Israel lança ampla operação na Cisjordânia em meio a cessar-fogo; chefe do Exército renuncia

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Forças de segurança de Israel iniciaram uma ampla operação militar em Jenin, na Cisjordânia, nesta terça-feira, 21, pouco mais de 48 depois da implementação de um cessar-fogo temporário na guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Segundo o governo, o objetivo da operação é erradicar o terrorismo. Ao menos seis pessoas morreram e 35 ficaram feridas, de acordo com a Autoridade Palestina, que governa partes do território ocupado.

Em paralelo, o comandante do Exército, Harzi Halevi, anunciou que deixará o cargo em março em razão da atuação dos militares durante os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.

Herzi Halevi disse em um comunicado que chegou à decisão "em virtude do reconhecimento da minha responsabilidade pelo fracasso da IDF em 7 de outubro, e em um momento em que a IDF tem conquistas significativas e está no processo de implementação do acordo para libertar nossos reféns", referindo-se ao início do processo de libertação de reféns no domingo.

Sobre a operação em Jenin, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse em um comunicado que a operação será extensa e significativa. Ela ocorre em meio ao aumento acentuado das tensões na Cisjordânia, onde o poder dos militantes cresceu, e a violência de colonos judeus contra civis palestinos disparou.

Na segunda-feira, 20, o presidente americano, Donald Trump, rescindiu as sanções impostas pelo governo Biden a dezenas de indivíduos israelenses de extrema direita e grupos de colonos acusados de violência contra palestinos e de confisco ou destruição de propriedades palestinas.

A medida foi tomada logo após a posse de Trump, mesmo quando extremistas judeus invadiram várias aldeias palestinas, incendiando veículos e propriedades, de acordo com autoridades palestinas e militares israelenses.

A Autoridade Palestina, que exerce controle limitado sobre partes da Cisjordânia, vem realizando sua própria operação contra militantes armados em Jenin nas últimas semanas, depois de deixar a segurança na área para Israel. O Exército israelense realizou ataques mortais e ataques de drones no norte da Cisjordânia no ano passado, tendo como alvo militantes palestinos armados. Os ataques destruíram ruas e deixaram muitos civis palestinos com medo.

Moradores e testemunhas em Jenin disseram na terça-feira que um hospital privado local, o Al-Amal, foi cercado pelas forças israelenses e ficou sob fogo. "É como se eles tivessem vindo até nós diretamente de Gaza com veículos grandes, tiros agressivos e drones", disse Kamila Mahmoud, 22 anos, moradora de Jenin, em uma entrevista por telefone. (Com agências internacionais).

Em outra categoria

A crise com o Congresso, agravada nesta semana após o governo recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para restabelecer o decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), acentuou no Palácio do Planalto a percepção de que a campanha eleitoral do ano que vem está já colocada. A investida orquestrada nas redes e nos discursos sob o mote da "justiça tributária" será reforçada - enquanto o governo enfrenta um cenário de perda crescente e constante de popularidade da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo as pesquisas.

Nesta quarta, 2, ao participar, em Salvador, das festividades do 2 de Julho, Dia da Independência da Bahia, Lula exibiu um cartaz que pedia a "taxação dos super ricos". O petista compartilhou foto do ato em suas redes sociais. Na imagem, ele aparece ao lado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).

O governo vai dobrar a aposta e fazer nova disputa política com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antecipando o tom da campanha de 2026. Depois de ressuscitar o "nós contra eles", a equipe de Lula prepara agora uma estratégia para atingir também a classe média. A ideia é tentar mostrar que os mais ricos estão isolados porque, pelos cálculos do Planalto, 99% da população defende "justiça tributária" e apenas 1% é contra.

Lula será o "motor" do conceito de que, para manter as contas públicas equilibradas, o governo vai taxar "quem sempre pagou pouco ou quase nada". Todos os ministros também foram orientados a bater na mesma tecla, sem se importar com o impacto do enfrentamento com o Congresso.

"Sei que existe uma disputa ideológica no País, mas vamos para os resultados. Vamos falar português para as pessoas", disse o ministro da Fazenda nesta terça, 1º, Fernando Haddad, ao participar da cerimônia de lançamento do Plano Safra Empresarial, no Palácio do Planalto. "São patriotas que pensam que, quando a economia está indo bem, o País está mal?", provocou ele.

