Tensão gera abismo entre duas famílias

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Lá atrás, no começo de sua carreira, o uruguaio Manuel Nieto Zas foi assistente do mais secreto autor do cinema argentino, Lisandro Alonso. Nem a argentina Lucrecia Martel faria um filme tão enigmático como Jauja. Como ela, Alonso é queridinho nas seções paralelas de Cannes. Isso pode ter ajudado Nieto Zas a integrar a seleção da Quinzena dos Realizadores deste ano, com O Empregado e o Patrão, em cartaz nos cinemas, distribuído pela Vitrine. É coprodução uruguaio-argentino-brasileira. Nieto Zas, também conhecido como Manolo, conversou com o Estadão no dia seguinte à apresentação de seu filme na Quinzena. Estava eufórico com a acolhida.

Num filme anterior, O Lugar do Filho, já abordara o universo interiorano das fazendas. "O terço final passava-se numa hacienda, embora numa perspectiva diferente da de agora. Sempre quis voltar a esse mundo, a esses personagens. Sempre achei que seria interessante aprofundar essas relações." De novo o lugar do filho. Interpretado por Nahuel Pérez Biscayart, de 120 Batimentos por Segundo. Rodrigo é o patrão, o filho do dono que ainda tenta impressionar o pai. Contrata um operador para o trator, Carlos, o não profissional Cristian Borges.

O que aproxima os dois homens é o fato de serem ambos pais. Uma tragédia vai ligar os dois. "Sou pai de três filhos, e como todo pai amoroso acho que não existe preocupação maior, para mim, do que a saúde e segurança deles. A morte do filho seria meu maior pavor." Na ficção de O Empregado e o Patrão, a relação entre ambos é posta à prova em mais de uma oportunidade. "Escolhi filmar na região próxima à fronteira brasileira, mas a corrida de cavalos que ocupa o centro da narrativa na sua segunda parte é uma coisa que ocorre em todo o Uruguai. Faz parte de nossas tradições. Correm, e concorrem, patrões e empregados."

Na quinta, também estreou Ema, do chileno Pablo Larraín. E, nesta sexta, 13, começou o Festival de Cinema Brasileiro e Latino de Gramado, que Nieto Zas já venceu, justamente com O Lugar do Filho. "É uma vitrine importante", diz ele, o que permite ao repórter lembrar a distribuidora do filme no Brasil. "Ojalá - ele manifesta o desejo - tivéssemos mais integração entre nossas cinematografias." A noção de família, a disputa esportiva, el caballo. "Queria dois personagens diferentes, mas parecidos. Muita coisa os aproxima, apesar da distância social. Creio que, em todas as culturas, o cavalo é sinônimo de liberdade. Está até no brasão de nossa bandeira (do Uruguai). Na segunda metade, o cavalo media a ligação de Rodrigo e Carlos."

É possível fazer a radiografia de toda uma sociedade somente a partir da aproximação do antagonismo desses personagens. Mas existe algo mais, a má estrela de Carlos. "Nada do que ele sonha ou deseja dá certo. Isso produz uma tensão interna. Não queria filmar explosões de violência. Optei por um meio caminho, mostrando partes das situações e estimulando, creio eu, o espectador a compor o quadro todo, emocional e intelectualmente." Embora diferente de uma fábrica, por exemplo, a tensão entre patrão e empregado, o abismo entre eles, dá o tom do filme.

"Não queria fazer um filme político, mas de personagens. Se excetuarmos os westerns, com seus caubóis, o cinema e as séries costumam privilegiar o patrão, o dono de terras. Por isso o roteiro começa com a história do filho do patrão, para que o espectador se familiarize com um mundo conhecido. Só depois o quadro fica mais complexo. As coisas começam a mudar na cena do churrasco." Manuel Nieto Zas acredita no processo. Gosta de misturar atores naturais e profissionais. Nahuel Pérez Biscayart era uma aposta até para o mercado internacional.

Ele admite que exigiu muito não apenas dele, mas também de Justina Bustos, que faz sua mulher. "Cristian (Bastos) se revelou melhor do que eu pensava, mas o filme trabalha o tempo todo com os dois núcleos, patrão e empregado. Pedi a Nahuel que baixasse o tom para chegar ao nível de Cristian, mas aí descobri que ele (Cristian) era capaz de modulações inesperadas. Na cena do churrasco, Carlos tem reações que cheguei a pensar que Cristian não conseguiria expressar, mas ele foi surpreendente. É o que faz a beleza do cinema, quando toda a equipe se entrega para que o filme ganhe vida e se sustente."

Para o diretor, seu filme é sobre um mundo em vias de desaparecimento. "A produção de grãos está substituindo os cavalos e o gado em muitas regiões. Com isso, os gaúchos tendem ao anacronismo. Havia muito mais camaradagem nas fazendas. Por menos político que eu quisesse que fosse o filme, a dialética do amo e do escravo se faz presente, e de forma intensa." Ecos de Hegel, e de Karl Marx. "Sem dúvida, mas o que me interessa são os homens, sua fragilidade, mesmo quando tentam bancar os fortes." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Renata Saldanha, campeã do Big Brother Brasil 25, respondeu a algumas perguntas enviadas por fãs no Instagram na madrugada desta quarta-feira, 30. Ela aproveitou o momento para tranquilizar os admiradores do casal "Reike", formado por ela e Maike na reta final do reality.

"Gente, essa pergunta é campeã! Só para avisar, nós estamos bem, está tudo bem entre nós, para quem tinha dúvidas", começou a bailarina. "É como lidamos com outros relacionamentos na vida. A gente está se conhecendo, estamos nesse momento de entender um pouco tudo isso, que é novidade para ele - e muito para mim também. Então é isso, estamos nos conhecendo", concluiu a campeã.

Maike e Renata se reencontraram em público durante o Prêmio gshow, na última quarta-feira, 23, quando receberam o troféu da categoria "Melhor Conexão" e deram um beijo no palco. Antes da cena, estiveram juntos nos bastidores.

Apesar do clima de intimidade, Renata disse que ainda era cedo para definir qualquer rótulo. "A gente não teve a oportunidade de conversar aqui fora ainda, a gente mal se encontrou. No dia que a gente resolveu ficar, acho que ele ficou uns cinco dias na casa e depois saiu. Então, é muito breve para eu dizer algo", falou ao gshow.

Maike foi eliminado no 15º Paredão do BBB. Poucos dias antes, havia sido advertido pela produção e por Tadeu Schmidt por causa de atitudes abusivas com Renata, como mordida e puxão de cabelo. Nas imagens, a bailarina aparentava desconforto e pedia para que ele parasse. A sequência de ações gerou revolta entre os internautas e pedidos de expulsão nas redes. Do lado de fora da casa, o ex-brother assistiu às cenas e pediu desculpas, dizendo estar envergonhado.

Após cumprir a agenda atribulada no Rio de Janeiro desde o fim do reality, no último dia 22, Renata voltou para Fortaleza nesta quarta junto de Eva, sua dupla no início da competição. Ela foi recebida por uma multidão no aeroporto, e comemorou o retorno para casa.

O cantor Ney Matogrosso compartilhou detalhes de sua relação atual com a mãe, de 103 anos, e contou como a idade avançada tem transformado a relação entre os dois. Durante entrevista coletiva para divulgação da cinebiografia Homem com H, estrelada por Jesuíta Barbosa, o astro explicou que dona Beita de Souza Pereira não pode assistir ao filme, mas garantiu que o apoio que sempre recebeu dela é verdadeiro.

"Agora, com 103 [anos], ela não funciona mais", lamentou o cantor durante o bate-papo, segundo a revista Caras. "Até os 100 ela cuidou do meu sítio, dos nove empregados da fazenda."

Durante entrevistas ao longo da carreira, Ney sempre ressaltou a boa relação com a mãe, um traço que está presente no filme dirigido por Esmir Filho - ela é interpretada na obra por Hermila Guedes. Com o pai, o militar Antônio Matogrosso Pereira, a relação sempre foi difícil, sobretudo na infância e na adolescência.

"Tem dias que ela não me reconhece. Não é sempre", entregou o astro, que costuma ser reservado quanto à família. "Mas tem dias que ela olha para mim e fala: 'Quem é você?'. E eu digo: 'Sou o Ney, mãe'. Mas também não faço drama não."

Homem com H retrata a infância e trajetória de Ney Matogrosso até sua consagração como artista e músico brasileiro. A obra também pincela seu sucesso com o grupo Secos & Molhados e alguns relacionamentos de Ney, com Cazuza e Marco de Maria. O longa estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, 1º, com sessões antecipadas a partir da quarta, 30.

Uma pintura de Mark Rothko avaliada em US$ 56 milhões (R$ 318 milhões na cotação atual) foi danificada após uma criança "riscá-la" durante uma visita a um museu na Holanda.

O caso aconteceu na semana passada. O quadro era exibido como peça de destaque no Museu Boijmans Vans Beuningen, em Roterdã.

À BBC, um porta-voz do museu descreveu o dano como superficial. "Pequenos arranhões são visíveis na camada de tinta sem verniz na parte inferior da pintura", explicou.

"Foram requisitados especialistas em conservação na Holanda e no exterior. Atualmente, estamos pesquisando os próximos passos para o tratamento da pintura", completou.

A gerente de conservação da Fine Art Restoration Company, Sophie McAloone, disse ao veículo que pinturas modernas sem verniz, como a de Rothko são "particularmente suscetíveis a danos" por causa da "combinação de materiais modernos e complexos, da ausência de uma camada de revestimento tradicional e da intensidade dos campos de cores planas, que tornam até as menores áreas de danos instantaneamente perceptíveis."

"Nesse caso, arranhar as camadas superiores de tinta pode ter um impacto significativo na experiência de visualização da peça", concluiu.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais