Morre Bento XVI, o papa que renunciou e defendeu diálogo entre a fé e a razão

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O papa Bento XVI morreu neste sábado, 31, aos 95 anos, conforme anunciou o Vaticano, que recentemente já tinha anunciado que a saúde de Bento XVI era de estado frágil e o papa Francisco estava pedindo orações para o seu antecessor.

Muito maior do que um reino/ é uma abdicação. Os versos são de Cassiano Ricardo e ajudam a explicar a atração exercida pela renúncia de Bento XVI. Desde 1294, quando Celestino V decidira descer do trono de Pedro, nenhum outro papa ousara o gesto. Mais do que procurar suas razões, importa mostrar as consequências do ato: foi a renúncia, em 2013, que revelou o papado de Joseph Ratzinger como o fracasso da construção de uma terceira via na Igreja, uma ponte entre progressistas e tradicionalistas.

A ruptura libertou Joseph Ratzinger de ser visto apenas como o instrumento dos tradicionalistas, o papa do combate à hermenêutica que buscava no marxismo o caminho para o desenvolvimento integral do homem. Também não permitia mais que fosse só explicado como o homem das podas nas vinhas do Senhor, o da condenação ao relativismo moderno e ao secularismo, o pessimista agostiniano que via degradação na cidade dos homens.

A incompreensão foi tragédia que selou o destino do papa, sucedido pelo argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. Em um mundo sufocado pelo discurso da técnica, da eficiência e da utilidade, ele escreveu três encíclicas - Deus caristas est, Spe salvi e Caritas in veritate - para afirmar a caridade, o amor e a esperança. O alemão Ratzinger nasceu e testemunhou a maior crise da modernidade, marcada pela ascensão do nazismo e pela destruição da 2.ª Guerra Mundial.

Agostinho via o mundo marcado pelo pecado original e os que nele persistiam construiriam a cidade dosomens, enquanto os eleitos pela Graça, mediada pela Igreja, ergueriam a de Deus. Seu mundo parecia perecer, e as pessoas que o cercavam se perguntavam por que Deus permitira aquilo, assim como Ratzinger se questionaria, séculos depois, ao visitar o campo de concentração de Auschwitz: Onde estava Deus?"

A denúncia do papa era a de quem reconhecia na crise da razão moderna o drama de um humanismo sem Deus, apontado antes pelo teólogo francês Henri du Lubac. "A razão tem sempre necessidade de ser purificada pela fé; e isto vale também para a razão política, que não se deve crer onipotente. A religião, por sua vez, precisa sempre de ser purificada pela razão, para mostrar o seu autêntico rosto humano. A ruptura deste diálogo implica um custo muito gravoso para o desenvolvimento da humanidade", escreveu Bento XVI na encíclica Caritas in veritate.

Em suma, sem Deus, não há proteção contra os extremos do pensamento e sem razão, contra os extremos da fé. Ao buscar o diálogo, Ratzinger reeditava o conservadorismo com roupa nova? Ou queria superar a modernidade em uma pós-modernidade em que houvesse espaço para Deus? Aqui residia a sua terceira via: longe das concessões à modernidade dos progressistas, mas também ciente dos perigos de uma fé reacionária, fechada ao desenvolvimento humano integral.

Em torno do jovem seminarista havia uma atmosfera de götterdämmerung (crepúsculo dos deuses), a mesma que envolvera Santo Agostinho ao testemunhar as invasões bárbaras no Império Romano. Em sua obra Cidade de Deus, Agostinho, o bispo de Hipona, se esforça para mostrar aos fiéis por que a desgraça de Roma saqueada pelos godos de Alarico não devia afastá-los da fé.

Ratzinger fora o conservador que, em 2007, escrevera a exortação apostólica Sacramentum Caritatis, quando sugeriu o ensino de história da arte nos seminários bem como pediu aos padres cuidado com a arquitetura dos templos e com a música dos cultos e exaltara o canto gregoriano e o latim. Ele via na arte uma manifestação do sagrado que devia servir ao fiel que experimenta o belo como expressão do divino. Aqui a influência da teologia como estética do sagrado de Hans Urs von Balthasar.

