Tropicália Discos relança alguns dos primeiros álbuns independentes do Brasil

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Winston, apenas Winston. Winston Ramos de Almeida, para ser exato, mas ninguém o chamaria assim em Niterói. Foi sua avó quem quis homenagear o maior de todos, o Churchill, assim que a Segunda Guerra acabou e o neto veio a um mundo menos bélico. Winston seria na medida, perfeito para um jovem que sairia dando aulas de inglês pela cidade antes dos 18 anos, abriria um curso de inglês antes dos 19, viajaria sozinho até Woodstock só para ver Crosby, Stills & Nash e, antes que muitos artistas pensassem nisso, bancaria algumas das primeiras gravações independentes do País.

A história de Winston é um filme que pode começar com a seguinte cena: com a morte de um irmão colecionador de LPs, ele recebe em sua casa os rapazes da loja Tropicália Discos, interessados em comprar o acervo que havia ficado nas estantes. Um dos compradores, surpreso com o nome Winston, conta a ele que tem à venda na loja um disco da curiosa banda brasileira do final dos anos 60, I.W.Company com o nome de um tal Winston na contracapa. O compacto trazia músicas muito bem tocadas e cantadas em inglês e baladas claramente influenciadas pelo folk do Crosby, Stills & Nash. Um rock feito por uma rara banda brasileira da qual ninguém tinha notícias. "Sou eu!", disse Winston. "Essa banda era minha!"

Mais do que revelarem a curiosa história de um grupo obscuro do final dos anos 60, os vestígios da I.W.Company têm pontuação histórica na localização das primeiras investidas independentes no Brasil. Até hoje, os discos considerados os primeiros a terem toda a sua cadeia produtiva bancada pelos próprios artistas são Satwa, de 1973, gravado por Lula Côrtes e Laílson nos estúdios da gravadora pernambucana Rozemblit; os álbum Tim Maia Racional Volumes I e II, lançados respectivamente em 1974 e 1975; e, talvez, o mais profissional de todos, Feito em Casa, que o pianista Antônio Adolfo registrou com uma banda de gigantes, incluindo os baixistas Jamil Joanes e Luizão Maia, o baterista Rubinho e o trompetista Marcio Montarroyos, de 1977.

Além de virem antes de todos esses, com seus primeiros registros datados de 1969, os compactos gravados pela I.W.Company têm uma história singular que começa com o idioma inglês aprendido em casa e de forma fluente pelo jovem Winston graças, mais uma vez, à avó, uma senhora ligada a um grupo que representava interesses norte-americanos no País nos anos 60. Antes dos 18, então, Winston foi dar aulas para alunos particulares e trabalhar como intérprete para estrangeiros. "Era um dinheiro fácil", ele conta. As aulas cresceram e Winston decidiu abrir o curso de inglês I.W., o Instituto Winston. Das aulas para o rock, foi um pulo.

Winston começou a compor músicas com o amigo de infância que considera ainda hoje um irmão, Ruy Buarque. Juntos, faziam todas as músicas com um pensamento vocal e uma estrutura harmônica tão originais e bem acabadas que Winston, talvez em busca de um motivo para criar sua banda, resolveu gravar todas em uma série de compactos para dar a seus alunos de inglês. "Era uma forma de mostrar a eles os erros gramaticais permitidos nas canções", diz o ex-professor. Ou seja, uma espécie de ensino ao contrário.

O fato é que a música que Winston e Ruy faziam era tão boa que já não importava mais o motivo de sua existência. Assim, quando percebeu que tinha um bom número de canções, o mesmo Winston empreendedor que abriu um curso de inglês decidiu bancar tudo para realizar seu sonho.

Com o dinheiro das aulas, Winston contratou os músicos que fariam as bases das canções, alugou um ótimo estúdio para as condições da época, o Philotson, na Cinelândia, e pagou os cursos do deslocamento seu e dos músicos de Niterói ao Rio - detalhe - numa época em que não havia ainda a ponte Rio-Niterói, em construção para ser inaugurada em 1974. "A gente fretava uma Kombi para levar os instrumentos menores, como baixo e guitarra, e pegávamos a barca que fazia a travessia de carros", conta Winston.

As gravações de rocks que seriam memoráveis em qualquer grande banda da época, como He Never Found, Poor Bad Loose, Let the Sun Shine In e She's a Lady, eram feitas em pequenos discos, os compactos da época, e demandavam de mais verba. "Ruy não tinha dinheiro, então eu bancava tudo", diz o compositor. O músico Lizt Ayala, que aparece em algumas faixas como baixista e em outras como guitarrista do grupo, lembra em um pequeno documentário feito sobre o grupo pela loja Tropicália Discos, que, mesmo em um bom estúdio de gravação como o Philotson, havia ainda estranhamento com relação às novidades sonoras. "Quando liguei um pedal de distorção que só poucas bandas, como os Mutantes, usavam, o camarada (da técnica) parou e mandou cortar a gravação porque, para ele, havia algum problema com algum equipamento, mas era só uma distorção."

Depois de gravar cinco discos com duas músicas cada e capas diferentes para presentear seus alunos, Winston, Ruy, Lizt e os músicos contratados para as gravações da banda batizada I.W.Company tocaram suas vidas. Ruy virou arquiteto, Winston se tornou economista, os discos desapareceram e a história desbotou. Suas vidas seguiram até que, quase 40 anos depois, o especialista Bruno Alonso, sócio da Tropicália Discos, caminhava pela Rua Gomes Freire, na Lapa do Rio, e, antes de chegar à Riachuelo, viu um senhor vendendo discos usados na calçada. Avistou um estranho compacto de uma tal I.W.Company e o levou para a loja. Ao ouvi-lo, soube que tinha ouro nas mãos. Agora, a mesma Tropicália vai lançar em um único CD todas as dez músicas da banda gravadas entre 1969 e 1970 e mais duas inéditas feitas à época e duas acústicas, gravadas em 2016, dentro da loja Tropicália Discos. "Eu sonho em ter pelo menos um compacto deles mas, com sua matéria, isso vai se tornar ainda muito mais difícil. Seria melhor não escrever sobre isso", diz rindo o pesquisador de Niterói, Nelio Rodrigues. Outro pesquisador e colecionador de LPs, Cristiano Grimaldi, diz o seguinte: "Eu sei o quanto esses caras lutaram para esse lançamento. E fizeram isso por puro amor."

