Israel ajuda ex-soldado a deixar o Brasil durante investigação sobre alegados crimes de guerra

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Israel ajudou um ex-soldado a deixar o Brasil após a abertura de uma ação legal contra ele por um grupo que acusa israelenses de crimes de guerra na Faixa de Gaza, com base, em parte, em postagens nas redes sociais de soldados. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou neste domingo, 5, que ajudou o ex-soldado a deixar o Brasil em segurança em um voo comercial depois de o que chamou de "elementos anti-Israel" iniciarem uma investigação na semana passada. O ministério alertou os israelenses a evitar postar sobre seu serviço militar nas redes sociais.

 

A Fundação Hind Rajab, nomeada em homenagem a uma menina palestina de cinco anos morta em Gaza, disse que as autoridades brasileiras iniciaram uma investigação contra o soldado após a apresentação de uma denúncia baseada em vídeos, dados de geolocalização e fotografias que o mostram participando da demolição de casas civis.

 

A fundação descreveu a medida como um "passo fundamental para a responsabilização por crimes cometidos em Gaza" durante quase 15 meses de guerra.

 

As autoridades brasileiras não comentaram imediatamente. A mídia brasileira relatou no sábado, 4, que a investigação foi ordenada por um juiz federal de plantão no Distrito Federal. A decisão foi emitida em 30 de dezembro, mas só foi divulgada no fim de semana.

 

Israel tem enfrentado críticas internacionais severas devido à sua guerra contra o Hamas em Gaza, com o Tribunal Penal Internacional emitindo mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da defesa.

 

O Tribunal Internacional de Justiça está investigando separadamente alegações de genocídio. O caso no Brasil levantou a possibilidade de que soldados israelenses de baixo escalão também possam enfrentar processos judiciais enquanto estiverem no exterior.

 

Israel rejeita as acusações internacionais, afirmando que suas forças em Gaza agem de acordo com o direito internacional e que quaisquer violações são punidas dentro de seus sistemas judiciais.

 

O governo israelense culpa o Hamas pelas mortes de civis, dizendo que o grupo terrorista esconde túneis e outras infraestruturas em edifícios residenciais, tornando necessária sua demolição.

 

Durante a guerra, soldados israelenses publicaram inúmeros vídeos de Gaza que parecem mostrar ações como vasculhar casas e demolir ou incendiar edifícios residenciais.

 

Em alguns vídeos, eles entoam slogans racistas ou se vangloriam da destruição no território palestino. A guerra começou quando terroristas liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando cerca de 250.

 

Cerca de 100 reféns ainda estão em Gaza, e pelo menos um terço deles são considerados mortos. A ofensiva de Israel matou mais de 45.800 palestinos em Gaza, segundo autoridades locais de saúde.

 

Elas afirmam que mulheres e crianças representam mais da metade das mortes, mas não distinguem entre civis e terroristas. Israel afirma ter matado mais de 17.000 militantes, sem apresentar provas.

 

Ataques aéreos israelenses neste domingo, 5, mataram cinco pessoas no campo de refugiados de Nuseirat, quatro na cidade de Khan Younis, no sul, e três no campo de refugiados de Bureij, segundo trabalhadores de saúde.

 

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que pelo menos 88 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas. O exército de Israel declarou ter atacado um centro de comando do Hamas em Khan Younis e um militante da Jihad Islâmica em Deir al-Balah.

 

A guerra causou destruição generalizada em Gaza e deslocou cerca de 90% da população de 2,3 milhões de pessoas, muitas das quais forçadas a fugir várias vezes.

 

Forças israelenses matam membro da segurança palestina

 

Na Cisjordânia ocupada por Israel, as forças israelenses mataram um membro dos serviços de segurança palestinos, chamando-o de militante procurado.

 

A Polícia de Fronteira paramilitar de Israel afirmou no domingo que realizou uma operação na vila de Meithaloun durante a noite para prender Hassan Rabaiya.

