Quem são Abu Mohammed al-Golan e grupo Hayat Tahrir al-Sham, que tentam derrubar Assad na Síria

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A milícia jihadista Hayat Tahrir al Sham (HTS) e seu líder, Mohammed al-Golan tentam há uma semana derrubar o regime de Bashar al-Assad, na Síria. O grupo foi responsável pela ofensiva rebelde iniciada em novembro que resultou na captura de cidades-chaves da Síria, em um dos mais violentos avanços nos 13 anos de guerra civil no país.

A troca de hostilidades entre o HTS e o regime de Assad começou a partir da formação do grupo em 2017, mas suas raízes remontam ao conflito entre o regime sírio e a frente al-Nusra, sua principal facção predecessora. A frente al-Nusra, afiliada à Al-Qaeda, surgiu em 2012 como uma das forças mais organizadas da oposição armada durante a guerra civil. Desde o início, o grupo se posicionou como um dos principais adversários do regime de Assad.

Quando o HTS foi fundado, incorporando a frente al-Nusra e outros grupos jihadistas menores, ele continuou a linha de hostilidade aberta contra Assad, principalmente na região de Idlib. Os Estados Unidos e a ONU há muito tempo designam a o HTS como uma organização terrorista.

O fundador da frente al-Nusra, Abu Mohammed al-Golani, é considerado o "rosto" do HTS e principal estrategista da milícia. Logo após assumir a liderança do grupo, Golani e seu grupo logo assumiram a responsabilidade por atentados mortais, prometeram atacar forças ocidentais, confiscaram propriedades de minorias religiosas e enviaram a polícia religiosa para impor vestimentas modestas às mulheres.

Rompimento com Al-Qaeda

Golani e HTS buscaram se refazer nos últimos anos, concentrando-se em promover o governo civil em seu território, bem como a ação militar, observou o pesquisador Aaron Zelin. Seu grupo rompeu laços com a Al-Qaeda em 2016. O rompimento, consolidado em 2017, foi uma tentativa do grupo sírio se reposicionar como uma força jihadista focada em objetivos dentro da Síria.

Foi essa ruptura que oficialmente culminou na criação do HTS. No entanto, a decisão gerou divisões internas e críticas de líderes como Ayman al-Zawahiri, que acusaram Al-Golani de abandonar os ideais globais do jihadismo em favor de interesses regionais. Dissidentes que rejeitaram a separação formaram grupos rivais, como o Hurras al-Din, que permanecem leais à Al-Qaeda.

Embora a ruptura tenha permitido ao HTS consolidar seu domínio sobre a província de Idlib e adotar uma abordagem mais pragmática no conflito, o grupo continua a enfrentar desafios de legitimidade.

Golani reprimiu alguns grupos extremistas em seu território e cada vez mais se retrata como um protetor de outras religiões. Isso inclui, no ano passado, permitir a primeira missa cristã na cidade de Idlib em anos.

Em 2018, a administração Trump reconheceu que não estava mais mirando diretamente em Golani, disse Zelin. Mas o HTS permitiu que alguns grupos armados procurados continuassem a operar em seu território, e atirou em forças especiais dos EUA pelo menos até 2022, disse ele.

A liderança de Jolani

Abu Mohamed al Jolani é o líder do grupo rebelde islâmico. Durante anos, o líder rebelde operou nas sombras. Mas agora ele está no centro das atenções, oferecendo entrevistas aos meios de comunicação internacionais e sendo visto na segunda cidade da Síria, Aleppo, depois de a ter arrancado completamente do governo pela primeira vez desde a guerra civil que eclodiu em 2011.

Ao longo dos anos também deixou de usar o habitual turbante jihadista e optou por roupas militares. Desde que rompeu relações com a Al Qaeda em 2016, Jolani tem tentado apresentar-se como um líder mais moderado. Mas ainda levanta suspeitas entre analistas e governos ocidentais, que classificam o HTS como uma organização terrorista.

De acordo com o portal de notícias Middle East Eye, Jolani começou a ser atraído pelos postulados jihadistas após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, quando começou a "assistir a sermões e discussões clandestinas nos subúrbios marginais de Damasco".

Após a invasão do Iraque pelos EUA, o agora líder rebelde deixou a Síria para participar nos combates. Aí juntou-se à Al Qaeda no Iraque, liderada por Abu Musab al Zarqawi, e passou cinco anos detido, o que o impediu de subir posições na organização jihadista.

Em março de 2011, quando eclodiu a revolta contra Assad, regressou a casa e fundou a Frente Al Nusra, o braço sírio da Al-Qaeda. Em 2013, recusou-se a jurar lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi, que se tornaria o emir do grupo dos Estados Islâmicos, e favoreceu o líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri.

Em janeiro de 2017, Jolani impôs uma fusão do HTS com grupos islâmicos rivais no noroeste da Síria e recuperou o controle sobre partes da província de Idlib que tinham escapado ao controle presidencial.

