Venosa ocupa o MAC

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Entre os artistas da chamada Geração 80, poucos foram os escultores emergentes dessa onda. Ângelo Venosa, hoje com 67 anos, é um dos principais nomes dessa geração e se firmou como o grande renovador da escultura brasileira contemporânea. Homenageado com justa razão pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), Venosa ocupa desde o último dia 5 a Clareira do museu no Ibirapuera, um espaço no térreo, logo à entrada do MAC, reforçando o projeto da instituição voltado à arte experimental - a história do museu é uma prova de apreço pela ousadia de artistas que deixaram sua contribuição cultural contra o estabelecido.

Na Clareira, projeto com curadoria de Ana Magalhães e Marta Bogéa, a instalação de Venosa confirma a importância desse artista nascido em São Paulo que adotou o Rio. Como o projeto visa o diálogo entre trabalhos de artes visuais e outras manifestações artísticas (música, performance), abrindo novas interpretações para o acervo do MAC, Venosa pode ganhar outras leituras de sua obra, já analisada em livros pelos principais críticos do Brasil, de Lorenzo Mammì a Ronaldo Brito, passando por Luiz Camilo Osório e Rodrigo Naves.

Ana Magalhães, diretora do MAC, considera a inserção de Venosa no projeto Clareira fundamental como primeiro nome a ocupar este espaço nobre do museu, que tem duas obras de grandes dimensões do artista em seu acervo - uma delas a peça preta que pende do teto, dos anos 1980. Todas as outras foram produzidas durante a pandemia, em 2020 e 2021, teste de resistência para um artista vigoroso que, até recentemente, fazia tudo sozinho - exímio artesão, de ascendência italiana, ele aprendeu com o pai a dominar o ofício de cortar a madeira. Um verdadeiro craftsman.

Com a evolução de sua doença (esclerose lateral amiotrófica), Venosa teve de se adaptar à nova condição, recorrendo a assistentes que o ajudam a concretizar seus projetos com auxílio de um computador. O resultado impressiona tanto como o monstro marinho de Piero Gherardi (1909-1971) que encalha na praia na última cena de A Doce Vida, o clássico filme de Fellini, ou a criatura de Alien, o Oitavo Passageiro, criada pelo suíço Hans Ruedi Giger (1940-2014). Com uma diferença: ao contrário desses dois impressionantes monstros do cinema, vistos como alegorias, as formas de Venosa resistem a metáforas. São opacas e enigmáticas como um texto de Beckett.

"Estava na hora de revisitar essa geração dos anos 1980 na figura de Venosa, principalmente num momento em que artistas mais jovens necessitam de apoio institucional", diz a diretora do MAC, referindo-se ao escultor como um dos vetores da arte contemporânea brasileira. De fato, a exemplo de Nelson Felix, ele representa um modelo como representaram no passado recente Amilcar de Castro e Sérgio Camargo. Amilcar, aliás, estava sempre em sua cabeça quando começou a esculpir, não por apego ao construtivismo - Venosa nunca foi construtivista-, mas pela possibilidade de executar uma obra aberta ao olhar público.

As formas orgânicas das esculturas mais recentes retomam algo deixado para trás nos anos 1980, mas continuam resistentes a associações fáceis. Elas não são automaticamente reconhecíveis, não se parecem com nada, são como seres que surgem do passado, indefiníveis. Essa conotação pré-histórica foi notada pelo crítico Ronaldo Brito assim que essas formas nasceram, de dentro para fora, atingindo seu ponto máximo em 1988, na gigantesca Baleia (este não é o nome original) hoje instalada na Praia do Leme (RJ), após ser transferida da Praça Mauá. Detalhe: a obra é em aço corten, mesmo material das esculturas de Amilcar. Em outras peças ele usa madeira, tecidos emborrachados, fibras sintéticas e gesso.