Pano de fundo

Desde a semana passada, quando o Congresso derrubou o decreto de Lula que aumentava o IOF, o Planalto entendeu que o pano de fundo da briga ia muito além do tributo. Na lista dos fatores que contribuíram para a derrota no Legislativo estão embates por cargos, insatisfação com o atraso no pagamento de emendas parlamentares, queixas do mercado e as eleições de 2026.

Lula ficou irritado com um vídeo divulgado nas redes sociais pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), dizendo que "quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos".

O presidente defendeu nesta quarta, 2, a judicialização do caso do aumento do IOF e disse que houve um "descumprimento do acordo fechado" entre o Congresso e o governo sobre o assunto. "Se eu não entrar com recurso no Judiciário, eu não governo mais o País." Lula foi duro ao chamar a decisão de Motta, de pautar o projeto de decreto legislativo derrubando A elevação do IOF, de "absurda".

O petista alegou que o decreto por ele assinado sobre o IOF não era um "aumento de imposto", mas um "ajuste tributário para que os mais ricos paguem um pouco e a gente não precise cortar dinheiro da educação e da saúde". "Houve uma pressão das bets, das fintechs, eu não sei se houve pressão do sistema financeiro", afirmou Lula, em entrevista à TV Bahia, afiliada da TV Globo. "Os interesses de poucos prevaleceram na Câmara e no Senado, o que é um absurdo."

Campanha

Na ofensiva por uma "justiça tributária", o PT criou a campanha "Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets". "É justo Bancos, Bets e Bilionários (BBB) não quererem pagar imposto?", perguntou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, numa referência aos vídeos divulgados pelo partido. "Não se trata de pobres contra ricos. A classe média também paga imposto alto. É 99% contra 1%", destacou ele, indicando a nova estratégia de comunicação.

Monitoramentos feitos pelo Planalto mostram que, nas redes sociais, a versão recauchutada do "nós contra eles" superou as expectativas, ultrapassando os posts bolsonaristas em número de interações.

Ontem, o PT convocou influenciadores digitais para reforçar a nova estratégia. Com apoio do Planalto, a cúpula do partido reuniu cerca de 270 criadores de conteúdo e apoiadores numa reunião virtual para incentivá-los a dar gás à "campanha taxação BBB".

Embora até mesmo aliados do governo tenham receio dessa guinada à esquerda, o argumento usado por ministros é o de que Lula não pode ceder porque, se assim o fizer, o Congresso derrubará todas as medidas de interesse do Planalto.

Há, porém, uma expectativa no próprio governo de que o Supremo conduza um acordo político antes de tomar uma decisão. Ministros da Corte avaliam que uma conciliação seria a melhor saída para o impasse envolvendo o IOF. O relator do caso é Alexandre de Moraes.

Ontem, em Buenos Aires, Haddad reiterou ao Estadão/Broadcast que a equipe econômica depende do decreto que elevou o IOF para garantir o cumprimento da meta fiscal do ano que vem, de superávit de 0,25% do PIB. "Tudo isso é para recuperar a arrecadação líquida de 2011", disse ele. Questionado sobre a possibilidade de o STF promover uma conciliação sobre o tema, ele evitou se posicionar, mas reforçou que nunca se furtou ao diálogo.

"Não sei como o ministro Alexandre (de Moraes) vai encaminhar isso. Seria indelicado da minha parte me adiantar antes de falar com ele. Ele está em Portugal, eu estou na Argentina. É um assunto delicado. Precisa de um tratamento adequado, até para evitar intriga", disse Haddad. "Nunca me furtei ao diálogo."

A Advocacia Geral da União (AGU) - que apresentou o recurso ao Supremo - argumentou que a elevação do IOF está dentro das competências exclusivas do Executivo. O Congresso, por sua vez, entende que o governo extrapolou seu poder porque o tributo federal - pago por pessoas físicas e jurídicas e que incide sobre diversas operações de crédito, câmbio, seguro e outros - não poderia ser alterado com fins arrecadatórios.

Apesar das críticas dirigidas ao presidente da Câmara, Lula disse não considerar que o seu governo vive em um momento de "rompimento" com o Legislativo e afirmou que reconhece "os direitos do Congresso".

