Rússia captura pequena cidade do leste da Ucrânia e dá mais um passo para conquistar Donetsk

Internacional
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A Rússia deu mais um passo para controlar a região de Donetsk, com a captura da pequena cidade de Velika Novosilka. Essa é uma conquista modesta para os russos se comparada com outras recentes, mas revela a eficácia da tática para avançar no leste da Ucrânia: usar a vantagem numérica esmagadora para atacar incessantemente, cercando as forças ucranianas e forçando-as a recuar.

Assim, a Rússia tem conseguido tomar uma cidade após a outra no leste da Ucrânia. Análises independentes do campo de batalha e vídeos de combate mostram que Velika Novosilka está agora sob controle dos russos, que avançam em sua investida para conquistar Donetsk.

O Kremlin reivindicou a captura no domingo, mas a alegação não foi imediatamente confirmada por fontes independentes. O Exército ucraniano, por outro lado, reconhece que se retirou da maior parte de Velika Novosilka, mas afirmou que suas tropas ainda mantém uma posição no norte.

"Do ponto de vista tático, a abordagem deles foi correta, entenderam suas capacidades e vantagens e usaram de forma eficaz", admitiu o major Ivan Sekach, oficial de imprensa da 110ª Brigada do Exército ucraniano, que vem defendendo a área. "Não seria correto afirmar que os russos não sabem lutar."

Sekach disse ainda que as tropas ucranianas estavam lutando com um rio às suas costas, o que complicava significativamente as operações. Nos últimos 15 dias, suprimentos de munição e alimentos precisaram ser entregues por drones.

"O reforço das tropas precisa cruzar o rio, o que é uma operação muito complexa", disse ele, acrescentando que a Rússia "obviamente estava ciente disso".

Velika Novosilka é a primeira cidade significativa a cair este ano para os ataques constantes da Rússia contra sobre as tropas esgotadas da Ucrânia. A cidade, localizada em um entroncamento rodoviário, deve melhorar a logística russa na região, segundo especialistas. Seu pequeno tamanho, contudo, limita o potencial como base para futuras ofensivas.

A captura foi facilitada pela queda de Vuhledar, arrasada pela artilharia russa até ser tomada em outubro. Situada em uma posição elevada, a cidade era um ponto-chave da defesa ucraniana no sul de Donetsk. Sua capitualação permitiu que as forças russas avançassem rapidamente.

Em meados de janeiro, os russos já haviam cercado Velika Novosilka, tomando dois assentamentos ao norte e ao sul da cidade e cortando todas as estradas de acesso.

"Não fazia mais sentido tentar manter a posição", disse Pasi Paroinen, especialista militar do grupo finlandês Black Bird, que analisa imagens de satélite e conteúdo de redes sociais sobre a guerra.

Ainda assim, usando uma tática familiar, mas contestada, as forças ucranianas seguraram a cidade por mais duas semanas, atraindo as tropas russas para um combate urbano brutal na tentativa de infligir o máximo de baixas antes de recuar.

O major Sekach afirmou que, na batalha pela cidade, a Rússia lançou ataques incessantes com pequenas unidades de infantaria, enviando grupos de cerca de cinco soldados a cada hora. Eles se moviam sob a cobertura das árvores, dificultando sua detecção e ataque por drones. Uma vez dentro da cidade, abrigavam-se nos porões dos prédios.

"Nossos drones e nossa artilharia trabalharam para eliminá-los, mas os drones não conseguem destruir totalmente os porões, e a artilharia muitas vezes precisa de várias tentativas para atingir o alvo com precisão", disse ele.

Ele acrescentou que, para conter a tomada gradual dos edifícios pelos russos, seria necessário enviar mais soldados, mas os ucranianos não tinham efetivo suficiente. As tropas russas na cidade superavam as ucranianas em uma proporção de três para um.

Ainda segundo o relato do militar, as forças ucranianas conseguiram recuar sob a cobertura da neblina, evitando grandes baixas ou rendições.

A afirmação, contudo, foi questionada pelo analista Pasi Paroinen, observando que as tropas teriam que atravessar um rio sem pontes e caminhar pelo menos 1,5 km em campos alagados para escapar. "Quase não havia como recuar dali", disse ele, acrescentando que é possível que centenas de soldados ucranianos tenham sido mortos ou capturados no processo.

Agora, afirma Paroinen, as forças russas devem avançar na direção de uma rodovia crucial para o abastecimento das unidades ucranianas na região.

Enquanto isso, os combates continuam em Toretsk, cidade estratégica no topo de uma colina, que especialistas afirmam estar amplamente sob controle das tropas russas. Sua captura abriria caminho para a Rússia avançar sobre uma série de cidades que formam a principal linha de defesa da Ucrânia no norte de Donetsk.

Ainda em Donetsk, as forças russas tentam há meses capitular as cidades estratégicas de Pokrovsk e Chasiv Yar .

Em um sinal dos desafios que as tropas ucranianas enfrentam no leste, o presidente Volodmir Zelenski designou nesta semana o major-general Mikhailo Drapatyi, comandante das forças terrestres da Ucrânia, para assumir pessoalmente o comando das unidades que lutam na região de Donetsk. "Essas são as áreas de combate mais intensas", disse em pronunciamento. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

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Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

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Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

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