Claude Lelouch explica decisão de dar continuidade ao cult 'um Homem, uma mulher'

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Roger Boussinot, em sua Enciclopédia de Cinema, diz que ele é, com Jean-Luc Godard, o representante máximo desta escola - a nouvelle vague - que se beneficiou da liberdade criativa (câmeras leves, emulsões ultrassensíveis) para modificar a estética cinematográfica nos anos 1960. Claude Lelouch seria um técnico admirável, e a sua busca pela espontaneidade da imagem e da própria (cine)dramaturgia, em trabalho conjunto com os atores, deu-lhe projeção. Mas se a técnica é brilhante, Boussinot o desqualifica como autor. Jean Tulard, no Dicionário de Cinema, vai por aí. Diz que Lelouch é um industrial do amadorismo.

Numa entrevista por Zoom, de Paris, Lelouch fala sobre o seu eterno retorno a Um Homem, Uma Mulher, o longa de 1966 que lhe valeu a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar. Depois de Un Homme, Une Femme - 20 Ans Déjà, ele propõe agora Os Melhores Anos de Uma Vida, que reabrirá, na quinta, 24, o Petra Belas Artes. O conjunto de salas, fechado desde o início da pandemia, ganhará programação especial. Os cinéfilos de carteirinha da casa hão de lembrar que, no passado, outro longa de Lelouch - Les Uns et Les Outres, rebatizado, no Brasil, como Retratos da Vida -, no começo dos anos 1980, ficou um tempão em cartaz no Belas. O Bolero de Ravel virou trilha de toda uma geração. E ainda tinha aquela coreografia de Maurice Béjart.

O diretor toma por elogio o que, para outros, poderia ser pejorativo. "Sou um amador, sim, diante da vida e do cinema. Cheguei aos 83 anos e mantenho minha curiosidade perante o mundo e as pessoas. Quero aprender sempre." E acrescenta - "Fui muito criticado nos (anos) 60 porque as pessoas não toleram o sucesso alheio. Aos 29 anos, eu parecia ter o mundo a meus pés. Era demais para esses invejosos". No imaginário do público, Um Homem e Uma Mulher é indesligável da trilha com canção de Francis Lai e letra de Pierre Barlouh, que amava o Brasil e a quem o novo filme é dedicado. Aquele "chabadá" romântico, queiram ou não, fez história e está de volta.

Lelouch explica: "O filme foi restaurado e ganhou sessão especial comigo e com os atores. E foi olhando as reações entre Anouk (Aimée) e Jean-Louis (Trintignant), as trocas de olhares cúmplices entre ambos, que eu me dei conta de que aquela história ainda não estava acabada". Um filme começou a tomar forma, e agora adequado à realidade da dupla. Trintignant, de 90 anos, Anouk, de 89. Ele está numa casa de repouso, batizada de Domaine de L'Orgueil. Realiza exercícios para manter a memória, que começa a falhar. Seu filho busca a mulher que foi o grande amor do pai. Anouk reaparece. Chabada-badá!

"Jean-Louis havia anunciado sua aposentadoria. Não queria mais saber do cinema, mas eu fui atrás dele, para convencê-lo. Parecia cansado, alheio a tudo. Tinha medo que estragássemos uma obra que era referência para todos nós, mas a voz continuava a mais bela do mundo." No filme, ele se chama Jean-Louis Duroc e Anouk, Anne. Duroc foi corredor automobilístico - como Trintignant, na juventude. O ator adorava os carros, a velocidade. Anne era scripte, a profissional que, nos filmes, controla a fidelidade ao roteiro (e aos diálogos). E, por falar em voz, a de Anouk segue impressionante. Grave, meio rouca, mas rica em modulações. Ela gravou, na França, o audiobook de La Passion Selon G.H., A Paixão Segundo G.H. Clarice Lispector!

