Dono da BrasilInvest quer promover encontro de Lula e Trump; saiba quem é

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O empresário Mário Bernardo Garnero, dono do grupo de negócios internacionais BrasilInvest, quer reunir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um jantar no resort do americano em Mar-a-Lago, na Flórida. Influente na política dos EUA, Garnero já mediou, em outras ocasiões, encontros entre chefes dos dois países.

O empresário trabalha para que o encontro entre os presidentes ocorra no dia 17 de fevereiro. Se ocorrer, a reunião será no momento em que Lula e Trump trocam ameaças sobre uma possível taxação de produtos importados e diante de divergências entre os presidentes sobre a repatriação de brasileiros deportados pelo governo americano.

Garnero foi responsável pela aproximação de Lula com o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush, em viagens que contaram com a participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Os encontros ocorreram após Lula ser eleito pela primeira vez, em 2002, quando o empresário teve a missão de ajudar a apaziguar os americanos sobre a política econômica do PT.

O empresário também promoveu um encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com Trump em 2020 em Mar-a-Lago. Os dois já eram próximos, mas a reunião ocorreu para discutir tarifas do aço brasileiro importado para os EUA e adoção de estratégias para pressionar o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

Nascido em Campinas, no ano de 1937, Garnero tem 87 anos, é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e foi diretor jurídico da Volkswagen do Brasil. Na década de 1970, se tornou diretor de Relações Industriais da montadora alemã e um dos responsáveis por introduzir o carro movido a álcool no País.

Em 1974, presidiu a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e, no ano seguinte, fundou o Fórum das Américas, que realiza workshops e conferências sobre temas de interesse continental e acordos de cooperação internacional.

Também em 1975, fundou a BrasilInvest, um banco de negócios que funciona como um interlocutor da iniciativa privada com investidores brasileiros e estrangeiros. Garnero foi o promotor do primeiro seminário internacional sobre investimentos no Brasil, que ocorreu na Áustria em 1976.

Conhecido pelas relações firmadas com chefes de Estado americanos - sejam democratas, sejam republicanos -, o empresário conseguiu estabelecer acordos que culminaram no crescimento da BrasilInvest.

Além de Trump e George W. Bush, também manteve contato com outros presidentes dos EUA Lyndon Johnson, Bill Clinton, Ronald Reagan e George Herbert Walker Bush, mais conhecido como "Bush pai".

A carreira de Garnero é marcada ainda pela proximidade com multibilionários, como o inglês Nathaniel Rothschild, o colombiano Julio Mario Santo Domingo, o americano Jack Welsh e os italianos Leonardo Ferragamo e Carlo de Benedetti. Os dois últimos fazem parte do conselho da BrasilInvest.

Garnero também possui influência política nacional. Em 1961, foi o coordenador da campanha do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que pretendia voltar ao Planalto na eleição de 1965. JK era o favorito a vencer a disputa, mas o pleito foi cancelado com o início da ditadura militar (1964-1985).

Garnero tem dívidas milionárias cobradas na Justiça paulista

No Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), há 12 cobranças judiciais contra Garnero, por dívidas relacionadas a empréstimos bancários, que somam R$ 236 milhões em valores não corrigidos. Uma das ações consiste na penhora de uma fazenda dele em Campinas.

Outro processo é movido pelo banco BTG Pactual, que exige o pagamento de R$ 27 milhões devidos por Garnero. Segundo reportagem da revista piauí, divulgada em dezembro de 2023, o Imposto de Renda do empresário relativo ao ano de 2021 apresentou que ele possuía R$ 137 milhões em "quadros, joias, carros e outros bens".

A revista disse que o BTG, então, solicitou à Justiça paulista a penhora dos bens, e o banco optou por levar sete obras dos pintores Claude Monet, Pablo Picasso e Amadeo Modigliani que, teoricamente, poderiam quitar o débito. Porém, após ser feita uma perícia, foi constatado que os bens eram falsificações que, somados, valeriam R$ 1,2 mil.

O Estadão procurou o BTG Pactual e Nelson Fatte Real Amadeo, advogado de Garnero, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira, 10, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a condenação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção com emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados condicionaram a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, ao pagamento de R$ 1,67 milhão em propinas. Os parlamentares negam irregularidades.

