Lula ganha 'amostra da lua' e dá a xi Jinping garrafa com água de 'rios voadores' da Amazônia

Internacional
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Um pedaço do solo da Lua e a água captada direto das nuvens da Amazônia estão entre os presentes oficiais trocados entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping, durante o encontro realizado em Brasília.

A lista e imagens dos objetos foram divulgadas nesta quinta-feira, dia 21, pelo governo federal. Além dos presentes inusitados, eles também trocaram obras de arte, como costuma ser mais corriqueiro nessas ocasiões. Os presentes, em geral, refletem obras da cultura nacional e são feitos por artistas dos países.

A troca de presentes ocorreu minutos antes do banquete oferecido por Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, na noite desta quarta-feira, dia 20, no Palácio do Itamaraty.

Eles comeram pratos feitos com ingredientes típicos do País, como pirarucu grelhado, moquequinha de banana, bolinho de carne de sol, xinxim de galinha, farofa de pipoca e, de sobremesa, sorvete de coco, com cajuzinho do cerrado e castanhas do Brasil. O jantar teve uma seleção de vinhos do Rio Grande do Sul.

O líder chinês foi tietado para fotos com empresários do agro e da indústria nacional, presidentes de estatais e parlamentares. Lula fez um brinde ao convidado Xi Jinping e à saúde da primeira-dama chinesa, Peng Liyuan, que fazia aniversário e não estava presente.

De acordo com as regras vigentes, os bens são incorporados ao patrimônio da União, exceto os de caráter personalíssimo ou consumíveis.

As peças incluem um conjunto de porcelana chinesa e um jogo de chá, dados a Janja, e vasos de cerâmica marajoara e indígena brasileiros.

Presentes dados por Lula a Xi Jinping

- Água dos rios voadores - Uma garrafa de água com máxima pureza, em edição especial para o presidente chinês, foi feita pela Amazon Air Water, com tecnologia projetada captar água atmosférica e produzir água potável diretamente dos chamados "rios voadores" da Amazônia.

- Vaso marajoara - Cerâmica feita por antigos habitantes da Ilha de Marajó (PA) durante os séculos IV e XIV com argila local decorada com estilos geométricos. Atualmente, habitantes da região criam reproduções usando a mesma técnica, como forma de preservar e reviver a herança

- Banco indígena waurá - Peça feita em formato de onça-pintada pelo povo Waurá, que habita o norte do Mato Grosso. Na cosmologia Waurá, seres humanos e animais coabitam a floresta e possuem não só interação física, mas espiritual.

- Índia santarém - Cerâmica cerimonial com pequenos apêndices em forma de seres humanos e animais. Estatuetas antropomorfas se destacam pelo naturalismo das representações de homens e mulheres. Na região do baixo rio Tapajós floresceu a chamada cultura Santarém, que se notabilizou pela produção de uma cerâmica de estilo peculiar, baseado no emprego das técnicas de modelagem, incisão, ponteado e aplicação. A cerâmica arqueológica Santarém foi produzida pelos índios Tapajós entre os anos 900 e 1.600.

- Aralong - Fotomontagem produzida pelo artista paraibano Christus Nóbrega, que estudou na Central Academy of Fine Arts de Pequim, tendo como base uma imagem da floresta amazônica, com silhuetas de animais e plantas dos dois países, imagem de uma indígena Kayapó e de crianças chinesas e a quimera de (Aralong), figura mitológica formada da fusão de uma arara e um dragão.

Presentes dados por Xi Jinping a Lula

- Amostra Lunar - Fragemento do solo da Lua. Em dezembro de 2020, a missão Chang'e-5 do Programa de Exploração Lunar da China, foram coletados e trazidos 1.731 gramas de amostras do solo lunar do lado visível da Lua. Está incluso um grama para pesquisa científica e 0.3 grama de amostra para exposição.

- Miniatura de sonda - Uma miniatura da Sonda Chang'e-5, com tamanho 43x23x23 cm. O Chang'e-5 é a primeira sonda não tripulada da China que captou amostras do solo lunar e as trouxe à Terra. A miniatura foi feita na escala 1:28.

- Baixela de Porcelana - a baixela de porcelana de osso Desabrochando na Primavera. Os padrões tradicionais de flores que ilustram a peça foram pintados à mão com a técnica de douração pintada. Elas descrevem uma primavera cheia de vitalidade. Presente a Janja.

- Jogo de Chá - Caixa com conjunto de chás especialmente feita para celebrar o cinquentenário das relações diplomáticas China-Brasil. O Chá Pu'er de Árvore Antiga em Malipo, Wenshan, Província de Yunnan, é um produto de revigoramento rural. O chá é descrito como bebida de sabor suave e doce e tem aroma intenso de flores e frutas. Presente a Janja.

- Vaso da Rota da Seda - O vaso decorativo de cloisonné "Aspiração Sinérgica Transcende Montanhas e Mares" é uma peça originária de Pequim. O cloisonné é uma técnica inscrita no Patrimônio Cultural Imaterial da China. O vaso trata o tema da Rota da Seda Terrestre e Rota da Seda Marítima e é decorado com montanhas, mares, nuvens e elementos artísticos de Dunhuang, além de conter pares de pegas metálicas em forma de trepadeira e cabeça de elefante.

- Filme - Edição em DVD do filme "Uma Tapeçaria de uma Terra Lendária", produzido pela China Film Co., Ltd e China Oriental Performing Arts Group. A obra conta a aventura de um pesquisador de relíquias que estuda a Mil Li de Rios e Montanhas, pintura da dinastia Song. No enredo, o pesquisador "volta 900 anos no tempo" para testemunhar os trabalhos árduos do pintor e dos trabalhadores na criação do tesouro artístico herdado de geração em geração.