 

Ele foi morto em um tiroteio enquanto tentava fugir. Autoridades israelenses divulgaram imagens de uma câmera de capacete que mostravam a polícia destruindo o que chamaram de laboratório de explosivos em sua casa.

 

Os serviços de segurança palestinos identificaram Rabaiya como primeiro-tenente de sua força de Segurança Preventiva, dizendo que ele foi morto enquanto "cumpria seu dever nacional". Meithaloun fica próxima da cidade de Jenin, na Cisjordânia, um epicentro da violência israelo-palestina.

 

Neste domingo, o Ministério da Saúde palestino na Cisjordânia informou que um jovem de 17 anos foi morto por tiros israelenses no campo de refugiados de Askar, em Nablus. Não foram fornecidos mais detalhes.

 

A Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente, exerce autonomia limitada em partes da Cisjordânia e coopera com Israel em questões de segurança. No entanto, Israel há muito acusa a autoridade de incitar a violência e fechar os olhos para militantes, enquanto críticos palestinos a consideram um corpo corrupto e ineficaz que ajuda na ocupação.

 

A Cisjordânia tem visto um aumento da violência durante a guerra em Gaza. Israel capturou Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental na guerra do Oriente Médio de 1967, e os palestinos desejam os três territórios para seu futuro Estado.

 

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse nesta segunda-feira, 10, acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tomou a decisão de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de não anunciar essa escolha.

"Tenho de trabalhar com o dado que tenho. E o dado que tenho é que há uma escolha feita pelo presidente, apesar de não anunciada formalmente", afirmou Wagner, referindo-se à indicação de Messias.

Ele disse ser natural que a "torcida" do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga fique triste, mas não vislumbra dificuldades de Messias de ser aprovado no Senado. Segundo ele, a demora para o anúncio formal se justifica pela necessidade de Lula ter de promover conversas em Brasília, como com o próprio Pacheco, por exemplo.

A maioria dos integrantes do Congresso Nacional aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais capaz de liderar a direita no Brasil e unificar o campo nas eleições de 2026 na ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Levantamento exclusivo do Ranking dos Políticos para o Estadão divulgado nesta segunda-feira, 10, mostra que, apesar de reconhecerem a liderança de Tarcísio, a maioria dos parlamentares consultados acredita que o grupo deve chegar dividido às urnas, com várias candidaturas e polos concorrentes.

A pesquisa ouviu 107 deputados de 20 partidos e 27 senadores de 12 partidos entre os dias 21 e 31 de outubro, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Na Câmara dos Deputados, 48,6% dos deputados entrevistados apontaram Tarcísio como o principal nome capaz de liderar a direita brasileira. Ele é seguido por Eduardo Bolsonaro (PL), com 15%; Michelle Bolsonaro (PL), com 13,1%; Ratinho Júnior (PSD), com 9,3%; Romeu Zema (Novo), com 3,7%; Ronaldo Caiado (União), com 0,9%; e a opção Outro (1,9%). 7,5% não souberam responder.

No Senado, o governador paulista também é o mais mencionado (44,5%), à frente de Eduardo e Michelle Bolsonaro, empatados com 14,8%, e de Ratinho Júnior, com 7,4%. O índice de indecisos entre senadores é de 18,5%.

Em comparação com a pesquisa anterior, feita em julho de 2023, Tarcísio manteve vantagem expressiva, enquanto Michelle Bolsonaro teve leve alta e Romeu Zema perdeu espaço. Já nomes como Eduardo Leite (PSD) e Flávio Bolsonaro (PL), que figuravam entre as opções no ano passado, deixaram de ser citados.

Questionados sobre quem teria mais condições de unir a direita em torno de uma candidatura única competitiva em 2026, 56,1% dos deputados e 55,6% dos senadores apontaram Tarcísio. Ratinho Júnior aparece em segundo lugar, com 15% das menções na Câmara e 11,1% no Senado. Michelle Bolsonaro tem 11,2% e 7,4%, respectivamente, enquanto Caiado, Zema e Eduardo Bolsonaro registraram índices menores.

