O ato em São Paulo neste domingo, 30, contra a anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, foi motivo de disputa de narrativas entre bolsonaristas e governistas, representados pelo deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) e aliados.
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado na última semana, foram às redes sociais criticar a manifestação. "Se o Bolsonaro comer um pastel na Paulista dá mais gente", escreveu o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Ele usou imagem em que um grupo de pessoas posa para foto para ironizar a quantidade de participantes do ato do último domingo. "A esquerda conseguiu fazer uma manifestação tão grande que dá pra contar quantas pessoas foram na foto. Eu contei 44, e vocês?", postou.
Boulos reagiu, respondendo a publicação do parlamentar mineiro com uma imagem que mostrava mais pessoas reunidas em frente ao carro de som. "Acho que o Chat GPT te entregou a foto errada, Nikole!".
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou foto de trecho que não fazia parte do trajeto do ato contra a anistia, em frente ao Masp, para dizer que a mobilização "flopou". "A rua é nossa, a internet é nossa, o Congresso é nosso!", afirmou.
A região era ponto de concentração da segunda Marcha Transmasculina da cidade de São Paulo, de reivindicação de direitos à população LGBTQIA+, marcada para o mesmo dia.
O ex-presidente também se manifestou, ironizando o número de participantes apontado por projeto da Universidade de São Paulo (USP) na manifestação convocada por ele em Copacabana (RJ), no mês passado, em defesa ao "PL da anistia".
"Segundo a USP e a rede Globo, a manifestação do PT contra a anistia dos presos políticos do 8 de janeiro tem 5 bilhões de pessoas!", disse Bolsonaro. "Segundo a PM do Rio deve ter 10 pessoas aqui, né, futuro presidiário?", respondeu Boulos.
A estimativa da universidade foi menor do que a da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e os números "inflados" da corporação motivaram pedidos de esclarecimentos de deputados estaduais do estado.
Boulos concluiu a série de postagens sobre a manifestação no X, antigo Twitter, dizendo que o "recado foi dado": "Em memória das vítimas da ditadura, em respeito a luta dessa geração pela democracia, é sem anistia para golpista", escreveu.
Anistia em foco
Atos contra a aprovação do projeto de lei que quer perdoar os crimes relacionados ao 8 de Janeiro estão previstos para ocorrer ainda esta semana, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro (RJ), Uberlândia (MG), Salvador (BA), Aracaju (SE), Teresina (PI) e João Pessoa (PB).
Já no próximo domingo, 6, os bolsonaristas planejam retornar às ruas para pedir pela anistia, dessa vez na avenida Paulista.
Segundo o levantamento "Placar da Anistia", do Estadão, 192 deputados federais declararam intenção de votar pela aprovação do projeto. A matéria pode ser pautada na Câmara com o retorno do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que integrou a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem oficial ao Japão e ao Vietnã.