Planos e desejos para uma vida depois da 2ª dose de imunização contra a covid-19

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A caminho da minha primeira dose da vacina contra a covid-19 no começo deste mês, sonhava com todos os planos de uma vida imunizada: festas, abraços, mudanças, além de tentar controlar a euforia de finalmente sentir a agulha no braço. As chances de quem me lê agora ter compartilhado do mesmo sentimento são grandes. E, se por acaso você decidiu manifestar isso online, provavelmente contribuiu para o estudo da Orbit Data Science (bit.ly/posvacina), uma startup que analisa qualitativamente debates e tendências das redes sociais e que classificou quase 2 mil comentários relacionados ao pós-vacina entre fevereiro de 2020 e junho deste ano.

A ideia do que fazer uma vez que for vacinado está intrinsecamente ligada à experiência vivida durante a pandemia. Conforme ela mudou, os planos mudaram junto. Por isso, o estudo é dividido em quatro fases. No início da pandemia, o maior desejo é "reencontrar pessoas" (13,63% do total), mas, com o início dos testes da vacina, a principal categoria passa a ser "frequentar lugares" (15,34%). "Entendendo o contexto, fica claro porque o pessoal falava tanto em reencontrar familiares e porque eles deixaram de falar. Houve uma flexibilização e eles conseguiram encontrar essas pessoas entre as ondas", explica Caio Simi, CEO da Orbit Data Science.

Foi o caso da administradora Marina Cury, de 30 anos. "Tive uma quarentena antes da quarentena. Em junho de 2019, descobri um câncer de mama e o tratamento durou até fevereiro de 2020. Logo entramos em reclusão", conta. Enquanto ela morava com os pais, o isolamento foi seguido à risca. "Quando tomei a primeira dose, no começo de junho, comecei a sair para jantar e encontrar amigos em casa", diz ela, que pretende, após a segunda dose, voltar a bares e fazer uma celebração de casa nova para poucos amigos vacinados.

"Quando você passa por uma situação dessas que eu passei, você começa a repensar a vida toda. O que quero de mudanças para quando a vida voltar ao normal é o tal equilíbrio profissional e pessoal, porque, no fim, o que fica são os momentos de lazer, de entretenimento."

A terceira fase do estudo, na época do início da vacinação pelo mundo, passa a ser relacionada com a expectativa de chorar e se emocionar quando ela chegar no Brasil (13,57%). Se antes os planos eram longínquos, agora eles começam a parecer palpáveis. "É nesse lugar que as pessoas estão depositando toda atenção e toda angústia que sentiram durante o período de pré-vacinação, então elas estão falando que vão se vacinar e vão chorar, vão se vacinar e criar memórias: queimar as máscaras, enquadrar o cartão de vacinação. É um símbolo de vitória, esperança, que talvez tenha uma carga mais emocional e profunda do que as outras categorias", diz Fernando Hargreaves, sócio da Orbit e coordenador da pesquisa.

O ator e influenciador digital Murilo Carvalho, de 27 anos, sabe bem desse sentimento. De tão ansioso para tomar a primeira dose, ele transformou o dia da vacinação em um "musical" em suas redes. "Como sou apaixonado pela Disney, veio essa ideia de Frozen, que tem uma música sobre liberdade", diz ele, que ficou oito meses "sem colocar o pé para fora de casa". O resultado foi mais de 1 milhão de visualizações no TikTok e 65 mil no Instagram. "Você influencia as pessoas a se vacinarem também."

Depois da segunda dose, Murilo espera ver os amigos. "Fizemos um contrato com todos os planos pós-pandemia para cumprirmos: comemoração de formaturas, aniversários. Nem precisamos de festa ou um bar. Só de encontrá-los ao vivo, ao invés de telas, vai ser incrível."

Já na última fase, quando a aplicação alcança os mais jovens - e mais atuantes nas redes -, o sentimento de medo dá lugar a uma forte sensação de carpe diem (aproveitar o momento). E, assim, o desejo passa a ser um só: extravasar. Simultaneamente, é nesse período que a categoria "continuarei tomando as medidas de segurança" mais cresce.

Apesar de o País ter um bom porcentual de vacinados com a primeira dose, o número de pessoas que tomaram as duas ainda é baixo, por isso é preciso cautela. "A variante delta está entrando no Brasil, e a gente sabe que ela é muito mais transmissível", alerta o infectologista William Benedito de Proença Júnior.

Nenhuma vacina tem 100% de eficácia: sua principal função é impedir que as pessoas desenvolvam casos graves, porém as populações de risco, mesmo com a vacina, têm possibilidade de ter a forma grave da doença - que pode ser levada para casa pelos jovens. Assim, encontros reduzidos entre jovens vacinados, por exemplo, são aceitos, porém os familiares podem ser perigosos. "O importante é tomar as duas doses da vacina e esperar 14 dias para ter a imunização. Com isso, as pessoas podem, sim, ter algumas flexibilidades: bar, restaurantes, desde que sejam respeitadas as medidas de distanciamento social", explica.

