'Maduro está consolidando golpe de Estado', diz María Corina, líder da oposição na Venezuela

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A líder da oposição na Venezuela María Coria Machado acusou Nicolás Maduro de consolidar um golpe de Estado em seu primeiro posicionamento após a posse do ditador nesta sexta-feira, 10.

"Maduro está consolidando um golpe de Estado. Diante dos venezuelanos e diante do mundo, eles decidiram cruzar a linha vermelha", declarou. "Maduro viola a Constituição, ladeado pelos ditadores de Cuba e da Nicarágua", seguiu referindo-se à presidente de Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega na cerimônia.

Em mensagem de vídeo publicada nas redes sociais, María Corina disse ter pedido a Edmundo González que não fosse à Venezuela nesta sexta, como havia prometido o opositor.

"Edmundo virá à Venezuela para ser empossado como presidente constitucional da Venezuela no momento certo, quando as condições forem adequadas. Em sua paranoia delirante, o regime não apenas fechou o espaço aéreo da Venezuela, mas ativou todo o sistema de defesa aérea", disse. "Decidimos que não é apropriado que Edmundo entre na Venezuela hoje".

O pronunciamento exaltou coragem dos venezuelanos que protestaram contra a ditadura apesar da repressão. E relatou o episódio denunciado pela oposição como sequestro. María Corina afirma ter sido interceptada na saída da manifestação em Caracas e liberada logo depois. O regime chavista nega.

"Quando saí do grande comício em Chacao, muitos cidadãos me cercaram e me acompanharam até que eu subisse em uma motocicleta que me levaria dali. Duas outras motocicletas me acompanharam", relatou. Ela disse que ouviu vários tiros e que as motos da Polícia Nacional Bolivariana a interceptaram mais à frente.

María Corina relatou ter sido "brusca e violentamente" retirada da sua motocicleta e colocada em outra, no meio de dois homens. "É assim que eles são. Eles atacam uma mulher por trás", declarou. Ainda segundo a opositora, os policiais disseram ter ordens para soltá-la e, para isso, exigiram que gravasse um vídeo como prova de vida.

"Agora estou bem, embora tenha dores fortes e hematomas em algumas partes do corpo. Está claro que o que aconteceu comigo ontem demonstra as profundas contradições do regime. Seu comportamento errático é mais uma demonstração de como ele está dividido internamente", disse.

María Corina Machado venceu as primárias da oposição com mais de 90% dos votos, mas foi impedida de disputar a presidência por decisão da Justiça, alinhada ao chavismo. Ela apoiou Edmundo González, que afirma ter vencido as eleições com 67% dos votos e divulgou as cópias dos registros de votação que corroboram a versão.

Apesar dos esforços da oposição, o chavismo proclamou a vitória de Nicolás Maduro, sem nunca apresentou os dados da votação. O ditador tomou posse nesta sexta-feira, 10, para o terceiro mandato consecutivo, garantindo mais seis anos no Palácio de Miraflores. Com isso, pode chegar a 18 anos no poder, se perpetuando por mais tempo que o seu padrinho político Hugo Chávez.

A cerimônia de posse foi esvaziada, com poucos chefes de Estado, destacando-se os ditadores de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Nicarágua, Daniel Ortega. Brasil, Colômbia e México - países governados pela esquerda que lideraram os esforços frustrados de promover o diálogo entre o chavismo e a oposição - enviaram apenas embaixadores.

Em discurso no Parlamento, Maduro ironizou Edmundo González, que prometeu ir à Venezuela para tomar posse. "Edmundo chegou?", questionou ao ouvir um barulho. "Como estou esperando que ele chegue, estou nervoso", seguiu em tom de deboche.

González, que estava exilado na Espanha, saiu em busca de apoio internacional num tour por Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Panamá e República Dominicana. Apesar da ameaça de prisão, ele disse que iria para Venezuela nesta sexta. O regime afirma que ele será detido se colocar os pés no país.

O ditador intensificou a repressão antes da posse, com 42 prisões políticas registradas apenas nos últimos dias, de acordo com levantamento da ONG Foro Penal, que defende os direitos humanos na Venezuela.

