O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 10, que não está interessado na redução de penas dos presos do 8 de Janeiro, mas sim uma anistia "ampla, geral e irrestrita". Bolsonaro disse ter havido um "ponto de inflexão" na articulação pela anistia com o voto do ministro Luiz Fux no julgamento que o tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Na sessão, Fux falou da possibilidade de as penas serem reduzidas.
A declaração do ex-presidente foi dada durante um almoço fechado em evento organizado por um grupo de advogados de direita que critica a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Judiciário.
"Agora, tivemos um ponto de inflexão. Enchendo a bola da minha esposa aqui, que falou muito bem na Paulista, dirigindo-se ao ministro Fux. Ali, no meu entender, foi uma fissura que apareceu. Um outro lado que parecia impossível. A modulação não nos interessa. Redução de penas não nos interessa. O que nos interessa, sim, é anistia ampla, geral e irrestrita", afirmou Bolsonaro aos convidados.
O comentário se referiu a uma cena na manifestação organizado por aliados de Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo, 6. Michelle discursou para mais de 40 mil pessoas que ministros do Supremo têm agido com injustiça ao definir as penas e pediu a Fux que não deixasse "mães" na cadeia.
No almoço desta terça, Bolsonaro também afirmou que a bancada do PL "está muito próxima, talvez já tenhamos até alcançado", o número mínimo de assinaturas para o requerimento de urgência para votar o projeto da anistia em plenário. O líder do partido, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) deixou, no entanto, de divulgar os nomes da lista de apoiadores do projeto de anistia. Segundo Placar da Anistia do Estadão, há 200 deputados a favor da proposta.
Mais cedo, ele se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar do assunto.
O ex-presidente também reafirmou que, se não tivesse fugido do País em 30 de dezembro de 2022 - o que impossibilitou que passasse a faixa para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -, ele teria sido preso ou até mesmo morto pela Polícia Federal. E aproveitou para mandar um recado para o STF.
"Quando eu falo em ter 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil, eu quero Senado forte não para perseguir, mas para que, caso necessário, ele possa fazer com que alguém ou outro Poder se rebaixe e se coloque em situação de igualdade com os demais. Somente com esse equilíbrio podemos ter certeza que atingiremos nossos objetivos", declarou, referindo-se a um desejo para para o resultado das eleições de 2026.
Além de Bolsonaro, o almoço teve discursos de aliados como a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), do desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor de Bolsonaro Filipe Martins perante o STF, o senador Magno Malta (PL-ES) e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL-PE). Houve ataques à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ao Judiciário e um clamor pela "resistência" perante o STF.