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A vereadora Cris Monteiro (Novo) afirmou nesta terça-feira, 29, durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo, que "mulher branca, bonita e rica incomoda". A declaração foi dirigida a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais e gerou forte reação da plateia e de parlamentares.

Durante sua fala, Cris repreendeu a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la, e disse: "Por favor, Luana, calada. Pode me devolver o tempo. Eu escutei todos vocês calados (...) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês".

Ela completou dizendo que representa uma parcela da população que a elegeu e criticou os grevistas. "Eu não vou defender essas pessoas que deixam as nossas crianças na sala de aula fazendo greve."

A vereadora Luana Alves, que é negra, classificou a fala como racista e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris Monteiro teria direcionado suas palavras diretamente a ela enquanto discursava.

O áudio da transmissão oficial da sessão pela Rede Câmara, canal da Casa no YouTube, chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. Após o retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.

"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), disse que a Casa "não permite racista" e mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por fala racista. No entanto, após rever o vídeo da declaração de Cris, avaliou que não houve racismo.

"Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo", afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, a Corregedoria da Câmara acompanhará o caso. "Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também".

A vereadora do PSOL, no entanto, reforçou a acusação. Para ela e outros vereadores, se tratou de um ato de racismo evidente.

"A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara", disse. Ela espera que o desfecho seja semelhante ao do caso Cristófaro.

Essa não foi a primeira polêmica envolvendo a vereadora Cris Monteiro. Em 2021, ela se envolveu em um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. Na ocasião, Cris afirmou esperar que Janaína fosse cassada.

Um relatório da Corregedoria da Câmara Municipal recomendou a suspensão das funções legislativas de ambas - Janaína e Cris - após a briga ocorrida no banheiro ao lado do Plenário, durante a votação da reforma da Previdência. No entanto, a ação disciplinar não avançou.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, 29, que está "totalmente" descartada a possibilidade de seu afastamento do ministério. As declarações ocorreram após depoimento na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados.

Na ocasião, Lupi havia respondido questionamentos de parlamentares sobre as fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ao ser questionado se houve alguma conversa sobre o seu afastamento do ministério, Lupi respondeu "nenhuma". Ele acrescentou: "Quem tem que decidir sobre isso é o presidente Lula. Eu sei que eu tenho a confiança dele e estou trabalhando para elucidar tudo o que tiver de errado", declarou.

Lupi voltou a dizer que não houve demora nas providências ao tomar conhecimento das denúncias de fraudes no INSS. "Isso é uma formação de quadrilha: grupos que se montaram para criar instituições e para roubar dinheiro de aposentado. Isso é chocante para mim", declarou.

O ministro prosseguiu: "Eu fui surpreendido com o volume disto. Porque eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá, a gente sempre soube, a gente recebia queixa, na própria plataforma do INSS aparecia algumas pessoas se queixando. Agora, nesse quantitativo, por uma organização, eu tomei conhecimento agora".

Lupi também argumentou que a base para as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) vieram de apurações que ele determinou no INSS. Questionado se houve demora nas providências, ele negou.

"Aí, é outra discussão. Quando eu fiz a comparação com o botequim da esquina, eu adoro um pão na chapa no botequim da esquina. Quando eu fiz a comparação, é no sentido de que isso não é simples, são 7 milhões de pessoas. Como é que você verifica, checa, cria biometria de 7 milhões de pessoas?", afirmou.

Ainda em resposta aos jornalistas, Lupi afirmou: "Não demorei a determinar (as apurações). Foi tomado conhecimento dos vários fatos, inclusive no Conselho. O Conselho não é executivo, é um conselho de debate, de deliberações macro sobre visão da Previdência Social. Estava lá no assento o presidente do INSS e o diretor do INSS. Eu pedi para que tomassem providências disso, tanto é que eu demiti o diretor".

Conforme mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lupi argumenta que demitiu o diretor de Benefícios André Félix Fidélis, que teria apresentado lentidão para avançar com as apurações. Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o ministro foi alertado sobre as fraudes em junho de 2023, mas adiou a discussão e só tomou providências após quase um ano.

A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) nos descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revelou situações flagrantes de fraude.

Foram descobertos cadastros em nome de analfabetos, indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves, pessoas com deficiência e aposentados.

São pessoas que, segundo a CGU, não teriam como comparecer pessoalmente às associações e nem como assinar fichas de filiação e termos de autorização para os descontos em benefício dessas entidades. Algumas até residem no exterior.

Os casos foram descobertos a partir de entrevistas feitas com uma amostra de 1.273 beneficiários do INSS, registrados nos 27 Estados e no Distrito Federal, que tiveram valores descontados de seus contracheques. 97,6% dos entrevistados informaram à CGU não ter autorizado os abatimentos.

Os beneficiários do INSS podem aderir a associações civis e sindicatos e autorizar descontos mensais em seus contracheques para cobrir custos de filiação. Para isso, as entidades devem estar habilitadas junto ao INSS e precisam receber autorização "prévia, pessoal e específica" de aposentados e pensionistas interessados.

Parte dos aposentados ouvidos pela CGU só tomou conhecimento dos descontos no momento das entrevistas.

A Polícia Federal afirma que a auditoria revela um "cenário de incongruências". A PF investiga se idosos foram induzidos a assinar autorizações de desconto sem saber a verdadeira finalidade dos documentos e até se assinaturas foram forjadas.

As suspeitas são investigadas na Operação Sem Desconto. Segundo a Polícia Federal, servidores do INSS venderam dados de aposentados e pensionistas em troca de propinas e facilitaram os descontos indevidos direto nos contracheques dos beneficiários. O esquema teria causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

Pressionado, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após ter sido afastado do cargo por ordem judicial.