Para o terceiro mandato, Maduro promete uma reforma constitucional que, nas suas palavras, deve definir modelos de desenvolvimento e "democratizar" a Venezuela mas, segundo especialistas, mina as liberdades. A proposta deve ser debatida na Assembleia Nacional, controlada pelo chavismo, e precisa ser aprovada em referendo popular.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a discussão para regulação de big techs e multinacionais é fruto de um acordo internacional. Ele reiterou, no entanto, que a maior preocupação do governo é com a propagação de fake news e alertou para o alinhamento das plataformas digitais com a extrema direita que, segundo ele, é um fator que contribuirá para a disseminação de notícias falsas.

"Aquilo é uma orientação da OCDE, não é nem do Brasil. Todo mundo está se organizando em torno da regulação, tanto das big techs quanto das multinacionais. A questão das multinacionais o Congresso já se manifestou, agora falta a questão das big techs. Mas isso é um acordo internacional em torno do problema", disse a jornalistas ao deixar a sede da Fazenda.

Na semana passada, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou que o governo articula uma reação em quatro frentes como resposta às mudanças anunciadas pela empresa Meta em relação à checagem de fatos nos Estados Unidos.

Haddad relembrou que foi alvo de um deep fake na semana passada. O vídeo com a imagem de Haddad em conversa com jornalistas na saída da sede da Fazenda foi alterado para trazer declarações mentirosas sobre a criação de novos impostos.

Ele disse que nesta terça, mais uma vez, uma notícia falsa simulando o cabeçalho de um site de notícias circulou com a informação mentirosa de que o governo criaria uma taxa ambiental sobre veículos com mais de 20 anos de uso.

"Já estou prevenindo vocês que parece que depois desse alinhamento das big techs com a extrema direita nós vamos ter efetivamente dias difíceis pela frente. E isso consome energia do governo, consome energia do Estado, funcionários públicos e tudo mais para combater um tipo de barbaridade que, na minha opinião, com esse alinhamento com o fascismo deve acontecer mais. Então existe uma extrema direita hoje organizada no mundo, com um poder de fogo bastante grande e isso é muito delicado para a democracia", afirmou Haddad.

O publicitário Sidônio Palmeira assinou nesta terça-feira, 14, o termo de posse para ser o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom). O novo ministro assume o cargo de Paulo Pimenta, que estava na função desde o começo do governo, em janeiro de 2023. Marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula em 2022, Sidônio assume a pasta para reformular a comunicação do governo e tentar deixar a gestão do petista mais popular visando à eleição de 2026.

O ato aconteceu nesta terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto. Dentre as principais autoridades, participam do evento o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Educação, Camilo Santana, da Saúde, Nísia Trindade, da Casa Civil, Rui Costa, e da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Sidônio nasceu na Bahia e, no evento, foi perceptível o peso do Estado. Dividindo palco com Lula, estavam figuras baianas importantes, tais como o governador, Jerônimo Rodrigues (PT), Rui Costa e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT).

Além disso, no palco, também estão o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e a primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja.

No início de dezembro, Lula disse publicamente que precisava fazer correções na comunicação. A fala, proferida em seminário do PT, foi entendida pelo mundo político como uma espécie de aviso prévio para Pimenta. Apesar disso, a troca só foi anunciada na terça-feira, 7.

Lula julga que seu atual governo executa grande número de obras e tem bons programas sociais. Por esse raciocínio, falhas de comunicação o impediriam de ser um presidente mais popular do que é hoje. Pesquisa AtlasIntel divulgada na sexta-feira, 10, mostrou que a desaprovação do petista alcançou 49,8% do eleitorado.

Na declaração que deu à imprensa ao lado de Pimenta para anunciar a troca na Secom, Sidônio afirmou que o governo precisa evoluir na comunicação digital. Uma licitação de R$ 190 milhões para a área foi barrada no Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeita de irregularidades. Na última semana, o órgão liberou o certame, mas o fato é que o governo federal ainda não tem a estrutura que gostaria para disputar as redes sociais com o bolsonarismo.