Nas áreas sob o seu controle, o HTS implantou um governo civil e estabeleceu uma espécie de estado na província de Idlib, ao mesmo tempo que esmagava os rebeldes rivais. Mas, no processo, enfrentou acusações de residentes e grupos de direitos humanos de abusos brutais contra dissidentes que a ONU classificou como crimes de guerra.

Conhecendo o medo e o ódio que o seu grupo desperta, Jolani dirigiu-se aos residentes de Aleppo, com uma significativa minoria cristã, para lhes assegurar que não sofreriam danos sob o novo regime./Com AP e AFP.

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A maioria dos brasileiros avaliou positivamente o desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 12. Para 45% dos entrevistados, o petista saiu mais forte politicamente da reunião com o ex-presidente norte-americano, enquanto 30% acreditam que ele ficou mais fraco. Para outros 10%, o presidente saiu igual e 15% não souberam ou preferiram não opinar.

O levantamento também mostrou otimismo quanto às relações comerciais entre os dois países. Questionados sobre a possibilidade de um acordo para reduzir tarifas, 51% afirmaram acreditar que Lula e Trump chegarão a um entendimento, ante 39% que consideram improvável uma convergência entre os dois líderes. A reunião ocorreu no último dia 26, no horário de Brasília, em Kuala Lumpur, na Malásia, onde ambos participaram como convidados da 47ª Cúpula de Líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 6 e 9 de novembro, por meio de entrevistas presenciais. O levantamento ouviu 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais em todas as regiões do País. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre segurança pública foram desaprovadas pela maioria dos eleitores, inclusive entre seus próprios apoiadores. De acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 12, cerca de sete em cada dez eleitores lulistas (66%) discordam da frase do petista segundo a qual "os traficantes também são vítimas dos usuários".

A declaração foi feita durante viagem à Malásia, quando Lula se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No total, 81% dos brasileiros discordam da afirmação, 14% concordam e 5% não souberam responder. A rejeição é expressiva até entre segmentos próximos ao governo: 78% entre eleitores de esquerda não lulistas e 81% entre independentes.

A Quaest entrevistou presencialmente 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais entre os dias 6 e 9 de novembro. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%. A pesquisa foi realizada em meio à repercussão da megaoperação no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, tornando-se a mais letal da história do Estado, e reacendeu o debate sobre a política de segurança pública. A ação contou com ampla aprovação popular: segundo a Quaest, 67% dos brasileiros disseram aprovar a operação, enquanto 25% a desaprovam e 8% não opinaram.

Na última terça-feira, 4, o presidente voltou a tratar do assunto e classificou como "desastrosa" a ação da polícia no Rio. A nova fala também foi mal recebida pela maioria da população, mas encontrou respaldo entre seus eleitores. De acordo com a Genial/Quaest, 57% dos brasileiros discordam da avaliação de Lula, enquanto 38% concordam e 5% não souberam responder.

Entre os lulistas, porém, 57% concordam com o presidente, e 38% discordam. O apoio à declaração também é majoritário entre eleitores de esquerda não lulistas (67%), mas minoritário entre independentes (38%) e quase inexistente entre eleitores da direita (15%) e bolsonaristas (19%).

A reação às falas e o avanço do debate sobre segurança pública se refletem nos índices gerais de aprovação do governo. A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest mostra que o tema freou a recuperação de Lula. A desaprovação ao governo oscilou negativamente de 49% para 50%, enquanto a aprovação recuou de 48% para 47%, registrando a primeira oscilação negativa nas avaliações desde maio.

Na análise da gestão, a parcela que considera o governo positivo caiu de 33% para 31%, enquanto a avaliação negativa oscilou de 37% para 38%. Outros 28% avaliam o governo como regular. O desgaste ocorre em um momento em que a segurança pública voltou a ocupar o centro das preocupações dos brasileiros. A violência é citada por 38% dos entrevistados como o principal problema do País, uma alta em relação a outubro, quando o índice era de 30%. O resultado reforça a dificuldade do governo em manter apoio estável num tema historicamente dominado pela oposição.

A percepção dos brasileiros sobre a economia segue predominantemente negativa, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 12. Para 43% dos entrevistados, a economia piorou no último ano, enquanto 32% afirmam que permanece igual e 24% avaliam que melhorou. Em relação aos próximos 12 meses, há um leve otimismo: 42% acreditam que o cenário econômico vai melhorar, 35% preveem piora e 18% esperam estabilidade.

A pesquisa também apontou as percepções do brasileiro sobre inflação e emprego. São 58% os que acham que os preços dos alimentos no mercado subiram no último mês, contra 63% do levantamento de outubro. Agora, são 23% os que acham que ficou igual (eram 21%) e 17% os que apontam que caiu (eram 15%).

Quanto ao mercado de trabalho, são 50% os que acham que está mais difícil conseguir emprego hoje do que há um ano. Enquanto isso, 39% apontam que está mais fácil e 5% acham que ficou igual.

O levantamento foi realizado entre os dias 6 e 9 de novembro, por meio de entrevistas presenciais. Foram ouvidos 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais, em todas as regiões do País. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.