Ex-chefe de gabinete de Trump diz que o republicano 'governaria como ditador'

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O ex-chefe de gabinete durante o governo de Donald Trump, John Kelly, disse nesta quarta-feira, 23, que vê o candidato republicano à presidência dos EUA governando "como um ditador" se eleito para outro mandato na Casa Branca. A fala foi publicada em uma entrevista feita pelo The New York Times.

Kelly, um ex-general e chefe de gabinete que foi próximo do ex-presidente, lembrou que Trump disse que Adolf Hitler "fez algumas coisas boas" e que o ex-presidente chamou os membros feridos do exército de "perdedores e otários". Kelly disse que os comentários recentes de Trump sobre tomar medidas contra um "inimigo interno" o levaram a vir a público, dados os riscos à democracia.

Kelly não declarou apoio a nenhum candidato. "Em muitos casos, eu concordaria com algumas de suas políticas", disse ele. "Mas, novamente, é muito perigoso ter a pessoa errada eleita para um alto cargo", afirma.

Em outra categoria

O desempenho do MDB nas urnas no primeiro turno das eleições e projeções para o segundo turno, no próximo domingo, já levam PT e PL a tentar atrair a legenda. O MDB foi o segundo partido com mais prefeitos eleitos, vencendo em 847 cidades na primeira fase da disputa. O PSD, partido do ex-ministro e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, foi a legenda que mais obteve votos no primeiro turno: a sigla elegeu 878 prefeitos no primeiro turno.

Publicamente, petistas já afirmam que Lula deve ampliar o arco de alianças para 2026, incluindo o MDB. Conforme publicado pelo colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, citou o partido de Nunes como um a ser incorporado à aliança petista durante uma conversa com a diretoria da XP, em São Paulo.

Mas o bolsonarismo também está de olho na legenda. Nesta terça, 22, em coletiva de imprensa após participar de um evento de campanha de Nunes, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi questionado se buscaria o apoio do MDB em uma eventual candidatura em 2026 e respondeu: "É lógico".

O fato de a sigla estar à frente da capital paulista e se equilibrando entre o governo federal e o estadual levanta dúvidas sobre qual rumo tomará em 2026: se continuará alinhada a Lula ou se embarcará num projeto de centro-direita.

Disputa

Caso vença a Prefeitura de São Paulo, o MDB vai travar uma disputa acirrada com o PSD pelo título de partido que governa o maior número de brasileiros. No primeiro turno, a legenda de Nunes perdeu a liderança que mantinha há anos no número de prefeitos, ficando atrás do PSD por uma diferença ínfima de cerca de 30 cidades. Será também a primeira vez que o MDB conquistará a Prefeitura da capital paulista por voto popular - o único prefeito do MDB em São Paulo foi Mário Covas, nomeado em 1983 pelo então governador Franco Montoro, durante a ditadura militar. Nunes foi vice na chapa do prefeito Bruno Covas (PSDB), que morreu no exercício do cargo, em 2021.

Fator Tarcísio

Embora haja pouca disposição no MDB para apoiar Bolsonaro em 2026, a ideia de seguir um projeto liderado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é vista com entusiasmo. Segundo apurou o Estadão, desde que assumiu a Presidência, Lula não chamou o deputado federal Baleia Rossi, líder do MDB, para uma conversa, o que incomodou o dirigente nacional. Esse distanciamento contrasta com a postura de Tarcísio.

O MDB teve um papel decisivo na vitória de Lula em 2022. Embora a sigla tenha declarado neutralidade, a direção nacional liberou seus filiados para apoiar tanto o petista quanto o então presidente Jair Bolsonaro. Essa decisão abriu espaço para que a emedebista Simone Tebet, que alcançou cerca de 4% dos votos no primeiro turno do pleito, apoiasse Lula, ajudando a garantir a vitória apertada do petista sobre o então candidato do PL.

