Espaço para todos os filmes

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Quando começou a pensar numa programação especial para comemorar os 20 anos do Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, Adhemar Oliveira não contava que a efeméride viesse no meio da crise sanitária que colocou o Brasil na vanguarda do número de mortos em todo o mundo. A epidemia do coronavírus paralisou o mercado exibidor de cinema no ano passado. Os filmes foram retomados, principalmente no streaming. Nas salas, a frequência continua caída, mas, com os 80% da população de São Paulo vacinada, a expectativa é de que esses números comecem a melhorar.

Adhemar aposta na programação de aniversário para atrair mais público.

Embora o Shopping Frei Caneca tenha sido inaugurado em maio de 2001, os cinemas demoraram mais um pouco para começar a funcionar - em 3 de agosto daquele ano. O conceito era novo - "A ideia, desde o início, considerando-se que são salas de shopping, era mesclar o cinema de arte que estava no nosso DNA - meu, do Leon (Cakoff) - com os blockbusters", lembra Adhemar. "Houve um estranhamento inicial, por parte do público. Os cinéfilos de carteirinha achavam que a gente estava desvirtuando o conceito da arte, mas, com o tempo, as pessoas passaram a entender a proposta. Os filmes de grandes estúdios podem conviver pacificamente com a produção brasileira e a independente de vários lugares do mundo. Formamos nosso público fiel", ele avalia.

A pandemia afastou a massa desses espectadores, mas agora as pesquisas apontam para cerca de 20% do público de 2019, já que o de 2020 foi nulo. Rememorando - com nove salas, bonbonnière, cafeteria e aquela área de convivência que tem abrigado exposições de fotos, o Frei Caneca recebeu, ao longo desses 20 anos, mais de 8 milhões de espectadores que assistiram a cerca de dez mil filmes. O conjunto de salas abrigou mostras e eventos e promoveu ações de formação e ampliação de público, como o Clube do Professor, o Clube Jovem, Clube da Terceira Idade e Sessão Popular. Foram criados complexos semelhantes em diferentes regiões do Brasil, abrigando a mesma diversidade de programas e de ações que tem facilitado o livre acesso ou o desconto no valor dos ingressos.

Para comemorar a data redonda, o Itaú Frei Caneca resgata a obra de um autor importante, que também festeja seus 80 anos em 2022. "Ao longo desses 20 anos, o Espaço estabeleceu uma parceria com Ugo (Giorgetti). Todos os filmes dele passaram aqui com a gente. Vamos ter uma semana com a reapresentação de 11 filmes e a pré-estreia de Dora e Gabriel. No total, serão 12 títulos. O Ugo é esse cara finíssimo. Diante de tudo o que acontece no Brasil e no mundo, creio que será muito bacana resgatar essa espécie de gentileza que está no centro da obra dele." Os filmes irão, na sequência, para a plataforma do Instituto Moreira Salles e do Itaú Cultural Play.

Nas demais salas, Adhemar seguirá resgatando outros títulos e autores necessários do cinema brasileiro. "O que esse cara tem feito pela promoção e divulgação do cinema feito no País é o que nos permite seguir em frente. Não preciso nem lembrar que estamos sofrendo com esse governo totalmente refratário à produção artística nacional, e não só o cinema", reflete Giorgetti. A partir de quinta, também será possível (re)ver dois premiados filmes nacionais - Memórias Póstumas, de André Klotzel, e Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, o primeiro de 2001, o segundo de 2002, ambos contemporâneos da inauguração do Espaço.

Baseado no clássico da literatura brasileira Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis - que já havia inspirado o Brás Cubas, de Júlio Bressane, de 1985 -, o filme de Klotzel venceu cinco prêmios no Festival de Gramado. Além do Kikito de melhor direção, ganhou os prêmios de melhor filme do júri e da crítica, mais as estatuetas de melhor roteiro, do próprio Klotzel, e o de melhor atriz coadjuvante para Sônia Braga, como Marcela. Cidade de Deus virou o maior fenômeno do cinema brasileiro da época. Os anos 1990 haviam se pautado pela chamada "retomada", após a política de terra arrasada do governo Collor, e não apenas para a cultura.

Com o título de City of God, o filme fez carreira internacional e foi indicado para quatro Oscars, inclusive o de direção. No Brasil, parte da crítica alimentou uma polêmica que rendeu réplicas e tréplicas. O diretor Meirelles teria transformado a estética da fome do Cinema Novo em cosmética. Ancorado na discussão, o filme fez sucesso de público e, em Hollywood, até Steven Spielberg quis saber do diretor como havia sido feita a cena da galinha, no começo - com imaginação, mais do que com dinheiro. Outro destaque da programação é A Melhor Juventude, a história da Itália dos anos 1960 aos 2000, através da ligação de dois irmãos. Marco Tullio Giordana fez, em 2003, sua obra-prima, que só cresce com o tempo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Ela estava internada há nove meses na Clínica São José, no Rio de Janeiro. A morte da cantora foi confirmada por seu irmão, o músico e compositor Danilo Caymmi, no início da noite.

