Após festa da posse, Trump assina decretos para mudar rumo dos EUA

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Donald Trump tomou posse nesta segunda-feira, 20, em Washington como o 47.º presidente dos EUA. No discurso, prometeu uma "revolução do senso comum". À noite, no Capital One Arena, após desfile festivo, ele assinou os primeiros decretos que pretendem mudar o rumo do país. Seu plano envolve o aumento do controle sobre a fronteira com o México, com a designação dos cartéis como terroristas. O isolamento contrasta com a intenção de expandir o poder americano sobre outros territórios, incluindo o Canal do Panamá.

 

Segundo ele, seriam 80 medidas para suspender "as políticas radicais" do agora ex-presidente Joe Biden. "Vamos assinar os decretos executivos. Primeiro, revogarei quase 80 ações destrutivas e radicais do governo anterior, um dos piores da história", disse.

 

Mais cedo, durante o discurso de posse, feito no Capitólio, ele prometeu reverter a decadência dos EUA e iniciar uma nova era de ouro na história americana. "A partir deste momento, o declínio da América acabou", afirmou.

 

Após o juramento de posse, Trump disse que decretaria emergência nacional na fronteira com o México, permitindo o envio de tropas, e assinaria outra medida para declarar emergência energética, com objetivo de acelerar o licenciamento de novos oleodutos e incentivar a produção de petróleo.

 

"Todas as entradas ilegais serão imediatamente interrompidas e começaremos o processo de retorno de milhões e milhões de estrangeiros criminosos aos lugares de onde vieram", afirmou o presidente. "Acabarei com a prática de captura e soltura. E enviarei tropas para a fronteira para repelir a desastrosa invasão do nosso país."

 

Outros decretos prometidos envolvem a suspensão das medidas do governo de Biden para incentivar a venda de veículos elétricos e a designação dos cartéis de drogas como "organizações terroristas globais", o que as coloca no mesmo patamar de organizações como a Al-Qaeda, deixando no ar a possibilidade de operações militares dentro do território mexicano.

 

"Direcionarei o governo a usar todo o poder de aplicação da lei para eliminar a presença de todas as gangues estrangeiras e redes criminosas que trazem crimes devastadores para o solo dos EUA, incluindo nossas cidades", declarou.

 

Integrantes da nova equipe de governo disseram ainda que Trump assinaria decretos para suspender o reassentamento de refugiados e acabar com o asilo e com a cidadania automática para quem nasce nos EUA - uma medida que certamente enfrentará obstáculos nos tribunais, porque viola a 14.ª Emenda da Constituição.

 

Trump prometeu perdoar as pessoas processadas criminalmente por participarem do ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Um perdão geral pode anular as condenações ou sentenças de muitas dos 1,6 mil simpatizantes que foram processados. Em discurso no Capital One Arena, ele garantiu que os perdões seriam uma das primeiras medidas. "Vou assinar o perdão dos reféns do 6 de Janeiro, para libertá-los. Assinaremos perdões para muitas pessoas."

 

Clima

 

O Acordo de Paris também entrou na mira de Trump, que o chamou de "injusto e unilateral". "Os EUA não sabotarão nossos próprios setores econômicos enquanto a China polui impunemente", afirmou.

 

Trump também prometeu encerrar os programas de diversidade, equidade e inclusão do governo anterior. Uma de suas medidas será instituir a política oficial que só considera dois gêneros: masculino e feminino. Isso excluirá aqueles que se consideram não binários e trans. "Acabarei com a política governamental de tentar fazer engenharia social de raça e gênero em todos os aspectos da vida pública e privada."

 

Reação

 

Como nas últimas semanas, Trump também prometeu retomar o controle do Canal do Panamá, usando como argumento uma falsa acusação de que a China opera o local. "Nós o tomaremos de volta", afirmou. O presidente panamenho, José Raúl Mulino, reagiu imediatamente. "Rejeito integralmente as palavras expressas pelo presidente Trump", disse. "O canal é e continuará sendo do Panamá."

