Brasil avança rumo à universalização do registro de nascimentos, aponta Censo do IBGE

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Em pouco mais de uma década, o Brasil conseguiu avançar em direção à universalização do registro de crianças em cartório, mas ainda há diferenças regionais e étnicas a serem sanadas. Em 2022, 15,231 milhões de crianças com até 5 anos de idade estavam registradas, o equivalente a 99,3% da população nessa faixa etária. O resultado aponta que 114,221 mil crianças ainda careciam de registro de nascimento no País.

As informações foram levantadas pelo Censo Demográfico 2022 e divulgadas nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A universalização do acesso ao registro de nascimento entre as crianças consta entre as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidas pela Organização das Nações Unidas.

"No que pese os critérios estabelecidos pelas Nações Unidas, nós estamos no caminho certo, e já alcançando o indicador, alcançando a meta", disse José Eduardo de Oliveira Trindade, técnico da pesquisa do IBGE.

A Meta 16.9 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável determina que seja fornecido, até 2030, identidade legal para todos, incluindo o registro de nascimento. O indicador utilizado para acompanhar o cumprimento da meta foi a proporção de pessoas com menos de cinco anos de idade cujos nascimentos foram registrados por uma autoridade civil. No Brasil, 97,1% das pessoas com até quatro anos de idade tinham registro em cartório em 2010, fatia que se elevou a cerca de 99,2% em 2022, conforme as últimas edições dos Censos Demográficos no País.

Considerando as crianças de até cinco anos de vida, a proporção registrada foi de 97,3% no Censo Demográfico de 2010, subindo a 99,3% em 2022. O IBGE lembra que a legislação brasileira determina que os nascidos em território nacional sejam registrados em até quinze dias, prazo que pode ser ampliado em até três meses para locais que estejam a mais de 30 quilômetros de distância da sede de um cartório.

"Os motivos para o não registro de nascimentos no prazo previsto em lei, ao longo do tempo, estiveram relacionados a vários fatores, entre eles à precariedade do acesso à informação e aos serviços de saúde e de assistência social, às distâncias percorridas até os Cartórios, bem como aos custos envolvidos para obtenção da certidão", ressaltou o instituto.

Entre os bebês com menos de um ano de vida, a proporção de registrados no País subiu de 93,8% em 2010 para 98,3% em 2022. Considerando as crianças com um ano de vida completo, essa fatia aumentou de 97,1% para 99,2% no período, enquanto que na faixa etária entre 2 e 5 anos, a taxa de registrados avançou de 98,2% para 99,5%.

"Na certidão de nascimento, documento entregue à família pelo cartório, constam as informações fundamentais do registro civil de nascimento, que reconhece, perante a lei, o nome, a filiação, a data de nascimento, a naturalidade e a nacionalidade da pessoa. Além disso, este documento também é pré-requisito não só para a retirada de outros, como também para a garantia de acesso a serviços sociais básicos, para o recebimento das primeiras vacinas e a matrícula em escola ou creche", frisou o IBGE, no estudo.

Indígenas

Os indígenas permaneceram com a maior proporção de crianças não registradas, embora tenha havido avanço em uma década: 87,5% dos indígenas de até 5 anos de vida tinham registro de nascimento em 2022, o que significa um crescimento de 21,9 pontos porcentuais em relação ao levantamento de 2010, quando essa fatia era de apenas 65,6%. Os demais grupos por cor ou raça (brancos, pretos, pardos e amarelos) tinham menos de 1% das crianças sem registro de nascimento.

Entre as grandes regiões do País, o Norte teve o menor porcentual de crianças registradas em 2022, com 97,3%, mas evoluiu em 4,7 pontos porcentuais ante 2010, quando essa proporção era de 92,6%. No Nordeste, a proporção de crianças com registro subiu de 96,9% em 2010 para 99,3% em 2022; no Centro-Oeste, de 97,1% para 99,4%; e no Sul e Sudeste, de 98,9% para 99,6%.

