Resgatada de barco no Rio Grande do Sul salvou só a sacola de remédios: 'Água entrando em casa'

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
"Atenção moradores. Saiam de suas casas". Foi com essa mensagem, transmitida por um carro de som da Defesa Civil, que a aposentada Marisene Melo, de 63 anos, foi acordada na madrugada de sexta-feira, 3. Moradora de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, ela é uma das mais de 30 mil desalojadas e desabrigadas em todo Estado por conta das fortes chuvas. No total, já são 56 mortes confirmadas e 67 desaparecidos, no maior desastre climático da história do Estado.

Do que tinha em casa, Marisene só conseguiu salvar a sacola com remédios. Ela e o marido foram resgatados de barco, com a ajuda de vizinhos. Na cidade, na Grande Porto Alegre, o número de desabrigados ultrapassa o total de 1,7 mil, divididas entre seis abrigos do município. No Rio Grande do Sul, ginásios, escolas e igrejas viraram o lar temporário de pessoas como a hamburguense.

"Fui resgatada porque a água estava entrando na minha casa. Meu esposo e eu tínhamos decidido ficar na casa da minha filha, só que lá a água também entrou. Tivemos de sair de novo e ir para algum dos abrigos", relata.

O município não está entre os mais afetados pelas chuvas, mas tem sofrido com o aumento do nível do Rio do Sinos, que atingiu a marca histórica de 9,68 metros, sete metros acima do nível normal, conforme a Defesa Civil da cidade. Diques construídos no entorno para controlar a água do rio não suportam e transbordaram, inundando bairros inteiros.

E foi por medo do rompimento do dique que Maiara Keller, de 30 anos, decidiu sair de casa e se abrigar na residência de parentes, na cidade vizinha São Leopoldo. Assim como Marisene, ela é moradora de Novo Hamburgo.

Mãe de duas crianças e de um bebê de 5 meses, sua casa fica ao lado de um arroio que deságua no Rio do Sinos. "É um sentimento de medo. Moro aqui desde que nasci e nunca vi algo parecido. É desesperador", frisa.

Em São Sebastião do Caí a situação é ainda mais crítica. Vivendo em um dos abrigos abertos pela prefeitura, Silvia Pereira, de 72 anos, está passando pela segunda enchente em menos de cinco meses. Desta vez, não conseguiu salvar nada além da TV que havia comprado recentemente. "Eu saí sozinha. Acabei caindo no meio da rua, me molhei inteira. Vamos ter de recomeçar: fazer o quê?", lamenta.

Em Porto Alegre, a alta recorde do Guaíba alagou o centro histórico e a rodoviária, além de deixar bairros sem luz e água. O Aeroporto Salgado Filho suspendeu as operações por tempo indeterminado.

Para ajudar no recomeço de quem perdeu tudo e na reconstrução de cidades devastadas, o Governo do Estado criou uma chave Pix (CNPJ: 92.958.800/0001-38) para a conta SOS Rio Grande do Sul, vinculada a instituição Banrisul.

Em outra categoria

O corpo da cantora Nana Caymmi será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 2, a partir das 8h30. O enterro ocorrerá às 14h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Uma das principais cantoras do Brasil, Nana morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, depois de ficar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Rio, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa da morte de Nana foi a disfunção de múltiplos órgãos.

Ao Estadão, o irmão de Nana, o músico e compositor Danilo Caymmi, afirmou que, além da implantação de um marcapasso para corrigir a arritmia cardíaca, Nana apresentava desconforto respiratório e passava por hemodiálise diariamente. Nana também sofria de um quadro de osteomielite, uma infecção nos ossos, que lhe causava muitas dores. Segundo ele, Nana esteve lúcida por todo o tempo, mas, no dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Filha do compositor Dorival Caymmi, Nana começou a carreira no início dos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar da vida artística para se casar - ela teve três filhos, Stella, Denise e João Gilberto -, Nana retomou a carreira ainda na década de 1960, incentivada pelo irmão Dori Caymmi.

Nos anos 1970 e 1980, gravou os principais compositores da música brasileira, como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara.

