Cerca de metade dos dinamarqueses considera EUA uma ameaça por planos de anexar Groenlândia

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Cerca de metade dos dinamarqueses passou a ver os Estados Unidos como uma ameaça considerável ao país depois das ameaças do presidente Donald Trump relacionadas à Groenlândia, mostra uma pesquisa do instituto YouGov ao jornal The Guardian, ambos do Reino Unido. A maioria esmagadora se opõe à anexação da ilha do Ártico por Washington.

Realizada entre os dias 15 e 22, a pesquisa entrevistou cerca de mil pessoas na Dinamarca. Destes, 46% responderam que consideram os EUA uma "ameaça muito grande" ou "ameaça relativamente pequena" para o país. O porcentual é maior do que os que consideram a Coreia do Norte ou o Irã uma ameaça, com 44% e 40%, respectivamente. A ameaça mais citada é a Rússia, por 86% dos entrevistados.

Com relação a soberania da Groenlândia, 78% dos dinamarqueses responderam que se oporiam à anexação dos EUA, mas que a decisão final deveria ser dos groenlandeses, não dos dinamarqueses.

A ilha do Ártico tem uma população estimada em 57 mil pessoas e faz parte da Dinamarca, apesar de um movimento cada vez maior a favor da independência. Um referendo deve ser realizado em breve para os groenlandeses decidirem sobre o futuro.

A divulgação da pesquisa da YouGov acontece dias depois da primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, entrar em um embate com Trump relacionado à Groenlândia e viajar pela Europa para se reunir e buscar apoio de líderes. Na terça-feira, ela foi a Berlim, Paris e Bruxelas para discutir a melhor forma de responder às demandas dos EUA, um dos aliados mais próximos da Dinamarca.

Em apenas alguns dias desde o início do seu segundo mandato, Trump disse querer que os Estados Unidos assumissem o controle da Groenlândia como "uma necessidade absoluta" para a segurança ocidental e se recusou a descartar o uso de força militar ou econômica para tal fim. Ele demonstra o interesse em anexar a ilha desde o primeiro governo. Em 2019, ele pediu a assessores para descobrir como os EUA "poderiam comprá-la".

Além de petróleo e gás, o fornecimento de matérias-primas para tecnologia verde na Groenlândia está atraindo interesse de todo o mundo, inclusive da China.

Se Trump usar tarifas para pressionar a Dinamarca, a União Europeia poderia responder com suas próprias tarifas ou até mesmo usar um "instrumento anti-coerção" especial adotado em 2023, que oferece uma série de contramedidas. Mas essas foram pensadas como fator de dissuasão, e a Dinamarca e os europeus prefeririam muito mais algum tipo de acordo com Trump - embora um que não seja a entrega da sua soberania. Muitas autoridades europeias já estão comparando as exigências de Trump com a forma como o presidente Vladimir Putin, da Rússia, insistiu que a Ucrânia entregasse a Crimeia e outras quatro regiões.

Uma pesquisa de opinião publicada no início desta semana mostrou que 85% dos groenlandeses não queriam que a ilha se tornasse parte dos EUA. A pesquisa do instituto Verian, encomendada pelo jornal dinamarquês Berlingske, mostrou que apenas 6% dos groenlandeses eram a favor de se tornarem parte dos EUA, com 9% indecisos.

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Representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) classificaram como "ridículo" o ritmo da reforma agrária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva depois de reunião com o presidente no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 30. Eles falaram a jornalistas na sede do governo logo depois da conversa com o petista.

"Não queremos discutir formas de como será o processo de reforma agrária, nós queremos que resolva o problema da terra. Nós não aceitamos na próxima reunião ou ao final deste ano ter um número tão ridículo como esse, 1.500 famílias por ano", disse João Paulo Rodrigues, um dos coordenadores nacionais do MST.

"O ministro [do Desenvolvimento Agrário] Paulo Teixeira apresentou um compromisso de 20 mil famílias para 2025. Nós achamos pouco. Queremos o compromisso de 65 mil famílias para 2025", declarou Rodrigues. O MST pediu a demissão de Teixeira há alguns meses. Segundo Rodrigues, porém, eventuais mudanças no ministério não foram discutidas na reunião.

O PT de Lula e o MST têm uma relação antiga, e com altos e baixos. O grupo evita uma entrada de cabeça na legenda por receio de perder autonomia. Integrantes do movimento costumam apoiar o petista. Quando disputam eleições, normalmente se filiam ao partido do presidente.

Também parte da coordenação nacional do MST, Ceres Hadich afirmou que o presidente provavelmente terá um compromisso com integrantes do movimento nas próximas semanas. "Até a primeira quinzena de fevereiro ele deve visitar algum acampamento de reforma agrária", disse ela. Os integrantes do movimento citaram locais em Pernambuco e Minas Gerais como possíveis áreas a serem visitadas. O Planalto até o momento não confirmou oficialmente essa viagem.

Participaram da reunião no Palácio do Planalto, além de Lula:

- Paulo Teixeira - ministro do Desenvolvimento Agrário;

- Fernanda Machiaveli - secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário;

- César Aldrighi - presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra);

- Ceres Hadich - integrante da coordenação nacional do MST;

- Débora Nunes - integrante da coordenação nacional do MST;

- Roberto Baggio - integrante da coordenação nacional do MST;

- Gilmar Mauro - integrante da coordenação nacional do MST;

- Jaime Amorim - integrante da coordenação nacional do MST;

- João Paulo Rodrigues - integrante da coordenação nacional do MST

O Partido Liberal (PL) saiu em defesa nesta sexta-feira, 31, da deputada federal Carla Zambelli (PL), cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por uso indevido dos meios de comunicação e prática de abuso de poder político nas eleições de 2022.

Em nota divulgada nas redes sociais, o PL reafirmou "total apoio à deputada" e disse que colocou à disposição da parlamentar "todo o suporte necessário para que ela possa reverter essa decisão e continuar exercendo seu papel na vida pública".

"Confiamos no trabalho e na trajetória da parlamentar, que sempre defendeu com coragem e dedicação os valores que representamos. Sabemos que ela seguirá firme na luta pelo Brasil e pelo povo que a elegeu. Reafirmamos nosso total apoio à deputada, colocando à disposição todo o suporte necessário para que ela possa reverter essa decisão e continuar exercendo seu papel na vida pública. Seguiremos firmes na defesa da democracia e da liberdade de expressão, pilares inegociáveis do Partido Liberal", afirmou o PL na nota.

Zambelli agradeceu a manifestação do partido e afirmou em publicação no X (antigo Twitter) que seguirá "firme em busca da liberdade de todos os brasileiros". "Agradeço o acolhimento e afirmo que seguirei firme em busca da liberdade de todos os brasileiros, ainda que a minha própria esteja em jogo. Seguirei também defendendo nosso presidente Jair Bolsonaro e deixo um abraço especial ao presidente Valdemar Costa Neto!", escreveu.

O TRE-SP decidiu nesta quinta-feira, 30, cassar o mandato da deputada federal e determinar sua inelegibilidade por oito anos. A decisão se deu por 5 a 2 na ação proposta pela deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL).

A Corte reconheceu ter havido uso indevido dos meios de comunicação e prática de abuso de poder político nas eleições de 2022. Ao Estadão/Broadcast, a parlamentar disse que vai recorrer da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela afirmou também que a ação faz parte de uma perseguição aos políticos conservadores do País.

Em nota publicada após a decisão, a parlamentar afirmou que "o TRE-SP entendeu por anular os votos de 946.244 cidadãos paulistas e cassar meu mandato de deputada federal".

Uma das provas consideradas pelo tribunal foi uma notícia falsa divulgada por Zambelli sobre suposta manipulação das urnas eletrônicas em Itapeva, no interior de São Paulo. Na reta final da campanha presidencial, a parlamentar compartilhou uma postagem dizendo que as urnas eletrônicas estavam manipuladas em sindicato relacionado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que foi desmentido pelo TSE.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou dez ministros com mandatos parlamentares para que eles participem, neste sábado, dia 1º, das eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado.

As exonerações foram publicadas na edição desta sexta-feira, 31, no Diário Oficial da União, "a pedido", quando os ministros solicitam a saída. Dois nomes ficaram de fora do esforço do governo para angariar votos favoráveis aos candidatos apoiados pelo presidente: Marina Silva, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, e Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas.

Veja os ministros exonerados

Senadores:

- Camilo Santana (PT-CE) (Educação);

- Carlos Fávaro (PSD-MT) (Agricultura);

- Wellington Dias (PT-PI) (Desenvolvimento Social).

Deputados federais:

- Alexandre Padilha (PT-SP) (Relações Institucionais);

- André Fufuca (PP-MA) (Esportes);

- Celso Sabino (União-PA) (Turismo);

- Juscelino Filho (União-MA) (Comunicações);

- Luiz Marinho (PT-SP) (Trabalho);

- Paulo Teixeira (PT-SP) (Desenvolvimento Agrário);

- Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) (Portos e Aeroportos).

Segundo fontes do Palácio do Planalto ouvidas pelo portal G1, as exceções visam evitar o constrangimento de um ministro votando contra a orientação do governo, que apoia Hugo Motta (Republicanos-PB) para a sucessão do comando da Câmara.

Guajajara é filiada ao PSOL, que possui candidato próprio na disputa, Henrique Vieira (RJ). Marina é fundadora da Rede Sustentabilidade, partido que só possui um deputado federal, Túlio Gadelha (PE), que apoia Motta. A Rede, porém, é federada ao PSOL, e o voto em Motta poderia gerar ruído entre os partidos federados.

O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), também deve ser liberado para a votação deste sábado, mas a oficialização ainda não foi publicada no Diário Oficial.