outra peça de viés crítico de Juan Mayorga, A Tartaruga de Darwin, dirigida por Mika Lins, em 2017. Com autorização do dramaturgo, ela fez uma versão em forma de monólogo de A Tartaruga de Darwin para estrear em breve em um projeto batizado de Trilogia Mayorga, talvez ainda no segmento online.

Além de A Língua em Pedaços e A Tartaruga de Darwin, a trilogia se completa com Entre Árvores, texto intimista, que Ana Cecília vai só dirigir. "Sou uma pessoa em permanente busca espiritual, católica de formação, e encontrei um norte em Teresa d'Ávila. Depois dela, sinto que abracei a minha carreira também como produtora para falar aquilo que sinto."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Neste sábado, 3 de maio de 2025, a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, será palco de um dos maiores shows da carreira de Lady Gaga. A cantora retorna ao Brasil após sete anos e traz ao país sua turnê mundial “Mayhem”, com um espetáculo gratuito que promete reunir até 2 milhões de pessoas.

O evento integra o projeto “Todo Mundo no Rio”, uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com a produtora Bonus Track, que visa consolidar o mês de maio como um período de grandes celebrações culturais na cidade. Inspirado pelo sucesso do show de Madonna em 2024, que atraiu 1,6 milhão de pessoas, o projeto busca transformar a orla de Copacabana em um palco para grandes atrações musicais internacionais. 

Lady Gaga, que havia cancelado sua apresentação no Rock in Rio em 2017 devido a problemas de saúde, expressou entusiasmo por retornar ao país. A cantora, que lançou seu oitavo álbum de estúdio, “Mayhem”, em março deste ano, promete um espetáculo visualmente deslumbrante, com coreografias elaboradas e uma produção que dialoga com a energia única do Rio de Janeiro.

A expectativa é que o show movimente significativamente a economia local. Segundo dados da Booking.com e da Decolar, houve um aumento expressivo na procura por hospedagens e passagens aéreas para o Rio de Janeiro entre os dias 1º e 4 de maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

O espetáculo será transmitido ao vivo pela TV Globo, Globoplay e Multishow, permitindo que fãs de todo o mundo acompanhem esse evento histórico.

Para aqueles que desejam participar presencialmente, é recomendável chegar cedo, pois o evento será realizado por ordem de chegada. A organização do evento orienta os participantes a se prepararem para um dia de muita música, emoção e, claro, a energia contagiante de Lady Gaga.

Prepare-se para uma noite inesquecível na orla carioca. Lady Gaga está de volta ao Rio de Janeiro, e a festa promete ser épica!

Nana Caymmi foi casada com Gilberto Gil por dois anos, entre 1967 e 1969. Uma das mais importantes cantoras brasileiras, ela morreu nesta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos.

O relacionamento com o cantor começou após o retorno de Nana da Venezuela, onde morou com o médico Gilberto José, com quem foi casada e teve duas filhas, Stella e Denise. Separada, ela retornou ao Brasil e começou o namoro com Gil.

Naquele período, Nana enfrentava o preconceito do pai, Dorival Caymmi, por ter se separado e tentava emplacar algum sucesso na música brasileira. Ela chegou a vencer o Festival Internacional da Canção (TV Globo), interpretando a canção Saveiros, composta pelo irmão, Dori, mas foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Gil e Nana se separaram quando o cantor foi passar um período em exílio em Londres, por conta da ditadura militar. Os dois escreveram juntos a canção Bom Dia, que Nana apresentou no III Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, em 1967.

O corpo da cantora Nana Caymmi será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 2, a partir das 8h30. O enterro ocorrerá às 14h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Uma das principais cantoras do Brasil, Nana morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, depois de ficar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Rio, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa da morte de Nana foi a disfunção de múltiplos órgãos.

Ao Estadão, o irmão de Nana, o músico e compositor Danilo Caymmi, afirmou que, além da implantação de um marcapasso para corrigir a arritmia cardíaca, Nana apresentava desconforto respiratório e passava por hemodiálise diariamente. Nana também sofria de um quadro de osteomielite, uma infecção nos ossos, que lhe causava muitas dores. Segundo ele, Nana esteve lúcida por todo o tempo, mas, no dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Filha do compositor Dorival Caymmi, Nana começou a carreira no início dos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar da vida artística para se casar - ela teve três filhos, Stella, Denise e João Gilberto -, Nana retomou a carreira ainda na década de 1960, incentivada pelo irmão Dori Caymmi.

Nos anos 1970 e 1980, gravou os principais compositores da música brasileira, como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara.

Em 1998, conheceu a consagração popular ao ter o bolero Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, incluído como tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Nana gravou discos regularmente até 2020, quando lançou seu último trabalho, o álbum Nana, Tom, Vinicius, só com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.