No ano de 2022, o registro de bebês com menos de um ano chegou a 94,2% no Norte; 97,8% no Nordeste; 99,1% no Centro-Oeste; 99,4% no Sudeste; e 99,5% no Sul.

O IBGE aponta que 24 das 27 Unidades da Federação já têm pelo menos 98% dos nascimentos registrados em cartório. Os menores porcentuais foram verificados em Roraima (89,3%), Amazonas (96,0%) e Amapá (96,7%).

Embora haja tendência de melhora no registro civil de nascimentos, 16,1% dos municípios registraram queda na cobertura em relação ao Censo de 2010. Em 2022, os municípios com mais baixa cobertura de registro de crianças até cinco anos de idade foram Alto Alegre, com 37,7%, e Amajari, com 48,1%, ambos em Roraima.

"As informações do Censo para esses Municípios estão alinhadas com as elevadas estimativas de sub-registro de nascimentos, divulgadas pelo IBGE, para os nascimentos ocorridos em 2022, segundo o lugar de residência da mãe. Com base nas informações sobre o sub-registro de nascimento por Município, divulgadas em 2022 pelo IBGE, estima-se que em Alto Alegre nasceram no ano de 2022 um total de 756 crianças filhos de mães residentes no Município, mas 508 dessas crianças não foram registradas em 2022, nem até o 1º trimestre de 2023, gerando um sub-registro de 67,2% para o Município. Em Amajari, a estimativa para o sub-registro de nascimento foi de 65,2%, ou seja, estima-se que em 2022 nasceram 434 crianças filhos de mães residentes em Amajari, mas 283 não foram registradas no citado período", apontou o estudo.

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O cantor Zayn Malik, ex-membro do One Direction, adiou os shows de sua turnê solo após a morte do colega de banda Liam Payne na quarta-feira, 16. O anúncio foi feito via stories, no perfil do Instagram do cantor.

"Devido à perda de partir o coração sofrida nesta semana, tomei a decisão de adiar a turnê Stairway to the Sky nos Estados Unidos. As datas estão sendo remarcadas para janeiro e eu as postarei assim que estiver tudo certo, nos próximos dias. Os ingressos continuarão válidos para as novas datas", escreveu Malik. "Amo todos vocês e obrigada pela compreensão", finalizou.

O britânico daria início às apresentações nos EUA na próxima quarta-feira, 23, com shows até 3 de novembro. Entre 20 de novembro e o início de dezembro, ele se apresentará em casa, no Reino Unido.

Liam Payne morreu após cair da sacada de um hotel, do terceiro andar, em Buenos Aires, na Argentina. Nos últimos dias, os ex-colegas de banda publicaram homenagens em seus respectivos perfis nas redes sociais, além de uma nota conjunta no Instagram oficial da banda.

"Estamos completamente devastados com a notícia da morte de Liam. Quando estivermos prontos, teremos mais a dize. Por enquanto, vamos nos dar tempo para lidar com o luto e processar a perda de nosso irmão, a quem amávamos profundamente", dizia a nota.

Compartilhando uma foto antiga com Payne, Malik escreveu: "Não há palavras que possam descrever como estou me sentindo agora, além de estar profundamente devastado. Espero que, onde quer que você esteja, esteja em paz e saiba o quanto é amado. Te amo, irmão."

A autópsia do corpo apontou que o ex-One Direction morreu em decorrência dos ferimentos múltiplos sofridos na queda do terceiro andar.

De acordo com o relatório oficial, os traumas na cabeça já foram o suficiente para levar o cantor à morte.

As autoridades locais continuam investigando a morte a fim de reconstituir as últimas horas de Payne.

Outros hóspedes do hotel ouvidos pela imprensa britânica e pela polícia argentina relataram a presença de um "homem agressivo que pode estar sob efeito de drogas e álcool" no hotel.

O Knotfest Brasil 2024, festival liderado pela banda Slipknot, começa neste sábado, 19, no Allianz Parque, em São Paulo, e também conta com shows no domingo, 20. O baterista brasileiro Eloy Casagrande, ex-Gloria e ex-Sepultura, tocará pela primeira vez com a nova banda em seu País hoje.

"Vai ser épico!", escreveu o músico em seu Instagram. Sua imagem também foi utilizada pelo perfil oficial do grupo para divulgar o show de hoje.

Eloy Casagrande foi oficializado pelo grupo em 30 de abril deste ano. O fato gerou desconforto com seus ex-colegas de Sepultura, com quem vinha tocando até então.

"Ele anunciou que estava indo para o Slipknot. Do nada. Ele falou no dia, lógico que ele falou, mas não era a nossa obrigação anunciar isso, né? A gente não tem nada a ver com a história dele com a banda. Mas foi bem esquisito", comentou Andreas Kisser à época.

Os fãs que vão ao evento podem se preparar para ir de metrô, ônibus ou carro. Clique aqui para conferir mais detalhes sobre como chegar ao Allianz Parque neste sábado de chuva.

Até o momento, o setlist oficial ainda não foi divulgado, mas espera-se um show com os principais hits no sábado, 19, e um setlist com as músicas do álbum Slipknot, de 1999, no domingo, 20.

O olhar sensitivo de Thomaz Farkas (1924-2011) segue mais impactante do que nunca na nova exposição em homenagem aos 100 anos do emblemático fotógrafo húngaro-brasileiro.

A retrospectiva Thomaz Farkas, todomundo, que será aberta neste sábado, 19, no IMS Paulista, vai ocupar dois andares do centro cultural, reunindo cerca de 500 itens, entre fotos, filmes, documentos e equipamentos. Por um acordo com o próprio fotógrafo, o instituto assumiu a guarda e a preservação da sua obra fotográfica, composta por mais de 34 mil imagens.

Farkas é uma das maiores referências da fotografia moderna e do cinema documental brasileiro. Em 2024, ele também foi homenageado na 29ª edição do festival de cinema É Tudo Verdade com a montagem de uma retrospectiva de sua produção cinematográfica.

Nascido em Budapeste no dia 17 de outubro de 1924, Thomaz imigrou com os pais para São Paulo aos seis anos e logo ganhou sua primeira máquina fotográfica. Após a morte do pai, em 1960, ele herdou a direção da Fotoptica, empresa pioneira na venda de equipamentos do gênero. Ao longo de sua carreira, teve papel crucial na valorização da diversidade social do Brasil.

"O projeto vem de uma consciência clara da importância do Thomaz como um artista de linguagem universal", diz Sergio Burgi, coordenador do IMS, ao Estadão. "O desafio geral foi apresentar sua trajetória múltipla, marcada por uma simultaneidade. Enquanto ele trabalhava na fotografia, produzia filmes, tocava a loja", acrescenta.

A exposição reflete as várias facetas do homenageado, reconhecido pela atenção à riqueza cultural do Brasil. Em uma das seções, é possível ver imagens inéditas - e coloridas - de São Paulo nos anos 1940.

"Thomaz viveu as contradições dessa cidade. As fotos respondem a uma cidade do pós-guerra, numa promessa de estruturação, modernidade", explica Burgi. "Há uma marca nessa exposição toda, que é a marca do trabalho do Thomaz: ele estava sempre interessado no atual, no agora. Em toda a sua trajetória, dos anos 40 até o final dos anos 2000, ele queria saber da transformação", complementa o curador Juliano Gomes.

Farkas, um humanista na essência, enfrentou a censura do governo Vargas e foi perseguido pela ditadura militar. Em 1960, ele registrou a inauguração de Brasília, onde contrastou a euforia em torno do presidente Juscelino Kubitschek com os problemas sociais da Cidade Planejada e as condições precárias dos imigrantes.

