Forrozeiros narram as dificuldades para lidar com 2º ano sem São João

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Por mais um ano, a roda de pessoas na fogueira não será completa, a disputa para saber quem tem o melhor licor da região acontecerá de forma virtual e as bandeirolas não estarão penduradas como parte da decoração das arenas de forró. Estes espaços, inclusive, novamente não receberão milhares de "postulantes a dançarinos" e os músicos encontrarão seu público através de uma tela digital.

Contudo, longe dos circuitos televisivos, lives grandiosas e campanhas publicitárias, em que se encontram nomes como Wesley Safadão, Sol Almeida e Xand Avião, os "forrozeiros raízes" tentam driblar as limitações impostas pela pandemia da covid-19 no segundo ano consecutivo sem as festas de São João para arcar com as despesas ao final de cada mês.

No Nordeste, os festejos do mês junho - embalados pelos dias de Santo Antônio, 13, São João, 24, e São Pedro, 29, - mobilizam praticamente toda a cadeia produtiva da região. Cálculos feitos pelos Estados em 2020 apontaram prejuízo estimado em mais de R$ 1 bilhão e, segundo o Ministério do Turismo, a não realização este ano gerará uma perda de, pelo menos, R$ 950 milhões. Um dos nomes mais conhecidos da cena tradicional, o cantor Flávio José, costumava fazer uma média de 26 shows só neste mês. "Me sinto muito triste, impotente e sem esperança de quando iremos voltar. Para ser sincero, meu coração diz que no próximo ano ainda iremos ficar em casa. É o que eu sinto", confessa.

Para a forrozeiro paraibano de 35 anos de carreira, o lento processo da vacinação em massa e o não cumprimento, por parte da população, das orientações dadas pelas organizações de saúde, como evitar aglomerações e a utilização constante das máscaras, retardarão o retorno dos eventos. O veterano conta que a última apresentação completa foi realizado em janeiro de 2020. "De lá para cá, não entrou renda de nada, mas as contas chegam toda hora", pontua. Em Campina Grande, uma das mais representantes do Estado, um circuito de lives culturais e artísticas foi montado. No último final de semana, por exemplo, a ação contou com show de Wesley Safadão e participação da paraibana Juliette Freire, campeã do Big Brother Brasil 21.

Vista como a capital do Forró há 40 anos, Caruaru, agreste de Pernambuco, anunciou a suspensão dos eventos ainda em maio. Na edição de 2019, cerca de 3 milhões de pessoas passaram pelo município e estima-se que R$ 200 milhões tenham sido movimentados no período. Por lá, a Câmara de Vereadores aprovou o BEM São João, um benefício emergencial para contemplar artistas locais que participaram da festa há dois anos. O pagamento será uma parcela única em valores que variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil. Além disso, as cidades Jaboatão, Olinda e Vitória de Santo Antão mantiveram os decretos de 2020 referentes a proibição de fogueiras e fogos de artifício durante as celebrações.

Pernambucano, mas "com alma de baiano", o cantor Targino Gondim confessa que tem tentado investir nas redes sociais para lidar com esse hiato acumulado. "Mais uma vez, perdemos a nossa receita principal, que representa 80% de tudo que ganhamos. A maioria dos forrozeiros estão em situação complicada. Muitos estão vendendo até seus instrumentos e isso não é bom", reforça. Apesar das dificuldades, o músico reitera a importância da paralisação para enfrentamento da doença que já matou mais de 500 mil pessoas no Brasil. "Acima de tudo é a vida. Precisamos seguir as orientações para evitar mais ainda a propagação desse vírus. Vamos deixar a realização das festas em segundo plano, pois assim poderemos voltar com toda força e alegria", torce.

Na Bahia, cancelamento é tema de livro

"São João passou por aí?". A pergunta pode soar estranha para algumas regiões do Brasil, mas é comumente usada entre os baianos neste período como prerrogativa para compartilhar das pequenas festas dos vizinhos. É uma espécie de política da boa vizinhança.