É uma lástima que São Paulo não tenha uma obra pública como a Baleia. A diretora do MAC, Ana Magalhães, observa que "o espaço público no Brasil não é mais o lugar de uma construção coletiva". E revela que uma das questões do projeto curatorial desenvolvido pelo MAC em parceria com o Museu de Arte Moderna (MAM) e que culmina na exposição Zona da Mata, cuja abertura será amanhã (dia 19), é justamente a ocupação do espaço público por artistas alijados deste processo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Novo filme da A24, Coração de Lutador - The Smashing Machine ganhou seu primeiro trailer nesta terça-feira, 29. A prévia mostra um irreconhecível Dwayne "The Rock" Johnson na pele de Mark Kerr, um dos maiores lutadores da história do MMA, que enfrenta grandes adversários no octógono ao mesmo tempo em que lida com problemas pessoais e com a fama.

Além de Johnson, o filme conta ainda com Emily Blunt, que interpreta a esposa de Kerr, Dawn Staples. Roberto "Cyborg" Abreu, Ryan Bader e Igor Vovchanchyn, todos atletas do MMA, completam o elenco.

O filme tem direção de Benny Safdie, um dos diretores de Joias Brutas, que assina o roteiro ao lado de Kerr.

Coração de Lutador - The Smashing Machine estreia no Brasil em outubro.

Clique aqui para assistir ao trailer

O cantor Orlando Morais criticou uma suposta falta de destaque a Glória Pires durante o especial de 60 anos da Globo, que ocorreu nesta segunda-feira, 28. Em uma publicação no Instagram, Orlando disse considerar que a emissora foi "injusta" com a trajetória da atriz, que é sua esposa.

O Estadão entrou em contato com a Rede Globo para um posicionamento da emissora sobre a declaração, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.

Glória encerrou seu contrato de exclusividade com a Globo após 54 anos no ano passado. "Participei dessa parceria linda. Sei que você não vai gostar do post. Não falo aqui como seu amor, como seu marido. Falo como brasileiro", escreveu Orlando.

A atriz apareceu durante uma reunião como vilãs clássicas das telenovelas. Ela interpretou a gêmea má Raquel, de Mulheres de Areia, de 1993. Também houve uma rápida menção a Maria de Fátima, de Vale Tudo, agora vivida pela atriz Bella Campos, atualmente no ar.

Na última quinta-feira, 24, ela comentou, em uma declaração enviada ao Estadão, sobre a sensação de se ver caracterizada novamente como a vilã. "Foi estranhíssimo, esteticamente falando, mas um exercício delicioso de resgatar dentro de mim algo feito há 30 anos", disse.

O último papel de Glória na emissora foi também uma vilã: Irene, de Terra e Paixão. Apesar de ter encerrado seu contrato de exclusividade, a atriz ainda pode ser contratada por obra.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu a cobrança de uma dívida de R$ 1,6 milhão atribuída à apresentadora Ana Hickmann em uma ação movida pelo Banco Sofisa. A decisão considera a possibilidade de sua assinatura ter sido falsificada em contratos firmados com a instituição.

O valor é referente a contratos em nome da empresa Hickmann Moda Fashion, um dos negócios que a apresentadora mantinha com o ex-marido, Alexandre Correa. Em 2023, o banco acionou judicialmente Ana, Alexandre e a empresa, solicitando inclusive a pré-penhora de bens dos três como forma de garantir o pagamento, caso eles não fossem localizados para responder à ação.

Ana afirma ter sido vítima de falsificação de assinaturas em contratos bancários e, em outras ocasiões, chegou a declarar que essas irregularidades teriam sido cometidas por Alexandre. Agora, a Justiça suspendeu a execução da dívida após acolher o argumento da defesa da apresentadora de que sua assinatura pode ter sido falsificada.

O Estadão teve acesso ao processo que corre na 8ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, onde a Justiça suspendeu a execução da dívida de R$ 1,6 milhão movida pelo Banco Sofisa. Em nota, a defesa de Ana Hickmann afirmou que a decisão foi tomada "diante dos indícios de falsificação das assinaturas presentes no contrato". A equipe jurídica acrescentou ainda que outras ações - movidas por Safra, Valecred e Banco do Brasil - também estão suspensas pelas mesmas razões.

Segundo a nota, "perícias grafotécnicas judiciais já comprovaram que assinaturas atribuídas a Ana Hickmann em contratos com o Banco do Brasil e Itaú são falsas. Além disso, o Bradesco decidiu não seguir com uma cobrança contra a apresentadora após reconhecer a falsidade da assinatura".

O Estadão também entrou em contato com a equipe de Alexandre Correa, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações de todas as partes envolvidas.