Trump não descarta ameaças militares para anexar o Canal do Panamá e Groenlândia

Internacional
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 7, que não descarta o uso de força militar para tomar o controle do Canal do Panamá e da Groenlândia. Em uma entrevista coletiva de 70 minutos em Palm Beach, o republicano apontou que o controle americano sobre ambos é vital para a segurança do país.

"Não vou me comprometer com isso", disse ele, quando perguntado se descartaria o uso de força militar nos dois locais. "Pode ser que você tenha que fazer algo. O Canal do Panamá é vital para o nosso país." Ele acrescentou: "Precisamos da Groenlândia para fins de segurança nacional."

O filho do presidente eleito, Donald Trump Jr, desembarcou nesta terça-feira na Groenlândia. Trump tem promovido a potencial expansão dos Estados Unidos enquanto se prepara para começar seu segundo mandato no final deste mês. Em uma declaração nas redes sociais em dezembro anunciando Ken Howery - um cofundador do PayPal e ex-embaixador dos EUA na Suécia - como sua escolha para embaixador dos EUA na Dinamarca, Trump disse que "o controle da Groenlândia é uma necessidade absoluta".

O republicano também ameaçou a Dinamarca com "tarifas de alto nível" se o país nórdico não ceder a Groenlândia. O presidente eleito indicou que pode aplicar altas tarifas contra outros países aliados como México e Canadá a partir do dia 20 de janeiro.

Trump voltou a mencionar a possibilidade de o Canadá se tornar um Estado americano, mas negou que possibilidade de força militar para conseguir este objetivo. Segundo ele, a "força econômica" dos Estados Unidos poderia convencer o Canadá a se juntar.

Prometendo uma "Era de Ouro da América", Trump também disse que tentaria renomear o Golfo do México como "Golfo da América".

Críticas a Biden

Trump também usou sua coletiva de imprensa para reclamar que o presidente Joe Biden estava prejudicando o processo de transição. O democrata proibiu a perfuração de energia offshore na maioria das águas federais. Ao todo, cerca de 625 milhões de acres de águas federais foram retirados da exploração de energia por Biden em uma ação que pode exigir um ato do Congresso para desfazer.

Trump disse que as medidas de Biden - parte de uma série de ações finais no cargo pela administração do democrata - estava minando seus planos. "Sabe, eles me disseram que fariam todo o possível para tornar essa transição para a nova administração muito tranquila", disse Trump. "Isso não é tranquilo."

O presidente eleito também discursou longamente sobre política externa, criticando a forma como Biden lidou com a guerra na Ucrânia, a retirada do Exército americano do Afeganistão e o conflito em Israel. Ele também repetiu sua ameaça de não proteger os aliados da Otan, uma parte fundamental do pacto militar, se eles não aumentassem a quantia de dinheiro que gastam na defesa de seus próprios países.

Ao ser perguntado sobre os possíveis perdões presidenciais que poderão ser realizados a partir de 20 de janeiro, Trump se recusou a dizer se perdoaria os manifestantes de 6 de janeiro de 2021 e, em vez disso, criticou o FBI.

O presidente eleito também permitiu que seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, falasse brevemente sobre as negociações por um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Trump ressaltou que se os reféns não forem libertados até a sua posse, um "inferno" será instalado na Faixa de Gaza.

"Se eles não voltarem até eu assumir o cargo, o inferno vai se instalar no Oriente Médio", ele disse aos repórteres. "E não será bom para o Hamas, e não será bom, francamente, para ninguém. O inferno vai se instalar. Não preciso dizer mais nada, mas é isso."/com AP

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O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) por proibir advogados de entrarem com celulares nesta terça-feira, 22, no julgamento que recebeu a denúncia contra o núcleo de "gerência" do plano de golpe. A sessão foi transmitida ao vivo pela TV Justiça.

Todas as pessoas autorizadas a acompanhar o julgamento no plenário da Primeira Turma tiveram que entregar os aparelhos para que fossem colocados em um saco plástico e lacrados pela equipe do STF.

Em nota, Simonetti afirma que recebeu a decisão "com surpresa e irresignação". O presidente da OAB alega que o uso de celulares para gravação de áudio e vídeo em sessões públicas de julgamento é uma prerrogativa da advocacia e não pode ser "restringido sem fundamento legal claro e específico".