E buscando entender as consequências da não realização das tradições juninas no ano passado na Bahia, as pesquisadoras e professoras universitárias Lúcia Maria Aquino de Queiroz e Carmen Lúcia Castro lançaram o livro Impactos da Covid-19 nos Festejos Juninos da Bahia. A obra procura mensurar as implicações para os agentes culturais que participam destes festejos, assim como municípios, associações comerciais e barraqueiros. Além disso, identificou as medidas de enfrentamento adotadas, sendo que algumas estão sendo reaplicadas este ano pelas autoridades públicas.

Por exemplo, o governo estadual suspendeu novamente o transporte intermunicipal no período do São João, 24, a São Pedro, 29, para evitar que as pessoas viajem nestas datas. Antes da proibição oficial, algumas cidades oficializaram o cancelamento das festas através de decreto. Entre elas, Santo Antônio de Jesus, Euclides da Cunha, Senhor do Bonfim, Camaçari, Amargosa e Cachoeira.

Nesta última, localizada a 120 quilômetros de Salvador, a prefeitura instaurou barreiras para proibir o acesso de turistas. A localidade, um dos destinos mais procurados do Estado, está com 100% de ocupação dos leitos de tratamento intensivo (UTI) destinados à covid-19. Além disso, um novo decreto em Mata de São João, Coaraci, Almadina e Itapitanga proibiu a montagem e acendimento de fogueiras e fogos de artifício.

Lúcia Maria Aquino de Queiroz acredita que, para além dos prejuízos evidenciados, a pausa de dois anos nos festejos permitiram evidenciar uma série de problemas na forma como o movimento cultural acontece. "A gente incorpora o forró aqui na Bahia de forma sazonal. Precisamos cuidar dessa tradição o ano inteiro. Os quadrilheiros não estão conseguindo pagar nem as roupas; falta ampliação dos concursos daqui. Na comemoração do próprio São João, às vezes, o palco principal é ocupado por uma atração que nem tem relação com a festa e os que têm estão em palcos sem som e iluminação adequados", critica.

Com 27 anos de carreira, Adelmário Coelho é considerado um dos maiores forrozeiros baianos. Defensor do estilo mais tradicional do ritmo, o músico chega a fazer 35 shows só no mês de junho. "É um luto dolorido. Ninguém sabe exatamente quando terá fim. Isso que é dramático", confessa.

Para o músico a prioridade é o cuidado com a vida dos brasileiros e considera "um ato criminoso" quem nega a gravidade da doença, mas, pensando no setor musical que faz parte, lamenta a paralisação. "Existe um perfil com mais visibilidade para o patrocínio, que não é a realidade da nossa cultura forrozeira. Nunca tinha ficado uma noite de São João sem meu público; era uma coisa inimaginável", admite.

Apesar dos dados catalogados, Lúcia se mostra positiva para a realização dos festejos assim que a pandemia fora controlada no Brasil. "Sem sombra de dúvidas, o próximo São João presencial será muito iluminado no sentido de que haverá uma procura intensa por parte do público. Contudo, espero que já seja fruto de uma série de reflexões e que venha com mudanças efetivas. A festa não precisa ser guiada pelo movimento midiático. A ideia é que tenha destaque de fato quem faz o São João acontecer", reforça.

As informações do livro foram coletadas entre 10 de julho e 21 de outubro de 2020 e contou com 239 respostas divididas entre seis questionários, sendo 16 de representantes de municípios, 10 de associações, 115 de bandas e grupos musicais, 14 de festas privadas e 84 de profissionais da cultura e prestadores de serviços.

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Um novo documentário produzido pelo diretor Martin Scorsese apresentará uma conversa inédita com o falecido papa Francisco sobre o esforço apoiado pelo pontífice para oferecer educação por meio do cinema, anunciaram os produtores do filme nesta quarta-feira, 30.

Chamado Aldeas - A New Story, o documentário está "enraizado na crença do papa na sagrada natureza da criatividade", disse um comunicado dos cineastas. Não foi anunciada uma data de lançamento.

Segundo eles, a conversa inédita com Scorsese foi a "última entrevista aprofundada do papa para o cinema".

Antes de morrer, Francisco chamou o documentário de "um projeto extremamente poético e muito construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade humana, os conflitos humanos... a essência da jornada de uma vida", disseram os cineastas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Morreu nesta quarta-feira, 30, o jornalista Luiz Antonio Mello, aos 70 anos. A informação foi publicada pelo jornal A Tribuna, do Rio de Janeiro, em que ele atuava como editor desde 2021. Mello teve uma parada cardíaca enquanto fazia um exame de ressonância, e se recuperava de uma pancreatite no Hospital Icaraí.

Nome importante para o rock nacional, Luiz Antonio Mello (conhecido como LAM) passou por veículos como Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Última Hora. No entanto, foi na Rádio Fluminense FM que ele esteve à frente do programa Maldita, criado em 1981 e responsável por dar visibilidade a grandes nomes da música, como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana. A história foi contada no longa-metragem Aumenta que é Rock'n Roll, estrelado por Johnny Massaro e dirigido por Tomás Portella.

Após a passagem pela Fluminense FM, que deixou em 1985 para participar da implantação da Globo FM, trabalhou como consultor de marketing para uma gravadora, foi diretor de TV e produtor musical. Colaborou com vários veículos, entre eles o Estadão, e é autor dos livros Nichteroy, Essa Doida Balzaka (1988), A Onda Maldita (1992), Torpedos de Itaipu (1995), Manual de Sobrevivência na Selva do Jornalismo (1996), Jornalismo na Prática (2006) e 5 e 15, Romance Atonal Beta (2006).

A prefeitura de Niterói declarou três dias de luto em homenagem ao jornalista.

"Luiz Antônio Melo era um niteroiense apaixonado por nossa cidade e que tinha uma mente, uma capacidade inventiva e criativa extraordinária. Participou diretamente de um dos momentos mais marcantes da música brasileira e do rock nacional através da rádio fluminense na década de 80. Lembro que ele ficou muito grato e feliz quando apoiamos a realização do filme Aumenta que isso aí é Rock and Roll, baseado no livro de sua autoria. Recentemente, conduzia com maestria as edições do jornal A Tribuna. Niterói, o rock e o jornalismo estão de luto com a sua partida. Mas ele deixou um legado, suas ideias", afirmou o prefeito Rodrigo Neves.

Renata Saldanha, campeã do Big Brother Brasil 25, respondeu a algumas perguntas enviadas por fãs no Instagram na madrugada desta quarta-feira, 30. Ela aproveitou o momento para tranquilizar os admiradores do casal "Reike", formado por ela e Maike na reta final do reality.

"Gente, essa pergunta é campeã! Só para avisar, nós estamos bem, está tudo bem entre nós, para quem tinha dúvidas", começou a bailarina. "É como lidamos com outros relacionamentos na vida. A gente está se conhecendo, estamos nesse momento de entender um pouco tudo isso, que é novidade para ele - e muito para mim também. Então é isso, estamos nos conhecendo", concluiu a campeã.

Maike e Renata se reencontraram em público durante o Prêmio gshow, na última quarta-feira, 23, quando receberam o troféu da categoria "Melhor Conexão" e deram um beijo no palco. Antes da cena, estiveram juntos nos bastidores.

Apesar do clima de intimidade, Renata disse que ainda era cedo para definir qualquer rótulo. "A gente não teve a oportunidade de conversar aqui fora ainda, a gente mal se encontrou. No dia que a gente resolveu ficar, acho que ele ficou uns cinco dias na casa e depois saiu. Então, é muito breve para eu dizer algo", falou ao gshow.

Maike foi eliminado no 15º Paredão do BBB. Poucos dias antes, havia sido advertido pela produção e por Tadeu Schmidt por causa de atitudes abusivas com Renata, como mordida e puxão de cabelo. Nas imagens, a bailarina aparentava desconforto e pedia para que ele parasse. A sequência de ações gerou revolta entre os internautas e pedidos de expulsão nas redes. Do lado de fora da casa, o ex-brother assistiu às cenas e pediu desculpas, dizendo estar envergonhado.

Após cumprir a agenda atribulada no Rio de Janeiro desde o fim do reality, no último dia 22, Renata voltou para Fortaleza nesta quarta junto de Eva, sua dupla no início da competição. Ela foi recebida por uma multidão no aeroporto, e comemorou o retorno para casa.