Apesar dessa percepção de liderança, 67,3% dos deputados e 63% dos senadores acreditam que o campo conservador deve permanecer fragmentado em 2026. Apenas 29,9% e 22,2%, respectivamente, veem chance de união, ainda que com candidatos de partidos diferentes, por meio de alianças e blocos partidários.

Para o diretor de operações do Ranking dos Políticos, Luan Sperandio, os resultados mostram que o governador paulista consolidou seu papel de liderança, mas enfrenta um ambiente de dispersão política e uma avaliação predominante de que a direita não marchará unida, o que pode interromper negociações por alianças e definição antecipada de cabeça de chapa.

"Ainda tem o fato de ele não contar com declarações públicas de seu padrinho político, Jair Bolsonaro, o que acaba facilitando a criação de várias candidaturas da direita em 2026 que buscam se viabilizar", explica.

A pulverização das candidaturas tem sido apontada como benéfica por figuras como Caiado, que já afirmou que uma variedade de nomes oposicionistas pode reduzir as chances de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o diretor do Ranking dos Políticos, a estratégia contém riscos. "Uma coisa é ter vários candidatos que contribuam na discussão, outra é se eventualmente enveredar a ataques entre eles, o que pode prejudicar e fazer com que o representante (da direita) chegue fragilizado a um segundo turno".

Não mencionado na edição de 2023, Ratinho Júnior foi mais lembrado que Zema e Caiado na última pesquisa. Segundo Sperandio, apesar de suas ambições presidenciais e movimentação no sentido de nacionalizar sua imagem, os frutos devem ser colhidos em pleitos futuros.

"Não só o Ratinho, mas temos outros nomes jovens que vão estar no jogo nas próximas eleições e não necessariamente precisam se visibilizar no próximo ano. Certamente essa safra de governadores é uma nova geração na política que vamos ver nas próximas duas décadas", analisa.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo abriu uma investigação administrativa para esclarecer como uma calcinha foi parar em uma sala de acesso restrito do Fórum de Cachoeiro de Itapemirim, a 133 quilômetros de Vitória.

O mistério da calcinha esquecida alterou a rotina forense. É um desafio e tanto, que se põe até mesmo diante de Têmis, a deusa grega que simboliza a Justiça.

Câmeras de segurança instaladas no corredor que dá acesso à sala de audiências estão sendo analisadas em busca de pistas sobre o insólito capítulo da vida.

Os registros de entrada no edifício também foram checados.

A calcinha, supostamente já usada, estava em um cômodo do Núcleo de Audiências de Custódia. Duas servidoras encontraram a peça íntima, supostamente já usada, quando chegaram para trabalhar, no dia 29 de outubro.

A sala ficou trancada no dia anterior por causa do feriado do Dia do Servidor.

A investigação interna foi instaurada a pedido do juiz André Guasti Motta, coordenador do núcleo, que classificou o episódio como "grave" e defendeu a "apuração imediata".

Segredo de Justiça

"A sala contém equipamentos de informática, impressoras, mobiliário e documentos diversos, alguns deles sob segredo de Justiça, que devem permanecer sob guarda e vigilância constantes do Poder Judiciário", afirmou o magistrado em ofício à direção do fórum.

O caso foi revelado por A Gazeta, de Vitória. Em entrevista ao periódico, o juiz Bernardo Fajardo Lima, diretor do fórum, informou que nenhum documento ou equipamento foi subtraído nem houve acesso indevido aos sistemas do Judiciário, o que enfraquece a hipótese de uma invasão.

O acesso de pessoas não autorizadas ao cômodo, no entanto, ainda não foi descartado.

Atividades físicas

A direção do fórum também trabalha com uma segunda linha de investigação: a de que a calcinha tenha caído eventualmente de uma bolsa ou mochila.

Segundo Fajardo, magistrados e servidores costumam levar roupas sobressalentes para a prática de atividades físicas antes do expediente.