Policial prende assassino do próprio pai 25 anos após crime: 'Justiça feita'

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A Polícia Civil de Roraima prendeu na quarta-feira, 25, na capital Boa Vista, um homem condenado pelo assassinato do comerciante Givaldo José Vicente de Deus, em fevereiro de 1999. O criminoso, identificado como Raimundo Alves Gomes, 60 anos, que já tinha a prisão decretada de forma definitiva desde 2019, foi localizado em uma região de chácaras na capital roraimense.

Ao saber da notícia da prisão, a escrivã Gislayne de Deus, de 35 anos, filha de Givaldo, chorou de alívio. "É o encerramento de um ciclo. A gente pensava que era um momento que nunca ia chegar e, de repente, aconteceu", relatou a policial ao Estadão. A defesa de Raimundo não foi localizada pela reportagem.

Natural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e formada em Direito, Gislayne ajudou os policiais a prender o autor do crime. Ela tomou posse no cargo de escrivã da Polícia Civil de Roraima há poucos meses, em julho deste ano. Antes, ocupava o cargo de agente na Polícia Penal desde 2022.

À reportagem, ela conta que o principal objetivo ao entrar na polícia era garantir maior estabilidade financeira e profissional. Mas, ter perdido o pai por uma pessoa que ainda não tinha sido presa também provocou nela, não o sentimento de vingança, mas o desejo de ajudar quem passou e passa pela mesma situação.

"Quando eu saí da (Polícia) Penal para ir para a (Polícia) Civil, vi uma oportunidade de auxiliar com meu trabalho e a dar algum tipo de resposta para as pessoas, para as famílias e também para o Judiciário, que vai levar esse investigado a cumprir a sua pena e a responder pelo crime que cometeu", diz.

O crime aconteceu há 25 anos, em fevereiro de 1999, quando a escrivã tinha nove anos. Givaldo José Vicente, pai de Gislayne, era proprietário de um comércio em Boa Vista, e Raimundo era um dos fornecedores do estabelecimento. Ambos eram conhecidos e até descritos como "amigos" pela policial. Mas, por conta de uma dívida de R$ 150, Raimundo atirou contra Givaldo em um bar, no bairro Cambará, também na capital.

Raimundo chegou a ser preso em flagrante, mas foi solto 17 dias depois, segundo Gislayne. Ela conta que toda a sua família não entendeu os motivos que levaram a Justiça a decidir pela soltura do então suspeito, que passou a responder o processo em liberdade.

"A gente vivia em alerta. Será que, se eu for para o interior, eu vou encontrá-lo? A gente ficava com essa sensação de atenção por imaginar que ele estivesse em algum lugar. Eu sempre ficava buscando (por ele)", diz Gislayne.

Raimundo foi julgado em 2016 e condenado a 12 anos de prisão, em regime fechado, pela morte de Givaldo José Vicente de Deus. Após apresentação de recursos, o mandado foi expedido de forma definitiva só em 2019. Desde então, ele esteve foragido até ser localizado e preso na última quarta-feira.

Gislayne conta que a investigação na Delegacia Geral de Homicídios (DGH) já tinha sido encerrada e que só restava cumprir o mandado de prisão que estava em aberto.

"Os colegas dizem que a prisão (do Raimundo) foi por minha causa porque eu levei o mandado de prisão e pedi para a DGH (Delegacia Geral de Homicídios) procurar por ele sem, claro, abandonar as outras investigações em curso", diz a escrivã. "Eu passei só a informação, mas a parte de investigação, de levantamento de dados, de paradeiro, foi a equipe da DGH e do DEIN, o Departamento de Inteligência, da Secretaria de Segurança Pública".

"Quando os colegas fizeram a prisão, eles me ligaram. Naquele primeiro momento, eu confesso que chorei muito porque é o encerramento de um ciclo. A gente pensava que era um momento que nunca ia chegar e, de repente, aconteceu. Então, em um primeiro momento, senti muita emoção", lembra.

