Peça 'Tectônicas' investiga raízes da violência e mergulha no Brasil profundo

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Embora a eleição de Jair Bolsonaro à presidência tenha inspirado uma série de análises que o colocam como centro motor de questões como o aumento da violência a grupos minoritários e o aumento do poder do coronelato brasileiro, não foi necessariamente este o estopim que levou o dramaturgo Samir Yazbek a Tectônicas, texto que começou a escrever em 2018 e que está em cartaz no palco do Teatro do Sesi, mais de um ano após o início dos ensaios, ainda em 2020.

"Esse quadro político-social brasileiro se desencadeou nesse contexto difícil que estamos passando, com a eleição de Bolsonaro, mas as primeiras inspirações deste texto estão relacionadas a uma intensificação de comportamentos que estão aí desde a colonização. Em alguns momentos mais escondidos, em outros mais aparentes, mas com certeza eu quis fazer essa verticalização explorando essas contradições que os indivíduos apresentam nas estruturas sociais", explica.

Sediada em uma cidade do interior paulista, a obra enfoca um ciclo de poder que rodeia Jorge, um usineiro poderoso que busca a todo o custo manter o poder enquanto expande os ganhos de sua empresa. Em paralelo, o empresário nutre a fixação de fazer justiça com as próprias mãos contra Marcelo, jovem negro que ele acredita ter agredido sua filha, Fabíola, enquanto lida com a presença de seus familiares, já mortos, em suas lembranças.

"Essa camada mítica do texto, que reverbera muito no espetáculo, é outra indagação minha. É essa violência nas raízes humanas. Uma espécie de tentativa de criar um raciocínio de ver como as três esferas, a violência social, a violência individual e a política, estão interligadas, porque quando eu sinto que olhamos para apenas uma, vemos uma parte do problema e caímos na ilusão de que essa questão complexa pode ser resolvida facilmente", conceitua Yazbek.

Parecido pensa Marcelo Lazzaratto, que assina a encenação do espetáculo, e enxerga na peça uma força potencializada pelo tempo de maturação que a pandemia do coronavírus impôs ao espetáculo. "Infelizmente, a peça ganhou mais potência. E digo infelizmente porque o Brasil piorou muito. Eu acredito na obra de arte como uma espécie de diálogo da natureza humana e da sociedade política de um país. Essa peça já seria forte independentemente da atual governança, do estado de saúde, das crises sociopolíticas, porque ele estabelece uma realidade cotidiana para mergulhar em um Brasil mais profundo que remete às capitanias hereditárias."

"E o maior problema talvez seja a primeira forma como se estabeleceu a governança, que foram as capitanias. Uma pessoa só domina uma vastidão de terras, o que é absurdo. E esse tipo de tradição vem até hoje, então, independentemente da pandemia e da atual governança, eu sinto que a peça já diria bastante e já teria um lindo diálogo com as nossas estruturas que estamos tentando aos poucos transformar. Mas, com o agravamento das coisas no País nos últimos anos, a peça se mostra com uma interação absoluta com o que está acontecendo. Ela ganhou uma contemporaneidade violenta", analisa o encenador.

Na pele do usineiro Jorge, André Garolli enxerga, tal qual autor e diretor, um Brasil vasto de inspirações para discutir os temas que a peça levanta, ainda que de forma menos óbvia. "Inspiração é o que não falta no Brasil de hoje. Quer dizer, nem na história do Brasil. A sensação que me dá é que o Jorge é essa personagem com a herança dessas capitanias hereditárias lá no pensamento social em relação à família e à política. É esse coronel do qual, por incrível que pareça, a gente não conseguiu se livrar ainda no século 21. Gira tudo em torno dessa construção econômica e de privilégios, portanto, a partir do momento que eu me sinto desprivilegiado na justiça, eu acabo criando minha própria justiça", conta.

"Isso é muito generalizado e muito normal. No nosso País temos um presidente que está o tempo inteiro se colocando dessa forma com as instituições, como o STF, por exemplo. É só olhar para a atualidade, e não só no Brasil, para trazer esse universo claro que o Samir e o Marcelo quiseram criar em cima de uma linguagem para que isso não ficasse em cima de uma novelinha. Meu personagem tem essa representação mítica no sentido de um arquétipo que simboliza não uma, mas várias formas e personalidade da nossa atualidade", completa.

