Tribunal racial da USP: o que revela caso do aluno de cota que foi barrado em Medicina?

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Poucos sabem, mas a Universidade de São Paulo (USP) tem um tribunal racial em pleno funcionamento. Tribunais raciais são compostos por pessoas encarregadas de decidir a raça de uma pessoa. A decisão desses tribunais geralmente sela o destino da pessoa.

Os nazistas tinham tribunais raciais para decidir se uma pessoa era judia. Os considerados judeus eram presos e mandados para os campos de extermínio. O tribunal racial da USP, chamado de Banca de Heteroidentificação (pode um nome desses?), decide se uma pessoa é parda, negra ou branca. E isso define se ela pode ou não ingressar na USP por meio da politica de cotas raciais.

Esta semana, o tribunal racial da USP (é bom tratar as coisas pelos devidos nomes) está na berlinda, pois bloqueou a inscrição de um aluno pobre, vindo de escola pública do interior de São Paulo, na Faculdade de Medicina da USP.

Isso depois de ele ter sido aprovado no vestibular mais difícil do Brasil. O tribunal concluiu que Alison dos Santos Rodrigues não é pardo, ou seja, sua pele não é suficientemente escura. O rapaz ficou sem a vaga. Você pode formar sua opinião sobre a raça de Alison olhando a foto dele.

Diferentemente dos tribunais raciais nazistas, que usavam como critério para julgamento uma definição objetiva (mesmo se incorreta, arbitrária e desumana), o tribunal racial da USP se baseia na opinião subjetiva dos juízes para decidir a raça dos réus (são réus, pois são acusados de terem mentido sobre sua raça na inscrição).

A opinião sobre o fenótipo (aparência da pessoa) é o que vale. O julgamento é feito a partir de fotos da pessoa, observação da face via zoom e, se o réu apelar, um exame visual presencial.

O que vale é a aparência da face da pessoa e a opinião dos juízes sobre ela (acredite se quiser, isso está no regulamento oficial da USP). E não poderia ser de outra forma, pois no Brasil não existe uma definição legal e objetiva do que é uma pessoa parda ou negra.

Parda é uma pessoa que possui entre seus ancestrais um negro, sem especificar, como faziam os nazistas, a porcentagem necessária. Não é para menos que a maioria da população brasileira (45,3% segundo o IBGE) se considera parda.

Isso inclui desde os que têm um pai ou mãe negra até aqueles com um único tataravô negro, com pele muito clara e, muitas vezes, olhos azuis. Como se não bastasse esse problema, a lei brasileira estipula que a raça de uma pessoa é definida unicamente por sua autodeclaração.

Pela lei, se afirmo que sou pardo, sou pardo e devo ser tratado como tal. É bom lembrar que a Constituição brasileira e outras leis consideram crime a discriminação racial. Raça não pode ser usada na seleção de funcionários. Mas isso não impediu a criação e proliferação dos sistemas de cotas raciais e os respectivos tribunais raciais.

Escrevi sobre esse problema quando, em 2007, uma comissão da Universidade de Brasília (UnB), examinado fotos de um par de gêmeos, considerou um pardo e o outro branco, uma impossibilidade genética. E novamente em 2022 quando a simples aparência foi escolhida como critério pelas universidades.

Sou totalmente a favor dos processos de inclusão. Já foi mais que demonstrado que pretos, pardos e outras minorias foram e ainda são discriminadas. O racismo de fato existe no Brasil e precisa ser combatido com políticas públicas de inclusão.

Mas isso deve ser feito com base em critérios socioeconômicos, uma vez que a discriminação racial resulta principalmente em diferenças econômicas e sociais que se acumulam ao longo de gerações, essas sim facilmente avaliadas e combatidas.

Um menino branco e pobre, vindo de uma escola pública, merece ser aceito por uma política de inclusão da USP tanto quanto um pardo, negro ou índio. Exatamente por isso é um absurdo a existência de tribunais raciais.