"O presidente da República não rompe com o Congresso. O presidente da República reconhece o papel que o Congresso tem, eles têm os seus direitos, eu tenho os meus direitos. Nem eu me meto no direito deles nem eles se metem no meu direito. E, quando os dois não se entenderem, a Justiça resolve."

Lula disse que, quando voltar da Cúpula dos Brics, que será realizada no próximo fim de semana no Rio de Janeiro, pretende se reunir com Motta e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para tentar chegar a um acordo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado estadual André do Prado (PL-SP), foi internado nesta quarta-feira, 2, após passar por duas cirurgias para desobstruir artérias. "Uma placa de gordura existia em minhas veias, ela estava comprometida em cerca de 70%", explicou o parlamentar.

"Passei hoje por um procedimento de cateterismo seguido de angioplastia, com colocação de dois stents, após exames detectarem obstrução significativa em uma das artérias coronárias", detalha o político em vídeo publicado no seu perfil no Instagram.

O deputado ainda ressaltou que apesar da sua permanência no hospital por dois dias, "a Alesp segue funcionando normalmente, com minha equipe cuidando de tudo com responsabilidade". Ele também afirma que está bem de saúde e que o procedimento médico ocorreu como planejado.

No dia 25 de junho, André do Prado comandou sessão na Alesp que aprovou a criação de 1344 cargos públicos em apenas 93 segundos. Além das novas posições, que serão ocupadas no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), nesta ocasião os deputados estaduais permitiram reajustes de 5% e 7%, respectivamente, para os servidores do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) e para os que trabalham na própria Alesp.

Após a votação, a Alesp afirmou, por meio de nota, que "todos os projetos pautados em Plenário, conforme disciplina o Regimento Interno, têm garantidos os direitos a discussão e votação".

André do Prado pode se candidatar como vice na chapa à reeleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos). O nome do político, no entanto, também é cotado como possível candidato a governador, caso Tarcísio dispute a Presidência da República em 2026. O apoio de Jair Bolsonaro (PL), que se encontra inelegível até 2030, a Tarcísio, no entanto, ainda é incerto.

Os advogados da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) apresentaram nesta quarta-feira, 2, a defesa do seu processo de cassação. Fábio Phelipe Garcia Pagnozzi e Pedro Paulo Pagnozzi pediram, no documento, para que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ouça o hacker Walter Delgatti Neto, que teria ajudado Zambelli a invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"A deputada Zambelli sofreu com ação penal, que, em sua ausência, baseou-se apenas no discurso de um delator cuja credibilidade é altamente questionável. Este indivíduo, que já foi qualificado como 'mitomaníaco' e 'mentiroso compulsivo' pela própria Polícia Federal, demonstrou incapacidade de manter uma narrativa coesa", afirma a defesa por meio do documento, se referindo a Delgatti.

Os advogados negam envolvimento da deputada com o hacker e afirmam que ouvi-lo é necessário para "dirimir eventuais contradições e confrontar as versões apresentadas".

Além de Delgatti, a defesa de Zambelli também pede para que o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, Michel Spiero, assistente técnico da defesa, Flávio Reis, delegado da Polícia Federal, e Felipe Monteiro, que fundamentou as acusações, sejam ouvidos.

De acordo com os representantes da deputada, ocorreram "graves vícios processuais e violações constitucionais que comprometem diretamente seus direitos fundamentais ao contraditório e à ampla defesa".

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou em entrevista que "o PL não abandona nenhum de seus soldados", apoiando a parlamentar. Ele ainda chamou Zambelli de "soldada ferida guerreira" e disse que lutará pelo mandato "de uma mulher, a mais votada na última eleição do Brasil".

Processo contra Zambelli corre na CCJ

A CCJ deve analisar a cassação de Zambelli e dar parecer positivo ou negativo para a perda de mandato. Em seguida, o processo será submetido à votação no plenário da Câmara dos Deputados. Para que a deputada seja efetivamente seja destituída de seu cargo, 257 parlamentares precisam votar a favor.

Zambelli enfrenta o processo de perda de mandato devido à sua condenação, em 14 de maio, pela invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça. A sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) também determinou que a congressista fosse presa por dez anos.

Zambelli deixou o País dias após a decisão e se refugiou na Itália, país em que possui nacionalidade. O juiz Alexandre de Moraes, do STF, decretou prisão preventiva da deputada por motivo de fuga, a captura ainda não se cumpriu.