 

Líderes de todo o mundo reagiram ontem ao retorno de Trump à Casa Branca. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, cumprimentou o americano pelo retorno e defendeu uma relação fundamentada no "respeito". "Como vizinhos e parceiros comerciais, o diálogo, o respeito e a cooperação sempre serão o símbolo da nossa relação", escreveu Claudia, no X.

 

O Canadá, vizinho que também vem sendo alvo de ameaças de anexação e guerra comercial por parte de Trump, buscou conciliação. "Canadá e os EUA mantêm a parceria econômica mais frutífera do mundo e são o maior parceiro comercial um do outro", afirmou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

 

Mark Rutte, secretário-geral da Otan, prometeu que os membros da aliança militar liderada pelos EUA aumentarão seus gastos com defesa, uma bandeira de Trump. "Juntos podemos alcançar a paz por meio da força", disse.

 

Rivalidade

 

Apesar da rivalidade histórica com os EUA, o presidente russo, Vladimir Putin, fez acenos ao novo presidente americano e disse que o Kremlin está disposto a retomar o diálogo com a Casa Branca. "Nunca recusamos o diálogo, sempre estivemos prontos para manter a cooperação com qualquer governo americano", disse. "Mas o diálogo tem de ser construído em uma base igual e mutuamente respeitosa." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O presidente reeleito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), André do Prado (PL), afirmou neste sábado, 15, que discussões sobre uma eventual candidatura dele a governador ou vice-governador só acontecerão em 2026. "Neste momento, nosso foco é a reeleição do governador Tarcísio, que deve ser candidato à reeleição. As demais vagas serão debatidas no momento oportuno", disse.

Conforme já adiantou o Broadcast Político, a prioridade do governo de São Paulo em parceria com a Alesp será a aprovação da privatização das travessias hídricas do Estado, ou seja, as balsas. A concessão patrocinada permitirá investimentos de R$ 1 bilhão ao longo do contrato de 20 anos.

Com leilão previsto para o segundo trimestre de 2025, a iniciativa faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado (PPI-SP). A concessão englobará a operação, manutenção e gestão de 14 linhas aquaviárias, distribuídas em diferentes regiões.

"O governo quer privatizar essas travessias para melhorar a eficiência do serviço", afirmou o presidente. "Esse projeto será analisado pelas comissões e, após aprovação, seguirá para o Colégio de Líderes e, finalmente, para votação em plenário."

Em relação ao fato de Tarcísio ter se tornado o governador que mais vetou projetos da Alesp desde o governador José Serra (PSDB), Prado afirmou que isso só ocorreu por a Casa ter aprovado "muitos projetos".

"Tivemos um número expressivo de projetos aprovados nos últimos dois anos", disse o presidente da assembleia legislativa estadual. "Foram 206 projetos de iniciativa do Legislativo, dos quais mais de 90 foram sancionados - ou seja, quase 50%", assinalou.

O deputado estadual Maurici (PT) foi eleito primeiro-secretário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) neste sábado, 15. Houve apenas a candidatura dele ao cargo e sua vitória foi fruto de um acordo entre os parlamentares, que fez o PT apoiar a reeleição do presidente da casa, André do Prado (PL).

"Estar aqui não significa concordar com uma política de privatização. Não significa concordar com uma política de desmonte do Estado", disse Maurici em discurso de vitória.

O segundo-secretário, Rogério Nogueira (PSDB), deu lugar ao ex-ministro da Agricultura de Itamar Franco (1993) e ex-presidente da Alesp entre 2009 e 2013, Barros Munhoz (PSDB). Ele também foi o único candidato ao cargo.

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), foi reeleito para cargo neste sábado, 15, em votação no Palácio 9 de Julho, sede do Poder Legislativo estadual. Prado foi reeleito com apoio do PT e da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), incluindo bolsonaristas, consolidando sua influência na Alesp e abrindo caminho para pretensões eleitorais em 2026. Pupilo de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, ele busca se viabilizar como vice de Tarcísio em uma eventual reeleição do governador. Caso Tarcísio dispute a Presidência da República, Prado quer ser o candidato do PL ao governo de São Paulo.