Além dos problemas cardíacos que abalaram sua saúde em 2024, que obrigaram os médicos implantar um marcapasso para contornar uma arritmia cardíaca, Nana enfrentou um câncer de estômago em 2015.

Filha do compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no Rio de Janeiro, com o nome de Dinahir Tostes Caymmi, o mesmo de uma tia, irmã do pai. Incentivada pelos pais, começou a estudar piano clássico ainda criança. Em 1960, entrou no estúdio com Caymmi para fazer sua primeira gravação, Acalanto, a canção de ninar feita para ela pelo pai. No mesmo ano, gravou um compacto simples com as músicas Adeus e Nossos Beijos.

Ao mesmo tempo que dava seus primeiros passos na carreira como cantora, Nana decide deixar o Brasil e se casar com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli, com quem teve seus três filhos, Stella, Denise e João Gilberto.

De volta ao País, separada, enfrenta o preconceito de Caymmi, que decide não falar mais com a filha. Nana é então socorrida pelo irmão, Dori, que faz a canção Saveiros para ela cantar no I Festival Internacional da Canção (TV Globo). Foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Casada agora com Gilberto Gil, apresenta-se no III Festival de Música Popular Brasileira na TV Record, em 1967, com a canção Bom Dia, assinada em parceria com Gil. Grava com o grupo Os Mutantes a canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, além de um álbum de carreira.

Em 1973, faz uma exitosa temporada em Buenos Aires, na Argentina, onde lança um disco pela gravadora Trova. No repertório, músicas de compositores que seriam presença constantes em seus discos, como Tom Jobim, João Donato, Chico Buarque, além de Caymmi. Nesse mesmo ano, Caymmi se reaproxima da filha, em um programa de televisão.

Ao longo dos anos 1970 e 1980, grava regularmente. Seus álbuns reuniam não somente um repertório sofisticado, mas também grandes músicos, como João Donato, Helio Delmiro, Toninho Horta, Novelli, além dos irmãos Dori e Danilo. Em 1980, participa da faixa Sentinela, no disco de Milton Nascimento. No início dos anos 1990, grava Bolero, disco inteiramente dedicado ao gênero.

Com o prestígio de uma das principais cantoras do País, Nana, embora tenha alcançado relativo sucesso com músicas como Mãos de Afeto, Beijo Partido, Contrato de Separação e De Volta ao Começo, além de ser voz presente em trilhas sonoras de novelas da TV Globo, não tinha, no entanto, a mesma popularidade de nomes como Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina.

Sucesso popular

O reconhecimento popular só chegou em 1998, quando o bolero Resposta ao Tempo, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc, foi escolhido para ser tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, de Glória Perez. A história da moça de uma família tradicional mineira que larga o noivo no altar e se torna uma das mais famosos prostitutas da zona boêmia de Belo Horizonte conquistou a audiência e ampliou o público de Nana.

Anos antes, Nana havia batido na trave. Sua gravação de Vem Morena havia sido escolhida para a abertura da novela Tieta, um dos maiores sucessos da TV Globo. Porém, dias antes da estreia da trama, em agosto de 1989, o então diretor geral da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pediu uma música "mais animada". Ele mesmo fez a letra da canção gravada por Luiz Caldas. "Fiquei esperando minha música tocar e aparece o Luiz Caldas dizendo que a lua estava cheia de tesão", reclamou, tempos depois, Nana nos jornais.

Com a carreira em alta, arrisca e coloca em prática um antigo desejo: fazer uma segundo volume de um álbum dedicado apenas a boleros. Sangra de Mi Alma foi lançado em 2000, com clássicos do gênero como Amor de Mi Amores e Solamente Una Vez, essa última escolhida para trilha da novela Laços de Família.

Nos anos 2000, Nana se dedica a regravar as canções de Caymmi em álbuns temáticos. O Mar e o Tempo (2002), Para Caymmi: de Nana, Dori e Danilo (2004), Quem Inventou o Amor (2007) e Caymmi (2013) compreenderam boa parte da obra do compositor.

Seus últimos dois álbuns foram Nana Caymmi Canta Tito Madi, de 2019, sobre a obra do compositor pré-bossanovista, e Nana, Tom, Vinicius, de 2020, com canções de seus dois grandes amigos, Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Nana, porém, a essa altura, já estava afastada dos palcos. Sua última apresentação foi em 2015, em São Paulo. A cantora havia prometido voltar a cantar ao vivo se o empresário Danilo Santos de Miranda, seu grande amigo, diretor do Sesc São Paulo, se recuperasse de uma internação. Miranda morreu em outubro de 2023. O Selo Sesc, projeto criado por Miranda, guarda um registro inédito do show Resposta ao Tempo, gerado a partir de uma apresentação de Nana no Sesc Pompeia.