"Eventuais excessos devem ser apurados com responsabilização individualizada, sem prejuízo das garantias institucionais", diz a manifestação.

O STF proíbe que as sessões das turmas e do plenário sejam fotografadas e filmadas pela plateia. Todos os julgamentos são transmitidos pelos canais institucionais. Segundo o tribunal, a regra foi burlada no julgamento do recebimento da primeira denúncia do plano de golpe, que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados no banco dos réus. Por isso, o uso de celulares por advogados e jornalistas foi proibido na sessão desta terça, que também tem relação com o inquérito do golpe.

O Estadão apurou que a restrição foi pontual e que não há previsão de a regra ser mantida em outros julgamentos. Não há um ato formal que tenha proibido os celulares nas sessões na Primeira Turma.

O presidente da OAB enviou um ofício ao ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, pedindo que a regra não seja aplicada em novos julgamentos. A preocupação da entidade é evitar que o lacre de celulares se torne um procedimento padrão nas sessões do Supremo Tribunal Federal.

A OAB pede que o ministro permita o porte e uso de aparelhos celulares pelos advogados nas dependências do plenário da Primeira Turma.

Simonetti afirma que os advogados devem contar com "todas as ferramentas tecnológicas necessárias ao exercício" da profissão. O presidente da OAB argumenta que, atualmente, advogados e escritórios mantêm "vasto acervo eletrônico" e que os celulares facilitam o acesso a informações.

"A praxe atual é a possibilidade de utilização dos aparelhos durante diversos atos, inclusive audiências, conforme se pode verificar diuturnamente nos tribunais e varas de todo o País, e não apenas por parte do profissional advogado, mas pelo próprio Poder Judiciário, conforme se extrai, por exemplo, das audiências por videoconferência", diz o ofício.

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) deve entrar com um recurso contra a decisão que recomenda a perda do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Esta terça-feira, 22, é o último dia do prazo para a apresentação deste documento. A cassação foi aprovada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados no último dia 9 de abril.

Caso o recurso seja aceito, o processo retorna ao Conselho de Ética, onde será nomeado um novo relator para o caso. Já no caso de negativa, a cassação segue o processo normal e será votada em plenário. O presidente da Câmara, Hugo Motta, já se comprometeu a não levar o assunto à apreciação dos parlamentares em menos de 60 dias.

Esse tipo de recurso, direcionado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), está previsto no Regimento Interno da Câmara. A definição da pauta, porém, é atribuição do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Relembre o caso

Após a decisão do Conselho de Ética pela cassação do deputado, Braga iniciou uma greve de fome que durou mais de uma semana, realizada no mesmo plenário onde ocorreu a votação.

Como mostrou o Estadão, o protesto foi encerrado após um acordo acordo firmado entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, com os líderes do PT e do PSOL na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSOL-RJ), além da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que é esposa de Glauber. Lira se comprometeu a não levar o processo de cassação ao plenário antes do segundo semestre, garantindo tempo para a defesa do parlamentar.

Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizaram um momento de descontração nesta terça-feira, 22, durante o julgamento da denúncia contra o "núcleo de gerência" do plano de golpe de Estado.

Relator do inquérito, Moraes afirmou que o colega é "candidato a papa", após Dino fazer referências à Bíblia durante seu voto. O Papa Francisco morreu na madrugada desta segunda-feira, 21, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

"E apenas para não deixar a Bíblia de fora, quem empresta dinheiro a juros comete um pecado, segundo o Antigo Testamento", disse Dino, em um diálogo com a ministra Cármen Lúcia sobre a semântica da palavra "jurista" - que pode ser usada para se referir a uma pessoa detentora de grande saber jurídico, e também para alguém que empresta ou toma empréstimos a juros.

Em tom de brincadeira, Moraes disse: "Vossa Excelência é candidato a Papa. Eu percebo uma certa...", e riu, antes de retomar seu voto.

Dino prestou homenagem ao Papa Francisco nesta segunda. Em publicação em seu perfil no Instaram, o ministro afirmou que o papa foi "um exemplar cristão latino-americano".

"Em um mundo em que o ódio virou indústria de bilionários, sua pregação de estadista da fraternidade é essencial", escreveu.

Em decisão unânime, a Primeira Turma do Supremo recebeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que atribui a "gerência" do plano de golpe a seis auxiliares que fizeram parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Se tornaram réus: Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal; Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência; coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; e general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência.