Israel suspende ajuda em Gaza para pressionar Hamas a aceitar nova proposta de cessar-fogo

Internacional
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Israel interrompeu a entrada de todos os bens e suprimentos na Faixa de Gaza neste domingo (2) e advertiu sobre "consequências adicionais" caso o Hamas não aceite uma nova proposta para estender o cessar-fogo. O Hamas acusou Israel de tentar sabotar o acordo existente e disse que a decisão de cortar a ajuda foi uma "extorsão barata, um crime de guerra e um ataque flagrante" à trégua, que entrou em vigor em janeiro após mais de um ano de negociações. Ambas as partes evitaram dizer que o cessar-fogo havia terminado.

A primeira fase do cessar-fogo, que incluiu um aumento na assistência humanitária, expirou no sábado, dia 1º. As duas partes ainda não negociaram a segunda fase, na qual o Hamas deveria liberar os reféns restantes em troca da retirada israelense e de um cessar-fogo duradouro.

Um oficial israelense, falando sob condição de anonimato, disse que a decisão de suspender a ajuda foi tomada em coordenação com a administração de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Não houve comentário imediato dos EUA sobre a proposta anunciada por Israel ou sua decisão de cortar a ajuda.

Israel disse que uma nova proposta, que afirmou ter vindo do enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, pedia a extensão do cessar-fogo até o Ramadan - mês sagrado muçulmano que começou neste fim de semana - e o feriado judaico da Páscoa, que começa em 12 de abril e termina em 20 de abril. De acordo com essa proposta, o Hamas liberaria metade dos reféns no primeiro dia e o restante quando um acordo fosse alcançado sobre um cessar-fogo permanente, segundo o escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, disse que o país estava preparado para negociar a próxima fase do cessar-fogo, mas insistia na liberação de mais reféns durante as negociações. Ele afirmou que Israel recebeu uma carta paralela da administração Joe Biden dizendo que não haveria transição automática entre as fases da trégua. "Cumprimos todos os nossos compromissos (sob a primeira fase) até o último dia, que foi ontem", disse ele em coletiva de imprensa. "Nossa posição é que, durante as negociações, os reféns devem ser liberados".

O Hamas advertiu que qualquer tentativa de atrasar ou cancelar o acordo de cessar-fogo teria "consequências humanitárias" para os reféns e reiterou que a única maneira de libertá-los seria implementando o acordo existente, que não especificava um cronograma para a libertação dos reféns restantes. O grupo também disse que está disposto a liberar todos os reféns restantes de uma vez na segunda fase, mas apenas em troca da liberação de mais prisioneiros palestinos, um cessar-fogo permanente e a retirada das forças israelenses. Fonte: Associated Press.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil