Em livro, Roberto Gómez Bolaños relata como nasceu o ícone infantil Chaves

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Uma mulher grávida se desesperou ao descobrir que tomou um antigripal sem saber que continha ingrediente abortivo. Diante de seu estado de dor aguda, o médico recomendou que ela aceitasse perder o bebê, mas a moça insistiu em manter a gravidez, mesmo sob o grave risco de morte, o que tornou a gestação um período de grande sofrimento. "Por causa disso, eu nasci em 21 de fevereiro de 1929", afirma o mexicano Roberto Gómez Bolaños que, anos depois, alcançou grande sucesso nas séries de TV Chaves e Chapolin.

A frase consta logo no início de Sem Querer Querendo, autobiografia lançada em 2006 e que só agora ganha versão em português, lançada pela editora Estética Torta. Com um texto bem-humorado, mas temperado por algumas alfinetadas em certas personalidades, o livro, cujo título repete um de seus mais conhecidos bordões, detalha a evolução do jovem boxeador frustrado (a baixa estatura o convenceu a abandonar o esporte), que abandonou o curso de engenharia para se tornar um ícone da comédia infantil latino-americana.

Ao longo da vida, Bolaños, que morreu em 2014, revelou uma enorme capacidade de se reinventar quando necessário - resistência herdada da mãe. Segundo de três filhos de um pintor e ilustrador e de uma secretária bilíngue, ele sonhava jogar futebol e lutar boxe, mas acabou entrando em uma faculdade de Engenharia Mecânica, logo abandonada por considerar entediante.

A grande virada de sua vida começou quando se interessou pelo anúncio de emprego como aprendiz de produtor em uma empresa de publicidade. Ao chegar lá, viu que havia cerca de 60 candidatos à vaga que ambicionava, mas, ao lado, havia outra fila, com apenas cinco pessoas, aspirantes ao cargo de redator aprendiz. "Meu futuro profissional foi definido pela diferença de tempo que eu deveria passar em uma fila", diverte-se ele, no livro.

Aos 22 anos, portanto, Bolaños começou a escrever freneticamente roteiros para programas de rádio, televisão e cinema - até ensaiou uma primeira carreira como ator no final dos anos 1950. Foi nessa época que ganhou o apelido de Chespirito, forma elogiosa nascida da admiração do cineasta Agustín Porfirio Delgado, que o chamava de "pequeno Shakespeare", brincadeira por escrever muito apesar da pequena estatura: em espanhol, grafa-se "Shakespearito", cuja pronúncia, "Chekspirito", resultou em "Chespirito".

Na autobiografia, Roberto Gómez Bolaños conta como, em 1968, assinou contrato com uma emissora de TV em ascensão, a Televisión Independiente de México, para inicialmente fazer um programa de meia hora nas tardes de sábado. A atração se chamava Chespirito e dois personagens se destacavam El Chavo del Ocho e El Chapulín Colorado. Os esquetes curtos e bem-humorados fizeram tanto sucesso que ele logo ganhou o horário noturno da segunda-feira - e em uma atração de uma hora de duração.

O êxito novamente foi tão estrondoso, especialmente entre as crianças, que cada personagem ganhou uma série semanal própria. El Chavo (cuja tradução seria "O Menino", mas se tornou Chaves, no Brasil) era um menino órfão de 8 anos que vivia em um barril de madeira enquanto El Chapulín (Chapolin) era um herói atrapalhado que sempre aparece quando alguém precisa de ajuda.

A conexão imediata com os pequenos era motivada, segundo Bolaños, pela imediata identificação - no livro, ele revela suas suspeitas em relação ao sucesso dos personagens. "Chaves foi o melhor exemplo de inocência e ingenuidade das crianças. E é bem provável que tenha sido esta característica que gerou o grande carinho que o público passou a sentir por ele", comenta ele, acrescentando: "Nunca pretendi que o público pensasse que eu era uma criança. Tudo o que eu procurava era que aceitasse que eu era um adulto fazendo o papel de uma criança".

Chaves e Chapolin estrearam no Brasil pelo SBT, em 1984, com alguns anos de atraso em relação a outros países. Na época, as duas séries já não existiam mais como programas independentes. "Era o início de uma jornada de mais de 35 anos das obras de Chespirito no Brasil", observa o coletivo Fórum Chaves, site de fãs do programa, que assina a introdução do livro. "Nesse período, os seriados se tornaram parte do imaginário do público brasileiro, que se diverte até hoje com aqueles personagens - e com nomes próprios ao nosso português: Chaves (El Chavo), Quico, Seu Madruga (Don Ramón), Chiquinha (Chilindrina), Dona Florinda, Chapolin Colorado (El Chapulín Colorado), Racha Cuca (Rascabuches), Quase Nada (Cuajinais), entre tantos outros."

Ainda que tenha sido o último país latino a descobrir Chaves e sua turma, o Brasil logo desenvolveu uma paixão incomum pela série, a ponto de alguns mexicanos acreditarem que a idolatria aqui era maior que no próprio local de criação.

A autobiografia de Bolaños é repleta de lances curiosos - como sua relação com a política. Em geral, manteve-se distante, relacionando-a com práticas de corrupção e trocas de favores. Um grande exemplo aconteceu quando seu primo Gustavo Díaz Ordaz foi presidente do México, entre 1964 e 1970. Ele relembra que, ao saber da notícia da candidatura do parente, decidiu não manter contato com Ordaz durante todo o seu mandato.

Curioso também é o relato sobre o breve contato que teve com Pelé. Certo dia, Bolaños estava em um estúdio da Televisa quando lhe informaram que, em um telefone, o rei do futebol estava do outro lado da linha com uma proposta: realizar um filme juntos. "Ele queria que eu atuasse interpretando Chaves, e isso era algo que eu sempre tinha evitado e que continuaria evitando", conta o mexicano, que explicou o motivo: o personagem ficaria grotesco na telona, pois era um produto da televisão e assim deveria permanecer.

Bolaños conta que Pelé entendeu os motivo e se despediram afetuosamente. Outro grande nome do futebol, o argentino Diego Maradona, também procurou o intérprete de Chaves, anos depois. "Você tem que saber que é meu ídolo", disse o jogador, por telefone. "Não perco nenhum de seus programas e levei um bom número deles gravados em vídeo para Cuba", continuou Maradona, que viajou para a ilha a fim de fazer um tratamento médico. "Assisti-los era (e continua sendo) o melhor remédio que tive para combater meus estados de depressão."

Em 2019, estreou em São Paulo o espetáculo Chaves - Um Tributo Musical, elogiado trabalho dirigido por Zé Henrique de Paula sobre o famoso personagem e seus amigos e que chegou a arrancar lágrimas de Heriberto Lopez de Anda, diretor do Grupo Chespirito e que auxiliou Bolaños na direção cênica da série durante 13 anos.

Roberto Gómez Bolaños morreu em 28 de novembro de 2014, aos 85 anos, vítima de uma parada cardíaca, em sua casa, em Cancún. Dois dias antes, ele escreveu no Twitter para a fã Maria do Carmo: "Todo o meu amor para o Brasil". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".