Lula sugere que houve 'conivência' em fuga de Mossoró: 'Cavaram um buraco e ninguém viu?'

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu neste domingo, 18, que pode ter havido conivência de agentes do sistema prisional na fuga de dois presidiários da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Essa é a primeira fuga registrada na história da rede federal de presídios, onde estão líderes de facções como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC), criada em 2006.

"Estamos à procura dos presos, esperamos encontrá-los, e, obviamente, queremos saber como é que esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira! Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro", disse, em coletiva de imprensa na Etiópia.

Autoridades já narraram parte da dinâmica da fuga. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento fugiram do presídio após escalarem uma luminária, chegarem ao teto e acessarem o setor onde é feita a manutenção do presídio. Eles pegaram ferramentas que estavam sendo utilizadas em uma obra de manutenção na prisão. Como o local reformado estava protegido apenas por um tapume de metal, os criminosos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado com um alicate recolhido na obra.

Por se tratar da primeira fuga da história de uma penitenciária federal, Lula destacou que isso pode significar que houve um "relaxamento". "E nós vamos saber de quem." São cinco presídios do tipo no País: além de Mossoró, há unidades em Catanduva (PR), Campo Grande, Porto Velho e Brasília.

O presidente afirmou que aguarda que as investigações esclarecem os detalhes da fuga. "A primeira pessoa que disse que faria uma sindicância para apurar se houve participação de alguém que trabalhava no presídio de segurança máxima foi o ministro (Ricardo) Lewandowski."

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que hoje ocupa a pasta da Justiça e Segurança Pública, está a caminho de Mossoró para acompanhar as buscas. A ida foi confirmada após a informação de que a dupla de fugitivos fez uma família refém entre a noite da sexta e a madrugada do sábado.

Lewandowski viajará acompanhado do diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza. Eles pretendem se reunir com os chefes das equipes que estão à frente das buscas dos criminosos. As agendas serão acompanhadas pelo titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), André Garcia, que está na cidade desde quarta-feira, data da fuga.

De acordo com a pasta, os dois fugitivos se mostraram desorientados e buscavam ter informações da região onde se encontravam. Eles estavam sujos, com odor ruim e descalços, segundo apurou a reportagem.

A desorientação, de acordo com a Senappen, faz as equipes de buscas acreditarem que a recaptura dos criminosos esteja próxima.

Agentes federais rechaçam corrupção no caso da fuga de Mossoró

A Federação Nacional dos Policiais Penais Federais, que congrega o sindicato de servidores dos cinco presídios federais do País, divulgou nota neste sábado, 17, para comentar a fuga de dois detentos da unidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta semana.

A categoria disse acreditar que não houve planejamento prévio por parte da dupla, e "sim uma oportunidade que foi aproveitada e obtiveram êxito".

A manifestação tenta rechaçar qualquer suspeita quanto a eventuais favorecimentos ilícitos aos servidores, o que poderia ter auxiliado direta ou indiretamente na fuga. "É muito cedo para chegar a essa conclusão", diz a nota assinada por Gentil Nei Espírito Santo da Silva, presidente da federação, que classificou comentários dessa natureza como "irresponsáveis".

Em outra categoria

As acusações de abuso sexual contra Neil Gaiman, autor de Sandman, ganharam novos detalhes. Uma reportagem publicada nesta segunda-feira, 13, pela New York Magazine ouviu mulheres que acusam o escritor de realizar atos sexuais violentos e sem consentimento.

De acordo com as investigações da revista, uma das vítimas de Gaiman, Scarlett Pavlovich, viajou para Atlanta em dezembro, para encontrar outras mulheres que acusam o autor de violência sexual. Antes de as acusações se tornarem públicas, elas não se conheciam. Desde então, as vítimas conversam em um grupo de WhatsApp.

"Foi como conhecer sobreviventes do mesmo culto. É impossível entender a menos que você estivesse lá", disse outra vítima, Kendra Stout.

As acusações contra o autor abrangem mais de 20 anos e vêm de mulheres que entraram em contato com ele ou para serem babás de seu filho ou como fãs de suas obras. O caso se tornou público no podcast Master: as alegações contra Neil Gaiman, da Tortoise. A série analisa os relatos de cada uma das vítimas, que falam sobre as relações sexuais violentas e não consensuais com Gaiman.

