Boric decreta estado de exceção no Chile por apagão

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O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou no X (antigo Twitter) que o apagão elétrico que afetou 90% do país nesta terça-feira (25) foi resultado de uma falha da empresa ISA InterChile e que seu governo atuará "com firmeza" contra as concessionárias envolvidas. Na mensagem, Boric anunciou ainda a decretação de um estado de exceção e a imposição de um toque de recolher em várias regiões.

"Hoje (ontem, terça) foi um dia complexo para milhões de compatriotas, pois devido a uma falha elétrica da empresa ISA InterChile, foi causado um grande corte de energia em todo o país", escreveu o presidente na rede social. "A substituição vem ocorrendo parcialmente, porém, não vamos deixar isso passar e vamos agir com firmeza contra as empresas que não estão à altura," acrescentou.

Com a falha, algumas minas de cobre - principal commodity do país andino - fecharam por falta de eletricidade, enquanto outras usaram energia auxiliar para continuar as operações. A maior produtora de cobre do mundo, a mineradora estatal Codelco, disse que a queda de energia "afetou todas as operações", sem dar mais detalhes. As perdas econômicas ainda estão sendo avaliadas.

A queda de energia mobilizou forças de segurança para organizar o trânsito e garantir a ordem nas cidades afetadas. No entanto, a normalização do fornecimento avançou ao longo da noite. Segundo Boric, por volta das 23h, a energia já havia sido restabelecida em metade dos 8 milhões de lares atingidos. "É fundamental que todos atuemos com responsabilidade, seguindo as instruções das autoridades", alertou o mandatário

O que aconteceu

O apagão começou no final da tarde de terça-feira e atingiu 14 das 16 regiões chilenas, incluindo Santiago, Valparaíso e o sul do país. Trens, semáforos, aeroportos e serviços essenciais foram afetados, com hospitais e prédios públicos recorrendo a geradores de emergência. Além disso, a paralisação impactou diretamente a economia chilena, suspendendo temporariamente a operação da maior mina de cobre do mundo, pertencente à estatal Codelco.

Boric destacou que o governo adotou medidas para garantir a segurança da população. "Por parte do governo trabalhamos para garantir a segurança das pessoas, por isso tomei a decisão de decretar um estado de exceção por catástrofe, desde a Região de Arica e Parinacota até Los Lagos, além do toque de recolher das 22h de hoje até as 6h de quarta-feira nas mesmas regiões.".

A Coordenação Nacional de Eletricidade informou que a falha teve origem em uma linha de transmissão de alta tensão que conecta o Deserto do Atacama à capital Santiago. O colapso causou uma reação em cadeia, levando ao desligamento de diversas usinas e resultando no apagão generalizado. Apesar da gravidade, as autoridades afastaram a hipótese de ataque cibernético ou sabotagem.

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira, 25, que a investigação sobre tentativa de golpe de Estado é diferente de outros escândalos julgados anteriormente pela Corte, como o mensalão e a Lava Jato. Segundo o ministro, trata-se de algo "muito mais grave" e de difícil comparação.

"No mensalão se falava, está se corrompendo a democracia com a compra de votos. Aqui [investigação sobre tentativa de golpe] é uma coisa muito mais grave, quando se fala de matar o presidente da República, matar o vice-presidente, matar o ministro do Supremo, prender outros, fazer uma intervenção. A gravidade dos fatos narrados é qualquer coisa de especial", disse Gilmar Mendes.

O ministro se refere ao plano "Punhal Verde e Amarelo", revelado nas investigações, que previa o assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, na reta final de 2022.

O esquema do mensalão, julgado pelo STF em 2012, consistia no pagamento de mesadas a parlamentares para assegurar apoio à base governista do presidente Lula entre 2003 e 2004, durante seu primeiro mandato.

O decano do STF também elogiou o trabalho de apuração da Polícia Federal (PF) e classificou o inquérito produzido sobre o caso como "exemplar". Questionado sobre a possibilidade de anulação da delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, o ministro disse considerar que ela é importante e "está lastreada em fatos".

O advogado Celso Vilardi, que representa Jair Bolsonaro no processo da trama golpista, já disse que vai pedir a anulação do acordo de colaboração feito por Cid com a PF.

A denúncia será julgada pela Primeira Turma do STF, composta pelo relator, Alexandre de Moraes, e pelos os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Apesar de ser um pedido da defesa do ex-presidente, Gilmar Mendes não acredita que os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino serão impedidos de julgar a matéria.

Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas são denunciadas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Se o colegiado aceitar a denúncia da PGR, os acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal. A data do julgamento ainda não foi definida.

