Países oferecem ajuda a Zelenski e plano para fim da guerra após bate-boca na Casa Branca

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O Reino Unido e a França trabalharão juntos com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, para apresentar plano de paz a Washington que ponha fim à guerra da Rússia na Ucrânia.

O premiê britânico, Keir Starmer, disse que após conversas com Zelenski e Macron numa cúpula de segurança que reúne países europeus em Londres, neste domingo, 2, Reino Unido, França e "possivelmente mais um ou dois países" trabalharão com Kiev em um plano de paz que será apresentado aos EUA. "Acho que demos um passo na direção certa", disse Starmer à emissora britânica BBC.

"Temos que encontrar uma maneira de todos trabalharmos juntos. Porque, no final, tivemos três anos de conflito sangrento. Agora precisamos chegar a essa paz duradoura", disse Starmer.

Starmer e os presidentes da França e da Ucrânia, Emmanuel Macron e Volodmir Zelenski, viajaram separadamente para Washington nesta semana para se encontrar com o presidente dos EUA, Donald Trump, e buscar uma paz duradoura para um conflito que já está em seu terceiro ano.

Cerca de 15 líderes, aliados da Ucrânia, estão se reunindo em Londres neste domingo para buscar acordos de segurança e demonstrar apoio ao país europeu após o bate-boca entre Donald Trump e Zelenski na Casa Branca.

Líderes da França, Alemanha, Dinamarca, Itália, Turquia, Holanda, Noruega, Polônia, Espanha, Finlândia, Suécia, República Tcheca e Romênia foram convidados para a reunião, uma iniciativa do primeiro-ministro britânico.

O chefe da Otan, Mark Rutte, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, também foram convidados para a cúpula, que contará com a presença do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

A Ucrânia e a Europa estão acompanhando com preocupação a aproximação entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, que iniciou negociações bilaterais para acabar com a guerra sem convidar a Ucrânia ou os europeus.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a mudança radical na política externa dos EUA em relação à Rússia estava "amplamente" alinhada com a visão de Moscou, em uma entrevista transmitida pela televisão estatal no domingo.

De acordo com Downing Street, as conversações em Londres se concentrarão no "fortalecimento da posição da Ucrânia, incluindo o apoio militar contínuo e o aumento da pressão econômica sobre a Rússia". Os participantes também discutirão "a necessidade de a Europa desempenhar seu papel na defesa" e os "próximos passos no planejamento de fortes garantias de segurança" no continente, dado o risco de retirada do guarda-chuva militar e nuclear dos EUA.

Bate-boca entre Trump e Zelenski

Poucas horas após a confirmação da organização dessa cúpula, as preocupações foram desencadeadas pela briga verbal de sexta-feira na Casa Branca, na qual Trump repreendeu Zelenski, acusando-o de brincar "com o risco de uma 3ª Guerra Mundial".

Após o incidente, Zelenski recebeu apoio da maioria dos líderes europeus e também de outros líderes mundiais. Zelenski, após a altercação com Trump, chegou a Londres no sábado para participar da cúpula deste domingo e se reuniu por cerca de uma hora com o primeiro-ministro britânico em sua residência em Downing Street.

Starmer disse à BBC na entrevista deste domingo que "ninguém quer ver" cenas como as da Casa Branca, embora tenha observado que "está claro para mim que ele [Trump] quer uma paz duradoura".

Starmer disse a Zelenski em Londres no sábado que ele era "muito bem-vindo" e insistiu na "determinação absoluta" do Reino Unido em apoiar a Ucrânia em seu conflito com a Rússia.

Dezenas de pessoas reunidas do lado de fora da Downing Street aplaudiram o presidente ucraniano, que também se encontrará com o rei britânico Charles III neste domingo.

Zelenski ficou grato

Na recepção, Zelenski agradeceu "ao povo do Reino Unido por seu grande apoio desde o início desta guerra".

Logo após a reunião entre Starmer e Zelenski, os dois governos assinaram um acordo para um empréstimo britânico de 2,26 bilhões de libras para apoiar as capacidades de defesa da Ucrânia.

"O dinheiro será usado para construir armas na Ucrânia", disse Zelenski no Telegram.

A reunião deste domingo em Londres acontece antes de outra cúpula europeia extraordinária sobre a Ucrânia, marcada para 6 de março em Bruxelas. Zelenski insistiu no sábado que o apoio de Trump continua sendo "crucial" para a Ucrânia, apesar de uma conversa tensa com seu colega americano na Casa Branca no dia anterior.

Zelenski também disse no site de rede social X que estava pronto para assinar com Washington o acordo sobre os minerais ucranianos, que foi deixado no ar depois que ele foi prematuramente expulso da sede presidencial dos EUA após a acirrada discussão.

A Rússia classificou a visita de Zelenski a Washington como um "completo fracasso político e diplomático", como disse a porta-voz diplomática russa Maria Zakharova no sábado, acusando Zelenski de "rejeitar a paz".

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que pediu a Zelenski que "consertasse" seu relacionamento com Trump. "Temos que ficar juntos, os Estados Unidos, a Ucrânia e a Europa, para levar a Ucrânia a uma paz duradoura", insistiu ele.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, assinou despacho na noite desta sexta-feira, 25, determinando que a força policial fosse usada para retirar deputados bolsonaristas acampados na Praça dos Três Poderes, próximo ao prédio da Corte. Atendendo pedido da Procuradoria Geral da República, Moraes autorizou a prisão dos parlamentares, caso não aceitassem deixar o local.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi intimado por Moraes para tomar providências. Na decisão, Moraes fala em deputados estariam "participando de possível prática criminosa". Após a ordem, o ministro do STF assinou um complemento da decisão proibindo a instalação de novos acampamentos num raio de 1 quilômetro da Praça dos Três Poderes, da Esplanada dos Ministérios e até mesmo de quartéis das Forças Armadas. Moraes justificou que adotava a medida para evitar um novo 8 de Janeiro.

"Para garantir a segurança pública e evitar novos eventos criminosos semelhantes aos atos golpistas ocorridos em 8/1/2023, determinou a proibição de qualquer acampamento em um ario de 1KM da Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e, obviamente, em frente aos quartéis das Forças Armadas", determinou Moraes.

O "acampamento" dos deputados começou na tarde de sexta-feira, quando o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) foi sozinho para o local, montou uma barracada, colocou esparadrapo na boca para protestar contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele recebeu apoio de alguns populares e de outros parlamentares bolsonaristas que também foram para a Praça.

A ordem de Moraes alcançava, além de Hélio Lopes, Sóstenes Cavalcante (PL-AL), Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Rodrigo da Zaeli (PL-MT).

O governador do DF foi pessoalmente negociar a saída dos deputados para fazer cumprir a ordem de Moraes. Sob risco de prisão, os parlamentares aceitaram transferir as barracas para outro local na Esplanada dos Ministérios, mas fora da Praça dos Três Poderes. Ao desmontar as barracas foram avisados que havia uma nova decisão de Moraes, bloqueando acampamentos no raio de 1 quilômetro da Praça e da Esplanada.

Durante a negociação - feita com o desembargador aposentado Sebastião Coelho, bolsonarista e crítico do STF - Ibaneis admitiu desconforto com a situação. "Eu não concordo com as coisas que estão acontecendo, Sebastião", disse o governador.

Na primeira decisão, Moraes atendeu todos os pedidos do Ministério Público que havia relatado risco à segurança por conta do acampamento dos deputados.

"Defiro integralmente os pedidos da Procuradoria Geral da República, no sentido de:

A) Remoção imediata e proibição de acesso e permanência dos Deputados Federais Hélio Lopes, Sóstenes Cavalcante, Cabo Gilberto Silva, Coronel Chrisóstomo e Rodrigo da Zaeli, assim como de quaisquer outros indivíduos que se encontrem em frente ao Supremo Tribunal Federal participando de possível prática criminosa.

B) Prisão em flagrante com base na prática de resistência ou desobediência ao ato de autoridade pública, a fim de garantir a efetividade das probabilidades e a preservação da ordem pública na hipótese de resistência de indivíduos que, mesmo após intimados, insistirem em permanecer na via pública em manifestação de oposição à ordem.

C) Notificar a Polícia Militar do Distrito Federal e a Polícia Federal para imediato cumprimento da medida, competindo especialmente à Polícia Militar do Distrito Federal a adoção de todas as providências necessárias à efetiva remoção dos referidos indivíduos do local", escreveu Moraes.

Segundo a decisão, a remoção teria que ser feita imediatamente. Ele ainda acrescentou que o governador do DF deveria ser intimado da decisão.

"Nossa luta é pela liberdade. Não temos mais tempo. De poder falar, liberdade ao nosso grande líder Bolsonaro, e queremos votar o PL da anistia. É tudo que queremos", disse o deputado Coronel Chrisóstomo, após desmontar as barracas.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, antecipou ao Estadão a ordem de prisão ao grupo de deputados bolsonaristas. Rocha avisou que estava indo para a Praça para tentar negociar uma saída pacífica, mas se não houvesse concordância, estava autorizando a polícia local a prender os parlamentares.

"Vamos tentar tirar pacificamente. Se não saírem, serão presos", disse o governador ao Estadão. A Praça é considerada área de segurança.

Para reforçar a proteção ao local, o acesso para veículos à Praça dos Três Poderes foi interditado pela Polícia Militar. Na Praça estão os prédios do Congresso, do STF e o Palácio do Planalto.

Mais cedo o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, mencionou o risco de um novo 8 de Janeiro para evacuar os deputados federais Hélio Lopes (PL-RJ) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO) que manifestam na Praça dos Três Poderes nesta sexta-feira, 25.

Segundo Avelar, a ideia era que os manifestantes seguissem para a Praça das Bandeiras, na Esplanada dos Ministérios. Já o entorno do STF deveria ser isolado por grades ainda na noite da sexta, segundo o plano.

Movimento sociais de esquerda - como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular - estão planejando manifestações em defesa da soberania nacional para o dia 1º de agosto, data em que a sobretaxa de 50% sobre os produtos nacionais imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, deve entrar em vigor.

Os atos ocorrerão em frente a prédios que representam o governo dos EUA. A UNE anunciou manifestações diante dos Consulado dos Estados Unidos em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e na Embaixada Americana em Brasília (DF).

A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, por outro lado, marcaram ato para às 15h em Salvador (BA) e definiram a soberania nacional como uma das principais pautas.

"O bolsonarismo, mesmo após a derrota eleitoral, segue organizado e alinhado a uma rede global pautada na política imperialista de ataque à soberania dos povos, tal como podemos identificar a partir da recente decisão de Donald Trump de aplicar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros", escreveu a UNE na carta que divulgou o ato de 1º de agosto contra o tarifaço.

Na manhã desta sexta, 25, a Faculdade de Direito da USP também recebeu um ato em defesa da soberania nacional organizado por 250 entidades. A motivação da reunião se deu pela decisão do governo americano de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A cassação dos vistos, que ocorreu após imposição de medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é um novo capítulo da escalada de tensão entre o governo dos EUA e o brasileiro.

Os atritos começaram após o presidente americano anunciar que taxará os produtos nacionais em 50% por meio de uma carta que pedia o fim do julgamento de Bolsonaro.

"O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional", disse Trump por meio do documento. "Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu.

Horários e locais das manifestações da Une, em 1º de agosto

São Paulo - 10h no Consulado dos EUA em São Paulo

Salvador - 15h no Campo Grande

Rio de Janeiro - 18h no Consulado dos EUA

Brasília - 09h em frente a Embaixada dos EUA

Porto Alegre - 18h na Esquina Democrática

Belo Horizonte - 17h na Praça Sete

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, bloqueou as contas do senador Marcos do Val (Podemos-ES) após o parlamentar viajar para os Estados Unidos com o passaporte bloqueado. Marcos do Val nega ter fugido e alega que viajou aos EUA para "curtir o recesso" com a filha, da qual estava afastado havia dois anos e meio.

Segundo apurou o Estadão, Moraes determinou que os bancos, em um prazo de 24 horas, realizem o bloqueio dos cartões de crédito, débito e de chaves de transferência Pix de Marcos do Val.

A informação sobre o embargo das contas e do Pix de Marcos do Val foi confirmada por aliados do senador. Por meio de nota, o STF confirmou o bloqueio, esclarecendo que a decisão do ministro Alexandre de Moraes não atinge a filha do senador. "Foram bloqueados as contas, salários, Pix e demais bens do senador em razão do descumprimento de medidas cautelares", diz nota do Supremo.

Em seu canal no YouTube, o parlamentar diz que entrou nos EUA com o passaporte diplomático, descumprindo a ordem de retenção do seu passaporte, emitida em agosto do ano passado, no âmbito da Operação Disque 100 da Polícia Federal.

Na ocasião, ele foi considerado suspeito de integrar um grupo que promovia ataques nas redes sociais contra agentes da Polícia Federal que atuavam em investigações junto ao STF.

"Eu não tenho motivo para fugir. Não respondo a nenhum processo, não sou denunciado por nenhum crime. O que o Alexandre de Moraes fez, de tentar suspender meu passaporte... eu não entreguei à Polícia Federal porque é uma violação, um crime contra a Constituição", disse o parlamentar.

Já estão bloqueadas as contas do parlamentar no X e no Instagram, mas o canal no YouTube, em que tem mais de 400 mil seguidores, segue aberto.

O inquérito está sob segredo de Justiça.