Líder dos rebeldes que derrubaram Assad é nomeado presidente interino da Síria

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

As facções sírias que derrubaram Bashar Assad em dezembro nomearam um ex-líder rebelde islâmico como presidente interino do país nesta quarta-feira, 29, em um esforço para projetar uma frente unida para "a fase de transição" do país enquanto enfrentam a tarefa monumental de reconstruir a Síria após quase 14 anos de guerra civil.

As novas autoridades sírias anunciaram a dissolução do Parlamento e a suspensão da Constituição de 2012, e encarregaram Ahmad Sharaa de formar "um conselho legislativo provisório", sem informar a duração do seu mandato.

Anteriormente conhecido como Abu Mohammed al-Golani, Sharaa é o chefe do Hayat Tahrir al-Sham, que liderou a ofensiva relâmpago que derrubou Assad no início de dezembro. O grupo já foi afiliado à Al-Qaeda, mas desde então denunciou seus antigos laços.

Divulgadas pela agência de notícias oficial Sana, as medidas foram anunciadas após a reunião desta quarta entre Sharaa e líderes das facções armadas que participaram da ofensiva contra Assad. O líder de fato assumirá "a Presidência do país durante o período de transição" e "representará a Síria nos encontros internacionais", segundo as autoridades.

Também foi anunciado que "todos os grupos armados, os órgãos políticos e civis da revolução estão dissolvidos e devem ser integrados nas instituições do Estado", conforme um comunicado publicado por um porta-voz militar, o coronel Hasan AbdelGhani, citado pela Sana.

A mesma fonte anunciou "a dissolução do exército do regime" deposto, com o objetivo de "reconstruir o exército sírio". "Todas as agências de segurança afiliadas ao antigo regime" estão dissolvidas para formar um "novo aparato de segurança que preservará a segurança dos cidadãos".

Os anúncios foram recebidos com disparos de celebração em vários bairros de Damasco.

As novas autoridades também dissolveram o partido Baath, do clã Assad, que governou a Síria por mais de seis décadas.

Após tomar Damasco, em 8 de dezembro, a coalizão de grupos armados rebeldes nomeou um governo de transição, que deveria permanecer por três meses, mudar a Constituição e relançar a economia síria.

O objetivo das autoridades é conseguir o levantamento das sanções ocidentais impostas durante o regime de Assad.

Na reunião desta quarta, Sharaa definiu "as prioridades atuais da Síria: preencher o vazio de poder, preservar a paz civil, construir as instituições do Estado, trabalhar para construir uma economia focada no desenvolvimento e devolver à Síria seu papel internacional e regional". (Com agências internacionais).

Em outra categoria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a conclusão de um "acordo definitivo" entre o Congresso Nacional e o governo sobre a distribuição e a execução das emendas parlamentares, verbas que têm sido alvo de bloqueios pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira, 30, Lula disse que as emendas parlamentares foram uma conquista dos deputados e senadores durante um "governo irresponsável", em referência à gestão de Jair Bolsonaro.

"O governo não tem nada a ver com as emendas parlamentares. Foi uma conquista deles num governo irresponsável, que não governava o País", afirmou. "Então, elas existem. Nós estamos agora com decisões da Suprema Corte, do ministro Flávio (Dino), e nós vamos negociar para ver se se coloca um acordo definitivo entre a Câmara e o Poder Executivo."

Lula continuou: "Se tiver que dar emenda, vamos dar emenda subordinada e orientada a projetos de interesse do Estado brasileiro, sobretudo, na área da educação, na área da saúde, na área do transporte. É assim que a gente vai trabalhar, até que a gente crie condições para que seja de uma forma diferente."

O presidente afirmou ainda que não terá dificuldades nas próximas gestões do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, cujos favoritos para as eleições deste sábado, 1º, são Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB). Na ocasião, Lula voltou a dizer que não se mete nas eleições dos presidentes do Congresso.

"O meu presidente do Senado é aquele que ganhar, e o da Câmara, é aquele que ganhar. Quem ganhar, eu vou respeitar e vou estabelecer uma nova relação", declarou.

Ele prosseguiu: "Então, se o Hugo Motta foi eleito presidente da Câmara, e o Alcolumbre, presidente do Senado, eles serão os presidentes das instituições, e é com eles que nós vamos fazer as tratativas que tiver que fazer."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "trocar ministro é da alçada do presidente da República" e que a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, "tem competência para ser ministra em qualquer País do mundo".

"A companheira Gleisi já foi ministra da Casa Civil da Dilma (Rousseff). Eu estava preso e fui um dos responsáveis para que Gleisi virasse presidente do nosso partido. Gleisi é um quadro muito refinado. Politicamente, tem pouca gente nesse País mais refinado que a Gleisi", elogiou Lula.

O presidente rebateu, ainda, críticas de que Gleisi teria um discurso muito radical. "O pessoal diz que ela é muito radical para ser presidente do PT. Oras, para ser presidente do PT tem que falar a linguagem do PT. Se não quiser, que vá para o PSDB. Para ganhar, tem que ganhar confiança do PT", declarou.

Apesar de ter tecido vários elogios à correligionária, Lula disse que "até agora, não tem nada definido".

"Não conversei com ela, ela não conversou comigo. Ainda não sentei para ficar pensando se vou ou não trocar alguns ministros. Vocês podem ter certeza de que no dia em que eu trocar vocês vão saber em primeira mão. E não vai ser por um furo de um articulista", afirmou.

Gleisi é cotada para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, cargo atualmente ocupado pelo ministro Márcio Macedo. O mandato de Gleisi na presidência do PT se encerra em julho deste ano. O favorito para sucedê-la é o ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro da Secom, Edinho Silva.

Lula reiterou que a troca de ministros é uma prerrogativa sua enquanto presidente, mas alfinetou o noticiário discutindo possíveis substituições na Esplanada dos Ministérios.

"Trocar ministro é da alçada do presidente da República, mas no Brasil temos o hábito de que o presidente toma posse, monta o governo e um ano depois a imprensa já está tratando de uma reforma política", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "se tiver uma pessoa no governo que não está atendendo, a gestão troca". A fala foi feita em coletiva com jornalistas no Palácio do Planalto. A expectativa é que uma reforma ministerial seja realizada no primeiro escalão do governo ainda no primeiro semestre deste ano.

A primeira troca já foi feita na Secretaria de Comunicação Social da Presidência, com a saída de Paulo Pimenta e a entrada de Sidônio Palmeira.

Lula também disse que não quer discutir a eleição presidencial de 2026, mas em seguida destacou sua disposição de participar do pleito, apesar da idade. "Eu sinceramente não quero discutir 2026, só quero dizer para vocês que estou com muita jovialidade. Eu tenho 79 anos de idade mas estou com minha energia de 30 anos."