Trump começa a montar gabinete com seus aliados mais confiáveis

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O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, começou a dar cara ao seu novo gabinete com congressistas e pessoas leais ao seu movimento, indicando nomes para afastar o governo americano o mais rápido possível da agenda de Joe Biden. Após um primeiro mandato cercado de republicanos que tentaram reduzir o impacto de muitas de suas decisões, Trump pretende agora ter caminho livre para adotar suas políticas.

 

Na terça-feira, 12, Trump anunciou a governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem, como secretária de Segurança Interna, e o deputado Mike Waltz como conselheiro de Segurança Nacional. Noem foi notícia quando admitiu, em uma biografia, ter matado seu cachorro, atirando-o em um poço após ele ter atacado galinhas da fazenda vizinha.

 

Fora esse incidente, ela não é muito conhecida dos americanos. Em outubro, Noem apresentava um comício na Pensilvânia quando duas pessoas se sentiram mal na plateia e Trump decidiu passar 40 minutos balançando a cabeça ao som de uma trilha sonora que incluía Ave Maria, cantada por Luciano Pavarotti, e YMCA, do Village People. O tempo todo, a governadora dançou animada ao seu lado.

 

Já Waltz é um veterano das Forças Especiais do Exército, conhecido falcão de Washington e com grande experiência em política externa. Trump o descreveu como "um especialista nas ameaças representadas por China, Rússia, Irã e terrorismo global".

 

Israel

 

Como conselheiro de Segurança Nacional, ele terá a tarefa de reavaliar a ajuda dos EUA à Ucrânia. No passado, ele deu declarações favoráveis à continuidade do apoio americano, mas recentemente afirmou que os EUA não poderiam enviar um "cheque em branco" para Kiev na guerra contra a Rússia.

 

Outro anúncio de ontem foi o embaixador em Israel. Trump escolheu Mike Huckabee, ex-governador de Arkansas e pai de Sarah Huckabee Sanders, que foi secretária de imprensa da Casa Branca no primeiro mandato do republicano e atualmente ocupa o governo do Estado de Arkansas.

 

Na segunda-feira, 11, ele revelou as indicações de dois congressistas republicanos: a deputada Elise Stefanik, para ser embaixadora dos EUA na ONU, e o ex-deputado Lee Zeldin, para chefiar a Agência de Proteção Ambiental (EPA). Ambos foram fiéis escudeiros de Trump no primeiro mandato, principalmente durante os dois processos de impeachment.

 

O presidente eleito ainda não anunciou quem deve ocupar os cargos de maior visibilidade, como secretário de Estado e secretário de Justiça. A imprensa americana, no entanto, especula que o senador Marco Rubio, da Flórida, é favorito para ser o próximo chefe da diplomacia americana - segundo várias pessoas ligadas a Trump, que alertaram, no entanto, que ele ainda pode mudar de ideia.

 

Agilidade

 

As escolhas exigirão confirmação do Senado, o que leva tempo e, às vezes, pode apresentar problemas políticos. Para evitar esse cenário, embora os republicanos tenham obtido maioria, Trump exigiu na segunda-feira que o futuro líder da Casa permita que ele faça as nomeações sem audiências de confirmação, o que significaria um drible no Congresso e na Constituição.

 

No primeiro mandato, Trump estava menos preparado para a transição e reclamou que havia feito escolhas ruins, incluindo o senador Jeff Sessions, então secretário de Justiça. Trump demitiu Sessions em novembro de 2018, reclamando por ele ter se eximido de comandar a investigação sobre a influência russa na campanha de 2016, conduzida pelo procurador especial Robert Mueller.

 

No primeiro mandato, Trump também bateu de frente com Rex Tillerson, então secretário de Estado, que se queixava que o então presidente "não entendia conceitos básicos de política externa". Na ocasião, o New York Times citou fontes relatando que Trump estava irritado com a "linguagem corporal" de Tillerson, que revirava os olhos e fazia careta quando discordava do chefe nas reuniões entre eles.

 

Quando ocupou a Casa Branca, Trump teve problemas ainda com os generais John Kelly, seu chefe de gabinete, que durante a campanha chamou o republicano de "fascista", e Mark Milley, comandante do Estado-Maior Conjunto, que também se converteu em crítico. Trump não esconde seu desejo, manifestado publicamente, de levar à corte marcial oficiais da reserva, como Kelly, Milley e Mark Esper, seu ex-secretário de Defesa, que o criticaram na imprensa.

 

Alcance

 

Desta vez, ele pretende assumir uma máquina mais azeitada. Seus assessores estão analisando escolhas e examinando possíveis candidatos há meses, em alguns casos até anos, já prevendo a vitória nas eleições deste ano.

 

O gabinete de um presidente americano, normalmente, inclui 15 secretários, além do vice-presidente. Mas ele também tem de preencher outros cargos importantes, incluindo o chefe da EPA e o embaixador da ONU, que têm status de ministros. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, por suspeitas de tentativa de interferência no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Gonet se manifestou contra um recurso da defesa de Câmara solicitando sua liberdade. O ex-assessor foi preso no mês passado depois que o seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, apresentou ao STF uma petição na qual relatou ter mantido conversas com Mauro Cid para tentar obter informações da delação premiada.

Procurado na manhã deste domingo (27), Kuntz não respondeu aos contatos. O espaço está aberto para manifestação.

Nos diálogos apresentados por Kuntz, mantidos com um perfil de Instagram que o advogado atribuiu a Mauro Cid, ele pediu ao tenente-coronel que deixasse Marcelo Câmara de fora dos seus depoimentos e também sugeriu a ele que trocasse de advogado e lhe contratasse.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa...pede para ele falar sobre o Câmara…vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", escreveu Gonet.

Para o procurador-geral, "os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo".

Gonet argumenta que esses elementos de prova indicam a existência de riscos concretos ao andamento do processo e à aplicação da lei penal, o que justifica a manutenção da prisão de Marcelo Câmara. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar esses fatos.

"A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal", afirmou o procurador-geral da República.

O coronel já havia ficado preso entre janeiro e maio do ano passado depois que a Polícia Federal detectou que ele realizou ações de monitoramento dos passos do ministro Alexandre de Moraes. Câmara foi solto com a imposição de medidas cautelares, mas o ministro decretou a nova prisão após os fatos revelados por sua própria defesa.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.

Senadores brasileiros tiveram uma primeira reunião de trabalho na noite desde sábado, em Washington, nos Estados Unidos, no âmbito da missão oficial à capital americana para debater as tarifas de 50% aos produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto. Participaram das conversas Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).

O encontro foi preparatório e teve como foco atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser discutidos nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.

"O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil", afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão, em nota.

Os senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) devem chegar a Washington neste domingo.

A missão oficial do Senado brasileiro à capital americana ocorre em meio ao início do recesso parlamentar nos EUA. A Câmara dos Deputados entrou em recesso na semana passada, enquanto o Senado americano deve ter sessão até o dia 31 de julho.

Com a agenda parlamentar esvaziada, o foco da missão brasileira deve ser o setor corporativo. As tentativas de negociações do Brasil com os EUA ganharam corpo nos últimos dias, mas nenhum avanço de fato ocorreu, em meio ao temor de que os americanos adotem novas sanções contra o País.

Há a expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, assine uma ordem executiva nos próximos dias com as justificativas legais para taxar os produtos importados do Brasil em 50%, a partir de agosto, conforme relatos na imprensa. Isso porque a investigação do Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) para apurar práticas comerciais injustas no Brasil, e que também teria o mesmo objetivo, poderia consumir mais tempo.

Na semana passada, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente Trump, criticando a taxação ao Brasil. No documento, acusam o chefe da Casa Branca de "claro abuso de poder" e que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária ".