Israel e Hamas aceitam cessar-fogo em troca de reféns

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Negociadores de Israel e do grupo terrorista Hamas concordaram nesta quarta-feira, 15, com um cessar-fogo de 42 dias, em uma negociação que prevê ainda a libertação dos reféns em Gaza e de prisioneiros palestinos. O acordo foi confirmado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, por Donald Trump e líderes de Catar e Egito, interrompendo uma guerra que já dura 15 meses.

 

O cessar-fogo está programado para entrar em vigor no domingo, 12, de acordo com o primeiro-ministro Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, do Catar, principal mediador das negociações. Ele ressaltou, no entanto, que os dois lados ainda trabalham para concluir questões logísticas.

 

O acordo precisa ser formalmente ratificado pelo gabinete do premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Em comunicado, o premiê disse que vários detalhes deveriam ser resolvidos durante a madrugada para que a trégua seja votada nas primeiras horas desta quinta, 16(horário de Israel).

 

Os maiores obstáculos seriam os dois ministros mais extremistas da coalizão: Bezalel Smotrich, das Finanças, e Itamar Ben-Gvir, da Segurança. Nos últimos 15 meses, eles foram os maiores defensores da guerra. Na segunda-feira, 13, Ben-Gvir se gabou de ter enterrado tentativas de acordo no passado e pediu ajuda de Smotrich para impedir a trégua.

 

Ontem, Smotrich insistiu que a guerra na Faixa de Gaza deve continuar, mas não disse explicitamente se apoiará ou não o acordo de cessar-fogo. "Minha prioridade é atingir plenamente os objetivos da guerra, a vitória total, a completa destruição militar e civil do Hamas e o retorno dos reféns para casa", disse. "Não descansarei nem ficarei em silêncio até atingirmos esses objetivos."

 

Aprovação

 

O gabinete de Netanyahu, no entanto, é composto por 34 ministros. Apesar da oposição dos extremistas e dos religiosos, a expectativa é que o acordo seja aprovado, segundo a imprensa de Israel, por um placar de 28 a 6.

 

O premiê do Catar afirmou ontem que o acordo terá três fases. A primeira prevê a retirada das forças israelenses de Gaza e a libertação de 33 reféns ao longo de 42 dias. Ele não disse quantos prisioneiros palestinos seriam libertados em troca. A previsão é a de que o cessar-fogo entre em vigor no domingo e os primeiros três reféns sejam soltos no mesmo dia.

 

Acredita-se que cerca de 100 reféns ainda estejam em Gaza, embora as autoridades israelenses digam que pelo menos 35 estejam mortos. Os corpos seriam devolvidos em fases posteriores do acordo.

 

O pacto é semelhante à proposta de três fases elaborada por Biden em maio, de acordo com várias autoridades envolvidas nas negociações. No esboço anterior, Israel e Hamas cumpririam um cessar-fogo de seis semanas, durante as quais o grupo terrorista libertaria mulheres, idosos e doentes em troca de palestinos presos em Israel e da entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia.

 

Trump

 

Concluído no apagar das luzes do governo Biden, o acordo também representa uma vitória de Trump. Dois negociadores árabes disseram ontem ao jornal The Times of Israel que a chave para a trégua foi Steve Witkoff, enviado do presidente eleito dos EUA, que teria convencido o primeiro-ministro de Israel em um único encontro e feito o que os diplomatas americanos não conseguiram em um ano.

 

Ontem, o presidente eleito foi o primeiro a dar a notícia, antes mesmo da Casa Branca, de Israel e dos governos árabes. "Os reféns serão liberados em breve", escreveu Trump em sua rede social. Nas últimas semanas, ele vinha ameaçando com "graves consequências" se os dois lados não chegassem a um acordo antes de sua posse, no dia 20.

 

Biden falou mais tarde e disse que, além da libertação dos reféns israelenses, os palestinos poderiam voltar para suas casas e receber uma onda de ajuda humanitária. "Muitas pessoas inocentes morreram. Muitas comunidades foram destruídas", disse o presidente americano em discurso na Casa Branca. "Com esse acordo, o povo de Gaza pode finalmente se recuperar e se reconstruir."

 

Reação

 

O Hamas confirmou o acordo de cessar-fogo em uma declaração no Telegram, chamando a trégua de "conquista para nosso povo" e saudando a "lendária resiliência" dos habitantes de Gaza durante a guerra. Ontem, no entanto, Netanyahu reclamou que o grupo não enviou uma resposta por escrito, embora não esteja claro o peso do documento.

 

Habitantes de Gaza reagiram com uma mistura de esperança, tristeza, exaustão e medo. Suzanne Abu Daqqa, que mora no subúrbio de Khan Younis, no sul do enclave palestino, disse que estava entusiasmada com o fim dos bombardeios, mas que continua ansiosa com o futuro. "Como vamos nos reconstruir?", questionou. "Por onde vamos começar?"

 

Mohamed Abualkas, de 32 anos, disse esperar que o cessar-fogo realmente se concretize. "Eu gostaria de dormir por dois dias seguidos sem medo". De acordo com ele, é triste ver as comemorações e a felicidade de todos os que vivem em tendas: "O que nos resta?"

 

Farah Hathout, de 20 anos, conta que foi deslocada nove vezes durante a guerra. Ela disse que não acreditou na notícia do cessar-fogo. "Será que é verdade? Eles assinaram?", questionou. "Eu rezo para que isso aconteça."

 

Em Israel, apoiadores do acordo de cessar-fogo também comemoraram a possibilidade de libertação dos reféns, mas expressaram tristeza pelo fato de que uma trégua, provavelmente, apenas interromperia o conflito.

 

"Para que haja paz, deve haver uma nova liderança na Faixa de Gaza e em Israel, bem como anos de tranquilidade e educação para a paz e o entendimento mútuo", afirmou Yaniv Hegyi, que sobreviveu aos ataques do Hamas ao kibutz de Be'eri, em outubro de 2023. "Qual é a chance de tudo isso acontecer? Praticamente zero."

 

Narrativa

 

Especialistas esperam agora que o Hamas tente criar uma narrativa para vender o acordo como uma vitória. Mouin Rabbani, pesquisador do Centro de Estudos Humanitários e de Conflitos do Catar, disse que, embora o grupo palestino tenha sido severamente afetado como força de combate e de governo, ele não está acabado.

 

"Muitas vezes, quando se trata de movimentos insurgentes que enfrentam Estados muito mais poderosos e exércitos convencionais, a sobrevivência já é considerada uma vitória política", afirmou Rabbani. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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