Metrópoles globais como NY, Paris e SP enfrentam ameaça em livro de N.K. Jemisin

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N.K. Jemisin é talvez o mais relevante nome da literatura fantástica hoje. Após conseguir a façanha - inédita até entre autores do porte de Isaac Asimov e Arthur C. Clarke - de vencer por três anos seguidos o principal prêmio do gênero, o Hugo, na categoria de melhor romance, com sua trilogia A Terra Partida, a escritora norte-americana retorna com Nós Somos a Cidade (Suma), primeiro volume de sua nova saga, que já está na disputa pela estatueta do Hugo novamente em 2021.

No entanto, Nós Somos a Cidade é bem diferente de A Terra Partida. A trilogia anterior, lançada no Brasil pela Morro Branco, tinha ares épicos, se passava durante uma catástrofe climática em um mundo com pessoas dotadas de poderes de manipulação de elementos (os orogenes), e contava com reviravoltas interessantes do ponto de vista narrativo, relacionadas à cronologia. Já o novo livro tem uma trama contemporânea, linguagem coloquial e é uma fantasia urbana, bem menos ambiciosa em escopo.

Um fator, entretanto, une as duas obras: o enfoque na discriminação. Enquanto os orogenes eram temidos e odiados pelas pessoas comuns da sociedade colapsada de A Terra Partida, Nós Somos a Cidade tem como protagonistas personagens que incorporam suas próprias sociedades de uma maneira muito literal, mas que acabam sofrendo preconceitos de toda sorte.

No novo romance de Jemisin, quando cidades grandes como Paris, Londres e Lagos crescem a um certo ponto, elas se tornam vulneráveis ao ataque de seres extradimensionais, criaturas com um quê de lovecraftianas - mas que se manifestam em situações bastante corriqueiras, como na violência policial, na especulação imobiliária ou no trânsito. Para impedir essas ameaças, pessoas comuns são escolhidas para encarnar as cidades e impedir que elas morram - novamente, num sentido bastante literal. Na obra, Nova York está passando por essa transição e recebe ajuda de outras cidades - como São Paulo, que age como um mentor.

"Fiquei em dúvida entre representar São Paulo, que é maior, ou o Rio de Janeiro, que tem mais reputação internacional, mas me decidi por São Paulo porque senti que era uma cidade pronta para ganhar vida própria", conta Jemisin em entrevista ao Estadão por videoconferência.

Em uma entrevista anterior ao Estadão, no fim de 2019, antes de o livro ser publicado nos Estados Unidos, a autora contou que gostaria de ter vindo ao Brasil para fazer a caracterização de São Paulo, mas teve receio: "Minha preocupação era ouvir histórias de artistas conhecidos meus, críticos da gestão Trump, tendo problemas para entrar e sair das fronteiras. Não parecia uma boa hora para viajar para fora do meu país, muito menos para um país com um cenário político semelhante", explicou a autora. Por isso, Jemisin contou com a ajuda de amigos brasileiros para construir o personagem de São Paulo, mas ela ainda espera vir pessoalmente a fim de "sentir" a cidade. "Todos os lugares têm uma personalidade. Qualquer um que viaja um pouco percebe isso", diz ela, que nasceu em Iowa City, no Iowa, e cresceu em Mobile, no Alabama, mas se sente em casa em Nova York - como Manny, o protagonista que imigra para a Big Apple e se torna a personificação de Manhattan.

Tanto Nós Somos a Cidade quanto a trilogia A Terra Partida exploram contextos pré ou pós-apocalípticos, lidando com ciclos de destruição e recriação. "Eu sempre fui fascinada pela transformação. Sou fascinada por períodos em que grupos que antes eram inimigos ou não aliados se unem e aprendem a cooperar, tendo que lidar com preconceitos existentes, lidar uns com os outros o suficiente para enfrentar um problema maior, que coloca seus mundos, com tudo o que eles conhecem e amam, em risco", afirma a escritora. "É nesses momentos que se vê o lado mais verdadeiro das pessoas. Quando elas estão sob ameaça, isso desperta seu pior e seu melhor."

Como uma autora de fantasia, ainda mais uma que lida com cenários catastróficos, Jemisin aprendeu bastante com a pandemia para sua própria ficção. "Eu supunha que os seres humanos eram muito mais sensatos do que eles são. Eu achava que as pessoas se vacinariam para se salvar, ou ao menos para proteger seus amigos e suas famílias. Ou fazer coisas simples como usar máscaras. É algo tão pequeno que, se nos ajuda a mitigar a pandemia, é simples de pedir que se faça. Mas ficou bastante claro para mim que há literalmente pessoas que preferem morrer a fazer algo benéfico aos que estão ao redor."

Por mais que se considere - e seja considerada por uma série de críticos e leitores - uma pessoa pessimista, Jemisin afirma não ter sido pessimista o suficiente. "Jamais poderíamos imaginar cenários como o que estamos vivendo (em uma obra de ficção), porque as pessoas diriam que não é realista", acredita ela. Por isso, ela diz que os leitores devem esperar mais personagens egoístas e com comportamentos danosos aos demais na literatura nos próximos anos. "Nossa compreensão de como a sociedade opera mudou como resultado da pandemia."

Jemisin, porém, não acredita em uma onda de ficção distópica, até porque isso já vinha ocorrendo nos últimos anos, e sim em um boom de novas utopias. "Vejo mais pessoas interessadas em explorar formas de superar o que vivemos, de consertar o que está acontecendo."

Embora seu novo livro tenha influências de H.P. Lovecraft, a autora confessa que não se interessava tanto pela obra dele até poucos anos atrás. Foi depois que a escritora Nnedi Okorafor venceu o World Fantasy Award em 2011 e externou desconforto ao ganhar um prêmio cuja estatueta era a cabeça de Lovecraft - alguém que odiava pessoas negras como ela - que o universo da literatura fantástica passou a debater com mais afinco as posições abertamente racistas e reacionárias do autor de O Chamado de Cthulhu. "É por isso que hoje se vê várias obras anti-lovecraftianas", explica Jemisin. Além dela, autores como Matt Ruff (Território Lovecraft) e Victor Lavalle (A Balada do Black Tom) vêm ressignificando o horror cósmico para explorar temas antirracistas, valorizando o inegável legado literário de Lovecraft sem esconder suas tendências problemáticas.

Nós Somos a Cidade é mais uma obra nessa toada ao usar uma aura lovecraftiana para seus vilões, com direito a tentáculos e presenças ominosas pela cidade de Nova York. "Ele se sentia como eu sobre as cidades. Ele sentia que Nova York tinha uma personalidade. Mas ele a odiava. Ele percebia a energia vital da cidade, as formas como ela podia mudar uma pessoa, e isso o apavorava. Enquanto eu tento sugar ao máximo essa energia, ela é maravilhosa para mim."

O verdadeiro caráter lovecraftiano do livro, entretanto, não está em inimigos grotescos. "Os personagens verdadeiramente monstruosos para mim são as pessoas que dão espaço a essas monstruosidades." As entidades que assolam as metrópoles na trama sempre precisam de algum agente físico para se manifestar, e é aí que entram situações mais mundanas que são representadas como grandes ameaças existenciais na obra. "É porque eu vejo esses problemas urbanos como ameaças existenciais", diz Jemisin. "Há uma tentativa de homogeneizar as cidades que alimenta a violência policial, a especulação imobiliária e todas essas coisas representadas no livro. Há uma tentativa de impedir a cidade de ser eclética e boêmia, com muitos tipos de pessoas, e reduzir essa complexidade e diversidade a algo mais raso e menos interessante. Vejo isso como uma ameaça à alma de Nova York." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Baekhyun, astro de k-pop e integrante do grupo EXO, virá ao Brasil para um show único de sua turnê Reverie. A apresentação divulgada nas redes sociais do cantor ocorrerá em São Paulo, 15 de junho, e divulga seu quinto mini álbum.

O show ocorrerá no Vibra São Paulo, local com capacidade para cerca de 7 mil pessoas e que já foi passagem de outros artistas do gênero, como Taemin e o grupo feminino NMIXX.

A turnê de Baekhyun, que começa na Coreia do Sul, também passará por países como a Alemanha, França, Chile, México, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Itália, Austrália, Indonésia, Malásia, China, Tailândia, Japão, Filipinas, Taiwan, Vietnã e Singapura.

O cantor de 32 anos estreou no grupo EXO, da SM Entertainment, em 2012, considerado um dos maiores grupos da terceira geração de artistas do k-pop. Em grupo, entoou músicas como Cream Soda e Monster.

Na carreira solo, através da empresa INB100, fez sucesso com Bambi e Pineapple Slice.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

O telescópio espacial Hubble da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) completa 35 anos em órbita neste ano. Desde seu lançamento e implantação em 24 de abril de 1990, a missão do Hubble reescreveu os livros didáticos de astronomia com suas poderosas observações do universo.

O Hubble, situado acima da atmosfera terrestre, oferece uma visão clara do universo, capturando desde planetas do sistema solar até galáxias distantes.

"As imagens icônicas do Hubble continuam sendo um patrimônio científico e cultural para o mundo inteiro. Graças às missões de serviço de astronautas e às equipes de engenheiros talentosos em terra, o Hubble continua operando em perfeitas condições décadas após o lançamento", afirma a Nasa.

- Lançamento: 24 de abril de 1990

- Observações: 1,6 milhões

- Objetivo: entender o Universo

Ainda de acordo com agência aeroespacial, com sua capacidade única de observar em luz ultravioleta, visível e infravermelha próxima, o Hubble é um companheiro valioso e complementar para missões como o Telescópio Espacial James Webb e o futuro Telescópio Espacial Nancy Grace Roman.

Um vídeo produzido pela Nasa destaca algumas das imagens e descobertas do 35º ano do Telescópio Espacial Hubble em órbita terrestre.

Desenvolvendo o Telescópio Espacial Hubble

Em 1946, o astrofísico de Princeton, Lyman Spitzer, escreveu sobre os benefícios científicos de um telescópio no espaço, mas foi somente em 1977 que o Congresso aprovou o financiamento para a construção do que viria a ser o telescópio espacial Hubble. Finalmente, em 1990, chegou a hora do lançamento da missão, de acordo com informações da Nasa.