Sidônio afirmou, na ocasião, que o governo precisa equilibrar a expectativa, a gestão e a percepção popular. Ele afirmou que sua gestão se tratará de um "segundo tempo", no sentido de que não precisará começar o trabalho todo do zero depois do período de Pimenta no cargo. "É uma experiência nova, interessante, é um grande desafio. Eu mesmo vou me cobrar, a comunicação é um negócio muito interessante para um governo", disse o publicitário.

Sidônio tem histórico na comunicação política. Antes de ser contratado para a campanha de Lula em 2022, já havia feito campanhas de candidatos petistas na Bahia. Será sua primeira vez em um cargo político dentro do aparato estatal.

Ao escolher o publicitário, Lula também deu uma espécie de "carta branca" ao futuro ministro para fazer as trocas que julgar necessárias na Secom. Nesse sentido, na semana passada, por exemplo, Sidônio demitiu o secretário de imprensa da Presidência, José Chrispiniano, que trabalhava há anos com Lula. Quem ocupará o cargo será o atual secretário de Comunicação Institucional, Laércio Portela.

Outras trocas a serem feitas, porém, interferem na influência da primeira-dama, Janja, no governo. Como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), dois nomes se destacam entre mudanças de Sidônio vistas como importantes para Janja: Brunna Rosa, chefe da Secretaria de Estratégia e Redes (Seres) da Secom, e Priscila Calaf, diretora do Departamento de Canais Digitais da Secretaria de Redes chefiada por Brunna. A Seres comanda algumas das principais contas de redes sociais do governo, como o perfil SecomVc, que soma 223 mil seguidores no Instagram.

A primeira-dama, no entanto, tem sido refratária às trocas e vem fazendo esforços para realocar aliados no governo.

Segundo apuração, essas mudanças na Secom fizeram com que se acumulassem atritos entre Sidônio e Janja. A tendência é que tanto Brunna quanto Priscila passem a ser ligadas ao gabinete de Lula, onde ficariam na equipe de Janja.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e ministros do governo utilizaram o X, antigo Twitter, para manifestarem pesar pela morte de Benedito de Lira, ex-senador e prefeito de Barra de São Miguel (AL), pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Benedito teve uma carreira política em Alagoas, ocupando cargos como vereador, deputado estadual, federal, senador e prefeito.

Lula destacou a trajetória política de Benedito e manifestou solidariedade ao presidente da Câmara dos Deputados.

"Com tristeza e pesar, soube da morte do ex-senador Benedito de Lira, em Alagoas. Liguei para o presidente da Câmara, Arthur Lira, para expressar minhas condolências e estendi minha solidariedade a todos os familiares, amigos e admiradores do seu pai", afirmou o presidente da República.

Alckmin

O vice-presidente Geraldo Alckmin também expressou seu, destacando o impacto de Benedito de Lira como liderança política. "Transmito meus sentimentos e orações ao presidente da Câmara dos Deputados, @ArthurLira, e toda a família, pelo falecimento de seu pai, o prefeito de Barra de São Miguel e ex-senador, Biu de Lira, destacada liderança de Alagoas."

Ministros

O ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, relembrou momentos de convivência com Benedito de Lira e destacou sua relevância. "É com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento de Benedito de Lira. Um abraço de solidariedade ao presidente Arthur Lira e meus mais profundos sentimentos a toda a família neste momento tão difícil."

Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, também lamentou a perda e elogiou o impacto de Benedito na política brasileira. "Recebi com tristeza a notícia do falecimento do ex-senador e ex-prefeito Benedito de Lira, um quadro muito importante do estado de Alagoas e da política brasileira, pai do meu amigo Arthur Lira."

O ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou a longa carreira de Benedito e sua relevância no estado de Alagoas. "Meus sentimentos ao deputado federal Arthur Lira e sua família pela morte do ex-senador e prefeito da Barra de São Miguel, Benedito de Lira. Biu, como era chamado por todos, deixa o legado de uma longa e marcante carreira na política alagoana. Que Deus conforte a todos nesse momento tão difícil."