O próximo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a principal ordem que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no momento em que foi convidado para o novo cargo foi fortalecer o SUS. O ministro também se disse honrado pela nova tarefa recebida de Lula. Padilha se manifestou em seu perfil no X, antigo Twitter.

Padilha comandou a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política, desde o começo do governo. Lula acertou a ida do ministro para a Saúde no lugar de Nísia Trindade nesta terça-feira, 25. Padilha tomará posse na Saúde em seis de março.

"Fui convidado pelo presidente Lula para ser ministro da Saúde e aceitei com muita honra essa nova missão", declarou Padilha. "Fortalecer o SUS continuará sendo a nossa grande causa, com atenção especial para a redução do tempo de espera de quem busca cuidado na rede de saúde. Esse é o comando que recebi do presidente Lula e ao qual vou me dedicar integralmente", disse o ministro.

Ele também falou sobre sua antecessora, Nísia Trindade. "Nísia deixa um legado de reconstrução do SUS, após anos de gestões negacionistas, que nos custaram centenas de milhares de vidas", escreveu o ministro.

Padilha também fez uma série de agradecimentos a pessoas com as quais lidou durante seu período na Secretaria de Relações Institucionais. Entre eles, o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tentou tirá-lo do cargo nos primeiros anos do governo Lula.

Nísia Trindade foi demitida do Ministério da Saúde nesta terça-feira, 25, após uma "fritura" nos últimos meses, acarretada por insatisfações do Congresso, de integrantes do governo e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cobrava uma marca forte da pasta. No ano passado, Nísia já havia enfrentado pressões para deixar o cargo, mas foi blindada por Lula.

Em 2024, as investidas para tirar a ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz de um dos ministérios mais cobiçados, com um orçamento de R$ 239,7 bilhões, vinham do Centrão, sobretudo do então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e também de dirigentes do próprio PT, como o então deputado Washington Quaquá (RJ), vice-presidente do partido e atual prefeito de Maricá (RJ).

Em julho do ano passado, Lula se manifestou contra essas pressões, afirmando que alguns ministros eram "intocáveis". Na época, durante a cerimônia de sanção do novo Mais Médicos, no Palácio do Planalto, ele se referiu a Nísia como "minha ministra".

"Eu tenho muito orgulho de ter escolhido a Nísia como ministra da Saúde [...] E, portanto, ela tem uma função a cumprir, sabe que única perspectiva de sair é se não cumprir a função correta dela. Isso vale para mim, para todo mundo", disse Lula.

Na mesma época, o presidente chegou a ligar para Nísia em meio aos rumores sobre sua substituição. Lula garantiu que ela permaneceria no cargo "até quando eu quiser". Durante a Conferência Nacional de Saúde em Brasília, Lula defendeu a permanência dela dizendo que foi preciso "uma mulher para fazer mais e fazer melhor".

"Na semana passada, eu liguei para Nísia. Eu tinha visto uma nota, uma pequena nota no jornal, que tinha alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Eu fiz questão de ligar para a Nísia, porque eu ia viajar para fora do Brasil. Eu disse: 'Nísia, vá dormir e acorde tranquila porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser' [...] Tive muita sorte com meus ministros da Saúde, mas precisou uma mulher para fazer mais e fazer melhor", disse na ocasião.

Quando a ministra buscava resolver a crise na rede de atendimento no Rio de Janeiro, que há vários anos envolve loteamento de cargos entre partidos e denúncias de corrupção, Lula pediu à Nísia: "cuide da gestão e se preserve. Da política a gente cuida".

No último mês, o presidente esteve no Rio e, mais uma vez, fez acenos à ministra ao defender a reestruturação dos hospitais federais, em meio às discussões sobre a reforma ministerial.

"A única razão que me faz estar aqui é porque ninguém é dono de hospital. Médico não é dono, enfermeiro não é dono, sindicalista não é dono de hospital [...] não podemos permitir que político, seja senador ou deputado e vereador, mande em hospitais. Isso aqui não é comitê eleitoral de ninguém. Aqui as pessoas vêm para serem atendidas com respeito", afirmou o petista.

O presidente tentou ainda reformular a comunicação da pasta, chamando um marqueteiro para ajudar na gestão de Nísia às vésperas da reforma ministerial. O pedido de Lula era para que o ministério tivesse mais entregas para mostrar iniciativas de peso na gestão do petista.

Lula enfrenta a queda na popularidade, que atingiu o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A aprovação do governo Lula chegou a 24%, segundo o último levantamento do Datafolha. Nesta segunda-feira, 24, Lula fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão e mencionou o programa Farmácia Popular.