Líderes da UE fecham acordo para gastar R$ 5 trilhões em Defesa

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Os líderes da União Europeia fecharam nesta quinta-feira, 6, um plano para gastar € 800 bilhões (quase R$ 5 trilhões) com Defesa, uma tentativa radical de agir de forma independente dos EUA. Os 27 países do bloco aprovaram uma medida para afrouxar as restrições orçamentárias, para facilitar o rearmamento do continente.

A decisão foi tomada em meio a dúvidas sobre o comprometimento dos EUA com a segurança regional e com o futuro da guerra na Ucrânia, demonstrando um afastamento entre os dois lados do Atlântico que ameaça pulverizar a ordem internacional arquitetada pelos americanos após a 2.ª Guerra. Reunidos em Bruxelas em caráter de emergência, os líderes europeus pediram também que a Comissão Europeia estude novas formas para facilitar gastos com Defesa de todos os Estados-membros.

Divisão

O braço executivo da UE estima que € 650 bilhões poderiam ser liberados por meio de um mecanismo que permitiria aos países usarem seus orçamentos nacionais, dinheiro que deve ser destinado ao reforço das capacidades defensivas. Os outros € 150 bilhões viriam de um pacote de empréstimos para a compra de novos equipamentos militares.

De acordo com a proposta, apresentada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, os países concordaram com uma flexibilização das regras fiscais do bloco, abrindo caminho para os gastos - a autorização seria válida por quatro anos, mas alguns membros, incluindo a Alemanha, que aceitou mudar sua histórica política de rigidez fiscal para ampliar as despesas militares, querem um prazo ainda maior.

Reações

"Gaste, gaste, gaste em defesa e dissuasão. Essa é a mensagem mais importante, e ao mesmo tempo, continue a apoiar a Ucrânia, porque queremos paz na Europa", afirmou primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, foi ainda mais contundente. "Já estava mais do que na hora. Estamos prontos para, finalmente, parar de enrolar e começar a agir", disse.

A demonstração de unidade da UE, no entanto, foi prejudicada pelo fato de o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, não ter endossado uma declaração conjunta sobre a Ucrânia, que se opõe à negociação de paz proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, favorável à Rússia.

Os outros 26 líderes da UE, incluindo Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, aliado de Orbán, apoiaram o texto. "Não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", afirma o rascunho da declaração, uma resposta à tentativa de Trump de afastar europeus e ucranianos.

Rússia

A Rússia reagiu ao apoio da UE aos ucranianos e advertiu ontem que qualquer envio de tropas de países europeus seria considerado uma mobilização da Otan e configuraria uma guerra direta entre Moscou e Bruxelas. Na quarta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que militares europeus poderiam ser enviados à Ucrânia para garantir um acordo de paz.

"Consideraremos a presença dessas tropas em território ucraniano da mesma forma que vemos uma eventual presença da Otan na Ucrânia. Isso significaria não um envolvimento híbrido, mas direto, oficial e não disfarçado de países da Otan em uma guerra contra a Rússia", afirmou o chanceler russo, Serguei Lavrov. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou que um pedido para investigação do deputado Filipe Barros (PL-PR) seja juntado aos autos do inquérito que mira o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por supostos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A movimentação consta de despacho assinado na quinta, 24, e não implica na automática investigação do parlamentar. A decisão significa que o teor da notícia-crime será analisado no bojo do inquérito que trata de fatos semelhantes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve se manifestar sobre a solicitação antes de uma eventual inclusão do parlamentar no inquérito.

"Considerando que os fatos narrados nesta notícia-crime já são objeto de procedimento específico, também de minha relatoria, junte-se cópia destes autos ao inq 4995/DF", escreveu Moraes no despacho.

A notícia-crime foi apresentada ao STF pelo advogado Benedito Silva Junior, que imputou a Filipe Barros suposto crime contra a soberania nacional. A base da petição é uma notícia sobre uma viagem que o parlamentar, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, fez aos Estados Unidos em maio.

Segundo a notícia publicada pelo portal Metrópoles - mote da solicitação de Benedito -, durante a viagem Filipe Barros teria tido reuniões com Eduardo Bolsonaro e um congressista americano para tratar de eventuais sanções a Moraes.

O advogado sustenta que o deputado bolsonarista teria participado de "articulações para comprometer a independência do Judiciário e submeter decisões judiciais nacionais à influência de um governo estrangeiro".