Com um elenco formado por oito atores, Heitor Goldflus, Luciana Carnieli, Maria Laura Nogueira, Mauro Schames, Patricia Gasppar, Sandra Corveloni e Sidney Santiago Kuanza, além de Garolli, Tectônicas marca um retorno exponencial dos grandes espetáculos aos palcos, num hiato de grandes montagens que remete a até mesmo antes de a pandemia exigir a adoção de medidas de distanciamento social.

A obra cumpre temporada até o dia 5 de dezembro, com sessões às sextas e sábados, às 20 h, e aos domingos, às 19 h. A partir de quarta, 15, o espetáculo estará disponível no canal oficial do Sesi São Paulo no YouTube após uma sessão transmitida via Zoom na qual elenco e diretor conversarão com a plateia. Os ingressos são gratuitos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ator Robert de Niro, de 81 anos, fez uma declaração pública sobre sua relação com a filha Airyn, de 29, que recentemente se assumiu como uma mulher trans.

"Eu amava e apoiava Aaron como meu filho, e agora amo e apoio Airyn como minha filha. Não sei qual é o grande problema... Amo todos os meus filhos", disse ele em uma nota ao site Deadline na quarta, 30.

A declaração foi feita após a repercussão de uma entrevista de Airyn à revista Them, na qual ela falou sobre crescer sob os holofotes do vencedor do Oscar e o processo da transição de gênero.

Na ocasião, ela contou que decidiu iniciar o uso de hormônios em novembro de 2024 como parte do processo de transição. "Sempre fui muito feminina, mesmo antes de saber exatamente o que isso significava", disse.

Ela destacou que a transição também a aproximou de referências femininas negras que sempre admirou, como Laverne Cox, Marsha P. Johnson e Michaela Jaé Rodriguez. "A transição também me aproximou da minha negritude. Me sinto mais próxima dessas mulheres quando abraço essa nova identidade".

Airyn é filha de De Niro com a atriz e modelo Toukie Smith, de 72 anos. Embora nunca tenham se casado, eles mantiveram um relacionamento de quase dez anos entre as décadas de 1980 e 1990.

Funcionários da cantora Lady Gaga distribuíram cerca de 30 caixas de pizza para fãs que aguardavam uma aparição da artista na frente do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde ela está hospedada.

A cantora se apresenta gratuitamente na praia de Copacabana neste sábado, 3. A apresentação está marcada para começar às 21h45 e terá transmissão ao vivo pela TV Globo, Globoplay e Multishow.

À espera pelo show, fãs se aglomeraram em frente ao Copacabana Palace na esperança de conseguirem ver Gaga de perto. Até o momento, contudo, ela não apareceu para cumprimentar os admiradores - seu noivo, Michael Polansky, porém, foi visto dando uma "espiadinha" em uma das janelas do hotel.

No início da noite de quarta, 30, funcionários da artista apareceram com caixas de pizza e distribuíram para a multidão. O momento foi registrado e compartilhado por fãs nas redes sociais. Algum tempo depois, a própria Gaga repostou no TikTok um vídeo que registrava a distribuição das pizzas.

Sabrina Sato leva a sério o ditado de que a melhor fase da vida começa depois dos 40. Foi quando ela viu tudo mudar. Aos 42 anos, separou-se de Duda Nagle, com quem viveu 7 anos e teve uma filha, Zoe, agora com 6 anos. Aos 43, assumiu um namoro com Nicolas Prattes. Prestes a completar seus 44, casou-se com o ator.

Mas Sabrina mal imaginava que poderia se apaixonar depois de uma relação longa e da responsabilidade de criar Zoe. O amor, é claro, vem acompanhado de estereótipos, mas a apresentadora quer provar que nenhum deles é real com Minha Mãe com Seu Pai, reality que acaba de estrear na Globoplay.

A proposta é inusitada: filhos inscreveram os pais de meia-idade para que eles tentem encontrar um novo amor. O que eles não sabiam é que teriam de atuar como "especialistas", decidindo o destino dos pais e acompanhando tudo o que acontece entre eles. Tudo mesmo.

