Eleições nos EUA: por equilíbrio fiscal, mercado torce por Congresso dividido

Internacional
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Em meio a uma campanha acirrada, nos arredores de Wall Street - próximo à Bolsa de Valores de Nova York -, a torcida é para que a liderança do Legislativo americano seja dividida para evitar possíveis impulsos fiscais, agravando ainda mais o cenário da dívida pública dos EUA, independentemente de quem vença nas urnas.

Esta eleição põe em jogo todas as 435 cadeiras da Câmara. No Senado, 34 dos 100 senadores buscam a reeleição. "Não achamos provável que qualquer um dos lados tenha uma maioria muito forte no Congresso", avalia o economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman.

O Senado, atualmente liderado pelos democratas, pode passar às mãos dos republicanos, de acordo com o cenário projetado por diferentes bancos e consultorias. A grande incógnita está quanto ao controle da Câmara dos Deputados, que historicamente tende a favorecer o partido que leva também a Casa Branca, embora nem sempre seja assim.

Câmara

O Inside Elections, um provedor de análise eleitoral não partidária, deu aos democratas uma vantagem ao inverter o controle da Câmara. O partido da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, teria 214 assentos, ante 213 de cadeiras dos republicanos - outras oito estariam indefinidas ou seriam ocupadas por candidatos independentes.

A disputa está concentrada na Califórnia, que detém metade delas, conforme o provedor. "Independentemente disso, qualquer partido que controle o Congresso, provavelmente, terá apenas pequenas maiorias, o que deve funcionar como barreiras para novas medidas", disse Tiffany Wilding, economista da Pimco, maior gestora de renda fixa do mundo.

Para a Capital Economics, empresa independente de pesquisa econômica, há chances de que uma vitória de Donald Trump dê o controle de ambas as casas do Congresso aos republicanos. "Mesmo nesse cenário não esperamos que Trump tenha sucesso em aprovar um pacote de cortes de impostos adicionais no próximo ano", afirma a consultoria.

Gasto púbico

Tiffany afirma que, mesmo no caso de uma vitória republicana, o grau de expansão fiscal precificada nos rendimentos dos Treasuries - título do tesouro americano -, na reta final das eleições presidenciais nos EUA, provavelmente não ocorrerá. Ambos os partidos sinalizaram com aumento de gastos durante as campanhas, mas a direção da política fiscal dos EUA depende de quem controla o Congresso, pondera o JPMorgan.

O banco Goldman Sachs, em relatório, alerta ainda que o resultado das eleições ao Congresso podem demorar mais do que o da corrida à Casa Branca, em especial, se depender do desfecho na Califórnia. "O que pode levar várias semanas para ser contabilizado", projeta o gigante de Wall Street.

Rapidez

Já para a disputa presidencial, o Goldman Sachs projeta um cenário de apuração melhor do que em 2020, graças a mudanças no processamento das cédulas. "A parcela de votos pelo correio deve permanecer elevada em relação a 2016. Mas, dada a reversão de muitas exceções temporárias de votação durante a covid-19, deve haver menos abstenção", avaliam os analistas do Goldman Sachs.

Ao explicar as razões para as chances de o resultado da presidencial de agora ser mais rápido que em 2020, eles citam mudanças em determinados Estados. Michigan, por exemplo, começou a processar as cédulas dias antes da eleição, em comparação com 12 horas no dia oficial do voto, em 2020. Carolina do Norte e Flórida também devem divulgar resultados mais rapidamente. Há o temor, porém, de uma demora maior na Pensilvânia e em Wisconsin.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiram nesta segunda, 4, em suas redes sociais, ao decreto de prisão domiciliar emitido contra seu pai. Os políticos afirmaram que o País não é mais uma democracia e desferiram ataques contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado expediu a ordem de prisão após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicar discurso de seu pai em rede social neste domingo, 3.

Em inglês, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou em seu X (antigo Twitter): "Meu pai, Jair Bolsonaro, foi preso hoje por apoiar, de sua própria casa, o povo brasileiro que foi às ruas para protestar contra os abusos do ministro Alexandre de Moraes".

Eduardo considerou a prisão um ato de "abuso de poder para silenciar o líder da oposição brasileira" e afirmou que o País não é mais uma democracia.

Em nota publicada no X, Eduardo ainda diz que Alexandre de Moraes é "um psicopata descontrolado que jamais hesitaria em dobrar a aposta". O político diz que Moraes usa a prisão domiciliar como "cortina de fumaça" após as manifestações bolsonaristas de domingo, 3, e por ter sido alvo de sanções pela lei Magnistsky.

Autoexilado nos EUA, o parlamentar tem pedido por sanções contra Moraes e contra o País com o objetivo de obter anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai.

Eduardo escreveu, em outra publicação que o magistrado é um "juiz violador de direitos humanos que contamina toda a suprema corte".

"Um dia após a manifestação anti-Moraes e horas após a publicação do jornalista Michael Shellenberger de material sensível, que demonstra a perseguição de Moraes e sua equipe contra opositores de Lula e Moraes, o juiz da suprema corte brasileira decreta a prisão de Bolsonaro."

Outro filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), postou vídeo de entrevista que deu à CNN em seu X.

Na gravação, ele acusa Moraes de parcialidade e vingança. Para o senador, a prisão é um desejo pessoal do ministro e "uma clara demonstração de vingança as sanções que ele sofreu via Lei Magnistsky".

"Processo de fachada, um jogo de cartas marcadas, era tudo o que Alexandre de Moraes queria: se vingar do presidente Bolsonaro", afirma sobre o julgamento de seu pai.

Além disso, Flávio diz que o País está em um regime autoritário. "Recebo essa notícia (sobre a prisão) com muita indignação; é mais um capítulo triste da história do Brasil, estamos oficialmente em uma ditadura", diz.

O parlamentar ainda desferiu críticas ao Senado e criticou o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP). "O Senado não está fazendo sua parte", disse, em referência a um movimento pelo impeachment de Moraes.

Os governadores de direita Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), todos aliados de Jair Bolsonaro (PL) e possíveis herdeiros dos votos do ex-presidente na corrida eleitoral de 2026, manifestaram apoio ao ex-chefe do Executivo após sua prisão domiciliar ser decreta nesta segunda-feira, 4, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por meio de seu X (antigo Twitter), Zema escreveu que a prisão é "mais um capítulo sombrio na história de perseguição política do STF". Ele manifestou solidariedade ao ex-presidente e disse que "Alexandre de Moraes agora colocou Bolsonaro em prisão domiciliar por ter sua voz ouvida nas redes".

A prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada por descumprimento das medidas cautelares. As restrições impediam o ex-presidente de usar redes sociais, mesmo por meio de aparelhos e contas de terceiros.

Neste domingo, 3, Bolsonaro discursou para manifestantes por meio de um telefonema com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Posteriormente, o político publicou o discurso nas redes, o que foi considerada uma quebra das medidas.

Ronaldo Caiado criticou o fato de o ex-presidente ser preso devido à publicação. "Se um cidadão não pode se manifestar publicamente em sua defesa, é porque o veredito está dado", escreveu por meio de nota oficial.

O governador de Goiás lamentou o encarceramento e disse que "infelizmente, antes da conclusão de seu julgamento, o ex-presidente já está condenado". Ele ainda afirma que o processo contra Bolsonaro "começou errado, quando o STF definiu pelo julgamento do ex-presidente em uma Câmara e não pelo Pleno da Suprema Corte".

De forma similar, Eduardo Leite declarou: "não gosto da ideia de um ex-presidente não poder se manifestar, e gosto menos ainda de vê-lo ser preso por isso, antes ainda de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte".

O político destacou que, desde a redemocratização, apenas um presidente não foi preso ou sofreu impeachment. Leite usou este fato como argumento para criticar o que chamou de "polarização" e o processo contra Bolsonaro: "Nosso País não merece seguir refém desse cabo de guerra jurídico-político que só atrasa a vida de todos há anos".

O governador ainda ressaltou que não discute "legalidade ou a razão jurídica" da prisão, mas pediu que a energia de autoridades não seja direcionada para "exterminar adversários".

Ratinho Júnior, ao se manifestar, também pediu pacificação. O paranaense escreveu: "briga não coloca mais comida na mesa do trabalhador. O Brasil precisa de união para seguir em paz. Ao ex-presidente Bolsonaro, a minha solidariedade".

O governador, sem citar o nome de Moraes ou o STF, fez criticas à Justiça e disse que "devemos buscar o equilíbro (sic), o fortalecimento das nossas instituições e, sobretudo, a harmonia dos Poderes, respeitando o que está previsto na Constituição". Ele ainda afirma que "não será com ativismo, seja de qualquer parte, que iremos construir um novo País".

Já Tarcísio de Freitas afirmou que "Bolsonaro foi julgado e condenado muito antes de tudo isso (o processo) começar" e questionou: 'Vale a pena acabar com a democracia?'.

O governador de São Paulo ainda afirmou que o aliado político é acusado de "uma tentativa de golpe que não aconteceu, um crime que não existiu e acusações que ninguém consegue provar".

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mantém em seu perfil no X (antigo Twitter) foto do seu pai discursando via telefone para manifestantes bolsonaristas que se reuniram na praia de Copacabana no domingo, 3. A postagem foi citada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na decisão que comunicou a prisão domiciliar do ex-presidente.

"Em 3 de agosto, Carlos Nantes Bolsonaro, filho do réu, também realizou postagem, na rede social X, com a foto de Jair Messias Bolsonaro com o pedido para seguirem o perfil do réu: 'sigam Jair Bolsonaro', tendo conhecimento das medidas cautelares", escreveu Moraes.

O ex-presidente está impedido de usar as redes sociais, até mesmo por intermédio de terceiros. Moraes entendeu que a divulgação de imagens e vídeos de Bolsonaro discursando para manifestantes no perfil de seus filhos foi um descumprimento da medida e pediu a prisão domiciliar.

"Não será admitida a utilização de subterfúgios para a manutenção da prática de atividades criminosas, com a instrumentalização de entrevistas ou discursos públicos como 'material pré-fabricado' para posterior postagens nas redes sociais de terceiros previamente coordenados", escreveu o ministro na decisão que proibiu o ex-presidente de usar as redes por intermédio de terceiros.

O irmão de Carlos, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também fez publicação parecida e divulgou seu pai discursando. O político, no entanto, apagou a gravação.

Sobre o post deletado, Moraes usou a ação como argumento para embasar a prisão. "O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil, na rede social Instagram, com a finalidade de omitir a transgressão legal", afirmou.