Os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Jr (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás) foram uníssonos em dizer que o governo brasileiro não está interessado em negociar com os Estados Unidos a questão tarifária. As falas foram feitas, hoje à tarde, 26, durante a Expert XP, em São Paulo.

"Alguém tem de sentar e conversar com os Estados Unidos, fazer como fizeram os outros países", disse Ratinho Jr. "Não temos de falar em desdolarizar o comércio. Nem a China ou a Rússia fizeram isso, ninguém tocou neste assunto. É uma falta de inteligência. O Bolsonaro [ex-presidente Jair Bolsonaro] não é mais importante que essa relação comercial entre os Estados Unidos e o Brasil."

Segundo Tarcísio, caso as novas alíquotas sejam realmente aplicadas, São Paulo pode perder cerca de 120 mil empregos com a queda da atividade, principalmente das empresas que necessitam de componentes e insumos americanos. Para isso, ele disse que o Estado prepara medidas para socorrer as companhias paulistas.

"Vamos fazer uma grande liberação de créditos acumulados do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e estamos conversando com as contrapartes americanas, empresas e políticos, para que possam sensibilizar o governo americano e mostrando o tamanho do problema. Infelizmente hoje busca se tirar proveito político de tudo, por isso estamos nessa situação", disse Tarcísio, defendendo ainda a "soberania nacional".

Já Caiado foi o mais incisivo e acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não buscar as negociações com os Estados Unidos. Segundo ele, o presidente brasileiro está acirrando o debate ideológico para antecipar a disputa eleitoral de 2026.

"Um coisa está bem clara: o Lula não quer resolver o problema. Ao invés de usar a chancelaria brasileira, que era uma das melhores do mundo, fica usando frases de efeito. Quem é o Lula para falar de soberania, se estava batendo palmas para a Rússia quando invadiu a Ucrânia? Ele não tem o menor preparo para o governar o País", disse Caiado. "Não temos um ministro do Planejamento ou da Fazenda nas discussões, e os governadores também não foram consultados sobre as medidas que ele decidiu. Ele é um marqueteiro."

Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), defenderam na tarde deste sábado, 26, as políticas de segurança pública de seus Estados como vitrine para o que pode ser feito no restante do Brasil. Eles participaram de um painel na Expert XP 2025, em São Paulo, em que foram ovacionados por diversas vezes.

Tarcísio disse que as operações policiais que o governo realizou, principalmente na Baixada Santista, no início do seu mandato, foram necessárias para o enfrentamento ao crime organizado no Estado.

"Não vai haver lugar em São Paulo onde a polícia não entra, ou o Estado não entra. E foi isso o que aconteceu na Baixada Santista, na Cracolândia na cidade de São Paulo. Estamos desmantelando toda a estrutura de financiamento e lavagem de dinheiro das facções criminosas", disse Tarcísio. "O crime vai padecer na nossa mão. Está na hora de mudar esse cenário."

O governador paulista afirmou, ainda, que o Estado está fazendo investimentos na área de segurança pública. "Estamos colocando na rua o maior programa de tecnologia contra o crime da história. Além disso, vamos 23 mil policiais. Agora, não adianta a polícia prender a e a turma de lá a Justiça soltar. Se não mudarmos a legislação penal, não vamos vencer essa guerra."

Ratinho Jr também disse que o maior problema das políticas públicas na área de segurança é a impunidade penal. "O problema do Brasil não é prender o bandido, é soltar, é a impunidade. E eu tenho uma proposta que é deixar os Estados legislarem a segurança pública, mas para isso se necessita de uma Emenda à Constituição."

Segundo ele, o Paraná hoje tem um dos menores índices de criminalidade dos últimos 17 anos, mas isso foi conquistado com uma gestão penal eficiente. O governador informou que havia, em 2019 quando assumiu o governo, 12 mil presos em delegacias e com investimentos em 14 presídios ele conseguiu resolver esses problema.

"Liberamos os delegados, que só davam comida para bandido, para as ruas, para investigar. Hoje, nós temos um índice de resolução de crime de 78%, bem acima da média nacional que é de 35%. Mas, enfrentamos o problema com seriedade e investimentos", ressaltou.

Caiado também foi na mesma linha e afirmou que o Estado de Goiás alcançou os menores índices de criminalidade após a sua gestão, que é mais austera em segurança pública. "Não tratamos bandido com luva de pelica. Temos de enfrentar o crime com seriedade."