Ao saber de sua eleição como papa, após a morte de João Paulo II em 2005, o teólogo Leonardo Boff pensou: "É um papa que vai sofrer muito, pois talvez jamais tenha abraçado pessoas, mesmo uma mulher, e se exposto às multidões". Boff conhecera o pontífice nos anos 1970, quando escrevia sua tese A Igreja como Sacramento Fundamental do Mundo Secularizado.

O brasileiro seria um dos 110 teólogos punidos pelo cardeal Ratzinger, com a deposição de cátedra e a imposição do silêncio quando ele dirigia a Congregação para a Doutrina da Fé. Para Boff, Ratzinger via a Igreja como fortaleza sitiada por inimigos - os erros e desvios da modernidade. "A centralidade era a ortodoxia e a sã doutrina, como se fossem as prédicas que salvassem e não as práticas", escreveu.

O papa manteve, assim, a punição do amigo Hans Küng, o teólogo que desafiara o dogma da infalibilidade papal. Também não fez abertura à obra do jesuíta Karl Rahner, com o cristianismo oculto e o diálogo ecumênico.

Mas Bento XVI também pode ser lido pelos símbolos que o acompanhavam. A começar pela escolha do nome Bento, que parece lembrar Bento XV, o papa que buscara acabar em 1915 com a luta entre progressistas e integralistas que marcara o papado de Pio X, inimigo do modernismo na Igreja. "Não é o combate ao relativismo o grande tema de seu papado, mas o amor", disse Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Borba acredita que isso só pôde ser percebido quando Ratzinger deixou de exercer o poder ao lado dos conservadores. De tal forma que passara despercebido o fato de sua última encíclica, Caritas in veritate, retomar e modernizar a encíclica Populorum progressio, do papa Paulo VI, que abriu as portas para a Igreja militante da Teologia da Libertação nos anos 1960.

Ele chama a atenção para o símbolo de seu escudo papal: a imagem de uma concha. Bento XVI queria esvaziar o oceano com a concha, como a criança na fábula sobre Agostinho? O papa intelectual e tímido não soube lidar com a administração da Igreja, dos escândalos de pedofilia - quando aconselhou que não se denunciasse às autoridades civis os padres pedófilos - à gestão das intrigas da Cúria.

Bento sucumbiu às coisas da terra. Renunciou e abriu caminho para o papado de Francisco. Já se disse que ele se tornou um papa difícil de ser amado, ainda mais por quem espera da Igreja o que ela não oferece: aceitação de escolhas contrárias ao que é fundamental na fé. Essa instituição com 2 mil anos de história, que tem como lei suprema a salvação das almas, precisa falar ao mundo. Ratzinger não conseguiu. Sua tragédia foi a mesma do cristianismo: devorado pela modernidade que ajudou a criar.

Em outra categoria

Zezé Polessa, de 71 anos, foi internada em Curitiba no último final de semana após comer uma feijoada vegana e sofrer uma intoxicação alimentar. A atriz relatou a saga em um post no Instagram, se desculpando com o público da peça Os Olhos de Nara Leão, que teve as sessões de sábado e domingo canceladas.

"'Feijoada vegana faz mal à moça'. Foi o que aconteceu. Simples assim. Dois espetáculos cancelados. Uma pena lastimável, para ser bem explícita e enfática", escreveu a atriz, que foi atendida no hospital Nossa Senhora das Graças.

"Fui recebendo os cuidados necessários de todos os que trabalham ali. Esse hospital está sob a direção do Dr. Sallin, que investe igualmente na qualidade do atendimento, humano, amoroso e técnico. Agradeço a todos. Sem essa rede de apoio não teria sido fácil. E mesmo com todas as complicações de uma intoxicação alimentar, hoje posso estar voando para casa recuperada", escreveu a atriz, que chegou a se apresentar na sexta-feira, 21, e deixou a cidade na segunda-feira, 24.

