Proibição da 'saidinha' mostra que senadores ignoram política criminal, dizem advogados

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Em meio a críticas de advogados penalistas e constitucionalistas, a Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou, nesta terça-feira, 6, em votação simbólica, o projeto de lei que proíbe a "saidinha" - benefício que permite a saída temporária de presos em datas comemorativas. A matéria ainda depende de aprovação do plenário.

"A aprovação revela o desconhecimento dos senadores sobre a política criminal do Estado brasileiro, construída como instrumento de reeducação e ressocialização da pessoa condenada pela prática de um delito", avalia o advogado Dinovan Dumas.

Para Dumas, "seria muito mais adequado se os senadores se debruçassem na recuperação do sistema carcerário, que está instituído no Brasil há tantos anos, em vez de adotarem medidas desse tipo, que têm como propósito aparente inflar a população contra os presos que estão buscando ocupar um novo espaço na sociedade".

A "saidinha" é concedida aos detentos que tenham cumprido ao menos um sexto da pena, no caso de primeira condenação, e um quarto, quando reincidentes. O benefício se repete até cinco vezes por ano e não pode ultrapassar o período de sete dias.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator do projeto, decidiu incluir na proposta sugestão do senador Sérgio Moro (União-PR), que permitiria a saída de presos apenas para atividades educacionais, como conclusão dos ensinos médio e superior e cursos profissionalizantes. Autores de crimes hediondos ou com grave ameaça não teriam direito ao benefício.

O criminalista Sérgio Bessa entende que "com a constante espiral de violência no país, é compreensível que a população anseie por providências no campo da segurança pública, e o Congresso, consequentemente, busque atender a esse desejo". Ele faz a ressalva que "os caminhos encontrados pelo legislador, porém, geralmente na direção do recrudescimento penal, muitas das vezes são mais simbólicos do que efetivos e nem sempre alcançam o efeito pretendido".

"Me parece ser esse o caso com a revogação da saída temporária para presos, que costuma ser vista com maus olhos pela sociedade em geral por, acredito eu, desconhecimento dos critérios legais necessários para a obtenção do benefício", segue Bessa.

Ele anota que a lei permite a "saidinha" apenas a presos em regime semiaberto, com bom comportamento e que já tenham cumprido ao menos 1/6 da pena, se primários, ou 1/4, se reincidentes. "Além disso, o benefício somente é concedido mediante autorização judicial, após manifestação do Ministério Público e da administração penitenciária", explica.

O advogado Philip Antonioli também entende que a "saidinha" é um instituto pensado como processo de ressocialização. "Proibir isso de forma indiscriminada vai acabar por penalizar a maioria da população carcerária devido à má conduta de uma minoria que não retorna à prisão", alerta.

Antonioli considera que "se há intenção de restringir direitos, o correto seria proibir a saidinha para os detentos que respondem por crimes praticados mediante grave ameaça ou violência contra a pessoa, além de crimes contra a vida".

O criminalista Sérgio Rosenthal concorda que a saída temporária tem como objetivo "uma paulatina reintegração à sociedade". Mas ele adverte que, "diante de uma regulamentação pouco criteriosa, tal medida, para além de não cumprir minimamente essa função, tem propiciado a ocorrência de fugas e o cometimento de novos crimes".

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".