Drone russo atinge reator de Chernobyl, mas níveis de radiação estão normais, diz Zelenski

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Um drone russo com um sistema explosivo atingiu a estrutura de contenção protetora da Usina Nuclear de Chernobyl, na região de Kiev, Ucrânia, durante a noite, disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski nesta sexta-feira, 14. Os níveis de radiação não aumentaram, afirmaram Zelenski e a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA).

Autoridades russas não fizeram comentários imediatos, e não foi possível confirmar de forma independente a alegação da Ucrânia sobre a responsabilidade russa. A agência nuclear da ONU não atribuiu culpa, afirmando apenas que sua equipe estacionada no local ouviu uma explosão e foi informada de que um drone havia atingido a estrutura de contenção.

Zelenski disse que o ataque danificou a estrutura e iniciou um incêndio, que foi controlado. O Serviço de Emergência da Ucrânia forneceu uma fotografia que, segundo a instituição, mostra um holofote iluminando um buraco irregular no telhado do sarcófago danificado.

O ataque ocorreu dois dias depois de o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que se encontraria com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir o fim da guerra, em um movimento que pareceu identificar Putin como o único ator relevante e tendia a deixar Zelenski, assim como os governos europeus, à margem das negociações de paz.

Isso representa mais uma notícia indesejada para a Ucrânia, que está sendo gradualmente empurrada para trás pelo exército maior da Rússia ao longo de partes da linha de frente de mil quilômetros. O país precisa desesperadamente de mais ajuda do Ocidente.

A Ucrânia pretende fornecer informações detalhadas a autoridades dos EUA sobre o ataque a Chernobyl durante a Conferência de Segurança de Munique, que começa nesta sexta-feira, escreveu Andrii Yermak, chefe do Gabinete Presidencial da Ucrânia, em seu canal no Telegram.

A AIEA afirmou que o ataque ocorreu às 1h50 no horário local. Segundo a agência, não há "indicação de uma violação na contenção interna". A camada externa atingida é uma cobertura protetora construída em 2016 sobre uma estrutura pesada de contenção de concreto. A camada interna foi colocada sobre o quarto reator da usina logo após o desastre de 1986, um dos piores acidentes nucleares da história. Essas estruturas de contenção visam impedir vazamentos de radiação.

A guerra de três anos entre Rússia e Ucrânia tem gerado repetidos alertas sobre os riscos para as quatro usinas nucleares da Ucrânia, especialmente a Usina Nuclear de Zaporizhzhia, no sul do país, que está sob ocupação russa e é a maior da Europa e uma das dez maiores do mundo.

O chefe da AIEA, Rafael Grossi, afirmou na plataforma X que o ataque a Chernobyl e o recente aumento da atividade militar perto da usina de Zaporizhzhia "ressaltam os persistentes riscos à segurança nuclear", acrescentando que a AIEA permanece "em alerta máximo".

A agência disse que seu pessoal no local respondeu ao ataque em poucos minutos e que não houve vítimas. "Os níveis de radiação dentro e fora da usina permanecem normais e estáveis", afirmou a AIEA no X.

Zelenski afirmou no Telegram que o ataque a Chernobyl mostra que "Putin certamente não está se preparando para negociações" - uma alegação que autoridades ucranianas têm repetidamente feito.

"O único país no mundo capaz de atacar instalações desse tipo, ocupar o território de usinas nucleares e conduzir hostilidades sem qualquer consideração pelas consequências é a Rússia de hoje. E isso representa uma ameaça terrorista para o mundo inteiro", escreveu ele. "A Rússia deve ser responsabilizada pelo que está fazendo."

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o episódio final da novela "Vale Tudo", da TV Globo, para promover o debate sobre desigualdade social e justiça. O capítulo foi exibido na noite desta sexta-feira, 17.

"Hoje é dia de final de novela, e o Brasil vai parar pra ver quem matou a Odete Roitman. Mas, fora das telas, o povo brasileiro está escrevendo outra história: a da esperança, com um país que escolheu combater a desigualdade com justiça social. E aqui o final é feliz e coletivo", escreveu o presidente em uma publicação na rede X (antigo Twitter).

No post, Lula também compartilhou imagens de agendas do governo e resultados da gestão em seu terceiro mandato.

Em conversa com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) nesta sexta-feira, 17, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de olho nas eleições de 2026.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em sua casa em Brasília, onde vem recebendo aliados para romper o isolamento e tratar de questões políticas. O ex-presidente foi punido com a restrição por descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em 4 de agosto.

"Bolsonaro entende que precisa mais - e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) - que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026", afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.

Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.

Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.

Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas - e não a anistia "ampla, geral e irrestrita", como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.

"Estamos muito confiantes, quem sabe na próxima semana a gente pode ter essa boa notícia. Estou muito empenhado em que a gente finalmente possa resolver de uma vez por todas a questão da anistia. Bolsonaro tem reconhecido que as articulações têm avançado", declarou Sóstenes.

O líder do PL disse que a saúde do ex-presidente parece melhor, com menos soluços, mas que a questão emocional permanece a mesma. Bolsonaro, segundo o deputado, vem reclamando do tédio na prisão domiciliar e do uso da tornozeleira.

"Está um pouco melhor do que da última vez que eu o vi. Ele está tomando algumas medicações, com cuidados alimentares. A preocupação dele é com soluço. Enquanto estivemos (juntos), ele tossiu algumas vezes, mas não estava soluçando, mas ele está sentindo algum incômodo (com refluxo) (...) Ele tem conseguido na última semana voltar a fazer exercício físico, porque, por conta do soluço constante que ele estava tendo, ele não estava conseguindo se exercitar. Ele conseguiu hoje fazer uma hora de esteira", disse Sóstenes.

A indicação de Lula à vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF foi outro assunto da conversa desta sexta-feira, mas desta vez com Michelle. O presidente deve indicar o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que é evangélico e homem de confiança do petista.

"Conversei com a Michelle (sobre isso). Nós comungamos da mesma opinião, por sermos evangélicos. Querem colocar (Messias) na conta dos evangélicos, mas ele, antes de qualquer coisa, não está sendo indicado por ser evangélico, mas porque é petista. E ele, como petista, representa 5% do segmento dos evangélicos, que são os evangélicos esquerdistas. (Mas) não temos como opinar sobre isso, é um direito do presidente indicar quem ele quiser", afirmou Sóstenes.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu arquivar o processo contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por suposta obstrução de Justiça. O pedido havia sido apresentado pelo deputado federal Rui Falcão (PT-SP).

A representação foi apresentada por Rui Falcão, motivada por uma declaração do governador Tarcísio de Freitas contra o ministro Alexandre de Moraes. Na ocasião, Tarcísio afirmou: "Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como o [Alexandre de] Moraes". Para o deputado petista, a fala configuraria um "ato antidemocrático inserido em um contexto de golpe continuado". O deputado também questionava a articulação de Tarcísio por uma anistia aos presos do 8 de Janeiro.

Apesar disso, Moraes seguiu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que já havia solicitado o arquivamento do caso. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que "articulação política não constitui ilícito penal, tampouco extrapola os limites da liberdade de expressão".

Após a decisão de arquivamento, nem Rui Falcão, nem o governador Tarcísio de Freitas se manifestaram publicamente.