A assistente administrativa Larissa Alves, de 25 anos, compartilha desse pensamento. "Queria muito que a aglomeração acontecesse para ontem, mas eu preciso que as pessoas ao meu redor se vacinem. Não é sobre me colocar em risco, é sobre colocar os outros em risco", diz. Enquanto isso, ela planeja fazer tatuagens para marcar esse período. "Vai ser um marco de uma nova vida. Quero tatuar uma rosa para a minha avó que perdi em 24 de junho do ano passado, um girassol e uma letra de música. Tudo de uma vez. É a Larissa 2.0", brinca.

Durante todas as fases da pesquisa, muitas opiniões que envolvem mudanças e retomadas de comportamentos foram citadas para o pós-vacina. "A pandemia é um processo em que cada um vai responder de uma forma. É algo coletivo, mas que, de certa forma, é respondido subjetivamente", afirma a psicanalista Aline Lima.

Enquanto para alguns esse foi um período de chamado para mudança, para outros foi uma adaptação: vivíamos de um jeito e fomos obrigados a modificar, bruscamente, esse estilo de vida. "No início, não existia data de vacina, eram muitas as incertezas. E, nos momentos de incertezas, sentimos angústia, que é diferente do medo, quando o objeto é conhecido. Mas a mesma angústia que paralisa é a que pode virar motor, se for na dose exata", explica.

Se há algum momento certo para a mudança, é esse. Isso porque pensamos na passagem do tempo em capítulos ou episódios, e não como uma continuação. Assim, tendemos a iniciar um novo capítulo junto com algum marco temporal: primeiro dia do ano, último domingo do mês ou, neste caso, após as duas doses da esperada vacina.

"Viver a pandemia acelerou muitas coisas, ressignificou muitas coisas. Foi um período complicado que mudou nossos valores", explica o jornalista Arthur Nunes, de 31 anos, que planeja viajar o mundo com a namorada, a chef de cozinha Angélica Mortari, de 36, e a cachorrinha Maguie. "A gente passou a morar junto e aí o plano começou a amadurecer, até que decidimos que iríamos sair quando estivéssemos vacinados. A gente não estava feliz com o rumo da nossa vida."

Para concretizar o plano, o casal, que toma a segunda dose até setembro, já comprou uma Land Rover Defender e a transformou numa casa. Eles também começaram a fazer aulas de espanhol e estão no processo de vender o imóvel em que moram atualmente para, de fato, partir. "Não aguento mais conhecer o mundo pela tela do celular. Quero não só conhecer, mas viver", diz ele, que fará um perfil no Instagram e um podcast do Project Around para compartilhar a experiência.

Para a psicanalista Aline Lima, as expectativas no futuro são importantes, mas é preciso cautela. "Esse processo de sonhar, de desejar, faz parte da nossa constituição. Agora, é necessário não ter expectativa demais, porque se a gente colocar muita expectativa nesse mundo pós-pandêmico, vai se frustrar. Algumas coisas vão mudar, outras, nem tanto."

É aqui que se encaixa o plano pós-vacina da fotógrafa Jéssica Liar, de 30 anos. "Quero abrir um estúdio assim que estiver imunizada. Esse sempre foi um sonho, mas ficou dois anos atrasado por conta do medo de aglomeração, medo de encontrar pessoas", diz ela.

Para concretizar o plano junto com a segunda dose, que vem em setembro, Jéssica já alugou a casa-estúdio, lugar que será morada e trabalho da profissional. "Se não fosse a terapia, eu não teria tido a resiliência que tive de ficar seis meses parada sem atender ninguém e manter a esperança de que tudo isso iria acabar um dia, sabe? Me ensinou a ter paciência e a viver um dia após o outro, entendendo que tudo passa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Morreu nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, atriz mirim Millena Brandão, do canal SBT, aos 11 anos. A informação foi confirmada pela família nas redes sociais e pelo hospital onde estava internada.

A garota teve morte encefálica e sofreu diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias. Millena teve diagnóstico de tumor cerebral e estava internada no Hospital Geral de Grajaú, na capital, desde o dia 29.

Por conta de dores de cabeça e no corpo, a atriz precisou ser hospitalizada.

O boletim médico do hospital desta sexta-feira afirma a menina deu entrada em "estado gravíssimo" no dia 29, transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA). "Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida", afirma a nota assinada por Thiago Rizzo, gerente médico.

Segundo o SBT, ela chegou a ser diagnosticada com dengue, mas, após uma piora no quadro, os médicos realizaram outros exames e identificaram a presença de um tumor no cérebro de cinco centímetros, informou o SBT. Ela estava entubada, sedada e sem respostas neurológicas.

A situação de Millena se agravou durante esta semana. Ela seria transferida para o Hospital das Clínicas na quarta-feira, 30, mas sofreu paradas cardíacas durante a tentativa de transferência.

A família começou uma vaquinha na internet para ajudar no tratamento da menina. No início da noite, no entanto, postou nos stories da conta de Millena do Instagram a frase "nossa menina se foi".