Em entrevista ao Estadão, Sabrina garante ter sido a primeira vez que colocou tanto da sua experiência em um programa. Em Minha Mãe com Seu Pai, ela foi filha, mãe, amiga, confidente e conselheira. "Eu me intrometi até demais", brinca. Foi a atriz que, depois de ver a proposta do formato original, da rede britânica ITV Studios, pediu para assumir o programa. À época, ela estava noiva e grávida de Nicolas - e perdeu o bebê com 11 semanas de gestação.

Por ter sentido na pele o que é amar de novo, a apresentadora conta ter feito o máximo para que os participantes também "se jogassem" no romance. "Minha experiência de estar em um momento muito feliz da minha vida pessoal, de estar amando, de ter encontrado alguém especial e ter dado certo me ajudou a incentivá-los e a falar: 'Gente, vem, vem pular na piscina também, vem para esse lado'."

"Qualquer pessoa que encerra um relacionamento longo e com filhos pensa: 'Agora já era'. Você não consegue nem pensar que ainda pode voltar a amar e ser amada." O peso é ainda maior para as mulheres. No reality, ela decidiu avisar cada participante de que o objetivo é dar-lhes a oportunidade de escolher um parceiro - e não de serem escolhidas. "As pessoas precisam entender que a mulher com mais de 40, 50, 60 anos tem desejos. A mulher que quer encontrar um grande amor está mais viva do que nunca."

ROMANCE

Ao todo, seis homens e seis mulheres participam do programa. A maioria não vive um romance há muito tempo - e há algumas mulheres que chegaram a passar por relacionamentos tóxicos.

Do lado dos filhos, há ciúme. A atriz diz ter se divertido com as reações. "Os filhos viram pela primeira vez o pai ou a mãe beijar na boca. É uma loucura imaginar que a mãe queira fazer outras coisas além de maternar... É maravilhoso", comenta.

A Globo pretende que Minha Mãe com Seu Pai preencha a ausência do BBB 25 e pega carona no crescente gosto do público brasileiro por realities de namoro - como se viu com Casamento às Cegas, da Netflix.

Segundo Gustavo Baldoni, head de Conteúdo de Entretenimento Produtos Digitais da Globo, o Globoplay conseguiu um aumento de 51% de horas vistas de realities no ano passado. Túnel do Amor, reality de namoro apresentado por Ana Clara, é um dos maiores sucessos do serviço de streaming e soma 10 milhões de horas consumidas.

Para ele, o interesse do público pelo gênero envolve curiosidade e identificação. "Todo mundo se relaciona ou já se apaixonou. Há uma curiosidade em observar as questões e os conflitos. Os realities permitem explorar dinâmicas diferentes de relacionamentos, além de gerar muitas conversas", comenta.

EXEMPLOS

Para Sabrina, o gosto dos brasileiros está ligado a um "interesse em tudo que envolve o comportamento humano". "Nós temos tantos problemas e ainda achamos que conseguimos cuidar dos problemas dos outros. Nós também vamos nos baseando nos relacionamentos das outras pessoas para termos como exemplo", diz.

Sabrina não viveu apenas um pouco das experiências amorosas do elenco: ela também já esteve do outro lado da moeda e foi participante do Big Brother Brasil. Diferentemente do elenco do novo programa, ela diz ter enfrentado o receio da família para entrar na casa.

"Meus irmãos falavam: 'Pelo amor de Deus, você vai expor a família inteira. Se você quer trabalhar na televisão, ser apresentadora, nós te ajudamos a fazer algum teste. Mas não inventa de participar do Big Brother'.".

Por entender o quanto é difícil tomar a decisão de participar de um reality, ela resolveu ajudar ao máximo o elenco de Minha Mãe com Seu Pai. "Tem de ter coragem. Na minha vida, ainda mais agora, eu aprendi a valorizar o tempo que eu tenho, a viver os momentos e me preocupar menos com o que os outros vão pensar e mais com o que realmente importa: os meus sentimentos", diz.

O reality terá dez episódios. Quatro deles estão desde quarta-feira, 30, no Globoplay e outros quatro chegarão ao catálogo do streaming no dia 7. A revelação da dupla final vai ao ar no dia 14 de maio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.