Transporte público tem redução de demanda, diz pesquisa CNT; uso de carro, moto e apps cresce

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O transporte público coletivo teve sua demanda encolhida nos últimos sete anos, afirma estudo divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). O estudo aponta que a redução tem relação com questões como os impactos da pandemia de covid-19 e com a popularização do transporte por aplicativo.

A parcela atual da população que diz usar os ônibus coletivos é de 30,9%, 14,3 p.p. menor em relação à pesquisa realizada em 2017 (45,2%, na ocasião). Já 29,6% dizem usar carro próprio, aumento de 7,4 p.p..

A utilização de moto mais que duplicou, indo de 5,1% em 2017 para 10,9%. Os serviços oferecidos por aplicativos, que tinham uma utilização praticamente inexistente em 2017 (1,0%), atingiram 11,1% em 2024.

Para a CNT, o avanço do transporte por aplicativo pode ser explicado pela ampla adesão dos mais pobres. De acordo com o estudo, 56,9% dos entrevistados confirmaram que deixaram de usar totalmente o ônibus (29,4%) ou diminuíram o uso (27,5%). Dentre as pessoas que substituíram o ônibus pelos aplicativos de transporte, 56,6% pertencem à classe C e 20,1% às classes D/E.

O cenário, contudo, pode sufocar as operações do transporte público coletivo, afirma a CNT. A preocupação, considera o estudo, é de que os mais pobres sejam afetados, já que as classes C e D/E são as que mais se deslocam por ônibus (79,2%), trem urbano/metropolitano (77,1%) e metrô (62,3%).

"O alto porcentual ressalta a importância de maior atenção ao acesso da população com menor poder aquisitivo", considera relatório da pesquisa.

Por isso, a entidade diz ser imprescindível ações para reverter o cenário atual da mobilidade, passando por melhoria de governanças para maior qualidade do transporte público e por programas de benefícios tarifários para inclusão da população de baixa renda.

"Essas ações são imprescindíveis para reverter o cenário atual da mobilidade urbana nas cidades brasileiras, que apresenta como maiores entraves a redução expressiva da participação dos meios coletivos na matriz de deslocamentos, o crescimento do transporte individual e motorizado e a infraestrutura precária e insuficiente, bem como a concorrência predatória com outros meios", considera o estudo.

Apoio para mudanças

O levantamento da CNT foi realizado com o apoio da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), tendo entrevistado 3.117 pessoas, em 319 municípios com mais de 100 mil habitantes, de 18 de abril a 11 de maio deste ano.

Um dado ilustrativo que indica a demanda por ajuste nas atuais políticas, considera a CNT, é o crescimento do porcentual que considera o transporte público como um dos principais problemas urbanos. Superando o item Educação, o transporte público é considerado um problema para 24,3%, contra 12,4% em 2017.

O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, afirma que, ao conhecer os principais problemas enfrentados pelos usuários do transporte público, a CNT tem a oportunidade de propor e trabalhar em prol de soluções que possam fomentar a utilização desses serviços no território nacional.

"Em um ano com eleições municipais, é fundamental que os candidatos coloquem a mobilidade urbana no centro de suas propostas, garantindo investimentos e políticas que tornem o transporte público mais eficiente, seguro e acessível para todos", considera Vander Costa.

Também conforme destaque feito pela CNT, chama a atenção, nos resultados, o porcentual de pessoas que são favoráveis ao investimento em conforto nas viagens e em soluções ambientais. A coleta indica que mais de 57% dos entrevistados estão dispostos a pagar uma tarifa mais cara para viajarem somente sentados nos ônibus.

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A derrota do Oscar de Melhor Atriz e Melhor Filme por Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui para a americana Mikey Madison e Anora, filme independente dirigido pelo norte-americano Sean Baker, ainda tem abalado os ânimos dos brasileiros e é tema central do carnaval de rua em 2025. Ainda Estou Aqui ganhou na categoria "Filme Internacional".

Nesta terça, 4, os foliões adaptaram a marchinha Aurora, escrita por Mário Lago e Roberto Roberti em 1941, para calibrar o clima de rivalidade. (Veja o vídeo abaixo)

"Se você fosse sincera, ô ô ô ô, Anora. Devolvia o nosso Oscar, ô ô ô ô, agora", canta um grupo de pessoas em um bloco de rua não identificado. O vídeo viralizou nas redes sociais.

Na adaptação, é pedido que Anora entregue os prêmios aos brasileiros. Boa parte do público ficou revoltada com a escolha da Academia pelo filme independente e pela jovem atriz Mikey Madison, de 25 anos.

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A vitória do filme Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 foi um momento de grande emoção para Ana Lúcia Paiva. Presente na cerimônia em Los Angeles, Nalu revelou que usou um colar que pertenceu à sua mãe, Eunice Paiva, durante o anúncio da categoria de Melhor Filme Internacional, vencida pelo longa brasileiro.

"Na hora do anúncio, eu estava com a mão no peito, porque estava com o colar da minha mãe antes e não consegui tirar, porque deu um nó. Então pensei: 'Vou ficar com esse colar, porque mamãe não quer me deixar, quer ir comigo para o Oscar'", contou Nalu ao Gshow. No momento da vitória, ela segurou o colar, beijou a pedra e chorou de emoção.

Filha de Eunice e Rubens Paiva, Nalu Paiva ainda destacou a importância do discurso do diretor Walter Salles, que homenageou sua mãe ao receber o prêmio. "Foi um momento maior do que eu, que representa nossa história. Walter, meu amigo de sempre, homenageando minha mãe na frente do mundo, isso é muito lindo", celebrou.

O escritor e poeta brasileiro Affonso Romano de Sant'Anna morreu na manhã desta terça-feira, 4, aos 87 anos. O autor, que morava no Rio de Janeiro, foi diagnosticado com Alzheimer em 2017.

O escritor, que estava acamado havia quatro anos, era casado com a também escritora Marina Colasanti. Ela morreu em janeiro deste ano, também aos 87 anos. Affonso deixa uma filha, a atriz e cineasta Alessandra Colasanti, além de um neto.

Nascido em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, o autor escreveu mais de 60 livros ao longo de seis décadas de carreira. Entre suas obras de destaque, estão os três volumes de poesias e crônicas reunidas - além de Como Andar no Labirinto (2012), Tempo de Delicadeza (2007) e Intervalo Amoroso (1998).

Affonso também teve forte atuação na academia, atuando como professor e dirigindo o departamento de Letras da PUC-Rio entre 1973 a 1976. Também lecionou no exterior, em faculdades dos Estados Unidos, Alemanha, Portugal e França.

Na área da educação, presidiu a Biblioteca Nacional durante a década de 1990, sendo um dos responsáveis pelo Programa Nacional de Incentivo à Leitura, que está ativo até hoje.

Na imprensa, atuou como cronista do Jornal do Brasil, de O Globo, Estado de Minas e Correio Braziliense. Também foi crítico literário.

O velório do escritor será realizado nesta quarta-feira, 5, das 11h às 14h. O evento ocorre na Capela Histórica do Cemitério da Penitência, na cidade do Rio de Janeiro.