Sua existência, aceitação, e uso nas mais diferentes políticas de inclusão, vão levar à aprovação de leis que tornem menos arbitrárias suas decisões (projetos de lei nesse sentido já existem no Congresso) e que vão obrigatoriamente criar definições legais de raça. E essas definições seguramente se basearão em estudos de ancestralidade genética.

Os estudos de ancestralidade genética, já oferecidos por muitas empresas, facilmente demonstram a origem genética de uma pessoa. O aluno aceito na Medicina da USP, e julgado culpado de mentir na autodeclaração (o que é formalmente impossível quando a raça é definida por uma autodeclaração), pode contratar um desses estudos e provavelmente demonstrar que possui algum ancestral negro.

Sou um descendente de europeus com 99,1% de genes europeus, sendo 31% desses genes provenientes de judeus Ashkenazis. Meu pai fugiu da Alemanha nazista. Devido a uma parente distante da minha avó materna, possuo 0,9% de genes tupi-guarani. Será que meu filho pode ser incluído no sistema de cotas?

Os tribunais raciais nos levarão a um sistema em que cada um de nós será classificado conforme os critérios legais de raça, incentivando a separação da população em grupos raciais distintos, com direitos distintos, independentemente de sua condição socioeconômica.

Esse ambiente pode incentivar movimentos identitários raciais, diminuir a miscigenação racial e, ao longo do tempo, aumentar a discriminação racial.

O correto seria retirar de todos os sistemas de inclusão os critérios raciais e substitui-los por critérios socioeconômicos, respeitando nossa constituição que proíbe a discriminação racial. Essa é uma lei pela qual vale lutar.

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A prefeitura do Rio de Janeiro estima um público de 1,6 milhão de pessoas para o show gratuito de Lady Gaga neste sábado, 3. E quem passa em frente ao Copacabana Palace não duvida. Afinal, os "little monsters" tomam conta da calçada em frente ao hotel desde que a artista chegou ao País, na esperança de uma rápida aparição ou de um aceno. Mas de onde vem o apelido usado carinhosamente para se referir aos fãs de Gaga?

A ideia de monstros veio à tona enquanto Gaga trabalhava em seu segundo disco, The Fame Monster, de 2009, que é uma expansão do álbum de estreia, The Fame. Na época, a cantora começou a desenvolver o conceito para descrever seus próprios medos, e aos poucos passou a chamar os fãs de "little monsters" (ou monstrinhos) durante as apresentações da turnê.

A própria estética do álbum explorava a ideia de figuras grotescas e monstruosas para representar os problemas que vinham junto à ascensão à fama. Por isso, o termo caiu no gosto popular, e os fãs aderiram.

Em entrevista concedida à revista W Magazine, Gaga explicou como a ideia surgiu. "Eu nomeei meus fãs de 'little monsters' porque eles eram tão ferozes nos shows, e eles gritavam tão alto. Eles se vestiam com roupas maravilhosas e se divertiam muito celebrando a música."

Com a adesão, o termo ganhou algumas expansões, e a própria artista passou a ser chamada de "mother monster" (ou mamãe monstro) após um fã usar o termo durante um show da turnê Monster Ball em Chicago, em 2010. A cantora gostou tanto que aderiu ao apelido e passou a utilizá-lo para se descrever.

Outro detalhe que vem junto à temática monstruosa é o cumprimento usado pelos "little monsters". Você já viu algum fã de Gaga com as mãos em formato de garra?

O gesto também é usado para identificar o grupo de fãs da cantora. No clipe de Bad Romance, de 2009, parte da coreografia envolve os dançarinos erguendo as mãos com o dedos levemente curvados para dentro, como se estivessem replicando o formato de uma garra. A ideia rapidamente foi aderida. Por isso, o termo "paws up" (ou patas para cima) passou a ser utilizado quando os fãs de Gaga queriam cumprimentar um ao outro ou concordar com algo.

A apresentação gratuita de Lady Gaga em Copacabana, parte do projeto Todo Mundo no Rio, está marcada para começar às 21h45, e terá transmissão na TV Globo, no Globoplay e no Multishow.