A Procuradoria afirma que as provas são "irrefutáveis" e que a autoria e a materialidade dos crimes estão comprovadas por diálogos e documentos obtidos na investigação.

"Embora os deputados Josimar e Bosco Costa tenham negado a autoria das emendas, aproveitando-se da baixa transparência dos dados públicos sobre a procedência desses recursos, as provas confirmam serem eles os responsáveis pelas destinações", diz a PGR.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, enviou ao STF os últimos argumentos da acusação no processo. As defesas ainda vão apresentar suas alegações finais, última etapa antes do julgamento. O relator do processo é o ministro Cristiano Zanin.

Além da condenação, a PGR pede a perda dos mandatos e o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos.

A PGR afirma que Josimar Maranhãozinho "ostentava a posição de liderança" do suposto esquema e, nessa condição, "coordenava a destinação dos recursos patrocinados pelos demais congressistas" e depois distribuía as propinas.

"Não há dúvida de que os réus, sob a chefia do deputado Josimar, constituíram e integraram organização criminosa", diz a Procuradoria nas alegações finais.

Os repasses teriam ocorrido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, de acordo com a denúncia. Na época, o prefeito de São José de Ribamar era José Eudes Sampaio Nunes. A PGR afirma que ele foi "insistentemente abordado para ceder à solicitação de propina".

As defesas vêm pedindo o arquivamento da ação por falta de provas.

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), criticou a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança do governo paulista, como relator do projeto de lei antifacção.

"Colocar o Derrite como relator de um projeto do governo para o combate das facções criminosas me soa como uma provocação", disse Boulos, em entrevista depois de um painel sobre resíduos sólidos e crédito de carbono na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Boulos criticou a escolha argumentando que o deputado está partidária, direta e eleitoralmente comprometido com quem tem se colocado como adversário do governo Lula. "Ele está, inclusive, comprometido com quem foi contra a PEC da Segurança Pública, que é o que permite que o governo federal atue de forma mais eficaz no combate ao crime organizado", disse o ministro.

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse, nesta segunda-feira, 10, que a comissão parlamentar blinda investigados que receberam R$ 10 milhões em propinas, segundo ele mesmo.

Gaspar mencionou as tentativas de impedir a convocação e quebras de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); a publicitária Daniela Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS"; a empresária Roberta Luchsinger, que atuou com o 'Careca"; e Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

"O STF não é o principal blindador dessa comissão", disse Alfredo Gaspar. Para ele, falta altivez do próprio Congresso. "A blindagem pela própria comissão é uma vergonha."

O relator ainda mencionou que o Senado ainda tem outra "vergonha" ao impor sigilo de 100 anos sobre informações acerca de visitar do "Careca do INSS" a gabinetes de senadores. "Esse sigilo de 100 anos é outra vergonha da República", afirmou.

Gaspar ainda fez um desafio ao STF. Há, na Corte, um mandado de segurança pedindo a divulgação dessa informação. "Abra essa caixa preta dessas visitas", apelou o relator.

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

Essa foi a fala inaugural de Gaspar na sessão da CPMI do INSS desta segunda-feira, 10, que ouve Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP).

Causou nova indignação entre os membros da comissão um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, a Delecrode, para que ele possa permanecer em silêncio em perguntas que possam o incriminar.

Com o benefício, Delecrode permaneceu em silêncio às perguntas do relator. Diante disso, Gaspar fez uma introdução do depoente citando reportagem do Estadão.

A reportagem em questão fala do cancelamento, por parte dos Correios, de leilão de R$ 280 milhões após receber cheque sem fundo de ONG de pai de santo.

"Esse pai de santo é um coitado. Esses aqui tiveram sucesso", citando uma lista de outras quatro entidades que, juntas, faturaram cerca de R$ 714 milhões com descontos associativos de aposentadorias entre 2022 e 2025. A AASAP, de Delecrode, recebeu R$ 63,2 milhões.

"Esse que está aqui, teve mais sucesso ainda. Ele conseguiu colocar suas empresas juntando outras entidades num desvio de R$ 1,4 bilhões", disse Gaspar.

O relator define Delecrode como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade.