Incêndios na Califórnia: por que as florestas estão queimando nesta proporção em pleno inverno?

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O incêndio florestal que devasta Los Angeles há seis dias e que já deixou 24 pessoas mortas é um dos mais devastadores do sul da Califórnia em mais de quatro décadas. Os Estados Unidos se encontram em pleno inverno - uma época em que incêndios florestais não costumam ocorrer -, mas a combinação de ventos fortes e plantas secas resultou em dezenas de milhares de hectares consumidos pelas chamas.

Um levantamento divulgado pela agência Associated Press apontou que de 423 incêndios florestais na Califórnia que cresceram para pelo menos 39 quilômetros quadrados desde 1984, apenas quatro ocorreram durante o inverno. Cerca de dois terços desses incêndios maiores ocorreram em junho, julho ou agosto, verão no Hemisfério Norte.

Em menos de uma semana, quatro incêndios na segunda maior cidade dos Estados Unidos queimaram mais de 160 quilômetros quadrados, quase três vezes o tamanho de Manhattan. Veja abaixo por que incêndios tão severos estão acontecendo no inverno.

Ventos chicoteiam as chamas

Os primeiros culpados são os ventos de Santa Ana. Estes fortes ventos ocorrem quando o ar frio se acumula nos estados vizinhos de Nevada e Utah. À medida que esta massa de ar se desloca para o oeste e, depois, às montanhas da Califórnia, ela se aquece e seca.

Na semana passada, estes ventos atingiram uma intensidade não vista desde 2011, com rajadas de até 160 km/h, de acordo com meteorologistas. A velocidade do vento e a velocidade de propagação das chamas estão diretamente relacionadas.

Os incêndios de verão são geralmente maiores, mas não queimam tão rápido. Os incêndios de inverno "são muito mais destrutivos porque acontecem muito mais rápido", disse o cientista de incêndios do US Geological Survey, Jon Keeley, para a Associated Press.

Enquanto os bombeiros continuaram combatendo as chamas, o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA previu um "comportamento extremo do fogo", ao ser exposto a ventos de até 110 quilômetros por hora em uma "situação particularmente perigosa (PDS, na sigla em inglês)" desde a manhã da última terça-feira, 7.

"O impacto aumenta exponencialmente conforme a velocidade do vento aumenta", disse o cientista de incêndio Mike Flannigan, da Universidade Thompson Rivers no Canadá, para a AP. Se os bombeiros conseguirem chegar às chamas em 10 minutos ou mais, sua propagação pode ser contida, mas "15 minutos, é tarde demais e já passou. O cavalo saiu do celeiro."

Região vive seca

Há um cenário de condições climáticas cada vez mais atípicas em todo o mundo, graças às mudanças climáticas. Nos últimos dois anos, a Califórnia viveu invernos rigorosos, com muitas chuvas no sul da Califórnia. A enorme quantidade de água na região fez com que muitas plantas crescessem, especialmente as do tipo gramíneas e arbustos, o chamado "combustível fino", conforme explicou o cientista climático da UCLA Daniel Swain em seu blog Weather West.

Os invernos foram seguidos de um calor recorde, entre verão e outono, e um período de seca no momento em que o Estado deveria receber chuva. Há uma ligação clara entre as mudanças climáticas e os outonos e invernos secos mais frequentes, que fornecem combustível para incêndios, dizem especialistas. Há cerca de oito meses, o sul do Estado, onde os incêndios estão sendo registrados, tem estado significativamente seco.

Segundo a emissora americana NBC News, a última vez que Los Angeles registrou mais de um décimo de polegada de chuva (2,54 MM) foi no começo de maio.

Como resultado, as gramíneas e arbustos secaram - "o que preparou o cenário para que a tempestade de vento extrema espalhasse incêndios que se iniciavam na interface urbana-selvagem ou próximo a ela, bem em bairros populosos (e até mesmo em áreas comerciais e centros urbanos) do subúrbio de Los Angeles", escreveu Swain.

Meteorologistas alertaram que as "condições críticas" de vento e seca, embora tenham diminuído, ainda não acabaram. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 10, traz Portaria da Secretaria-Geral da Presidência da República, que instituiu o Programa "Governo na Rua" e cria o Grupo de Trabalho Técnico com a finalidade de estudar, diagnosticar e propor projetos de atuação para ampliar a política de participação social. "O Programa tem como finalidade primordial promover a ampliação e o aprofundamento da participação social e da democracia, por meio da atuação direta nos territórios", diz o artigo 2º da portaria assinada pelo ministro Guilherme Boulos.

A ideia do programa é promover escuta ativa, diálogo social e divulgação direta das políticas públicas no País, "de modo a fortalecer a presença do governo federal junto à sociedade e ampliar o acesso das pessoas aos serviços e programas públicos". As diretrizes do Programa são: transversalidade das políticas públicas; inclusão e diversidade; equidade territorial; inovação na participação social; e promoção da cidadania.

Já o Grupo de Trabalho Técnico será instituído para a fase de estudo, diagnóstico e desenho do Programa. Caberá ao grupo fazer um diagnóstico de problemas e análise para verificar se os modelos atuais de implementação e participação social são coerentes com as diretrizes do governo.

Terá ainda que analisar os arranjos de implementação das políticas públicas federais nos Estados, municípios e no Distrito Federal; propor princípios, diretrizes e orientações para o funcionamento e a articulação de mecanismos e instâncias democráticas de diálogo e participação social. Caberá ao grupo de trabalho apresentar proposta de norma para a execução e institucionalização do Programa "Governo na Rua" como programa permanente da Secretaria-Geral da Presidência.

A Portaria define ainda o prazo de 60 dias para o Grupo de Trabalho Técnico, prorrogáveis por igual período, para apresentar o relatório final com as propostas de diretrizes e o ato normativo de institucionalização e execução do programa.

Três dos quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, que foi assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, será aberta uma ação penal e ele será transformado em réu.

Ele foi acusado de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e atuar para prejudicar as investigações de atos como os de 8 de janeiro de 2023. Tagliaferro está na Itália. O governo brasileiro já iniciou um processo de extradição contra ele.

A votação começou no plenário virtual na sexta-feira, 7, e deve ser oficialmente encerrada na próxima sexta-feira, 14. Votaram até agora Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Falta o voto de Cármen Lúcia.

O ex-assessor responderá por quatro crimes: revelar ou facilitar a divulgação de um fato que o servidor público tem conhecimento em razão do seu cargo e que deve permanecer secreto; coação no curso de processo judicial; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; e tentar impedir ou dificultar investigação contra organização criminosa.

"A participação do denunciado manifestou-se de forma engendrada com a organização criminosa que atuava com o objetivo de praticar golpe de Estado, reforçando a campanha de deslegitimação das instituições mediante vazamento de informações sigilosas e criação de ambiente de intimidação institucional", escreveu Moraes no voto.

Após instaurada a ação penal, as investigações serão aprofundadas, com a produção de provas e o depoimento do acusado, de testemunhas de defesa e de testemunhas de acusação. Ao fim das apurações, a Primeira Turma vai realizar o julgamento final, que pode ser pela condenação ou absolvição do réu.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.