Trump cancela subsídios e contratos da universidade de Columbia no valor de US$ 400 milhões

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A administração Donald Trump anunciou nesta sexta-feira, 7, o cancelamento de subsídios e contratos da Universidade de Columbia na ordem de US$ 400 milhões. O governo alega que a instituição falhou em reprimir o antissemitismo no campus.

O anúncio aumenta a pressão sobre Columbia, que foi palco de protestos massivos contra a guerra em Gaza no ano passado. E representa o mais recente de uma série de ataques de republicanos alinhados a Donald Trump contra universidades de elite dos Estados Unidos, acusadas de não proteger os estudantes judeus das tensões desencadeadas pelo conflito no Oriente Médio.

Agências federais haviam alertado no começo da semana que consideravam interromper US$ 51 milhões em contratos com a Universidade de Columbia pela "inação contínua diante do assédio implacável a estudantes judeus". Além disso, o entraram em revisão mais de US$ 5 bilhões em compromissos de subsídios.

O anúncio da suspensão de US$ 400 milhões em verbas ocorre apesar dos esforços de Columbia, que criou um novo comitê disciplinar e intensificou as investigações sobre estudantes críticos de Israel. A medida alarmou defensores da liberdade de expressão, mas parece ter sido insuficiente para o governo.

"As universidades devem cumprir todas as leis federais contra discriminação se quiserem receber financiamento federal. Por muito tempo, Columbia abandonou essa obrigação para com os estudantes judeus que estudam em seu campus", disse a secretária de Educação, Linda McMahon, em comunicado.

Por sua vez, a Universidade de Columbia se comprometeu a trabalhar com o governo para tentar recuperar os recursos. "Levamos a sério as obrigações legais de Columbia, entendemos a gravidade desse anúncio e estamos comprometidos em combater o antissemitismo e garantir a segurança e o bem-estar de nossos estudantes, professores e funcionários", declarou em nota.

Columbia integra a Ivy League, grupo das oito universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos. Ainda não está claro quais pesquisas, projetos ou atividades serão afetados pela controvertida suspensão das verbas.

A diretora da União Americana pelas Liberdades Civis de Nova York, Donna Lieberman, classificou o corte como inconstitucional. Ela acusou o governo de tentar "coagir faculdades e universidades a censurar discursos e ativismo estudantil que não sejam aprovados pelo MAGA, como criticar Israel ou apoiar os direitos palestinos."

Já Brian Cohen, diretor grupo estudantil judaico Columbia/Barnard Hillel, disse esperar que a medida sirva de alerta a administração da universidade para "levar o antissemitismo e o assédio contra estudantes e professores judeus a sério."

Universidades da mira

Palco do acampamento de estudantes pró-palestinos que inspirou uma onda de protestos nas universidades americanas, Columbia entrou na mira de Donald Trump ainda durante a campanha. O republicano prometeu cortar o financiamento das instituições de ensino superior acusadas de permitir o antissemitismo.

Enquanto isso, republicanos no Congresso pressionaram a então reitora de Columbia, Minouche Shafik, sobre a resposta da universidade ao antissemitismo. Ela disse estar "pessoalmente comprometida a fazer tudo o que puder para enfrentá-lo diretamente", mas acabou renunciando em meio à pressão.

Algumas semanas depois, uma força-tarefa da universidade concluiu que judeus e israelenses no campus estavam sendo excluídos de grupos estudantis, humilhados em salas de aula e submetidos a abusos verbais durante os protestos.

Muitos participantes dos protestos, por outro lado, negam que criticar Israel por suas ações na Faixa de Gaza ou expressar solidariedade aos palestinos seja antissemitismo. Para esses, a a nova repressão disciplinar da universidade seria uma tentativa de apaziguar com o governo, suprimindo discursos pró-Palestina.

Além de Columbia, outras instituições de ensino superior americanas como a Universidade da Califórnia em Berkeley, a Universidade de Minnesota, a Universidade Northwestern e a Universidade Estadual de Portland estão sendo investigadas pelo governo por suposto antissemitismo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.