Faustão celebra 75 anos de idade nesta sexta-feira, 2. João Silva, filho do apresentador com Luciana Cardoso, usou as redes sociais para comemorar a vida do pai e homenageou o comunicador, que está afastado da televisão.

"Ser filho do Faustão é coisa de outro mundo... Agora, ser filho de Fausto Silva é simplesmente o maior presente que Deus poderia me dar. Ter em casa esse pai, marido, amigo e ser humano é uma dádiva", disse.

O jovem apresentador ainda agradeceu por poder caminhar ao lado de alguém tão generoso e amoroso como seu pai. "Pai, feliz aniversário! Te amo, meu guerreiro, meu exemplo, meu eterno ídolo."

Luciana Cardoso, mulher de Faustão, também celebrou a vida do comunicador. Em sua homenagem nas redes sociais, ela disse que o marido passou por mais uma internação na semana passada, mas não revelou o motivo.

"Celebrar a vida! Mais um ano! A dádiva de estar vivo graças a generosidade de alguém que possibilitou estar junto de sua família por mais tempo. Peço a Deus que você consiga superar tantas dificuldades e que possa viver da maneira mais leve e plena, com a saúde que você vai reconquistar. Na última semana, você superou mais uma internação e hoje pode estar ao lado de sua família comemorando mais um ano."

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Centenas de cachorros da raça dachshunds - aquela apelidada de "salsicha" - e seus tutores se reuniram no Parque da Cidade de Budapeste, na Hungria, na quinta-feira, 1º, na tentativa de bater o recorde do maior passeio de cães de uma única raça já realizado no país.

O desfile de cães estava sob a observação da Associação de Recordes Húngara, que tinha a tarefa de determinar se o passeio canino poderia ser oficialmente inscrito nos livros de recordes.

István Sebestyén, registrador e presidente da associação, disse à AP que a organização contaria cuidadosamente o número de cães participantes - um desafio, segundo ele, quando tantos cachorros e humanos estavam reunidos em um mesmo lugar.

"Não costumamos levar dachshunds para passear em grande número, portanto, esse experimento tem de corresponder ao nosso sistema de regras", disse ele.

Os dachshunds foram criados pela primeira vez na Alemanha e continuam sendo uma das raças de cães mais populares da Hungria.

Apelidados de "cães-salsicha" ou "cães-linguiça" por seus corpos longos e baixos, eles foram inicialmente criados para caçar texugos e outras criaturas que cavam tocas. Mas sua natureza leal, curiosa e brincalhona também os tornou populares como animais de estimação para famílias.

Em Munique, Alemanha, em 1972, um dachshund chamado Waldi se tornou o primeiro mascote oficial da história dos Jogos Olímpicos de Verão.

Em setembro do ano passado, a cidade alemã de Regensburg estabeleceu o atual recorde mundial para o maior passeio de cães dachshund, quando centenas de animais da raça desfilaram pelo centro medieval da cidade. Enquanto algumas contagens de Regensburg colocaram o número de cães em 1.175, o Guinness World Records só pôde confirmar 897.

Na quinta-feira, Lili Horváth e seu dachshund de 1 ano, Zabos, participaram do passeio em Budapeste. Ela disse que seu amigo peludo "tem qualidades muito profundamente humanas e é muito leal, ele é realmente uma bomba de amor."

Valeria Fábián, que estava passeando com seu dachshund Zsebi, viu de maneira diferente. "Poucas pessoas são capazes de oferecer o tipo de altruísmo [que ele oferece], porque as pessoas não têm tanto amor e sacrifício próprio quanto um cão pode dar a um humano," ela disse.

Ao final do passeio em busca do recorde, a Associação de Recordes Húngara determinou que 500 dachshunds estiveram presentes - o suficiente para estabelecer o recorde húngaro, mas ainda aquém da marca do Guinness estabelecida em Regensburg.

Os organizadores, não desanimados, prometeram tentar novamente no próximo ano - dando-lhes bastante tempo para reunir mais cães para outra tentativa de título. (COM INFORMAÇÕES DA AP)