A última imagem conhecida de Nana é a que aparece no documentário Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos, de Daniela Broitman. Nele, Nana dá um forte depoimento sobre o pai e canta, à capela, o samba canção Não Tem Solução, em um dos melhores momentos do filme.

Em agosto de 2024, o cantor Renato Brás lançou a faixa A Lua e Eu, sucesso de Cassiano, com a participação de Nana nos vocais. A voz de Nana foi capturada em sua casa, no Rio de Janeiro.

Em sua última entrevista ao Estadão, quando completou 80 anos, Nana manifestou o desejo de gravar as parcerias do irmão Dori com Nelson Motta. Também desejava cantar Milton Nascimento - um de seus grandes amigos - e Beto Guedes. "Se eu não gravei, são inéditas para mim", disse, reforçando uma insatisfação constante dos últimos anos, a de que não havia bons novos compositores para lhe fornecerem repertório.

Como uma metáfora da vida, Nana, também nessa entrevista, falou sobre seu sentimento ao gravar uma canção. "Ela acontece, assim como o amor. É como uma nascente, ela corre. Para quem consegue molhar o rosto nessa água límpida, como eu faço quando estou gravando, é um delírio", disse.

Por Laysa Zanetti

Caco Ciocler vai entrar para o elenco de Vale Tudo, interpretando um personagem inédito na trama. O ator será Esteban, um interesse amoroso de Celina (Malu Galli). A informação foi publicada pela coluna Play, do jornal O Globo, e confirmada por Caco em seu perfil no Instagram.

Na versão de 1988 da novela, a irmã de Odete não teve sua vida afetiva explorada e, portanto, o personagem Esteban não existiu. Ainda não se sabe qual será a sua história ou como vai conhecer Celina.

Na trama original, Celina era interpretada por Nathalia Timberg, e dedicava a maior parte do tempo aos sobrinhos e aos cuidados da mansão. Desta vez, a autora Manuela Dias pretende adicionar mais camadas à sua história e dar a ela mais autonomia.

"Celina é uma cinquentona que não se casou, criou os filhos da irmã e não trabalha", resumiu Galli ao jornal O Globo, explicando os novos traços da personagem. "A gente trouxe o interesse dela pelas artes plásticas, ela é uma incentivadora dos artistas. É mais ativa nesse sentido."

Longe das novelas desde a refilmagem de Pantanal, Caco vai começar a gravar suas cenas no folhetim neste sábado, 3. Recentemente, participou da minissérie Os Quatro da Candelária e do filme Meu Sangue Ferve por Você, cinebiografia de Sidney Magal.

Miguel Falabella foi afastado das apresentações desta semana do espetáculo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum, em São Paulo. O comunicado foi feito nas redes sociais da peça nesta quinta-feira, 1º, que explica que o ator passa por um problema de saúde.

Em seu perfil, Falabella detalhou a situação, e revelou que precisou se afastar porque está com uma hérnia de disco. "Estou com muita dor, não estou conseguindo andar direito e, por isso, infelizmente não estou fazendo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum. Como dizia minha mãe, doença é aluguel que a gente paga para usar o corpo", declarou.

A peça é uma adaptação brasileira do musical com letra e música de Stephen Sondheim, ambientado na Roma Antiga e inspirado nas comédias farsescas de Plauto. A história acompanha Pseudolus, personagem de Falabella que é um escravo determinado a conquistar sua liberdade. Para isso, ele promete ajudar seu jovem amo a conquistar a amada. Ivan Parente, Giovanna Zotti, Carlos Capeletti, Mauricio Xavier e Lucas Colombo também integram o elenco da peça.

Diante da ausência de Falabella, o protagonista será interpretado por Edgar Bustamante nas próximas sessões, desta quinta a domingo, 4.

Nos comentários das publicações, fãs e amigos desejam melhoras a Miguel. "Cuidaremos do nosso lourão mais que amado e ele já já estará de volta pro palco", comentou Danielle Winits. "Boa recuperação, chuvisquinho. Já já você está 100% e de volta aos palcos pra receber todo carinho e amor que você merece", desejou o também ator Daniel Rangel.

A peça Uma Coisa Aconteceu a Caminho do Fórum está em cartaz de quinta a domingo no Teatro Claro Mais SP, com apresentações às 20h (quinta e sexta), 16h e 20h (sábado) e 15h e 20h (domingo).