Como era o Brasil e o mundo quando Trump tomou posse a 1ª vez?

Internacional
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Donald Trump retorna à presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, oito anos depois de assumir a Casa Branca pela primeira vez, em 2017. Naquele ano, carros elétricos existiam, mas não eram tão comentados como hoje, assim como a AirFryer, cada vez mais presente nas cozinhas brasileiras. O Brasil era presidido por Michel Temer, que esteve no centro de um escândalo depois de ter uma conversa gravada com o empresário Joesley Batista no âmbito da operação Lava Jato.

O mundo começava uma onda nacionalista. Trump fez o seu primeiro discurso destacando o 'American First'. Os britânicos haviam acabado de votar a favor do Brexit, mas o Reino Unido ainda estava na União Europeia. Na Alemanha, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em inglês) havia conquistado espaço no Parlamento pela primeira vez desde a 2.ª Guerra - e não parou desde então.

Mas o mundo não é só geopolítica. Abaixo, relembre alguns fatos daquela época:

Brasil

O Brasil vivia a operação Lava Jato. O presidente Lula ainda não havia sido preso, mas foi naquele ano que ele perdeu sua ex-esposa, Marisa Letícia, depois de sofrer um AVC. O ministro do STF Teori Zavascki, que cuidava da Lava Jato, faleceu em um acidente de avião e foi substituído por Alexandre de Moraes, que antes era ministro da Justiça.

O País também viveu uma grande crise na segurança pública, com massacres dentro do sistema prisional do Rio Grande do Norte, Amazonas e Roraima, impulsionados por disputas entre facções criminosas em todo o Brasil.

O setor de infraestrutura viveu uma tendência de privatização, com concessões em portos e aeroportos. A economia também saiu da recessão, depois de dois anos, e a inflação ficou abaixo de 3%.

Tecnologia e redes sociais

Naquele ano, a Apple lançou o iPhone 10, o primeiro com Face ID e sem o botão inicial. A Inteligência Artificial ainda não tinha chegado ao nível do ChatGPT, mas o AlphaGo, programa de computador da Google, venceu jogadores humanos em jogos de tabuleiro pela primeira vez.

A SpaceX, do Elon Musk, reutilizou pela primeira vez um foguete, o Falcon 9, dois anos depois de tê-lo lançado em órbita. E, falando em Elon Musk, não havia sequer intenção declarada do magnata de comprar o Twitter, renomeado hoje para X.

Entre as redes sociais, o TikTok ainda não existia. Existia, sim, o Vine, que tinha a mesma proposta de vídeos curtos e fez muito sucesso nos EUA até ser desativado em 2017.

Esporte

No futebol, Messi e Cristiano Ronaldo eram dominantes. O Palmeiras havia acabado de ganhar o Brasileirão em 2016 depois de duas décadas de jejum, comandado por Cuca e com Gabriel Jesus no elenco, mas nem sonhava na chegada de Abel Ferreira. O Grêmio, de Renato Gaúcho, ganharia a Libertadores de 2017. O Real Madrid conquistaria a Liga dos Campeões pelo segundo ano consecutivo.

Os tenistas Roger Federer e Rafael Nadal ainda estavam em atividade - e em alto nível. As duas lendas do tênis ganharam os quatro grand slams daquele ano (o suíço ganhou Austrália Open e Wimbledon, e o espanhol, US Open e Roland Garros).

Na NBA, o Golden State Warriors vivia sua hegemonia e vencia o Cleveland Cavaliers, de Lebron James, por quatro jogos a um. A equipe possuía um dos melhores elencos da história da NBA: Stephen Curry e Daymond Green (ainda hoje na equipe), Kevin Durant, Klay Thompson e Andre Iguodala eram alguns de seus nomes.

Cultura

Nos Estados Unidos, o Oscar premiou Moonlight, lançado em 2016, como melhor filme. O ano teve o lançamento de Corra, do Jordan Peele, e Dunkirk, do Cristopher Nolan, filmes com grande repercussão no Brasil. Na música, o hit Despacito, do porto-rinquenho Luis Fonsi, dominou a rádio e antecipou a onda da música de Porto Rico que se viu nos anos seguintes com Bad Bunny, que havia acabado de lançar o primeiro single em 2016.

Despacito também foi uma febre no Brasil, mas dividiu a rádio com hits como Paradinha, de Anitta, e K.O., da Pabllo Vittar, que lançou o primeiro disco, Vai Passar Mal, em janeiro de 2017. Na TV aberta, o domingo ainda possuía o Programa do Faustão na Globo e Silvio Santos no SBT.

Em outra categoria

A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz a nota.

Segundo a PF, o relatório do deputado Derrite, cujo nome não é citado na nota, "o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime - especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance - poderá sofrer restrições significativas".

A proposta do deputado, aponta a PF, obrigaria a instituição só poderia entrar em investigações a pedido de governos estaduais, "o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado".

"Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros", diz a nota.

A PF diz que, pelas regras propostas pelo deputado, as operações recentes contra o crime organizado não teriam ocorrido se as regras do texto de Derrite já estivessem valendo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou à Receita Federal a regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-deputado federal Daniel Silveira, que pretende obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Atualmente, Silveira cumpre pena em regime semiaberto, já podendo progredir para aberto, pois já cumpriu metade dos oito anos de condenação impostos pela Suprema Corte em 2022. Ele foi condenado por ameaças ao Estado Democrático de Direito e tentativa de interferência em processo judicial.

A liberação do CPF ocorreu após a defesa de Silveira alegar a necessidade de regularização do documento para obter a carteira de trabalho e poder, eventualmente, trabalhar.

Em despacho, Moraes destacou que "considerando que a alegação da defesa é contraditória com a informação obtida junto à Receita Federal, que aponta a situação de regularidade do CPF do apenado, esclareça-se o pedido formulado", dando prazo de cinco dias para resposta.

Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, apontado como integrante do "núcleo 2" da trama golpista, lançou uma campanha virtual de arrecadação de recursos para custear advogados nos Estados Unidos. A iniciativa foi anunciada no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter), feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

Segundo Chiquini, a vaquinha foi criada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins para arrecadar recursos destinados a custear os honorários de advogados criminalistas nos Estados Unidos. Segundo ele, a iniciativa também pretende ajudar nas despesas decorrentes das restrições que o ex-assessor enfrenta "há quase três anos".

Chiquini disse ainda que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Jair Bolsonaro e defendeu o engajamento dos apoiadores. Ele afirmou que o objetivo é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

A vaquinha foi anunciada após as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas recuou da decisão dias depois. O episódio gerou reação de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Uma das principais provas citadas é a reunião de 7 de dezembro de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto com outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista, grupo composto por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro que teriam sido responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.