Planos foram estabelecidos para realizar missões de manutenção em órbita para o telescópio espacial, evitando a necessidade de trazê-lo de volta à Terra para reparos.

"Era um conceito inovador que seria ainda mais econômico. O projeto foi renomeado para telescópio espacial Hubble em homenagem ao astrônomo Edwin Hubble, que demonstrou a existência de outras galáxias além da nossa e criou um sistema de classificação que as distinguia por seu formato", afirma a Nasa.

O Hubble, conforme a agência, foi construído para ser atendido por astronautas no espaço. "Isso permitiu manutenção padrão, substituição de hardware com defeito e inserção de novas tecnologias e instrumentos", disse.

Hubble após a implantação

Na fotografia de 25 de abril de 1990, tirada com uma câmera Hasselblad portátil, a maior parte do telescópio espacial Hubble, do tamanho de um ônibus escolar, é visível suspensa no espaço pelo Sistema de Manipulação Remota do Discovery após a implantação de parte de seus painéis solares e antenas.

Grande tempestade em Saturno

As imagens do Hubble mostram a mancha branca de Saturno, uma grande tempestade na região equatorial do planeta, descoberta por astrônomos amadores em setembro de 1990. "Tais tempestades são raras: a última tempestade anterior a esta na região equatorial ocorreu em 1933", afirma a Nasa. A tempestade se estende completamente ao redor do planeta, em alguns lugares aparecendo como grandes massas de nuvens e em outros como turbulência bem organizada.

Nebulosa da Ampulheta

As areias do tempo estão se esgotando para a estrela central desta Nebulosa da Ampulheta. "Com seu combustível nuclear esgotado, esta breve e espetacular fase final da vida de uma estrela semelhante ao Sol ocorre à medida que suas camadas externas são ejetadas e seu núcleo se torna uma anã branca em resfriamento e em decadência", afirma a Nasa. Em 1995, astrônomos usaram o Telescópio Espacial Hubble para obter uma série de imagens de nebulosas planetárias.

Nebulosa do Caranguejo

A imagem em mosaico é uma das maiores já obtidas pelo Hubble, da Nebulosa do Caranguejo, um remanescente em expansão de seis anos-luz de largura da explosão de uma supernova estelar.

"Astrônomos japoneses e chineses registraram esse evento violento há quase 1.000 anos, em 1054, assim como, quase certamente, os nativos americanos. Os filamentos alaranjados são os restos esfarrapados da estrela e consistem principalmente de hidrogênio", disse a Nasa.

Nuvens escuras na Nebulosa Roseta

É uma imagem do Hubble de uma pequena porção da Nebulosa da Roseta, uma enorme região de formação estelar com 100 anos-luz de diâmetro e localizada a 5.200 anos-luz de distância.

"O Hubble amplia uma pequena porção da nebulosa com apenas 4 anos-luz de diâmetro (a distância aproximada entre o nosso Sol e o sistema estelar vizinho, Alfa Centauri)', acrescenta a Nasa.

Confira as imagens aqui

Whindersson Nunes usou o Instagram nessa terça-feira, 29, para alertar seus seguidores sobre golpes que estão sendo aplicados com o uso de seu nome e imagem. Segundo o humorista, criminosos estão se aproveitando da divulgação de sua nova turnê para enganar fãs na venda de ingressos e até espalhar vídeos falsos gerados por inteligência artificial.

Ele exibiu mensagens enviadas por seguidores que relataram o uso de grupos falsos para aplicar os golpes. Os golpistas se passam por perfis oficiais de suporte e prometem descontos em ingressos para atrair vítimas.

O humorista demonstrou preocupação com a facilidade com que conteúdos são manipulados nas redes sociais. Ele afirmou que teme até mesmo compartilhar vídeos explicativos, já que criminosos podem capturar a tela, editar e reaproveitar o material para dar mais credibilidade aos links falsos. "Tenho medo de ficar apontando aqui, 'clique aqui', 'vem pra cá', porque as pessoas podem usar pra qualquer coisa", disse.

Em seguida, Whindersson compartilhou um vídeo forjado que circulava nas redes com sua imagem ensinando a ganhar Pix de R$ 3 mil. Ele alertou que golpes com IA estão se tornando cada vez mais difíceis de detectar. "Vamos prestar atenção! As coisas estão atualizando e está difícil desviar dos golpes", afirmou, orientando os seguidores a sempre verificar se o perfil é realmente oficial e observar detalhes como a movimentação da boca nos vídeos.

A nova turnê de Whindersson Nunes, Isso Definitivamente Não É Um Culto, está em fase teste de apresentações. Segundo o humorista, todas as informações oficiais estão sendo divulgadas apenas por seus canais verificados. "Não entre em papo de malandro", reforçou.

A prática do deep fake, que usa inteligência artificial para criar vídeos falsos com aparência realista, tem se tornado uma preocupação crescente, principalmente entre artistas e figuras públicas.