"A morte ronda Jean-Louis, Anne é a vida." Lelouch reflete. No filme, Jean-Louis olha seu antigo - eterno - amor e observa que nenhuma mulher mexe nos cabelos como Anne. O repórter observa que Anouk parece ter vencido o tempo. Quase centenária, segue bela. Lelouch aproveita a deixa - "Já combinamos que, se chegarmos aos 100 (anos), faremos mais um filme, o quarto". A vida, o amor, a morte atravessam o cinema de Lelouch. Deram título a um de seus filmes, de 1969. "A velhice tem muitos inconvenientes, mas tem suas vantagens. Jovem, eu me lembro como era insuportável. Agora, sinto-me em paz comigo mesmo. E olhando Jean-Louis e Anouk, a forma como eles se tocam, sinto que eles compartilham a serenidade. Estamos todos tão próximos da morte que parece absurdo gastar o tempo que nos resta brigando, fazendo a guerra."

Bem no final de Os Melhores Anos, um crédito informa que se trata do 49º filme de Lelouch - era, porque ele já fez, em plena pandemia, o 50º. De onde vem tanta inspiração? "Só filmo o mundo que conheço. Cruzei todos os meus personagens, ouvi seus diálogos. Isso me valeu não poucas críticas, mas eu sobrevivi. Prefiro ter dificuldades a aborrecer os outros." Frases ditas pelos personagens permaneceram com o repórter e certamente vão repercutir nos demais espectadores - nós, o público. "A morte é o preço que a gente paga por viver", "As histórias de amor só acabam bem no cinema".

Logo de cara, um letreiro informa - "Nossos melhores anos são aqueles que ainda não vivemos". A frase é de Victor Hugo e Lelouch irá na contramão. Anne e Jean-Louis voltam-se para o próprio passado. Certo ou errado? Errado, porque na verdade eles estão construindo uma outra história. Caem na estrada (da vida). Lelouch iniciou a filmagem na Normandia, no final de 2018, mostrou o filme, em sessão especial, em Cannes - 2019. "As verdadeiras histórias de amor nunca terminam. Permanecem na lembrança, deixam traços. Foram esses traços que quis filmar."

E mais - "A vida é mais forte que a morte. Todos temos direito a uma segunda chance". O diretor e o Brasil. "Estive aí algumas vezes. Na época de Um Homem, Uma Mulher. Depois, cheguei a pensar em fazer um filme no Brasil." Talvez seja necessário um olhar não discriminatório para avaliar o diretor, como o que lhe permitiu ser homenageado - presencialmente - na Mostra de São Paulo. Em tempos de isolamento, com os brasileiros sofrendo restrições para entrar na Europa, é uma delícia rever Lelouch recuperando a cena em que atravessa Paris de carro, no original de 1966. "É a cidade mais bela do mundo. E a cena não tem nada de fake. Sou eu na direção, a 100 por hora. Filmei às 6 da manhã, quando Paris estava despertando. A velocidade, os semáforos, tudo é real. Paris et moi. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ator Michael B. Jordan usou as redes sociais para agradecer os fãs pelo sucesso estrondoso de Pecadores. O novo filme de Ryan Coogler liderou as bilheterias norte-americanas por dois finais de semana seguidos e já arrecadou US$161 milhões mundialmente, sendo muito elogiado pela crítica e pelo público.

Dizendo-se "sem palavras e orgulhoso", Jordan agradeceu a todos que "compraram pipoca, que contrataram babás, pegaram carona e mostraram seu amor por Pecadores" nas últimas semanas. "Nós queríamos (...) contar uma história, ser honestos, expor nossas almas da melhor forma possível no trabalho que fazemos. Em nome de todo o elenco, equipe e criadores, eu quero agradecer a todos os fãs."

"É louco. Dos memes às conversas que estão acontecendo, todo mundo está tirando algo do filme e é muita coisa para explorar", seguiu o ator. "Nas palavras de [Coogler], é uma refeição completa e eu sou abençoado por fazer parte disto. Então, quero dizer, sinceramente, do fundo do meu coração, obrigado."

Jordan ainda incentivou quem ainda não assistiu a Pecadores a ir ao cinema. "Se você já assistiu, vá assistir pela segunda vez. Se já assistiu duas vezes, vá assistir pela terceira. Você pode entender algo diferente. Amo vocês e agradeço, sinceramente", conclui ele no vídeo.

Na legenda, o astro desenvolveu seu sentimento de gratidão. "Palavras não podem expressar a gratidão que sinto por todos e pela demonstração de amor pelo nosso filme!! É uma sensação louca saber quantos de vocês já apareceram e continuam a apoiar este filme. É por isso que fazemos filmes e adoramos ver filmes na telona. Isso une as pessoas", escreveu.

Escrito e dirigido por Coogler, Pecadores acompanha dois irmãos gêmeos (ambos interpretados por Jordan), veteranos da Primeira Guerra Mundial, que retornam depois de anos à sua cidade natal para começar uma nova vida. Lá, no entanto, eles descobrem um mal escondido que os espera. O elenco do filme inclui ainda Hailee Steinfeld (Gavião Arqueiro), Miles Caton, Saul Williams (Pisque Duas Vezes) e Tenaj L. Jackson (Ninguém Vai Te Salvar).

Pecadores está atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros.

A Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou os nomes dos concorrentes às vagas que pertenceram aos imortais Heloisa Teixeira e Marcos Vilaça.

Heloísa ocupava a cadeira 30 na ABL. Em abril de 2023, tomou posse como a 10ª mulher eleita imortal. Escritora, crítica cultural e importante nome do feminismo brasileiro, ela morreu aos 85 anos em 28 de março.

O advogado, jornalista e escritor Marcos Vilaça morreu no dia seguinte, 29 de março, também aos 85 anos. Ele ocupava a cadeira 26 da ABL desde 1985.

De acordo com a instituição, as inscrições para a sucessão de ambos já foram encerradas. As eleições para as vaga dos Acadêmicos serão nos dias 22 e 29 de maio, respectivamente.

Na próxima quarta-feira, 30 de abril, ocorre a eleição para a cadeira 7, que pertenceu ao cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro. Conforme anunciado anteriormente pela ABL, são 13 concorrentes, incluindo Míriam Leitão, Cristovam Buarque e Tom Farias.

Concorrentes à vaga de Heloisa Teixeira na ABL

Disputam a vaga que pertenceu a Heloisa o poeta, professor e tradutor Paulo Henriques Britto, e o poeta e compositor Salgado Maranhão. Também estão inscritos Arlindo Miguel, Paulo Roberto Ceratti, Spencer Hartmann Júnior e Eduardo Baccarin Costa.

Concorrentes à vaga de Marcos Vilaça na ABL

Entre os inscritos para a sucessão da cadeira 26 estão o advogado, escritor e professor universitário José Roberto de Castro Neves e o escritor, editor, tradutor e historiador Rodrigo Lacerda.

Completam a lista Diego Mendes Sousa, Sivaldo Venerando do Nascimento e Evandro Aléssio Rodrigues Pereira.

Thais Carla falou sobre seu processo de emagrecimento pela primeira vez em entrevista à revista Marie Claire. A influenciadora digital é conhecida por combater a gordofobia e desde de novembro do ano passado, decidiu adotar um novo estilo de vida a partir da reeducação alimentar.

Ela já perdeu cerca de 30 quilos e alguns de seus seguidores a questionaram, já que ela sempre falou sobre diversidade corporal.

Thais afirmou que a decisão de emagrecer foi uma escolha sua. "Eu tenho uma família que me aceita como sou. Não precisava mudar, mas quis. Quis ter uma vida diferente, brincar com as minhas filhas, voltar a dançar", disse à revista.

A influenciadora digital tem duas filhas: Maria Clara, de sete anos, e Eva, de quatro. Ela também comentou que agora sente prazer na alimentação.

Para Thais, um dos marcos dessa mudança de vida foi o convite para dançar na divulgação de uma música de Ivete Sangalo, Energia de Gostosa.

"Percebi que meu corpo precisa estar em movimento. Sempre fui ativa, mas agora entendo que minha fala tem peso. Eu achava que não fazia parte desse mundo fitness, mas vejo que ele pode me abraçar também."