Se, no governo Bolsonaro, o MDB não ocupou o primeiro escalão, sob Lula, conquistou o comando de três ministérios: Cidades, com Jader Filho; Transportes, com Renan Filho; e Planejamento, com a própria Simone Tebet.

Apesar do alinhamento com a esquerda em nível federal, em São Paulo, Estado mais populoso do País, o MDB se aproximou de Tarcísio durante as eleições deste ano, com o governador se tornando um dos principais entusiastas do projeto emedebista na capital.

A articulação de Baleia Rossi com Tarcísio levou o PL a desistir de lançar uma candidatura própria e aderir à coligação do prefeito. A relação entre os dois partidos - PL e MDB - se tornou mais estreita com a indicação de Bolsonaro para a vice de Nunes, o que colocou a digital do bolsonarismo na principal vitrine do MDB no Brasil. No primeiro turno, a legenda garantiu as prefeituras de duas capitais: Boa Vista (RR) e Macapá (AP).

No domingo, 27, aposta em vitórias em Belém (PA), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Na capital paulista, Nunes é apoiador de Bolsonaro e chegou a ameaçar deixar o MDB em 2022, quando Simone Tebet subiu no palanque de Lula.

'Bolsonarização'

Na eleição deste ano, Baleia Rossi foi coordenador da campanha de Nunes e trabalhou para evitar uma "bolsonarização" da candidatura, fazendo o meio de campo para que o prefeito não entrasse em embates diretos com o governo federal, conforme aliados. Nunes, de fato, pouco falou sobre Lula durante a campanha, mantendo a rivalidade apenas com Boulos.

Pesquisa Quaest sobre o segundo turno em São Paulo divulgada ontem mostra Nunes com 44% das intenções de voto e Boulos com 35%. O cenário se mantém com alterações apenas dentro da margem de erro. Segundo o levantamento, 19% dos eleitores afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto caso o pleito fosse hoje; outros 2% se disseram indecisos.

Na pesquisa anterior do instituto, divulgada na quarta-feira da semana passada, 16, Nunes apareceu com 45% das intenções de voto, ante 33% das menções para Boulos. Eram 19% os votos em branco, nulos e quem disse que não vai votar, e 3% dos eleitores entrevistados não responderam.

Oscilação

Comparado ao novo resultado, Nunes oscilou um ponto para baixo, enquanto Boulos oscilou dois para cima. O levantamento da Quaest entrevistou 1.200 eleitores paulistanos entre os dias 20 e 22 de outubro, tem margem de erro de três pontos porcentuais, índice de confiança de 95% e registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-06257/2024.

O deputado Luciano Zucco (PL-RS) enviou ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, um pedido de investigação sobre o programa de comitês de cultura do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Lançado no ano passado pelo Ministério da Cultura, o programa firmou convênio com entidades da sociedade civil de cada estado para difusão da cultura. Entre as organizações contempladas, duas ligadas a assessores da própria pasta, como revelou o Estadão.

A seleção das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) para coordenar os comitês se deu por meio de edital - segundo a definição usada pelo Sebrae, OSC pode ser usado como sinônimo de Organização Não Governamental (ONG).

Também são beneficiadas ONGs comandas por militantes do PT. Em dois anos, o programa vai repassar R$ 58,8 milhões. Os termos de colaboração das entidades com o ministério foram firmados em dezembro. De lá para cá, o governo já pagou cerca de 26% dos R$ 58 milhões.

Em nota, o ministério afirmou que as contratações se deram com base em critérios técnicos, seguidos de forma rigorosa, e na qualificação dos profissionais. Também acrescentou que não há conflito de interesses.

O deputado Zucco, integrante da oposição ao governo Lula na Câmara, quer que o TCU avalie a "legalidade dos procedimentos de seleção, contratação e repasse de recursos".

"Tal denúncia suscita a necessidade de verificação criteriosa quanto ao cumprimento dos princípios da moralidade, legalidade, impessoalidade e eficiência no uso dos recursos públicos, conforme o artigo 37 da Constituição Federal.", disse, no ofício.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o advogado Luiz Pires Moraes Neto, preso preventivamente na Operação Churrascada, que investiga a venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de São Paulo. Toffoli considerou que houve constrangimento ilegal na ordem de prisão.

O alvo principal da Churrascada é o desembargador Ivo de Almeida. Moraes Neto teria viajado ao Paraguai para pegar R$ 1 milhão. O dinheiro seria destinado à "compra" de um habeas corpus.

"Não se nega a gravidade das supostas condutas objeto da investigação instaurada contra o paciente (Moraes Neto). Nada obstante, por mais graves e reprováveis que elas sejam, isso não justifica, por si só, a decretação da prisão cautelar", diz o ministro.

Em nota, a defesa afirma que a decisão reconhece que a prisão do advogado "não possuía motivação válida, base empírica e razoabilidade".

Moraes Neto foi preso por ordem do ministro Og Fernandes, relator da investigação da Operação Churrascada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro considerou que ele poderia tentar obstruir o inquérito se fosse mantido em liberdade. O advogado passou três meses foragido até ser preso, em setembro.

A Polícia Federal pediu a prisão alegando que ele tentou apagar remotamente dados do celular apreendido na investigação. A defesa, por sua vez, afirma que o advogado apenas habilitou a linha telefônica em um novo aparelho para continuar trabalhando.

Segundo Toffoli, a transferência do perfil entre os celulares não é suficiente para concluir "categoricamente" que o advogado tentou apagar informações.

"Não havia qualquer medida cautelar impedindo a utilização de novo aparelho celular, tampouco exigindo a manutenção dos seus arquivos digitais. Não se podendo afirmar categoricamente que o procedimento de habilitação de novo celular, com transferência de perfil de usuário, visava comprometer a cadeia de custódia", escreveu o ministro.

A investigação da Operação Churrascada aponta que o advogado viajou ao Paraguai em 2020 para buscar o dinheiro que seria dado como propina ao desembargador Ivo de Almeida em troca de um habeas corpus para o traficante Romilton Hosi, homem de confiança de Fernandinho Beira Mar. A decisão teria sido negociada por R$ 1 milhão, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os investigadores suspeitam que o advogado tenha negociado outras decisões com interlocutores do desembargador, que está afastado das funções por ordem do Superior Tribunal de Justiça. Ivo de Almeida nega enfaticamente a prática de ilícitos. Várias testemunhas já ouvidas pela PF no inquérito negam o envolvimento do desembargador com corrupção.

A PF e a PGR afirmam ter identificado pagamentos de Luiz Pires Moraes Neto a um posto de combustível supostamente usado para lavar dinheiro de propina. As transações teriam ocorrido dias antes de Ivo colocar em prisão domiciliar um cliente do advogado condenado por roubo e estelionato.

Em depoimento à Polícia Federal, Luís Pires de Moraes Neto negou a existência do esquema. Questionado sobre mensagens trocadas com Wellington Pires, guarda civil metropolitano, que foi o pivô da investigação, ele afirmou que as conversas eram "bravatas" e "mensagens de boteco".

Em uma conversa, o advogado pergunta se havia outro desembargador "na mão". "De todas essas conversas, não há qualquer decisão ou procuração em processos", alegou.

A PF chegou a pedir a prisão preventiva do desembargador, mas a Procuradoria-Geral da República se opôs. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) investiga o caso na esfera administrativa.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO ADVOGADO LUIZ PIRES MORAES NETO

Os advogados de Luiz Pires Moraes Neto, envolvido indevidamente na denominada "Operação Churrascada", reforçam, nos termos e no quanto deduzido no habeas corpus impetrado perante o STF, que a prisão decretada a seu desfavor pela Superior Corte não possuía motivação válida, base empírica e razoabilidade, o que felizmente acabou sendo reconhecido na decisão que revogou a medida preventiva e determinou sua soltura.

Daniel Bialski, Bruno Borragine, Guilherme Ruiz Martins, Vitória Dias, Victor Bialski e André Bialski