Gislayne conta que teve que se recompor e fez questão de conversar com o homem condenado pela morte do seu pai. "Eu vim para a DGH e foi o momento que eu o vi. Perguntei se ele sabia quem eu era, e falei: 'Eu sou a filha da pessoa que você matou e eu quero dizer que o senhor vai cumprir a sua pena e vai pagar pelo que fez'".

Segundo a escrivã, o homem pouco reagiu. Não chorou, não pediu desculpas ou esboçou algum arrependimento. Disse apenas que "não precisava ter sido assim", comentou a policial.

Gyslaine diz que a sensação de ver Raimundo preso, mesmo que ele pague apenas uma parte da pena, "é de paz e justiça". "Esse sentimento de injustiça nos acompanhou por muito tempo, praticamente durante esses 25 anos. Só tivemos a sensação de justiça efetiva, feita, agora, em 2024. E esse sentimento é indescritível", comentou.

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O cantor Johnny Hooker irritou fãs do filme Ainda Estou Aqui, por dizer nesta quarta-feira, 20, que Fernanda Torres tem "chances nulas" de ganhar o Oscar de Melhor Atriz. Mais cedo, ele havia dito que a "verdadeira vencedora" da premiação será Demi Moore, estrela de A Substância.

As declarações de Hooker foram feitas em formato de comentário a partir de um post da Academia do Oscar nas redes sociais. Pouco depois, ele se manifestou: "Ser fã de Demi Moore e comentar numa foto dela aparentemente virou crime contra o Brasil kkk remédio psiquiátrico na água do povo já", escreveu, no X.

Ele também afirmou que a corrida ao Oscar não é competição de futebol e que torce bastante pelas indicações de Fernanda e de Ainda Estou Aqui na premiação.

Horas depois, o cantor compartilhou uma nota pedindo desculpas. "Não tive intenção de desrespeitar ou diminuir o trabalho de qualquer profissional, muito menos da atriz Fernanda Torres, a qual amo e admiro. Minha fala foi baseada em uma análise estatística, não oficial, pois amo cinema e acompanho há anos a dinâmica da premiação, sei do protecionismo que existe na indústria dos EUA e do quão difícil pode ser ganhar. Minhas palavras foram mal recebidas", diz o comunicado.

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) revelou os vencedores da 66ª edição do Prêmio Jabuti na última terça-feira, 19, em uma cerimônia que consagrou Rosa Freire D'Aguiar, ganhadora do Livro do Ano (concedido à obra melhor classificada entre as categorias dos Eixos Literatura e Não Ficção) por Sempre Paris: Crônica de uma Cidade, Seus Escritores e Artistas.

A premiação também contou uma vitória para Itamar Vieira Junior, por seu romance Salvar o Fogo, e um prêmio póstumo para Contardo Calligaris. O psicanalista, escritor e dramaturgo foi reconhecido na categoria Saúde e Bem-Estar pelo livro O Sentido da Vida. A seguir, o Estadão lista uma série de críticas e entrevistas para conhecer melhor os premiados do Jabuti 2024. Confira:

'Sempre Paris: Crônica de uma Cidade, Seus Escritores e Artistas'

Na obra, Rosa Freire D'Aguiar reúne entrevistas realizadas com grandes escritores, artistas e intelectuais, durante uma janela de cerca de 20 anos, entre o final dos anos 1970, anos 1980 e um pouco da década de 1990, quando viveu em Paris, trabalhando com jornalistas. A partir das conversas, vêm as memórias, e a autora disseca o cenário parisiense que conheceu e chamou de casa, em sua longa estadia. Aparecem na obra personalidades como Alain Finkielkraut, Alberto Cavalcanti, Conrad Detrez, Élisabeth Badinter, Ernesto Sabato, Eugène Ionesco e Norma Bengell. A obra é publicada pela Companhia das Letras.