Em 1998, conheceu a consagração popular ao ter o bolero Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, incluído como tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Nana gravou discos regularmente até 2020, quando lançou seu último trabalho, o álbum Nana, Tom, Vinicius, só com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

A cantora Nana Caymmi, que morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, fez aniversário no último dia 29 de abril. Internada desde julho de 2024, Nana recebeu uma mensagem da também cantora Maria Bethânia, de quem era amiga.

Bethânia escreveu: "Nana, quero que receba um abraço muito demorado, cheio de tanto carinho e admiração que tenho por você. Querida, precisamos de você e da sua voz. Queremos você perto e cheia de suas alegrias, dons e águas do mar na sua voz mais linda que há. Amor para você, hoje, seu aniversário, e sempre. Rezo à Nossa Senhora para você vencer esse tempo tão duro e difícil. Peço por sua voz e por sua saúde. Te amo. Sua irmã, Maria Bethânia".

Nana e Bethânia tinham uma longa relação de amizade e gravaram juntas no álbum Brasileirinho, de Bethânia, lançado em 2003. Bethânia afirmou mais de uma vez que Nana era a maior cantora do Brasil.

De acordo com informações divulgadas pela Casa de Saúde São José, onde Nana estava internada há nove meses para tratar de problemas cardíacos, a cantora morreu às 19h10 desta quinta-feira, em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos.

Morreu nesta quinta-feira, 1° de maio, Nana Caymmi, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos. A morte foi confirmada pelo irmão da artista, o também músico e compositor Danilo Caymmi. Ela estava internada havia nove meses em uma clínica no Rio de Janeiro.

"Eu comunico o falecimento da minha irmã, Nana Caymmi. Estamos, lógico, na família, todos muito chocados e tristes, mas ela também passou nove meses sofrendo em um hospital", disse Danilo Caymmi.

"O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo. Nós estamos, realmente, todos muito tristes, mas ela terminou nove meses de sofrimento intenso dentro de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital", acrescentou o irmão, em um vídeo publicado no Instagram.

Nas redes, amigos e admiradores também prestaram homenagens à cantora.

"Uma perda imensa para a música do Brasil", escreveu o músico João Bosco, com quem Nana dividiu palcos e microfones. Bosco também teve canções interpretadas por Nana Caymmi, como Quando o Amor Acontece.

O cantor Djavan disse que o País perde uma de suas maiores cantoras e ele, particularmente, uma amiga. "Descanse em paz, Nana querida. Vamos sentir muito sua falta, sua voz continuará a tocar nossos corações."

Alcione também diz que perdeu uma amiga e que a intérprete, filha de Dorival Caymmi, tinha "a voz". "Quem poderá esquecer de Nana Caymmi?"

"Longe, longe ouço essa voz que o tempo não vai levar! Nana das maiores, das maiores das maiores", postou a cantora Monica Salmaso, que já tinha prestado uma homenagem para Nana na última terça, quando a artista completou 84 anos. "Voz de catedral", descreveu Monica na ocasião.

O escritor, roteirista e dramaturgo Walcyr Carrasco disse que, nesta quinta, a música brasileira deve ficar em silêncio em respeito à partida da artista. "Que sua voz siga ecoando onde houver saudade. Meus sentimentos à família, amigos e admiradores!"

A deputada federal e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSOL-SP) disse que Nana Caymmi tinha umas das vozes "mais marcantes da música popular brasileira" e que a cantora deixa um "legado extraordinário" para o Brasil por meio de interpretações "únicas e carregadas de emoção". "Que sua arte siga viva, e que ela descanse em paz", disse a parlamentar.

A artista Eliana Pittman diz que se despede com tristeza de Nana Caymmi, a quem descreveu com uma das uma "das maiores vozes" que o Brasil já teve, e elogiou a cantora pela irreverência e forte personalidade.

"Nana nunca se curvou a convenções: cantava o que queria, do jeito que queria - e por isso, marcou gerações", disse Eliana, que também fez elogios qualidade técnica da intérprete. "Sua voz grave, seu timbre inconfundível e sua forma tão particular de existir na música deixam um vazio irreparável".

O Grupo MPB4 postou: "Siga em paz, querida Nana Caymmi! Nosso mais fraterno abraço para os amigos Dori Caymmi, Danilo Caymmi (irmãos de Nana Caymmi) e toda a família".