"Não foi fácil vir a Curitiba para apresentar 3 espetáculos e só ter dado conta de um. Tivemos que cancelar a sessão de sábado e domingo. Lamentável! Mas um dia eu volto, se não com Os Olhos de Nara Leão, com outro espetáculo tão bonito quanto", prometeu Zezé.

A atriz ainda anunciou que a peça com direção de Miguel Falabella segue agora para o Rio de Janeiro. "Agora vamos nos preparar para a temporada no Rio que começa no dia 14 de março. Enquanto isso, vamos brincando o carnaval e torcendo pelo Oscar."

A cerimônia do Oscar, que ocorre no dia 2 de março, está chegando e os detalhes do evento começaram a ser divulgados pela Academia. Nesta segunda-feira, 24, a organização cinematográfica anunciou uma apresentação musical de três nomes badalados do mundo da música - Lisa, Doja Cat e Raye.

Os detalhes da performance ainda não foram divulgados, mas as três cantoras acabaram de lançar uma canção intitulada Born Again e é provável que apresentem a música no Dolby Theatre, em Los Angeles (EUA). Além do trio, outras apresentações foram confirmadas.

Queen Latifah apresentará sua performance durante a cerimônia e Ariana Grande e Cynthia Erivo farão uma participação especial com as músicas de Wicked. Em 2025, no entanto, o Oscar não contará com apresentações musicais dos indicados ao prêmio de Melhor Canção Original.

Na categoria, concorrem The Journey, de Batalhão 6888, Like a Bird, de Sing Sing, Never Too Late, de Elton John: Never Too Late, e El Mal e Mi Camino, de Emilia Pérez.

"Neste ano, a apresentação da categoria de Melhor Canção Original não terá performances ao vivo e focará nos compositores. Vamos celebrar sua arte por meio de reflexões pessoais das equipes que trazem essas músicas à vida. Tudo isso e mais revelará as histórias e a inspirações por trás do indicados deste ano", afirmaram Janet Yang e Bill Kramer, presidente e o CEO da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, respectivamente, à revista britânica NME.

O Oscar acontece no Dolby Theatre, em Los Angeles. A cerimônia poderá ser vista no canal pago TNT, no streaming pela Max, e na TV aberta pela Globo.

A influenciadora Bárbara Evans se pronunciou nesta segunda-feira, 24, sobre o distanciamento de sua mãe, Monique Evans. A relação conturbada entre as duas ganhou atenção nas redes sociais depois que a ex-modelo revelou ter sido bloqueada pela filha e impedida de acompanhar a rotina dos netos.

Nos Stories, Bárbara afirmou que a decisão de cortar contato com a mãe foi motivada por mensagens recebidas durante uma discussão. Segundo a influenciadora, os áudios enviados por Monique teriam sido especialmente duros. "Nunca esperei ouvir todas aquelas coisas de uma mãe", disse. Ela ressaltou que foi Monique quem rompeu a relação e que apenas respeitou a decisão: "Foi uma opção e escolha dela, não minha".

A influenciadora, mãe de Ayla, de 2 anos, e dos gêmeos Álvaro e Antônio, de 1 ano, reforçou que tem registros das conversas e que não se tratou de uma briga trivial. "Eu hoje tenho a minha família e não admito certas coisas", afirmou. Bárbara também pediu para que o público não julgasse a situação sem conhecer os detalhes e revelou que seu irmão não enfrenta a mesma situação com a mãe.

No desabafo, ela mencionou a dificuldade de lidar com familiares que enfrentam transtornos emocionais, sem citar diretamente Monique. "Sempre dei o meu melhor, mas tudo tem um limite", concluiu.

A declaração foi feita depois que Monique Evans revelou ao portal Leo Dias que precisou criar um perfil falso para conseguir acompanhar os netos. "A gente ainda não está se falando, a gente precisa de tempo. Então, eu estou obedecendo, estou na minha", afirmou.