'Salvar o Fogo'

Em seu livro vencedor da categoria de Romance Literário, Itamar Vieira Júnior acompanha Luzia do Paraguaçu, uma mulher que busca na coragem o caminho para ultrapassar as maiores injustiças. Órfão de mãe, Moisés encontra afeto em Luzia, estigmatizada entre a população por seus supostos poderes sobrenaturais. Para ganhar a vida, ela se torna a lavadeira do mosteiro da região e passa a experimentar uma vida de profundo sentido religioso, o que a faz educar Moisés com extrema rigidez. Salvar o Fogo é publicado pela Todavia. Leia a entrevista em que Vieira Júnior fala sobre o livro, que veio após o bem-sucedido Torto Arado.

'O Ninho'

Ganhador da categoria de Conto, o livro de Bethânia Pires Amaro reúne 15 contos que se aprofundam nas complexidades das relações familiares, acompanhando personagens femininas que enfrentam mazelas diversas. Através de suas histórias, somos lembrados de que a casa não é necessariamente um espaço sacro ou seguro. Publicada pela Record, a obra já havia vencido o Prêmio Sesc 2023.

Vencedor da categoria de Saúde e Bem-Estar, o livro de Contardo Calligaris foi publicado postumamente -- o autor morreu aos 72 anos, em 2021, em decorrência de um câncer. Na obra, publicada pela Paidós, Calligaris reúne reflexões sobre a obrigação da felicidade, o "morrer bem" e o sentido da vida, costurando suas memórias e vivências com estes temas universais. Leia a resenha do livro.

'Baviera Tropical'

Escrito por Betina Anton e publicado pela Todavia, o livro ganhador em Biografia e Reportagem reconta a trajetória de Josef Mengele, o mais infame dos médicos nazistas, e sua vida no Brasil. A autora investiga como foi possível que Mengele, apelidado de "Anjo da Morte", tenha conseguido levar uma vida relativamente pacata por cerca de vinte anos no País. Leia a resenha de Baviera Tropical e saiba mais sobre como a obra e o livro Surazo se debruçam sobre a vida que nazistas procurados tiveram na América do Sul.

Marina Colasanti

A homenageada como Personalidade Literária de 2024 foi Marina Colasanti. Aos 87 anos, e com mais de 50 anos de carreira, a autora ítalo-brasileira - que coleciona nove estatuetas do Jabuti - foi escolhida "por sua contribuição à literatura, com livros que tratam de temas universais de maneira simples e poética, conquistando leitores de todas as idades". No ano passado, a autora falou ao Estadão sobre ser reconhecida por importantes prêmios literários. "Cheguei numa idade em que ter a minha estrada vista, enaltecida, representa um ponto avançado de um ciclo, que é a minha própria vida dedicada à literatura. É muito bom", disse.

Tatá Werneck anda emotiva nesta última temporada do Lady Night, que vai ao ar no Multishow. Ivete Sangalo é a convidada do programa desta quarta-feira, 20 e conseguiu emocionar a apresentadora ao falar sobre relacionamentos amorosos com diferença de idade.

Assim como a atriz, casada com Rafael Vitti que tem 12 anos a menos, a Diva do Axé também tem uma relação com um parceiro mais novo, o nutricionista Daniel Cady. Ele tem 39 anos e ela, 52.

Tatá perguntou se a cantora acredita que o casamento dela com o ator tem futuro no quadro Hector Bolígrafo, e acabou ficando com lágrimas nos olhos quando ouviu a resposta de Ivete. "Não só acho que vocês têm futuro, como acho que vão ser aquele casal para vida toda", disse a cantora.

"Tenho a situação de ser casada com um cara muito mais jovem do que eu. Em nenhum momento a gente fala sobre isso porque isso não determina absolutamente nada. O que determina para nós a diferença de idade é quanto o tempo foi desgovernado de não nos unir no mesmo tempo, mas ele deu um jeito de correr um pouquinho e jogar a gente na mesma era", refletiu.

Respondendo à pergunta de Tatá, Ivete concluiu: "O tempo fez isso, jogou vocês no mesmo espaço e tempo para vocês se encontrarem. Vocês vão viver lindos e para todo o sempre." A apresentadora então disse, emocionada e bem-humorada: "Você me fez chorar no polígrafo".