Está é a primeira vez que um chefe Legislativo estadual é reconduzido ao cargo na mesma legislatura, o que era proibido até uma mudança na Constituição de São Paulo. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi proposta pelo deputado Carlos Cezar (PL) e aprovada no final do ano passado.

A modificação ocorreu no parágrafo segundo do artigo 11 da Constituição do Estado de São Paulo para permitir a reeleição. No entanto, um terceiro mandato consecutivo está vetado.

Prado enfrentou a candidata Paula da Bancada Feminista (PSOL), único nome de oposição para a disputa da principal cadeira da Casa.

A sessão preparatória que reelegeu Prado teve clima descontraído, com os deputados já cientes do resultado antes mesmo da votação. Em contraste com embates acalorados do passado - alguns que até viraram caso de polícia -, o ambiente foi marcado por trocas de afagos entre parlamentares do PL e do PT.

Logo no início da sessão, o líder da federação PSOL e Rede, Guilherme Cortez (PSOL), defendeu que a única adversária de Prado, Paula da Bancada Feminista, tivesse o direito de discursar. O pleito, sem respaldo no regimento interno, foi apoiado por Prado, que citou o Mês da Mulher ao justificar o gesto.

O pedido foi acatado pelos demais líderes, e Paula começou seu discurso lembrando que nunca houve uma mulher à frente do Legislativo paulista em seus 190 anos de existência. Ela lembrou que a atual legislatura elegeu 25 mulheres, um número recorde. "O meu desejo é que um dia a Assembleia Legislativa tenha, sim, uma presidente mulher", disse ela, que também pediu paridade nos cargos da Mesa Diretora.

A parlamentar do PSOL aproveitou sua fala para criticar a aprovação de projetos do governo Tarcísio de Freitas na Casa, citando a privatização da Sabesp, a PEC que flexibiliza gasto com educação em São Paulo e o projeto que cria escolas cívico-militares no Estado. "A Alesp não pode ser uma forma de chancelar o projeto de avanço da extrema direita no estado de São Paulo. E é por isso que, hoje, o PSOL coloca a candidatura própria", afirmou ela. "Nós queremos muito que essa casa cumpra um papel independente", acrescentou.

Em outro momento, o deputado petista Eduardo Suplicy protagonizou um momento hilário. "Eu me distrai um pouco e vim sem paletó e gravata, mas o meu líder Paulo Fiorilo me emprestou paletó e gravata, então, aqui estou".

O presidente da Alesp nutre proximidade com o governador Tarcísio, o que contribuiu para alinhavar a vitória. Em entrevista ao Estadão publicada em 9 de janeiro último, ele admitiu a proximidade com o chefe do Poder Executivo.

"Realmente, a gente é alinhado. Eu tenho que ser alinhado, apesar de não ser alienado", disse ele. "Existe harmonia, mas também uma grande independência. Nós mexemos no orçamento [do estado] e nunca votamos tantos projetos de parlamentares nesta Casa como agora".

Prado se candidatou pela primeira vez em 2004, quando foi eleito prefeito de Guararema, cidade paulista com cerca de 30 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022. Depois, elegeu-se deputado estadual quatro vezes seguidas (2010, 2014, 2018 e 2022).

Como mostrou o Estadão, embora filiado ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Prado vive uma situação inusitada na Alesp: é visto com bons olhos pela oposição, em especial, pelos deputados do PT. Parlamentares petistas ouvidos reservadamente pela reportagem disseram que ele tem uma postura mais "democrática" do que seus antecessores e consegue manter diálogo com todos os deputados e atender às demandas da oposição.

É exatamente pela boa relação que tem até mesmo com o PT, que a vitória neste sábado para mais dois anos no comando da Casa foi facilitada. O PT, inclusive, ficará com a primeira secretaria.

Depois de um racha interno pela disputa do posto, Mauro Maurici (PT) teve caminho pacificado para ser eleito. A disputa interna ocorreu com Beth Sahão (PT), que declarou no final de fevereiro que "há 30 anos que a prerrogativa para indicação da primeira secretaria é do meu partido, por uma questão numérica de assentos na Casa, mas nunca uma mulher ocupou este cargo".