Em outra categoria

Preta Gil usou suas redes sociais nesta segunda-feira, 28, para se declarar ao pai, Gilberto Gil. Os dois se apresentaram juntos no final de semana e cantaram Drão, música escrita em homenagem a Sandra Gadelha, mãe da cantora.

Atualmente, o cantor está em sua turnê de despedida, chamada de Tempo Rei. Os dois dividiram palco no Allianz Parque, em São Paulo.

"No palco, de mãos dadas com meu pai, cantando Drão, foi impossível não me emocionar. Drão fala sobre o amor que permanece, mesmo depois das grandes transformações da vida", escreveu Preta.

A artista ainda disse que o momento viverá para sempre em sua memória. "Cantar essa música com você, pai, foi sentir na pele tudo o que vivemos: o amor, a música e a história que carregamos juntos."

Ela finalizou o texto agradecendo ao pai pelos ensinamentos sobre o amor e afirmou que a música dos dois é a maneira mais bonita de eternizar isso.

Lady Gaga desembarcou no Brasil na madrugada desta terça-feira, 29, para iniciar os preparativos do show que fará no sábado, 3, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Até então, Gaga só tinha visitado o País uma única vez, em 2012 - e foi o suficiente para ir embora com uma tatuagem nova.

A artista nutre carinho especial pelos little monsters brasileiros e, naquela ocasião, resolveu marcar na pele a palavra "Rio". Gaga recebeu um desenho de fãs durante a passagem pela capital fluminense e decidiu tatuá-lo na nuca, com a letra I estilizada em formato de cruz, em referência ao Cristo Redentor.

O responsável pelo traço foi o tatuador Daniel Tucci, que tinha um estúdio entre Copacabana e Ipanema. "Era um domingo, eu estava almoçando com o meu filho, à época com 4 anos, e a produção dela me ligou e disse: 'É hoje, vamos nessa!', contou Tucci em entrevista ao g1.

Gaga estava acompanhada de amigos, que ficaram cerca de 3 horas bebendo cerveja e conversando no estúdio. Tara Savelo, então maquiadora da artista, também acabou tatuando o Cristo. "Foi tudo muito tranquilo, ela é muito gente boa. Foi uma tarde divertida", lembra o tatuador. Ele ainda revelou que a cantora pediu por "uma coisa meio tosca, uma tatuagem estilo cadeia".

Em uma postagem no Facebook, a estrela explicou que "a fonte foi criada a partir das assinaturas de três fãs, todos de bairros e idades diferentes" do Rio. "Representa como a música nos une", escreveu.

Naquele ano, Gaga fez três shows da turnê Born This Way Ball no Brasil, no Rio, em São Paulo e em Porto Alegre. Em 2017, ela retornaria ao País para participar do Rock in Rio, mas precisou cancelar de última hora por questões de saúde. A cantora sofre de fibromialgia e enfrentava dores intensas.

Nas redes sociais, ela publicou uma foto da tatuagem e relembrou os fãs da homenagem. "Por favor, não se esqueçam do meu amor por vocês. Lembram quando tatuei 'Rio' no pescoço, anos atrás? A tatuagem foi desenhada por crianças das favelas. Vocês têm um lugar especial no meu coração, eu te amo", escreveu Gaga.

A escritora alemã Alexandra Fröhlich, de 58 anos, foi encontrada sem vida na casa flutuante em que morava em Hamburgo, na Alemanha. Segundo informações da polícia local, o corpo foi descoberto na última terça-feira, 22, por um dos filhos da autora. Até o momento, não há informações sobre suspeitos; a polícia investiga o caso.

"De acordo com as informações atuais, um membro da família encontrou a mulher de 58 anos sem vida na sua casa flutuante e alertou os bombeiros, que conseguiram confirmar sua morte", diz um comunicado da polícia de Hamburgo. Agora, os investigadores estão em busca de possíveis suspeitos e qualquer testemunha que possa fornecer informações relevantes.

Autora de romances e jornalista

Considerada uma das romancistas de maior sucesso dos últimos anos na Alemanha, Fröhlich começou a carreira como jornalista na Ucrânia, onde fundou uma revista feminina na capital, Kiev, e começou a ficar conhecida. Mais tarde, já na Alemanha, trabalhou como escritora e repórter freelancer para algumas publicações voltadas para o público feminino.

Em 2012, Alexandra publicou seu livro de estreia, Minha Sogra Russa e outras Catástrofes (em tradução livre). A obra é inspirada em suas próprias experiências com a sogra e vendeu mais de 50 mil cópias, figurando na lista dos mais vendidos da revista semanal Der Spiegel.

Nos anos seguintes, ela lançou mais três livros: Viajando com Russos (2014), sequência de seu primeiro romance, As Pessoas Sempre Morrem (2016) e Esqueletos no Armário (2019). Lançadas em outras países como França, Rússia e Inglaterra, nenhuma das obras tem edição lançada em português - as traduções dos títulos são livres.

A imprensa alemã descreve o texto de Fröhlich como bem-humorado e ao mesmo tempo profundo, mesclando temas como romance policial e suspense psicológico dentro da ficção. Ela deixa três filhos.