Ainda segundo a reportagem, Scarlet, uma das supostas vítimas do autor, de 23 anos, diz que foi agredida sexualmente pelo escritor de Sandman poucas horas após o primeiro encontro dos dois, em fevereiro de 2022. A jovem trabalhava como babá do filho de Gaiman, que a agrediu na banheira de sua residência na Nova Zelândia. Ele, por outro lado, alega que os dois apenas se abraçaram e ficaram no banho, algo que havia sido consentido pelas duas partes. O autor ainda afirma que os dois mantiveram um relacionamento por três semanas com penetração consensual.

A mulher ainda afirma que o escritor a estuprou em um quarto de hotel, na presença do próprio filho. Em declaração, os advogados de Gaiman classificaram o relato como "falso" e "deplorável".

Kendra Stout tinha 18 anos quando conheceu o autor em 2003. Os dois iniciaram um namoro quando ela completou 20 anos e ele tinha cerca de 40 anos. Ela diz que se submeteu a relações sexuais violentas e dolorosas que "não queria e nem gostava."

Outra mulher citada na matéria da New York Magazine é identificada apenas como Caroline, uma mulher que viveu na propriedade de Neil Gaiman com seus filhos e marido até 2017. Ela afirmou que o autor uma vez colocou a mão dela em seu pênis em uma noite na qual ambos estavam na presença do filho dele. À revista, seus advogados negaram que isso tenha acontecido.

A vitória de Fernanda Torres como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro no domingo, 5, motivou uma parcela significativa do público brasileiro a ir ao cinema assistir ao longa Ainda Estou Aqui. Além da celebração que tomou conta das redes sociais do País, a conquista do prêmio triplicou a arrecadação do filme de Walter Salles no Brasil de uma semana para outra.

Entre os dias 2 e 5 de janeiro, data anterior ao Globo de Ouro, o longa brasileiro foi visto por cerca de 45,9 mil pessoas e arrecadou R$ 1,27 milhão. Já entre os dias 9 e 12, no final de semana após a premiação norte-americana, o filme foi visto por 173 mil pessoas e fez R$ 4,3 milhões nas bilheterias. Os dados são da Comscore, empresa que compila dados de bilheteria ao redor do mundo.

Lançado no dia 7 de novembro de 2024, Ainda Estou Aqui se tornou um sucesso de crítica e de público no Brasil. O longa, que já ultrapassou a marca de três milhões de espectadores no País, sonha com indicações ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz.

Em Ainda Estou Aqui, Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva - mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e viúva do ex-deputado federal Rubens Paiva. No longa biográfico, inspirado no livro homônimo escrito por Marcelo, acompanhamos a vida da família Paiva durante a ditadura militar. Quando o patriarca da casa é raptado pelo regime, cabe a Eunice manter sua família unida e lutar pelo esclarecimento do sumiço de seu marido.

Nos Estados Unidos, o filme está programado para estrear no dia 17 de janeiro nas cidades de Nova York e Los Angeles. O anúncio dos indicados ao Oscar deve ocorrer no dia 23 de janeiro, após dois adiamentos em meio aos graves incêndios que atingem a região de Los Angeles.

O diretor Jacques Audiard e a atriz Karla Sofía Gascón desembarcam no Brasil entre os dias 20 e 22 de janeiro para promover o filme Emilia Pérez. A visita, que acontece São Paulo, faz parte da campanha de divulgação do longa, que já conquistou reconhecimento internacional. A estreia de Emilia Perez será em 6 de fevereiro.

Vencedor de quatro prêmios no Globo de Ouro 2025, incluindo Melhor Filme de Língua Não Inglesa e Melhor Filme Musical ou de Comédia, Emilia Pérez também triunfou no Festival de Cannes, onde levou o Prêmio do Júri. Além disso, o longa está pré-selecionado ao Oscar em seis categorias, incluindo Melhor Filme Internacional.

A trama acompanha Rita, interpretada por Zoe Saldaña, uma advogada de renome que atua na defesa de criminosos. Sua vida dá uma guinada quando é contratada por Manitas (Karla Sofía Gascón), líder de um cartel, que deseja deixar o crime e realizar um sonho secreto: transformar-se na mulher que sempre quis ser. Inspirado no romance Ecoute, de Boris Razon, o filme traz ainda Selena Gomez, Adriana Paz e Edgar Ramírez no elenco.