"Os censores não sabiam ler as fotografias. Então, os jornais publicavam muito mais imagens, porque os textos eram cortados, censurados. Os fotógrafos começaram a perceber isso, a se organizar em associações, agências", lembra a curadora Rosely Nakagawa, ex-colega de Farkas na Galeria Fotoptica, criada em 1979 para promover conversas sobre a imagem, seminários, entre outras atividades. "Para nós, a fotografia é tratada com essa importância de uma pessoa que pensava a imagem não só no papel, mas com compromisso social", diz.

Em outra ala, é possível testemunhar a influência do artista sobre toda uma geração. Algumas de suas fotografias são apresentadas lado a lado com outros autores presentes na coleção, como Alice Brill e Walter Firmo, numa proposta de conexão entre temas e estilos.

Além da fotografia

A faceta cinematográfica do artista tem grande destaque na exposição, repleta de projeções e alas interativas. Essa linguagem foi consolidada no projeto Brasil Verdade, composto por quatro filmes com cerca de 30 minutos de duração cada um: Memória do Cangaço, Subterrâneos do Futebol, Nossa Escola de Samba e Viramundo - neles, a intenção de Farkas foi retratar aspectos singulares da identidade nacional.

"Nesse conjunto de filmes feitos em 1964 e 65, há um desenvolvimento tecnológico muito importante, com câmeras menores, nas quais era possível gravar o som das pessoas falando em sincronia com a câmera. Havia a possibilidade mais móvel e mais moderna de ouvir a voz do brasileiro, os sotaques. Essa técnica mudou o cinema no mundo", analisa Juliano Gomes.

A exibição também traz diversos títulos da série A Condição Brasileira, com 19 filmes produzidos entre 1967 e 1972 no interior do Nordeste, onde Farkas coordenava equipes que viajavam pelo País para documentar manifestações coletivas da região.

"O nordeste é de uma riqueza infinita, mas só hoje conhecemos a potência cultural do Cariri, por exemplo, de Juazeiro", ressalta Rosely. "E esse acompanhamento da cultura brasileira que Thomaz fazia foi muito importante, porque o Sudeste tem essa visão egocentrista de que tudo de bom acontece no Rio e São Paulo, mas isso tudo é construído por gente do Nordeste", reforça.

O projeto ainda aborda outras frentes de atuação de Thomaz Farkas no campo institucional e empresarial, com destaque para o apoio à primeira edição do Festival Videobrasil, em 1983, precursor na difusão do vídeo como linguagem artística e que vem sendo realizado ao longo das últimas quatro décadas.

Outro ponto alto da mostra tem a música como protagonista em dois documentários históricos. O público pode assistir a um raríssimo registro de Pixinguinha captado em 1954, no Parque Ibirapuera, durante as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.

A filmagem, que ficou perdida por 50 anos e foi lançada em Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba (2006), é exibida de maneira contraposta à película Hermeto Campeão (1981), responsável por apresentar Hermeto Pascoal em meio aos mais variados e improvisados instrumentos que ele toca no estúdio de sua casa.

"Há um diálogo entre os dois em tempos diferentes, décadas diferentes. Às vezes parece que Pixinguinha está tocando a música do Hermeto e às vezes que o Hermeto está tocando o Pixinguinha. É uma brincadeira que gostamos muito de fazer e dá um tom alegre característico do Thomaz", diz Gomes, empolgado com o "dueto" de gênios projetado em telas enormes.

Thomaz Farkas, todomundo acentua, acima de tudo, a curiosidade de um homem que imprimiu em suas fotos o amor pelo Brasil. "Quem vier vai se identificar e sentir esse olhar afetuoso dele", afirma Rosely. "É a importância da fotografia como memória, como construção de uma vida. Todos somos feitos de memórias".

Thomaz Farkas, todomundo

Abertura: 19 de outubro de 2024

Visitação: até 9 de março de 2025, 3ª a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h

Onde: IMS Paulista (Av. Paulista, 2.424) | 8º e 7º andares

Entrada: gratuita