O caso causou comoção nas redes sociais, principalmente pela menina ter tido diversas paradas cardíacas. Depois da morte, milhares de pessoas deixaram condolências em mensagens no perfil de Millena.

Trajetória

No SBT, onde atuava desde 2023, Millena participou da novela A Infância de Romeu e Julieta, e estrelou também a série Sintonia, da Netflix. Ela registrou o início de sua carreira na TV: "E o sonho se tornou realidade", escreveu.

Além de atriz, Millena era modelo e influenciadora digital, e havia feito diversos trabalhos publicitários com marcas infantis. No Instagram, dizia também integrar a companhia de teatro musical Cia Artística En'Cena.

A atriz mirim Millena Brandão está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na cidade de São Paulo após sofrer sete paradas cardíacas.

Os médicos localizaram uma massa no cérebro dela, mas ainda não confirmaram se trata-se de um cisto ou de um tumor. A mãe está usando as redes sociais da criança para divulgar notícias sobre o caso e pedir orações.

Millena Brandão tem 11 anos de idade e mora em São Paulo. Além de trabalhar como atriz, ela também é influenciadora digital e modelo.

Seu trabalho como modelo começou em 2020 e já participou de algumas campanhas publicitárias.

Nas redes sociais, ela conta com mais de 155 mil seguidores. No Instagram, ela compartilha sua rotina e registros de seu trabalho como modelo.

Em 2023, ela registrou o início de sua carreira no SBT. "E o sonho se tornou realidade", escreveu. Millena fez parte do elenco de figurantes da novela A Infância de Romeu e Julieta, da emissora de Silvio Santos, e trabalhou também como figurante na série Sintonia, da Netflix.

Entenda o caso

Millena foi levada ao Hospital Geral de Grajaú no início da semana depois de reclamar de fortes dores de cabeça. Os médicos então localizaram uma massa no cérebro, mas ainda não confirmaram se trata-se de um cisto ou de um tumor.

A mãe da menina, Thays Brandão, disse ao Portal Leo Dias que a família aguarda a situação se estabilizar para tentar levá-la à casa de saúde na zona oeste paulistana. O Estadão entrou em contato com Thays e aguarda novas informações sobre o estado de saúde de Millena.

No Instagram, a mãe da atriz mirim divulgou uma vaquinha online para que a família consiga arcar com os custos de sua internação.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

A situação de Millena se agravou durante a semana. Ela seria transferida para o Hospital das Clínicas na quarta-feira, 30, mas sofreu as paradas cardíacas durante a tentativa de transferência.

A prefeitura do Rio de Janeiro estima um público de 1,6 milhão de pessoas para o show gratuito de Lady Gaga neste sábado, 3. E quem passa em frente ao Copacabana Palace não duvida. Afinal, os "little monsters" tomam conta da calçada em frente ao hotel desde que a artista chegou ao País, na esperança de uma rápida aparição ou de um aceno. Mas de onde vem o apelido usado carinhosamente para se referir aos fãs de Gaga?

A ideia de monstros veio à tona enquanto Gaga trabalhava em seu segundo disco, The Fame Monster, de 2009, que é uma expansão do álbum de estreia, The Fame. Na época, a cantora começou a desenvolver o conceito para descrever seus próprios medos, e aos poucos passou a chamar os fãs de "little monsters" (ou monstrinhos) durante as apresentações da turnê.

A própria estética do álbum explorava a ideia de figuras grotescas e monstruosas para representar os problemas que vinham junto à ascensão à fama. Por isso, o termo caiu no gosto popular, e os fãs aderiram.

Em entrevista concedida à revista W Magazine, Gaga explicou como a ideia surgiu. "Eu nomeei meus fãs de 'little monsters' porque eles eram tão ferozes nos shows, e eles gritavam tão alto. Eles se vestiam com roupas maravilhosas e se divertiam muito celebrando a música."

Com a adesão, o termo ganhou algumas expansões, e a própria artista passou a ser chamada de "mother monster" (ou mamãe monstro) após um fã usar o termo durante um show da turnê Monster Ball em Chicago, em 2010. A cantora gostou tanto que aderiu ao apelido e passou a utilizá-lo para se descrever.

Outro detalhe que vem junto à temática monstruosa é o cumprimento usado pelos "little monsters". Você já viu algum fã de Gaga com as mãos em formato de garra?

O gesto também é usado para identificar o grupo de fãs da cantora. No clipe de Bad Romance, de 2009, parte da coreografia envolve os dançarinos erguendo as mãos com o dedos levemente curvados para dentro, como se estivessem replicando o formato de uma garra. A ideia rapidamente foi aderida. Por isso, o termo "paws up" (ou patas para cima) passou a ser utilizado quando os fãs de Gaga queriam cumprimentar um ao outro ou concordar com algo.

A apresentação gratuita de Lady Gaga em Copacabana, parte do projeto Todo Mundo no Rio, está marcada para começar às 21h45, e terá transmissão na TV Globo, no Globoplay e no Multishow.